Beijamim nas Sombras

Após ser pego pelo monstro negro em chamas, Beijamim não sabia dizer o que sentiu. Apenas sabia dizer que uma hora estava na caverna com Merckian morto e no outro ele estava lá.

Beijamim olha para os lados, tossindo por conta da fumaça deixada pelo monstro que o levara até lá, procurando entender onde estava. Com o tempo seus olhos se habituaram novamente com o ambiente e ele pode perceber colinas de pedras aleatórias, um calor quase insuportável e, quando olhou para baixo, percebeu que estava dentro do Vulcão encima do dragão vermelho, Kilgara, que dormia profundamente.

O jovem clero ficou estático por um momento até ouvir uma gargalhada, quando finalmente conseguiu localizar sua origem viu que Namish estava sentada à sua frente, rindo de como o jovem estava perdido e apavorado de estar encima de Kilgara.

- Está assustado jovem clero? Deveria deixá-lo queimar nessas lavas ao invés de gastar minha magia para te proteger do calor intenso do centro deste vulcão somente por ter deixado Merckian morrer...

Ela faz uma pausa e aponta com o dedo a direção para Beijamim sair de cima do Dragão, ele deveria contornar-se equilibrando-se por toda a espinha do animal e descer pela cauda dele para chegar onde Namish estava, enquanto ele caminhava pelo dorso da criatura, Namish prosseguia:

- Pelo visto ainda não tem nenhuma pista sobre onde está meu cajado... Mas ao menos sua falta de capacidade de defender Merckian trouxe uma coisa boa à todos deste reino: O fim do maldito pacto que meus ancestrais fizeram. Agora finalmente a guerra poderá acontecer e não precisarei me preocupar em segurar os nervos destas criaturas estúpidas desejando sangue...


Ela olha para Beijamim que estava com dificuldade de caminhar por cima do dragão, com medo de despertá-lo e pelo movimento da respiração dele tornar mais difícil caminhas sem cair nas lavas.

- Com a Lua Vermelha no céu, o alinhamento Lunar mudou e, com isto, adiou o despertar de Kilgara. Terá mais alguns dias para conseguir meu cajado e, principalmente, minha esfera novamente. Sem ela com certeza todos os reinos morrerão em guerra.


Ela faz uma pausa esperando o jovem ficar à seu lado. Seu tom de voz era sério e não permitia nenhum tipo de pergunta, comentário, justificativa ou brincadeira. Quando o jovem parou à seu lado ela cortou a roupa que usava com uma adaga, deixando cair a parte de cima de seu traje, mostrando seu tórax. Ela o encara de cima à baixo e diz:

- Você é muito fraco para esta guerra que está por vir. Infelizmente, depois de Merckian, não tenho outra escolha ao não ser lhe manter nesta missão. Vamos ao Castelo e poderemos arrumar boas armas e armaduras para ti. Depois disso, faça oferendas à Nerull e ore sem dormir um instante se quer, precisa de mais forças e ele lhe dará se fizer uma boa oferenda... Pegue alguns Guardas se precisar...


Após isto vocês caminham para fora do vulcão, passando de frente do imenso cranio de Kilgara. Sua respiração quase leva o jovem clero contra a parede.

Spoiler:

Beijamim ainda um pouco abalado pela viagem extranha e principalmente pela presença de Kilgara. Beijamim segue calado até a Rainha o chamar de incapaz.
Não me culpe pela incapacidade dos outros... Eu nem o conhecia e foi ele quem se colocou naquela situação, um um nobre andando por aí sem guarda-costas.
Beijamim se cala por um momento e continua.
- A minha parte eu fiz, agora os outros reinos mandaram idiotas, incompetentes para resolverem o assunto... Descobri que as fadas do Reino do Norte saberiam encontrar o cajado, mas aquele Anão inútil estragou tudo.
Beijamim retira sua mascara e mostra a expressão de ira e um brilho frio e funebre nos olhos.
Beijamim continua seguindo Namish, caso ela não queira mais nada Beijamim irá fazer o que ela lhe pediu.

Namish olha severamente para o clero quando ele falou de Merckian. O feiticeiro era um grande aliado de uma confiança eterna para Namish. Não era possível dizer que ela estava sofrendo por sua morte, afinal seu coração era muito gelado para este sentimento.

- Cale-se clero inútil! Você não tem permissão de falar de um Nobre Herdeiro, meu mensageiro de eterna confiança e lealdade, desta forma. Ele seguiu minhas ordens melhor que você as segue. Se ele foi sem guardas e sem exército foi justamente por ordem minha e honra ao pacto feito. Ele cumpriu meu mandado e serviu à mim tão bem que até em sua morte beneficiou às Sombras...

Sua voz era pausada e forte. Impunha o poder e lembrava àqueles que esqueciam o motivo dela ser a Rainha das Sombras. Com o tom de voz imponente que fazia, apenas um tolo ousaria discutir com ela, afina, ninguém nunca o fizera e viveu para contar como foi...

Ela desconsidera o comentário sobre as fadas, ela não gostava de falar das criaturas dos outros reinos, eram "boas demais" para ela.

Vocês atravessam o arco da cidade, adentrando a Cidadela do reino.
Ouve-se o farfalhar de conversas de comerciantes de poções e pergaminhos, as tavernas estavam cheias e os bardos cantavam musicas sombrias narrando guerras em que as Sombras triunfam. Sons de metais se debatendo preparando armas e armaduras estavam sendo feitas e no céu, a lua vermelha do Sangue derramado das Sombras brilhava mostrando o início da guerra.

Conforme iam se aproximando, via-se uma barreira de soldados, de todos os tipos, cercando o castelo de Namish, impossibilitando a aproximação de muitos seres.

Ao longe podia-se ver esqueletos vivos, vampiros, licantropos, espectros e outros seres se aproximarem. Eram poucos, aparentemente apenas os mais fortes de cada vilarejo e seus respectivos guardas.

Namish comenta baixo para Beijamim:

- Fique quieto, não olhe, não pergunte, não fale mesmo que falarem à você. Finja que não tem língua, pois se ousar me desobedecer lhe garanto que não a terá mais... Os dirigentes de cada vilarejo estão vindo tratar sobre a guerra. Os deixarei esperando pois temos mais o que fazer com você. Saiba que ninguém deve saber onde esteve e para onde vai, entendido?

Beijamim apenas ouve o que a Rainha diz, sem se importar muito sobre o assunto de Merckian e apenas fala quando ela lhe dirige a palavra, sussurrando e quase sem mexer os labios.

-Tudo bem, mas para onde eu irei neste momento... Beijamim caminha calmamente tentando não se importar muito com a pequena orda de mortos vivos que se instalaram ao redor do castelo.

- Irá receber armas e armaduras decentes para sobreviver nesta guerra...

A Rainha se dirige para dentro do castelo. Enquanto ela caminha se aproximando, os soldados que montavam guarda abriam caminho para a rainha adentrar, "fechando-se" novamente.

Ao entrarem nos postões do castelo, entram em uma sala escura, andam um bom pedaço e em seguida em entram em uma outra sala onde só haviam escadas. Vocês a sobem e, chegando ao final, entram em uma sala ilumanada apenas por tochas. As paredes eram de pedras e haviam muitos tipos de armas e armaduras, uma mais maravilhosa que a outra expostos, além de ármários e mesas com pegaminhos, poções, pedras... tudo o que poderia imaginar.

- Escolha o que achar que será necessário. Não são presentes, você pagará trazendo o cajado ou com o fim de sua vida.

Ela encosta-se na parede de braços curvados e espera que o jovem escolha o que lhe foi oferecido.

Beijamim olha o arsenal e começa pegando uma boa Armadura de Batalha, com desenhos em alto relevo de rostos com expressões de medo e terro como estivessem presos na própria armadura, com uma capa vermelho sangue, em seguida pega uma Foice Longa bastante ornamentada com figuras embaçadas de caveiras na lâmina, feitos natutalmente pela dobra do metal. Beijamim pega a arma e testa sua firmesa fazendo alguns movimentos, depois disso ele pega um colar com esferas de ouro, enrola-o no anti-braço e poem um
pequeno cordão no pescoço com um pingente de madeira em forma de chicote e escolhe dois pergaminhos.

-Estou pronto. Beijamim termina colocando sua mascara e a transfomando em um helmo, fechado, em forma de uma caveira coroada.

- Certo, se para você isto basta...

Ela fita o homem de cima até embaixo e percebe que ele fica muito mais elegante e imponente.

- Agora vá até seu templo e ore o resto do dia sem dormir e sem descançar, leve alguns dos seres que estão no calabouço caso queira fazer oferenda à Nerull. Logo na primeira hora do dia de amanhã um enviado meu o acompanhará até o Norte, já que não deu tempo para buscar o corcel que lhe dei... Este enviado lhe escoltará até o reino... Agora vá, ore, ofereça e aguarde...

Beijamim acena positivamente com a cabeça, levanta a vizeira do helmo e fala:
-Norte novamente minha Rainha, mas com a guerra declarada como passaremos pelas defesas deles e ainda mais conseguir alguma informação da quelas criaturas...

- Fique tranquilo, eles entenderão assim que ver quem lhe escoltará até o reino.

Ela sai com o Beijamim para que ele conseguisse sair pelo muro de guerreiros que cercavam o castelo.

Beijamim sai do castelo levando suas oferendas até o templo, chegando no templo Beijamim começa os preparativos para o grande ritual, Beijamim pede força, poder e proteção para Nerull, que Beijamim lhe dara muitas almas, durante a guerra e semeara a morte e a destruição por onde passar.

Beijamim

A noite passou rápida entre orações e oferendas à Nerull. O rapaz sentiu seu corpo forte e parecia que novas energias adentravam seu corpo a cada nova oferenda entregue à divindade. Mesmo sem ter se alimentado um instante se quer, mesmo sem ter dormido, Beijamim se sentia mais forte que nunca.

Após terminar de fazer tudo, o clero se aprontava para partir novamente, desta vez armado para uma grandiosa guerra e pronto, certamente, a matar qualquer imbecil que atravessasse sua missão e seu caminho. Desta vez o respeito ao pacto não o limitaria em nada, mas sabia que tinha que ser astuto, afinal os reinos não eram tão tolos e o “verdadeiro rei” poderia estar em qualquer lugar e precisaria da ajuda daqueles idiotas para conseguir salvar sua vida.

Foi quando bateu à porta alguém de voz feminina. Era Obaragy, uma Genasi de Fogo.
Sua aparência era difícil de se descrever, ela tinha cabelos em chamas e sua pele era morena, como a lava após esfriar. Seu corpo tinha alguns desenhos que brilhavam, como se seu sangue fossem lava abaixo dessas marcas. Seus olhos eram claros e expressivos. Suas vestes eram uma calça um tanto folgada, com uma faixa na cintura e, nos joelhos, um elástico prendendo o fim da calça em seu corpo. Usava um top da mesma cor da calça: vermelho e dourada.
Era muito bela e chamava a atenção de qualquer homem, mas era temperamental e não gostava muito dos humanos, mas era uma particularidade dela. Ela era a filha primogênita do dirigente da raça, de eterna lealdade à Namish, gênio forte e opinião própria, só lutará na Guerra caso seu povo seja ameaçado. Prefere assistir a destruição do que destruir de fato.

- Sou sua guarda para o reino do norte a mando da Rainha Namish. Apenas lhe acompanharei pelo caminho mais curto, mas não significa que chegará vivo no destino. Não sou responsável se fizer besteiras. Não faça perguntas e nem me atrase que chegaremos logo.

Ela vira-se de costas e começa a caminhar para os arcos que sai do reino.

Spoiler:

- Ouvi dizer que você não gosta muito dos humanos, então quanto menos tempo você passar comigo melhor não é mesmo. Beijamim da-lhe um doce sorriso, mas sabia a moça não lhe responderia da mesma forma e por isso fez, para irritar a moça, em seguida Beijamim poem a mascara e a transforma em um helmo de caveira coroada e pega suas coisas e vai até a porta poem uma mão nas costas e gira a outra enquanto se curva reverenciando a moça e dando lhe passagem.

Obaragy apenas ignorou o clero, deu as costas quando ele se reverenciou e prosseguiu.

Eles já haviam caminhado por horas e Beijamim não havia comido nada desde que estava no barco com o grupo e sabia que, ao chegar no reino, mal teria tempo de sentar-se, o que dirá comer algo. Talves fosse o único momento do dia para comer, quem poderia dizer?

Obaragy continuava a caminhar, um pouco a frente de Beijamim, procurando não lembrar que estava ajudando um humano.

Beijamim procura um lugar para se sentar e começa a tirar rações de viagem.
- Eu preciso comer algo, faz dias que não como nada.

Beijamim pega uma das rações e oferece à moça.
- Você também precisa comer não é?!
Beijamim senta-se, retira o helmo mostra-lhe um sorriso e começa a comer.

Obaragy se irrita com o humano, afinal deveria estar pronto e ela não tinha paciência para esperá-lo.

- Ao contrário de você, eu me preparo quando tenho alguma missão. Já me alimentei... Você não deveria perder tempo comendo sentado, por que não come enquanto caminha? Assim não nos atrasa e eu fico menos tempo ao seu lado...

Ela fica distante de Beijamim e atenta à tudo em sua volta. Estavam num planalto antes de adentrarem os campos subterrâneos rochosos.

-Se não quer comer, tudo bem, mas eu estou caminhando a dias e para onde eu vou não terei descanso...mas e você porque não gosta dos humanos o que eles lhe fizeram... a Rainha também é humana, você também à odeia?

Beijamim dá uma mordida no pão Tuseco com queijo e carne salgada em seguida toma um longo gole de vinho enquanto espera a resposta da moça.

Obaragy não gostava do que aquilo estava se transformando: uma conversa.

Mas ela decide por responder:

- Humanos quebram equilíbrio que seres mágicos tentam manter no mundo... você é a prova disto!

- Ah é, e como eu posso ser a prova disso se estou indo tentar concertar o erro dos outros, quem quebrou o pacto foi um Anão, não um humano...
Beijamim fala pausadamente, com um leve sorriso no rosto.

- Você está indo terminar de fazer o que começou, a restauração do equilíbrio será consequencia...

Ela ignora e sequer olha para o jovem.

Beijamim termina de comer, levanta-se e bate suas roupas e começa a anda enquanto fala:
- Não comecei nada, só estou concertando a merda que os outros fizeram...