O Jogo dos Tronos - A Patrulha da Noite

Procurem por rastros ao redor daqui. Algo grande matou esse alce e esse algo é perigoso. Não queriam caçar? Essa é uma boa oportunidade.

Os outros irmãos de preto não ficaram animados, e Christor e Horace chegaram a dar suspiros de conformação, mas o único que soltou um comentário foi Kase:

- Duvido que possamos comer o que quer que estejamos caçando agora...

Rocken foi na direção sul enquanto os outros se dividiam para dar busca por novos rastros que indicassem a direção que seu alvo tomara.

Passou um par de horas enquanto Rocken cavalgava cautelosamente pela floresta gelada com seus olhos fixos no chão à procura de qualquer sinal, ouvindo o vento do sul sacudindo as árvores, ocasionalmente derrubando um pouco da neve acumulada.

Em algum momento, começou a nevar, com flocos caindo suavemente sobre a neve que já estava no solo, aumentando a quantidade de branco por toda a parte e derrubando um pouco mais a temperatura já fria. Aquela pequena nevasca iria atrapalhar ainda mais o rastreamento, encobrindo qualquer pegada dentro de pouco tempo, até mesmo as do cavalo de Rocken. Refazer o caminho de volta ao norte em direção à Muralha poderia ficar bem mais difícil em breve.

Enquanto seguia, Rocken notou uma árvore branca congelada, um represeiro jovem em meio a uma pequena clareira, com pedras espalhadas ao redor dela. Aquelas rochas não pareciam estar ali havia muito tempo, aparentando até mesmo terem sido colocadas onde estavam, mas o objetivo disso escapava ao primeiro olhar. Foi apenas depois de algum tempo que a percepção atingiu Rocken.

As pedras formavam um padrão.

Rocken Karstark encontrava-se perdido numa vasta floresta nevada, onde os galhos das árvores se curvavam sob o peso da neve e a luz do sol filtrada através das densas copas criava um jogo de sombras e brilhos. O ar estava frio e nítido, sua respiração formando pequenas nuvens de vapor enquanto ele avançava, cada passo afundando na camada macia de neve fofa que cobria o chão.

A floresta era composta principalmente de árvores altas, algumas com troncos rugosos e outros com cascas lisas, todas vestidas de branco pelo manto de neve. Aqui e ali, pequenos riachos serpenteavam por entre as árvores, suas superfícies congeladas criando desenhos intricados de gelo.

A luz do sol, embora fraca, conseguia penetrar a espessa cobertura de galhos e folhas, criando áreas de claridade intercaladas com sombras profundas. À medida que Rocken caminhava, os sons da floresta chegavam aos seus ouvidos. O farfalhar suave das folhas cobertas de neve pelo vento, o crepitar ocasional dos galhos congelados se partindo e o distante uivo de um lobo solitário ecoavam pela paisagem.

No horizonte, ele podia avistar uma clareira coberta de neve, onde um riacho mais largo serpenteava. À medida que se aproximava, algumas pegadas de animais se tornavam mais visíveis na neve, traçando padrões complexos da vida selvagem que se movera pela floresta recentemente. Algumas das pegadas eram de cervos, enquanto outras pareciam pertencer a criaturas menores e mais esquivas. Mas Rocken não era especialista em rastreamento para conseguir identificar as origens desses marcos.

O silêncio majestoso da floresta era interrompido apenas pela natureza ao seu redor e pelo som abafado dos próprios passos de Rocken na neve. Em meio a esse cenário, ele podia sentir a presença da natureza em seu estado mais puro e selvagem, um lugar onde a vida e a beleza coexistiam em harmonia, mesmo sob o frio abraço do inverno implacável. Mas havia algo mais ali, alguma coisa que não fazia parte daquele ambiente, algo antinatural. Rocken tinha a distinta sensação de estar sendo vigiado por essa força invasora.

O dia começava a deslizar para seu fim, com o sol frio aproximando-se do horizonte, com suas luzes filtradas pelas árvores diminuindo rapidamente. Rocken logo estaria envolvido na escuridão da noite.

Rocken Karstark encontrava-se em uma situação desafiadora. Ele havia se separado de seus companheiros na densa floresta ao sul da Muralha. A lua brilhava timidamente através das árvores altas, lançando sombras inquietantes em seu caminho. O vento sussurrava pelos galhos, criando um murmúrio constante que parecia esconder segredos sombrios.
Rocken havia seguido as pegadas de seus companheiros, mas em algum momento, a trilha se perdeu em meio às folhas caídas e à escuridão impenetrável da floresta. Ele estava sozinho, com apenas o som distante de uivos de lobos ecoando pela floresta para lhe fazer companhia. Seus sentidos estavam alertas, e ele sabia que a floresta estava repleta de perigos, tanto naturais quanto sobrenaturais.
Decidindo confiar em seus instintos e treinamento, Rocken Karstark começou a procurar pistas que pudessem levá-lo de volta à sua equipe. Ele estudou as árvores próximas em busca de marcas de machado ou trilhas deixadas por seus companheiros. Suas mãos habilidosas encontraram uma marca fresca em um tronco, indicando que seus amigos haviam passado por ali recentemente.
Determinado a se reunir com seus companheiros, Rocken seguiu a trilha, atento a cada som e movimento na floresta. À medida que avançava, ele começou a sentir que estava sendo observado, como se olhos invisíveis o seguissem de todas as direções.

OFF:  @Ed Araújo, faça uma rolagem de Sobrevivência 3 para determinar o resultado das tentativas de Rocken reencontrar seus irmãos de negro.

Garin estava no lombo de seu cavalo havia semanas, desde que saíra de Dorne.

Estava determinado a não ser mais um peão no jogo dos nobres. Queria servir o povo comum, cumprir seus votos, mas não podia mais fazer isso trabalhando para os grandes senhores.

E por isso decidiu servir na mais antiga ordem de Westeros. A Patrulha da Noite.

Fôra um longo caminho pela Estrada do Rei, atravessando quase todos os Sete Reinos. Para um dornês, a temperatura já era menor na Campina, e caía mais nas Terras da Tempestade, nas Terras da Coroa, no Ocidente, nas Montanhas da Lua e nas Terras Fluviais.

Mas o Norte era algo que ele nunca sentira antes. Desde que entrara nas planícies geladas do Norte, Garin estava sentindo o vento frio cortando suas pesadas roupas de inverno. Isso tinha sido três dias antes da primeira vez que ele viu neve.

Spoiler:

Eram apenas uns montinhos no topo das montanhas a princípio, mas já estavam pontilhando toda a paisagem quando ele passou por Winterfell. Na semana seguinte, quando ele deixou o castelo da Última Lareira e adentrou a Nova Dádiva, sua fiel montaria caminhava sobre tundra, solo congelado.

Não havia muitas vilas isoladas por ali, e menos ainda quando Garin acreditava que já tinha adentrado a Dádiva de Brandon. Foi em alguma parte daquele caminho que ele encontrou os dois primeiros homens da Patrulha da Noite.

Eles montavam garranos de pêlo tão negro quanto os mantos que usavam sobre suas vestes igualmente pretas. Seus rostos não demonstravam medo ou ansiedade, apenas determinação.

Spoiler:

Eles pararam na distância exata para que Garin pudesse ouvir a voz de um deles indagando:

- Quem é você e por que está nas terras da Patrulha da Noite?

Fiz o teste, desculpe a demora (e por não avisar), @Alexyus.

https://www.novaerarpg.com/t5938p420-rolagens#267976

O homem mais velho disse:

- Desmonte, garoto! Vamos conversar!

Os dois patrulheiros também apearam de seus cavalos e se aproximaram de Garin, deixando que ele os visse mais atentamente.

Um deles era mais velho, já passado dos 40 anos, e tinha um ar calmo e inabalável. Seu rosto não tinha um sorriso, mas não era antipático, apenas sereno.

Spoiler:

O mais jovem estava na metade dos 20 anos e exibia um rosto confiante e determinado. Havia um meio sorriso no rosto dele.

Spoiler:

- Sou Sylas Nightshade e esse é Harren Frostblade. Você quer se juntar à Patrulha da Noite voluntariamente, Garin?

Sylas, o mais velho, aproximou-se com seu jeito sereno, avaliando Garin com um olhar atento. Ele cumprimentou o jovem voluntário com uma inclinação de cabeça respeitosa e um aperto de mão firme.
Harren Frostblade, por outro lado, se aproximou com uma expressão mais aberta. Seu rosto jovem e sorridente refletia o entusiasmo e a determinação de Garin. Ele deu um tapinha amigável nas costas de Garin e disse: 
-Bem-vindo à Dádiva de Brandon, amigo. Você parece pronto para a ação!
Sylas, com praticidade, disse:

- Se tem certeza de sua decisão, monte e venha conosco! São pelo menos mais dez dias até Castelo Negro, onde você pode pedir para ser aceito. Vamos indo então.


Agora na companhia de dois irmãos da Patrulha da Noite, Garin estava a caminho do destino que escolhera. Nos dez dias seguintes, ele poderia conversar com os dois ou guardar sua discrição até a chegada.

Rocken não via sinais de seus companheiros, e aquela floresta fechada confundia-lhe os sinais de orientação, deixando-o desnorteado.

Mas foi então que percebeu movimento algumas centenas de metros de si.

Procurando pela única pista que conseguira, Rocken forçou-se até ver o alvo.

Era um vulto usando algum tipo de casaco de pelagem espessa já bastante deteriorado. Andava com um passo trôpego, como se exausto de cansaço ou ébrio de bebida. Ele adentrava por uma trilha na floresta que ele mesmo criava com seus passos sobre a neve branca que já voltara a cair.

Rocken sabia que poderia ser um aldeão perdido ou um selvagem invador. Não parecia nada com um dos irmãos da Patrulha da Noite.

Garin acompanhou os membros da Patrulha da Noite, Sylas Nightshade e Harren Frostblade, na jornada até o Castelo Negro.

No decorrer daqueles dias, Garin mostrou-se curioso e fez várias perguntas. Algumas foram respondidas por Sylas, com algum eventual acréscimo de Harren, mas era claro que o patrulheiro mais velho detinha mais conhecimento que o mais jovem.

Sobre a estrutura da Patrulha da Noite, ela era uma ordem dedicada a proteger os Sete Reinos de Westeros do que havia ao Norte da Muralha. A enorme Muralha de gelo, que Garin começou a ver ainda a uma longa distância, tinha sido construída havia milhares de anos, pelo lendário Brandon, o Construtor. No decorrer dos séculos, a Patrulha construíra vários castelos junto à Muralha, dezessete ao todo, para ajudar a manter sua vigilância da última barreira da civilização, mas apenas três desses castelos ainda estavam ocupados: o próprio Castelo Negro, exatamente no meio da Muralha e no final da Estrada do Rei; a Torre Sombria, no extremo oeste, posicionada para vigiar a Baía de Gelo; e Atalaialeste do Mar, no extremo leste, o único castelo que tinha um porto. 

A Patrulha da Noite era dividida por três funções de servidão específicas: Patrulheiros, Construtores e ]Intendentes. Um recruta, depois de tomar seus votos, era direcionado a uma dessas três funções. Dentro delas, ele podia subir até Primeiro Patrulheiro, Primeiro Construtor e Primeiro Intendente, além de outros rankings de alto escalão, como oficiais, mestre de armas, e afins. Havia também funções menores como ferreiro e cozinheiro, que um Construtor ou Intendente, respectivamente, poderiam assumir.

Patrulheiros: Apesar de todos os irmãos da Patrulha patrulharem a Muralha, os patrulheiros eram a principal força de combate, aptos a sobreviverem num ambiente selvagem, com a tarefa de explorar e patrulhar a Floresta Assombrada e além. Geralmente as patrulhas eram lideradas por um membro de alto escalão, apesar de ter tido exceções, com membros novos mas promissores comandando Patrulheiros mais velhos. O atual Primeiro Patrulheiro era Benjen Stark.

Construtores: Responsáveis pela manutenção da Muralha, dos castelos e dos equipamentos. Contavam com pedreiros, carpinteiros, mineiros e lenhadores. O atual Primeiro Construtor era Othell Yarwik.

Intendentes: A maior das três ordens, responsáveis por um conjunto de funções essenciais, proporcionando serviços do dia-a-dia como caça, colheita, tratamento de animais, cuidado de armas, armaduras, roupas, e condução de comércio, trazendo à Muralha alguns dos suprimentos necessários. Como outros membros da Patrulha, Intendentes sempre estavam prontos para lutar em qualquer momento, e todos recebiam no mínimo um treinamento básico em combate. O atual Primeiro Intendente era Bowen Marsh.

Entre os Intendentes, aqueles com habilidades com contas, leitura ou escrita recebiam tarefas específicas. Intendentes também serviam como escudeiros ou assistentes dos altos oficiais da Patrulha, como o Senhor Comandante. Cada castelo tinha um Meistre para servir a ordem. Esses Meistres faziam o juramento da Patrulha da Noite e eram considerados irmãos de negro, mas não eram considerados parte das três ordens. Fora das três ordens também haviam os recrutadores, chamados de "corvos errantes" pelo povo comum, que andavam pelos Sete Reinos em busca de criminosos e recrutas para encherem as fileiras da Muralha.

Apesar da Dádiva de Brandon unida à Nova Dádiva constituírem um domínio maior do que o de qualquer outro dos Sete Reinos, ela era escassamente povoada. Os plebeus não gostavam de morar muito perto da Muralha, pois isso os expunha a ataques de selvagens invasores, e a Patrulha não oferecia proteção suficiente para eles. Os plebeus também não se estabeleciam muito longe da Muralha, já que isso impossibilitava o contato comercial com outros. A maioria do povo comum morava em fazendas à média distância, o mais próximo possível da Estrada do Rei, apenas pontos isolados na paisagem. As vilas eram ainda mais raras, contadas nos dedos das mãos, e a mais próxima do Castelo Negro era Vila Toupeira. A produção deles era escassa devido ao clima frio e rigoroso, e ainda tinham de pegar um terço à Patrulha, de modo que nenhum plebeu chegava realmente a prosperar por ali.

Mas Garin também cometeu deslizes sociais que quase o indispuseram com os membros da Patrulha, como quando perguntou o que os levara à Muralha. Harren ficou num silêncio mortal, e Sylas explicou muito secamente:

- Não se faz esse tipo de pergunta, garoto. Alguns de nossos irmãos de preto foram lordes e cavaleiros antes de entrar para a Patrulha, mas a imensa maioria é de criminosos condenados, cuja opção à pena de morte foi se alistar compulsoriamente na Patrulha da Noite. Crimes de todos os tipos, roubos, estupros, assassinatos, traição. Nada disso importa. Quando vestem o negro, todos os homens se tornam iguais, quer tenham sido grandes senhores, quer vis bandidos. E o respeito devido uns aos outros é absoluto, por isso não se fica comentando isso. Quando o Lorde Comandante ou outro oficial perguntar, você pode responder sem se preocupar se eles manterão sigilo, pois é certo que irão. Mas com os demais irmãos, não fale sobre isso e não arrumará problemas.

No último dia da viagem, Garin avançava com determinação através do terreno irregular que se estendia diante do imponente Castelo Negro da Patrulha da Noite. A neve caía suavemente, transformando a paisagem em um cenário de branco puro. O vento cortante uivava entre os pinheiros, criando uma melodia gelada que ecoava pela vastidão do Norte.

À medida que Garin se aproximava, as altas torres do Castelo Negro emergiam contra o céu cinzento. A ausência de muralhas tradicionais destacava a singularidade da fortaleza, cuja estrutura imponente era construída principalmente de madeira escura e pedra. O estandarte negro da Patrulha da Noite tremulava no topo da torre principal, indicando a presença constante dos guardiões que vigiavam a Muralha.

Spoiler:

Ao entrar pelos portões, os patrulheiros que acompanhavam Garin foram saudados por vários irmãos de preto, até mesmo pelo Comandante da Patrulha da Noite, Jeor Mormont, cujo semblante grave refletia a seriedade do juramento que cada homem ali prestava.

Sylas dirigiu-se ao Lorde Comandante:

- Lorde Comandante, este é Garin, um cavaleiro de Dorne que deseja se juntar à Patrulha da Noite.

Jeor Mormont mediu Garin de cima a baixo e gesticulou para que ele o acompanhasse, deixando que um cavalariço intendente cuidasse do cavalo dele junto com os demais da Patrulha.

Spoiler:

- Caminhe comigo, Garin.

Não era um convite a uma conversa, já que a atenção de Mormont era atraída a todo momento pelos inúmeros afazeres de seu cargo, coisas que Garin ainda não entendia. Andando assim ao lado do Comandante, Garin aproveitou para olhar tudo ao redor.

Os pátios internos estavam ocupados com treinamentos intensivos, o som metálico de espadas ecoando entre as estruturas de madeira.

Dentro do castelo, Garin notou a diversidade dos homens que compunham a Patrulha. Homens de diferentes origens, unidos por um propósito comum de proteger os Sete Reinos das ameaças além da Muralha. No salão de refeições, vozes sussurradas e risos abafados preenchiam o ar, enquanto os guerreiros compartilhavam experiências e estreitavam laços.

Ao cair da noite, após um dia andando pelo Castelo Negro, Garin foi conduzido ao alto da Muralha de Gelo, através do elevador operado manualmente por alguns intendentes. Lá em cima, o frio cortante se intensificava. A vista panorâmica revelava as vastas terras selvagens sob a imponente Muralha de Gelo, uma barreira gelada que separava o reino civilizado do desconhecido selvagem. O ranger distante de animais selvagens na escuridão era um eco constante da ameaça que aguardava além da fronteira.

- Bem, meu jovem, hoje você viu um pouco do que é a vida na Patrulha da Noite. É trabalho duro, pesado, todos os dias, com pouco conforto e muito frio. A maioria dos homens que estão aqui não tiveram escolha para ficar vivos a não ser vir para cá, mas você não foi condenado por nenhum crime.  Mesmo sendo um guerreiro experiente, ainda terá que passar pelo treinamento com os outros novatos, o que lhe dará alguns dias para experimentar essa vida. Mas quando chegar o momento de fazer o juramento e se tornar de fato um irmão da Patrulha da Noite, você será igual a eles. Se fizer o juramento, será para a vida toda, e jamais poderá deixar a Patrulha. A pena para os desertores é a morte. É isso mesmo que deseja?

O estranho parou enquanto Rocken se aproximava.

Ele ficou imóvel, apenas esperando.

Quando Rocken já estava bem perto, o estranho se virou e encarou o patrulheiro com uma face fria, azulada e desmorta.

Spoiler:

- É isso - respondeu, e percebeu que devia falar algo mais - Eu já vi e experimentei as outras opções de vida que estavam ao meu alcance, e não fiquei satisfeito. Vir para a Muralha foi a minha última opção de ver meus esforços valerem para algo quase nobre. A pena de morte para desertores não me assusta, pois não tenho para onde desertar. Durante toda minha vida, tentei me adaptar a lugares e pessoas, mas sempre me senti um estranho. Acho que, no fundo, sinto que sempre fui um desertor e agora volto para completar meu serviço.

Jeor Mormont inspirou o ar gelado do alto da Muralha e então expirou uma nuvem condensada, virando-se para Garin.

- Muito bem, Garin. Você terá todo o período de treinamento para se certificar de suas convicções. Não há alojamentos fixos, então você pode dormir onde preferir. Bem cedo será servido o desjejum no refeitório, e logo depois você deve se apresentar a Sor Alliser Thorne para o treinamento com os recrutas. Ele é rigoroso e mal-humorado, então não pense que será fácil.

O Lorde Comandante acompanhou Garin para descer pelo elevador até o solo e depois se despediu, deixando que Garin decidisse onde ia dormir.

O zumbi avança lentamente, desprovido de qualquer estratégia além da ânsia insaciável por carne. Rocken aguarda o momento preciso e, com um movimento rápido e preciso, desfere um golpe horizontal com sua espada. O metal cortante corta o ar com um zumbido afiado, encontrando resistência quando atinge a carne congelada do morto-vivo.

O choque reverbera pelos braços de Rocken, mas ele mantém sua compostura. A lâmina da espada encontra a resistência do gelo que envolve o zumbi, causando uma fissura na pele pálida e morta. O som metálico ecoa na floresta, misturando-se ao vento gélido que sussurra entre as árvores.


OFF:  @Ed Araújo, pode fazer a rolagem do seu ataque e do dano. Role Luta 4 (Lâminas longas 2B), no total de 6 dados de 6 lados. O dano da espada longa é seu Atletismo+1, portanto 4d6.

Carniçal:

Ao despedir-se do Lorde Comandante, Garin foi procurar um dormitório coletivo onde os recrutas estivessem alojados.

Ao entrar no cômodo escuro e frio, ninguém se importou muito com a presença dele. Ninguém lhe dirigiu a palavra, apenas olhares indiferentes, e alguns nem sequer acordaram. Em algum lugar do quarto, alguém estava tentando conter um choro desesperado. A primeira noite de Garin em Castelo Negro foi marcada pelo frio cortante e pelo som do vento uivante deslizando pela Muralha.

Na manhã seguinte, Garin foi acordado pelos gritos zangados de um homem mais velho. Ele foi conduzido ao Pátio, onde os recrutas eram treinados e passavam por suas primeiras experiências na Patrulha. Lá, Garin se viu cercado por outros novatos, nove no total, cada um com sua própria história e razão para abandonar suas vidas anteriores. Diante deles, havia um homem numa armadura de placas esmaltada em preto, com o manto negro dos irmãos da Patrulha da Noite.



Alliser Thorne, com seu semblante severo e olhar cortante, reunira os recrutas no Pátio do Castelo Negro naquela manhã gelada. O vento cortante soprava, e o ar estava impregnado com a tensão que sempre pairava quando Thorne estava por perto.

Thorne gritou , sua voz ressoando pelo pátio:

- Escutem bem, vermes! Vocês podem ter sido nobres em suas terras natais, mas aqui na Muralha, vocês não são nada além de sujeira sob meus pés. Esqueçam seus títulos e suas pretensões de grandeza. Aqui, vocês são apenas homens da Patrulha da Noite, e deverão se provar a cada dia. Alguns de vocês não têm opção, pois cometeram crimes em suas terras natais que custariam suas vidas, portanto a Muralha foi sua única escolha para continuar respirando. Sabem o que isso significa? Que ninguém vai sentir a sua falta se morrerem antes de se tornarem homens da Patrulha da Noite. Eu, com certeza, não vou! 

Ele caminhou entre os recrutas, observando cada rosto com desdém. 

- Vocês enfrentarão inimigos muito piores do que qualquer um de vocês já viu. Os selvagens, os desertores, o frio que congela até o âmago. A Patrulha da Noite não é um lugar para os fracos. Se querem sobreviver, terão que se tornar mais duros do que pensam ser possível. É por isso que eu não serei mole com vocês! Qualquer molenga chorão incapaz de se aguentar sozinho na Muralha será um desperdício dos valiosos recursos que temos, então eu prefiro que vocês morram antes disso!

Thorne parou diante de um dos recrutas, encarando-o intensamente. 

- Aqui, não há lugar para luxos. Ninguém vai segurar sua mão e lhe dar uma taça de vinho. Vocês vão se contentar com o que têm, e o que têm não é muito. A dor será sua companheira constante, e o medo será seu melhor amigo. Se não conseguirem superar isso, melhor saírem agora e pouparem a todos nós do desperdício do nosso tempo. E aqueles que não podem sair por serem condenados, é melhor que se esforcem ou eu mesmo executarei suas sentenças!

Seu olhar varreu o grupo, e um sorriso irônico se formou em seus lábios. 

- Mas se acham que podem enfrentar o que está por vir, se acham que podem ser verdadeiros homens da Patrulha da Noite, então preparem-se para serem testados além de qualquer coisa que já imaginaram. Eu não serei complacente. A Muralha não é um lugar para os fracos de coração.

Com essas palavras finais, Thorne se afastou, deixando os recrutas absorverem a dureza de suas instruções. A lição estava clara: na Patrulha da Noite, apenas os mais fortes e resilientes sobreviveriam.

- Agora, cada um de vocês vai pegar uma dessas espadas sem fio. Dividam-se em duplas e me mostrem o que sabem fazer! 




OFF: @Xafic Zahi, faça um teste de Luta + qualquer especialização em armas que Garin tiver para determinar a performance dele nessa sessão de treinos. Pode interagir com os PNs se quiser.