Ato I - Ariel, Johan, Aeltlas e Baraz

- Pare!

Johan é incisivo em sua fala e na espada erguida contra o invasor. O cavaleiro olha para a pantera e depois para a figura que entrou na caverna, de cima a baixo. Baraz disse que a pantera é companheira de Drizzt Do'Urden, o lendário drow de Menzoberranzan, e Johan já tinha percebido - como os corpos de orcs pelo caminho provavam - que ela não era fraca, mas sim extremamente letal. Se a pantera não impediu que essa pessoa entrasse na caverna, ela deveria ser algum aliado.

- Quem é você? Diga-me seu nome e o que faz aqui! Estou cuidando de aliados feridos e não evitarei o uso de força caso eu precise!

Um orc? Johan não confiaria tão facilmente em um deles, mesmo que a pantera se mostrasse calma.

- Pelo que eu sei, Tripa Velha é o sacerdote desde lugar, um dos líderes de Baraskur, e os orcs daqui estão em guerra com todos os povos do norte. Por que eu deveria acreditar no que você vai me dizer, sendo você filho de Tripa Velha?

Em nenhum momento Johan baixará a guarda. O cavaleiro dá dois passos para trás enquanto fala, se aproximando de onde estavam Baraz e Arianna.

Johan ficou desconcertado. Havia confundido as figuras importantes da tribo de Baraskur. Devia ser o cansaço; estava a horas seguidas acordado cuidando de seus companheiros.

- Sim. Crânio de Pedra é o nome do sacerdote... - Mas essa confusão não aliviava quem era aquele orc - Você deve entender que é muito difícil para mim acreditar que você não está nessa guerra junto de seu pai. Quais são estes interesses que fizeram você vir até aqui conversar com as pessoas que estão invadindo sua casa?

O mago não tivera uma noite boa. Longe disso. Suas horas de sono foram repletas de fluidos negros e coisas que rastejam no escuro. E para completar, uma conversa o puxa do pouco descanso que estava tendo. O jovem levanta e pisca os olhos por um momento, tentando entender a situação.

"Um orc na sala...mas a pantera está ao lado dele, sem atacá-lo, e apesar de estar com a arma desembainhada, Johan não está lutando com ele, mas conversando. provavelmente a criatura não representa perigo imediato..."

Bom, mesmo se houvesse perigo, não havia muito que Ariel pudesse fazer no momento. Ele se senta no saco de dormir e observa esperando que a situação se faça mais clara.

BARAZ

Vozes entram pelos ouvidos do anão e vão tomando lugar em seus sonhos. No início um desconforto, logo todo aquele falatório trazia Baraz de volta a realidade. Esfregando os olhos remelentos, vai despertando. As imagens pouco a pouco se formando diante de seus olhos. A imagem de um orc. UM ORC?

- QUE MERDA É ESSA?, diz levantando-se num salto já com o machado em punho, ainda zonzo de sono. - ALGUÉM PODE EXPLICÁ O QUE TÁ ACONTECENDO?

Baraz acordou. Johan preferia que ele não tivesse acordado exatamente agora.

- Baraz, este é Ragrath, filho de Tripa Velha e, supostamente, não nos quer fazer nenhum mal. - O cavaleiro não tira os olhos do orc nem por um momento - Ele veio até aqui para falar conosco. Se eu não entendi errado, Ragrath tem uma proposta para nos fazer.

Johan olha de relance para trás e vê que Ariel também havia acordado. Isso era bom porque assim eles ouviriam a conversa e, caso isso fosse uma armadilha, todos já estariam preparados.

- Realmente está é uma montanha muito grande. Se eu não entendi errado a sua colocação, você irá nos ajudar a chegar até seu pai ilesos e no momento em que estivermos lutando contra ele, você entrará na luta liderando outros de sua tribo insatisfeitos com a guerra. Depois que matarmos seu pai, você assumirá a liderança dos Degolados e sairá da guerra, mesmo tendo baixas entre sua tribo, e nos deixará seguir livres de Baraskur por termos lhe ajudado. - Johan faz uma pausa e encara Ragrath diretamente nos olhos - Você espera que eu acredite nisto? A confiança desta pantera em você não significa nada para mim.

Johan nunca tinha visto a estatueta antes, mas se ela pertence à Drizzt, o cavaleiro saberá pela reação de Baraz, que com certeza não será nem um pouco sutil. Além disso, se Ragrath estava mesmo controlando a pantera, quer dizer que foi ele quem os ajudou na luta do dia anterior e provavelmente foi ele quem matou todos os orcs no caminho até aqui. Pode ser ingenuidade de Johan, mas começava a ficar mais fácil acreditar no orc. Além disso, o cavaleiro se lembrou de outra coisa que os ajudaria. Johan estende a mão em que segurava a tocha para o chão, indicando onde Ragrath deveria colocar a estatueta.

- Entregar a estatueta não é uma prova de que você não está mentindo, já que não prova que nosso amigo está apenas preso, mas irei acreditar em você. Nós não temos muita escolha se quisermos concluir nossa missão, mas não podemos partir agora, eu ainda estou tratando de meus companheiros. Precisamos de mais um dia para podermos prosseguir.

-Eu acho que podemos dar uma chance ao orc. Especialmente se ele puder nos levar em segurança até meu fetiche. Na por das hipoteses, eu o encanto e ele vai ser manso como um gatinho.

O mago se levanta e sussurra ao ouvindo de Johan.

-Ms acho que devíamos ver que opinião ele e o goblin têm um do outro. Nunca se sabe, talvez nos confirme alguma coisa.

Baraz

O anão dá um salto e cata a estatueta. Parecia um tanto desconcertado com aquilo tudo. Esperava ver Drizzt e não um orc. Ainda mais um orc amigável. Em seu íntimo odiava a ideia de ter que confiar nele, contudo Ragrath havia sido bem coerente nas suas explanações. Poderiam facilmente ter sido atraídos para uma emboscada pela pantera, contudo o que encontravam agora era ajuda. Nem sempre a ajuda que queriam, mas com certeza a que precisavam.


- Num confio em ti, mas tô sem opção. Então vô ficá de ôlho. Cumpra tua parte e nós pensa no teu assunto.

Spoiler:

- Assim espero, para o seu próprio bem. - Johan não queria prolongar mais aquela conversa, precisavam descansar e ele teria mais um dia para tratar os ferimentos de Baraz e Arianna - Nos veremos amanhã, Ragrath, na batalha diante do trono de seu pai.

Assim que Ragrath for embora, Johan se vira para Ariel, respondendo o rapaz.

- Eu pensei exatamente nisso, em usar sua magia para encantá-lo, mas teria que ser feito agora e Ragrath teria percebido. Esteja preparado para amanhã, Ariel, pois não podemos ter nenhuma dúvida de que podemos confiar naquele orc, e de que sairemos daqui com vida sem precisar lutar contra um usurpador.