Ato I - Ariel, Johan, Aeltlas e Baraz

- Se o espírito, essa tal Boca de Aumathra, não é a mensageira, então quem é esse mensageiro de Obould?

Johan contava com a apoio dos companheiros, e não que eles fossem apenas espectadores do interrogatório. Nem todas as perguntas importantes passarão pela cabeça do cavaleiro.

Ariel escutava com atenção. O filho de Obould? Isso estava ficando interessante bastante rápido. Por hora, o mago achou melhor deixar suas perguntas sobre o tanarukk para depois.

BARAZ

Baraz se aproximara e agora escutava a conversa com o goblin:

- Me lembro desse maldito sim! Até cortei o braço dele fora! RÁRÁRÁ! Dá um sorriso amarelado - Só não acabei com a raça dele porque não deixaram. Eta mania de dar misericórdia pra quem num merece...

Por um momento os olhos do anão fitaram o vazio. Em sua mente relembrava fatos passados.

- Notra expedição falaram sobre uma cria demoníaca, mistura de orc e demônio. O que tu sabe disso, nanico? E já te aviso que mentir não é saudável...

- Mas o filho de Obould ainda está aqui?

Johan tem um estalo quando ouve Baraz perguntando sobre o outro orc. Havia esquecido completamente um dos principais motivos que o fizeram aceitar esta missão: o tanarukk.

- Nerók, este outro orc... O tanarukk... Nos diga tudo o que sabe sobre ele. - Voltando-se para Baraz apenas com o canto dos olhos, Johan reafirma o que havia prometido ao goblin - Sem ameaças, Baraz.

BARAZ

O anão já estava começando a perder a paciência com tanta aporrinhação do cavaleiro:

- Num sô de ameaçá, cavaleiro. É uma promessa, caso ele tente nos enganar. E pára de dizer como tenho que agir, DROGA! HUMPF

Voltando à pergunta, responde:

- O filho do Obould foi deixado sob custódia do mestre Taern, em Lua Argêntea.

BARAZ

- Eles tem algum ponto fraco nas fileira deles? Ou algum lugar onde guardam os mantimento, poçãos, etc? Tem alguma coisa a mais que nós deveria sabê?

Baraz procurava não deixar transparecer em suas palavras a dura realidade que enfrentavam: a perda de um companheiro, a falta de recursos e o isolamento nas profundezas de Baraskur. A sombra da morte os rondava.

O mago agora estava deitado de costas, os braços estendidos para cima, no nível dos olhos, segurando uma pequenina faca de prata e brincando com ela entre os dedos. Ele fala ao grupo sem tirar os olhos da distração.

-Ainda precisamos saber ONDE está esse Cria Infernal, e seria interessante ter informações de dentro sobre defesas, rondas, vulnerabilidades, esse tipo de coisa.

- O Nerók também tem pessoas assassinadas pelos orcs à vingar. - Johan olha para Baraz com um olhar calmo, esperando que ele não retrucasse - Não existe razão para ser rude com ele, ele não vai mentir para nós. - Johan volta sua atenção para Nerók - Ou eu estou errado?

Johan fala com calma, pois não queria ter outra discussão com Baraz. O cavaleiro já percebeu a algum tempo que o anão é teimoso, mas ele sabe trabalhar em equipe, só é preciso jeito para tratar com ele. Jeito que o próprio Johan não tem muito. O cavaleiro pensaou em Baraz decepando o braço do filho de Obould... Os dois tinham que aprender a se entender ou ao menos se respeitar.

- Nerók, você ouviu. Existe um depósito de armas, um estoque de alimento, uma prisão, um túnel esquecido... Algo que nós podemos usar para ganhar alguma vantagem?

- Eu não deixarei que os orcs lhe façam mal, Nerók.

Johan, depois de interrogar o goblin, arruma seu cobertor e seu saco de dormir um de frente para o outro, encostados na parede. O cavaleiro coloca sua mochila, arco e outras coisas em cima do saco de dormir, ficando apenas com sua espada e o escudo nas costas. O cavaleiro aponta o cobertor enquanto fala com o goblin.

- Você pode dormir aqui, Nerók.

Johan vai até a entrada da caverna, chama os companheiros e caminha para o corredor, falando com eles num tom mais baixo que o normal.

- O que vocês acham? Nerók pode estar falando a verdade, mas também pode estar com medo dos orcs e estar pensando em nos levar direto para eles numa bandeja. Nós não temos muita escolha, estamos em menor número e feridos, e temos uma chance real em chegar até eles de surpresa. Minha dúvida é se vocês confiam ou não em Nerók e se estão dispostos a seguir o caminho que ele disse conhecer.

BARAZ

Baraz retorce a cara ao ouvir sobre confiar na criatura. Por outro lado, não estavam em condições de discutir. O grupo estava enfraquecido e precisavam recuperar suas forças.

- Essa é a pior ideia que cês poderiam tê! Tá na cara que ele vai nos levá pruma armadilha! Num confio nele. A gente devia saí daqui e não ir direto pra Cria. Tamo fraco, num vâmo tê chance. Precisamos nos recuperar. bufa e olha pro goblin - Taí tua chance, nanico! Mas se tentá gracinha vira comida de pantera, tendeu?

Spoiler:

Ariel abre a boca para fazer sua sugestão. Era o momento perfeito, Nerok parecia confiar neles e a atmosfera hostil havia passado graças a Johan...aí o anão resolveu abrir a boca. O mago massageia a têmpora, irritado, pega um pedaço de papel, rabisca algumas coisas e lança um olhar decidido a Johan, olhando dele para o papel, então se levanta e deixa o bilhete onde estava, lançando utro olhar do cavaleiro para o papel.

-Tudo bem, Baraz, acho que você está exagerando, vamos dar um voto de confiança para pequeno, sim? Ele parece amigável, aposto até que Johan adoraria dividir um pouco da comida com ele, não?

O bilhete dizia, numa letra pequena e não exatamente bonita

"Eu posso encantá-lo para ser nosso amigo e não mentir. Preciso que ele não nos veja como inimigos antes, ou há muita chance de falhar"

BARAZ

- Tudo bem, façam como quiserem. Mas a responsabilidade vai ser de vocês. Num me meto mais!

O anão odiava ter que admitir, mas não havia nada mais que ele pudesse fazer. Talvez fosse o momento de deixar os companheiros cuidarem disso. Baraz estava muito ferido e precisava descansar. Sentando-se num canto da caverna, começa a cuidar de seus ferimentos.

Johan esperava aquela reação de Baraz. Por um lado era bom ter alguém como ele no grupo, mantinha um equilíbrio entre o bom senso e a bondade e confiança cega. Se Baraz não fosse tão teimoso... O cavaleiro não entende se havia ou não um tom de brincadeira ou ironia nas palavras de Ariel, e o responde sério.

- Mas eu irei dividir minha comida com ele. - Ponderando as palavras do anão, Johan continua - Estamos lhe dando um voto de confiança, Nerók, mas você só nos convencerá, especialmente a este aqui - o cavaleiro aponta Baraz - Depois que demonstrar que merece este voto.

Ao ler o bilhete de Ariel, Johan fica em dúvida. Não queria depender de magia para saber que poderia confiar em Nerók, mas sabia que alguns efeitos mágicos eram capazes de tornar o maior dos inimigos em um aliado momentâneo. Não, o cavaleiro não conseguiria usar desse tipo de artifício. Johan se aproxima do rapaz e fala com ele em voz baixa.

- Agradeço sua vontade em ajudar, Ariel, mas temos que confiar uns nos outros sem outros artifícios além de nossa palavra. Eu acredito que ele não nos trairá - Johan faz uma pausa - Espero não estar errado.

O cavaleiro dividirá uma de suas rações com Nerók, e se outros no grupo não tiverem alimento, ele dividirá outra de suas rações. Antes de se deitarem, Johan tenta tratar do ferimento de todos da melhor forma possível. O dia seguinte seria importante e eles precisariam de todas as forças.

O mago respira fundo e concorda. Se ele ia confiar no goblin, como quisesse, mas ele deixaria uma escapatória preparada pra se o cavaleiro estivesse errado...

O mago come um pouco da ração e deita no saco de dormir. Não estava conseguindo sentir qualquer sabor, então não ligou muito para o pão duro e o queijo, apenas ficou feliz de poder recarregar as baterias.