Hesito por um segundo antes de responder a pergunta de Matthew. Meus limite são, de certa forma, um assunto sensível.
– Chamo de entender habilidades. Ao te tocar, meu corpo instintivamente toma ciência das novas capacidades que possui, e posso utilizá-las tão naturalmente quanto se fossem minhas.
– estou sério, é sempre estranho entender algo novo, e Matthew era totalmente novo. Estendo o braço em direção ao seu ombro, onde um pouco de vegetação crescia.
Assim que faço contato, essa sensação estranha e fascinante percorre meu corpo, como se, por um breve momento, meu sistema nervoso se expandisse, interligando-se com aquele pequeno montante de plantas. Sinto a pulsação delas, o ritmo de seu crescimento, e a forma como interagem com o garoto. Sabia que podia comandá-las, da mesma forma que sabia nadar ou andar de bicicleta, como se desde sempre nutrisse uma conexão inexplicável com a natureza, cada fibra vegetal fosse uma extensão dos meus próprios músculos, cada folha um nervo sensível aos meus pensamentos. Peço que se a vegetação se estenda, que se alongue e caia em longas vinhas sobre o braço de Matthew. Deixo um sorriso de satisfação escapar ao dizer
– Algo assim.
Por fim, olho impacientemente para o tablet que segura, como sinal para que anote o que vou dizer.
– Tenta acompanhar. Força: faço tão bem quanto você; Limite: somente de uma pessoa por vez, por tempo limitado; Risco:...
– percebo que inconscientemente desvio o olhar, acho que falar isso em voz alta é um pouco difícil
– ...Não conseguir controlar.
– tento ser o mais sincero possível, afinal respeito sua posição e sei que precisa manter todos seguros.
Seu plano é sólido, mas me coloca longe do restante da equipe, e longe de Mi'larhys. As meninas tem algumas opiniões e não cabia a mim ponderá-las, também tenho as minhas próprias para expor, mas fico especialmente desconfortável com o comentário telepático dos experimentos que Matthew foi submetido. Dou tão pouco espaço dou para sentir minhas próprias dores que jamais acharia
ok outra pessoa falar sobre elas a todos dessa forma, talvez seja eu o extraterrestre. Não deixo de adicionar meu ponto de vista enquanto todos ainda discutem a infiltração.
– Eu posso sabotar os estoque Ke'tanish ou posso replicar os poderes de Mi'larhys assim que nos infiltrarmos. Só um detalhe: preciso tocar nela para conseguir mimetizar o poder e manter a carga. Se houver uma situação em que eu precise reabastecer, preciso ter esse contato novamente.
– por um momento viro minha atenção para seu namorado pilotando a nave, sei que são aliados incondicionais e talvez preze pela segurança dela mais que a mesma. Continuo ainda a falar sobre o plano, na expectativa que Jhon Pablo (
@vontheevil) concordasse comigo.
– Além disso, Harland instalou um portal da Base Providência.
– tiro de um dos bolsos em meu cinto de utilidades uma pequena caixa metálica, cheia de dobraduras para que se transforme em algo maior.
– Isso cria uma saída de emergência caso a Tríade tente capturá-la, o que deve acontecer já que estamos literalmente levando o prêmio para as mãos deles.
Enquanto todos pareciam se distrair no trajeto, fico um pouco introspectivo com as palavras de Harland ecoando em minha cabeça.
Os pontos fortes e fracos de cada um, ele disse.
Sugeri me manter próximo de Mi'larhys, esperava que isso a fizesse se sentir menos excluída, e dar a ela uma forma confiável de não ser capturada deve acalmar Jhon Pablo. Ivanova e Alethea estavam mais que confortáveis juntas e cabia a Matthew mantê-las assim.
“Após o banimento de Alex, Kima Brown perdeu o foco, ela é o colosso da equipe e tem um coração volátil, indo do amor para o ódio muito rápido”, a garota que a pouco estava cercada de companhia agora sentava sozinha. Sei que ela carrega muita dor e raiva, e que despertar a fera nela pode ser crucial para a nossa missão, afinal estamos indo atrás de sua mãe. Essa pode ser uma oportunidade para me aproximar dela, não apenas como um colega de equipe, mas como alguém que entende o que ela está passando.
Penso em como abordar o assunto de maneira que não pareça forçado ou intrusivo. Preciso ser sutil, cuidadoso, mas ao mesmo tempo sincero. Mostrar que estou disposto a ouvir e a ajudar.
Respiro fundo e começo a caminhar em direção a Kima (
@shamps), escolhendo cuidadosamente minhas palavras. Quando chego perto, sento ao seu lado, mantendo uma distância respeitosa, mas suficiente para que ela saiba que estou ali para conversar.
– Ei, Kima
– começo, tentando manter minha voz suave e amigável.
– Sei que deve ser difícil para você agora, com tudo que está acontecendo e... com a situação da sua mãe. Só queria dizer que estou aqui para ajudar no que for preciso. Sei que às vezes é difícil confiar em alguém novo, mas estamos todos juntos nessa. Se precisar conversar ou desabafar, estou aqui para ouvir.
Olho para ela, tentando captar qualquer sinal em seu rosto ou em sua postura que me dê uma pista sobre o que ela está sentindo.
– Também queria entender melhor como posso ser útil para você durante essa missão. Talvez não se sinta assim, mas acredite que você é uma peça chave, até Harland concorda.
– penso no que dizer para deixá-la mais confortável. Percebo que não sou o melhor nisso e estou analisando demais essa interação, que compartilhar um pouco sobre mim talvez seja mais que suficiente.
– Sabe, minha mãe é um pouco rígida, nunca me deixou usar as roupas que queria e qualquer nota abaixo de muito bom era motivo para me deixar sem computador por um mês. Mesmo assim é minha mãe, e foi péssimo quando senti que não conseguiria mantê-la a salvo se não treinasse o suficiente. Acho que quero dizer que te entendo, pelo menos um pouco, e quero garantir que estamos no mesmo ritmo.
Esperando por sua resposta, me sentia vulnerável e não gostava nem um pouco disso. Ao mesmo tempo, fui sincero ao dizer que me identificava com Kima e esperava que pudesse conhecê-la genuinamente.
- Movimentos:
Perfurar a Máscara em Kima Brown resultou 10.
- O que você pretende fazer?
- O que você quer que eu faça?
- Como eu poderia ganhar Influência sobre você?