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    [Prólogo] Lailah Evans

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    [Prólogo] Lailah Evans Empty [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por Rosenrot Qui maio 18, 2017 1:18 pm

    “Well it's raining and it's pouring
    And my old man, well he is snoring
    Rainy day stay
    Well my brother, he builds a puzzle
    On the blue rug with lazy bubbles
    Rainy day please stay
    Rain rain don't go away,
    The sun can come back another day
    Rainy day please stay
    Well my mother, she doesn't
    bother with the dishes in the kitchen
    Rainy day please stay”

    Rain - Priscilla Ahn







    [Prólogo] Lailah Evans Repsol10





    Lailah sentia frio. Um frio que não vinha exatamente de lugar nenhum, mas simplesmente penetrava no corpo. Ela conhecia aquela estradinha, cobertas de folhas e galhos, mas não entendia por que estava ali àquela hora da noite e por que estava descalça e de camisola. Mas não era exatamente isso que lhe chamava mais atenção. Era o que via à frente.

    Lailah sabia que aquela estrada não terminava daquele jeito, sabia que ao final dela estava a velha casa de fazenda, o velho estábulo dos cavalos e o velho celeiro. Sabia que haviam árvores e animais por ali, sabia que era possível ouvir os pássaros. Sabia que ficava mais frio no inverno. Mas ali e agora, Lailah só via a estrada coberta de folhas, e quando Lailah olhou para a frente, ela viu um cavalo. Era o seu cavalo? Ela não sabia bem, não dava para ver direito, mas Lailah se moveu – ela sentia a vontade de se mover, mas quando Lailah se moveu, o cavalo se moveu também e se afastou dela.

    Lailah então correu na direção do cavalo, chamando seu nome. O cavalo por sua vez correu de Lailah, e quanto mais Lailah corria mais longe do cavalo ela ficava. Mas ela não desistia e continuou a correr e correr e o cavalo a fugir e fugir… Lailah parou de correr, sem fôlego e cansada. Seu olhar se voltou para o horizonte, onde o cavalo parecia afastar-se cada vez mais. Tinha alguma coisa naquele cavalo que não estava normal… Lailah forçou a visão então o cavalo virou de lado e levantou as patas dianteiras, como se saudasse alguém ou alguma coisa… E havia algo na sua cabeça… Algo… Pontudo…?

    Ela forçou mais a visão, era definitivamente um cavalo… Era definitivamente um chifre… Um unicórnio?

    [Prólogo] Lailah Evans 6e359810

    (...)

    O sol, naquela manhã não tinha batido em sua janela. Mas ainda sim a luz do início do dia tinha lhe despertado: as coisas lá começavam cedo. O vento frio entrou balançando as finas cortinas do quarto que dividia com as irmãs. Podia sentir o cheiro do café e ouvir os sons do trabalho que já começava naquela manhã. Tinha chovido noite passada, como era comum naquela época do ano e ela e as irmãs correram na chuva como há algum tempo não faziam. Seus pais ficaram sentados na varanda, observando-os. Era uma memória boa, achava. Uma memória que provavelmente voltaria a sua mente daqui uns anos, quando as coisas começassem a mudar. Lailah acordou desnorteada, tinha tido um sonho esquisito com cavalos…

    Pode observar que suas irmãs já tinham se levantado, o que era estranho já que era sempre ela quem levantava primeiro todos os dias, podia ouvir a mãe cantarolar uma musiquinha sobre a chuva na cozinha e ouvir o som dos equipamentos do pai começando a serem postos para funcionar naquela manhã. Mas ela estava com aquela coisa na cabeça, aquele sonho esquisito que não conseguia se lembrar muito bem. Talvez, só por precaução fosse bom dar uma olhada em seu cavalo antes da escola.

    O café da manhã foi aquela bagunça anunciada de sempre, todo mundo tentando falar ao mesmo tempo e sua mãe e seu pai fingindo que conseguiam ouvir todos, Lailah entretanto estava mais calada naquela manhã, com o sonho ainda na cabeça. Não tinha sido a primeira vez que sonhara com algo parecido – envolvendo cavalos –, mas era, sem sombra de dúvidas a primeira vez que tinha visto um cavalo com chifres e ainda não tinha certeza do que isso significava. Talvez seu pai soubesse afinal ele sabia um monte de coisas, mas não queria incomodá-lo com aquelas coisas agora, provavelmente teria esquecido isso antes das aulas terminarem naquele dia.

    O trajeto para a escola naquela área rural era mais problemático, ela e as irmãs tinham que andar um pouco antes de poderem pegar um ônibus que as levava para a aula e como tinha chovido a estrada estava um pouco molhada e lamacenta… Suas irmãs iam mais à frente, mas Lailah tinha ficado para trás, ela gostava de observar a paisagem.

    – Pensando na morte da bezerra? – Veio a voz de trás dela, quando Lailah se virou, deu de cara com o sujeito alto de porte atlético e cabelos longos. Ela o conhecia, era Muninn, ele também tinha umas terras por ali com os irmãos e o pai. Muninn era bonito pra caramba e as meninas da idade de Lailah ficavam cochichando sobre ele na hora do intervalo, às vezes. Lailah era tímida demais para fazer isso. Ele puxava um cavalo pelas rédeas, era um cavalo de pelo negro e patas felpudas. Lailah achava aqueles cavalos lindos e tinha perguntado para o pai uma vez, seu pai explicara que eram a maior raça de cavalo que existia e eram muito caros, se chamavam Shine e vinham da Inglaterra, tinham sido muito importantes na era medieval, já que aguentavam o cavaleiro e sua armadura sem muitos problemas. Nas terras que pertenciam à família de Munnin, existiam muitos desses cavalos, ela já tinha visto algumas vezes.

    Munnin e seu pai às vezes também se encontravam para resolver problemas locais com alguma coisa. As terras do rapaz ficavam mais afastadas, quase próximas as florestas que começavam a preencher a terra, mas para todos os efeitos, eram vizinhos - ou próximo disso - e pareciam se dar relativamente bem, apesar da pequena fama da família de Muninn - Lailah sabia que eles eram Crias de Fenris - e que Muninn era filho de um Garou poderoso. Mas diferente do pai e do irmão, ele geralmente era bacana. Pelo menos das poucas vezes que tinha encontrado com ele. Claro, ele era mais velho.... Mas não deixava de ser bonito.

    Munnin notou como Lailah olhava para o cavalo e deu uma risada alta e divertida – diferente dela, ele parecia bastante extrovertido – deu uns tapinhas no pescoço do animal. – Essa é Lua Minguante. – Falou Munnin. – Quer passar a mão nela?
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por shamps Qui maio 18, 2017 11:49 pm

    “Então foi um sonho?"

    Esse foi o primeiro pensamento na cabecinha recém-desperta de Lailah, uma garota ruiva que morava no interior da Irlanda, em uma simpática e bucólica fazenda.
    Ela costumava ter noites de sono tranquilas, não que aquela não tenha sido, mas ela teve um tom muito exótico. Pensou o dia inteiro naquilo.
    Vendo que seus irmãos já tinham acordado, Lailah olha para o relógio para ver se não estava atrasada e por sorte não estava. Foi tomar café com sua família barulhenta, mas que ela amava. Teria prova naquele dia e estudara a noite inteira, talvez isso explicasse o sonho diferente da noite.
    Despediu-se dos pais e dos irmãos mais velhos e seguia contemplativa pela estrada lamacenta com suas galochas. Enrolava bem devagar os cachos do cabelo enquanto ruminava o sonho na mente. Mal tinha escutado a aproximação de Munnin, seu vizinho, que trazia uma linda égua. Ela gelou ao vê-lo, pois não sabia como se portar diante dele, por ser mais velho e por ser um dos homens mais bonitos que já tinha visto. Outro fator que a deixava sem graça era a sua timidez, que a deixava meio travada, mesmo eles sendo conhecidos de longa data.

    - Bom dia! – saudou-o meio desajeitada e não conseguiu dizer mais nada além disso, além da resposta para sua pergunta – bezerra? Ah... não – mesmo tendo um rapaz tão bonito conversando com ela, a moça observa era o belíssimo animal. Adorava aquela raça, era perfeita. Aproximou-se sem medo do animal e antes da pergunta dele, Lailah já estava acariciando o animal.

    - Lua Minguante! – estava maravilhada – que belo nome você tem, mocinha – fica muito desenvolta quando estava com cavalos e nem parecia a garota tímida de sempre. Feliz como estava, ela sondou o rapaz por baixo do pescoço da égua e esboçou um sorriso – ela é muito linda!

    Passou um tempinho até que ela falasse outra vez.

    - Como estão todos, lá... na sua casa – ela ficava um pouco sem jeito de tocar nesses assuntos, mas ela sabia sobre a família vizinha e sobre o pais de Munnin. Ela não tinha uma opinião formada a respeito e nem sabia se ele sabia que ela sabia, então preferia não tocar no assunto. Só queria ser simpática mesmo.

    Tentando mudar de assunto o mais rápido possível, preferiu falar sobre algo que ela entendia melhor.

    - Munnin, você vai participar da competição? Vai com ela? – a olhava para Lua Minguante.

    O sonho com o unicórnio a essa altura já estava ficando para trás, por que deixasse sua marca.
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    Mensagem por Rosenrot Sex maio 19, 2017 12:32 pm

    Lua Minguante, a égua Shire era enorme e Lailah percebeu isso quando se aproximou do animal e mal conseguiu alcançar seu focinho. A égua deveria medir uns 2 metros de altura, no mínimo. Munnin não pareceu se importar muito com Lailah ir fazer um agrado ao animal. Munnin, sabia ela, era o nome de um dos corvos de Odin – Lailah tinha achado diferente aquele nome e pesquisou – ela também sabia que Munnin tinha mais quatro irmãos: Máni, Sunna, Freya e Huginn, todos eram nomes ligados à mitologia nórdica, da qual a família deles faziam parte.

    Ela também sabia que Máni e o pai deles eram o que se chamavam de Garou, Lailah nunca tinha visto de verdade um Garou, apesar de ouvir as histórias que seu pai contava a respeito da Tribo do qual fazia parte: seu avô tinha sido um Garou, seu pai lhe dissera uma vez, mas Lailah não o conheceu, já que o homem morrera antes de ela nascer. Às vezes se perguntava como se parecia um Garou.

    - Ela é bonita sim. – Concordou o homem, dando uma rápida olhada na direção da égua. Ele gostava daqueles cavalos, eram melhores do que outras raças para os trabalhos que as fazendas das quais sua família era responsável demandavam.

    – Estão bem. – Respondeu ele, depois de um momento breve de silêncio. Muninn sabia que a família de Lailah eram de Parentes – seu pai e seu irmão já haviam lhe dito isso umas vezes – e o pai de Lailah às vezes participava de algumas reuniões entre os Parentes da área para resolverem ou discutirem assuntos relacionados à Nação. Muninn se moveu até Lailah e levantou a garota sem muitos problemas, colocando-a sentada sobre a égua. - Vamos alcançar suas irmãs se não vocês se atrasam para a escola. – Comentou, voltando a puxar as rédeas do animal.

    A égua era realmente alta, e Lailah pode ter uma noção melhor agora que estava em cima dela. Sentia-se pequenininha e era bem diferente de montar um de seus cavalos. Lailah podia sentir os músculos do animal se movendo conforme ele andava. - Não, não vou. – Respondeu ele. – Os Shire não são muito bons para essas competições. São cavalos de tração, sabe? Força e tudo mais. Você vai? – Bom, verdade era que Lailah nunca tinha visto nenhum dos cavalos das fazendas Norns – como chamavam a tríade de terras sob domínio da família de Munnin – nessas competições. Para falar a verdade, ao pensar sobre isso, Lailah se deu conta de que era difícil ver a família de Muninn fora das fazendas, até mesmo as irmãs dele não iam à escola como Lailah e suas irmãs.

    - A propósito. – Ele disse. – Sua família vai nas comemorações do final da primavera e início do verão? – A família de Muninn tinha uns costumes engraçados a esse respeito, eles faziam umas festas sempre que uma estação terminava e outra começava. Ela tinha ido em algumas, e era algo muito bonito e legal. Eles preparavam comidas e uma bebida que chamavam de Hidromel, faziam jogos, contavam histórias… Às vezes se perguntava se seus ancestrais tinham rituais assim, também. Mas ela não sabia sobre isso. As festas da família de Muninn eram legais, no fim das contas.
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    Mensagem por shamps Sex maio 19, 2017 8:12 pm

    Enquanto conversava com Munnin, de tempos em tempos, ela ficava quieta só divagando sobre suas famílias. Essas histórias de Garou da qual eles faziam parte. Até ela mesma tinha esse sangue de heróis nas veias, só não entendia o impacto que isso tinha em sua vida. Continuava agradando a égua, caminhando devagar e demorou um pouco para responder ao rapaz.

    - Fico feliz em saber que estão bem.

    Por um breve momento ficou muito envergonhada quando Munnin a colocou sobre Lua Minguante, mas depois que se viu em cima do animal, abriu um largo sorriso. Como amava aquela sensação de liberdade e comunhão com o cavalo. Abraçou Lua inclinando-se um pouco.

    - Hahaha... tá certo, Munnin – quase nem ouviu o que tinha dito sobre a escola – ah, é... tenho prova hoje, não posso atrasar... Obrigada Munnin.

    Lailah ficou um pouco decepcionada por saber que ele não participaria da corrida. Mas o que ele falava era verdade, Shires eram animais de tração, não de velocidade.

    - Que pena, mas é difícil mesmo sem a raça certa... você não conseguiria nem emprestar um? – ela respondeu também sobre sua participação com o mesmo sorriso animado – vou sim. Você vai torcer por mim? Pode ser de longe... – sabia que a família dele não costumava ir às festas da cidade, mas não custava nada perguntar, não é?

    A conversa prosseguia tranquilamente quando ele menciona as animadas festas dos familiares dele. Mesmo eles sendo reclusos, suas festas eram encantadoras. Sabia que iria se divertir se fosse, mesmo sendo uma tradição particular deles.

    - Espero sim – tinha expectativa na voz – a gente sempre vai. Eu vou poder tomar hidromel esse ano? Vou participar dos jogos também. Vou até treinar – tinha aquela animação juvenil e inocente que até suas sardas ficavam radiantes.

    Antes de chegar até seus irmãos, Lailah pergunta, sem se dar conta, sobre o sonho que teve.

    - Munnin, você que mais vivido do que eu, sabe o que significa sonhar com um unicórnio em uma estada cheia de folhas? – estava pensativa – nunca tinha sonhado com unicórnios hahahaha! Deve ter sido por que estudei até tarde – e coçou a cabeça, um pouco sem graça.
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    Mensagem por Rosenrot Sáb maio 20, 2017 2:10 pm

    Muninn deu um sorriso leve, ao ouvir a jovem falar. Não achava mesmo que deveria entrar em detalhes a respeito da família. Os Crias de Fenris não falavam muito sobre si para quem não fosse como eles, em alguns aspectos. Suas histórias e glórias eram contatadas pelas cicatrizes de seus heróis e pelas canções de seus Skalds. Fora isso, não havia necessidade de gabassem, como outras Tribos pareciam gostar tanto de fazer.

    Sobre a escola, ele não falou nada. Nem ele nem as irmãs tinham frequentado essas instituições; seus ensinos tinham sido em casa, como a maioria dos outros por lá. Apenas uma das irmãs parecia mesmo interessada em ir além do básico e talvez tentar uma faculdade, mas Muninn preferia lidar com a terra, manter-se ali. Não tinha muito interesse em passar mais tempo do que necessário na sociedade humana.

    - Não sei se eu seria um bom corredor, Lailah. – Falou o jovem Cria, antes de rir um pouco. – Corredores tem de ser leves e eu com meus 1.87 de altura não sou lá dos mais leves. – Brincou. Mas era um pouco verdade, quanto mais leve o hipista, mais rápido o cavalo. A outra verdade era que ele não tinha interesse nessas competições… Elas não dependiam da força pessoal, mas sim da do animal… Não era lá algo muito interessante. Mas podia compreender por que a jovem Lailah gostava tanto daquelas competições.

    Seguindo a conversa, ele riu ao ouvir sobre a bebida. – Na minha família você já teria tomado o primeiro porre aos 12 anos, viu. – E era bem verdade, no final das contas. Para a família de Muninn – e talvez a maioria dos Crias – haviam apenas a fase infante e a passagem para a vida adulta, aquela coisa que adolescente era algo da sociedade moderna.

    Quando a pergunta sobre o unicórnio veio, Muninn franziu a testa e olhou na direção da jovem ao cavalo. Não tinha plena certeza, mas achava que o animal descrito fazia parte da Tribo de Lailah, talvez um totem ou espírito. Mas não poderia dizer com toda a certeza. - Olha, eu não sei, mas conheço alguém que talvez possa te ajudar com isso. – Falou o sujeito, ao parar de andar e fazer o cavalo parar também. Agora, junto dos irmãos de Lailah que aguardavam no ponto para pegar o ônibus.

    – Hoje é aniversário da minha irmã, Freya, vão fazer uma festa lá, por que você não passa lá à noite? Assim você pode perguntar para minha Nona sobre isso, ela é boa com essas coisas sobre sonhos.
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    Mensagem por shamps Sáb maio 20, 2017 7:24 pm

    Já sabendo que os Kuhn eram bastante reservados, Lailah limitava-se àquelas conversas simples, de poucas palavras, sem ser invasiva demais. Só queria mesmo saber se estavam bem.
    Ela o observou dos pés à cabeça quando ele falou de sua altura, e mesmo corada ela disse:

    - Tem razão, Muninn – e deu uma leve risada – você não tem mesmo perfil de corredor. Foi só uma pergunta simbólica mesmo, porque eu não sabia o que falar. Eu sei que vocês não costumam sair de suas terras, nunca os vi por aí e nem nas festas da cidade.

    A jovem arregala os olhos quando o moço fala sobre os porres que poderiam ter tomado, era muito cedo. Apesar de serem Parentes, os Evans viviam normalmente.

    - 12 anos? Meu Deus! Muito jovens – e mesmo assim riu, não conseguia imaginar crianças bebendo – deve ter sido engraçado... ou dolorido... ou nojento – e fez  uma careta, mas achava fofo o jeito que ele falava dessas coisas, como se fosse a coisa mais normal do mundo – acho que não quero tomar um porre não.

    Quando ele franziu sua testa com a pergunta sobre o sonho, Lailah achou que tinha falado algo errado.

    - Não conta para ninguém, tá? Fiquei com vergonha de perguntar pro meu pai – ela sabia que se falasse disso para o pai, ele poderia criar várias expectativas que ela não queria.
    Certa vez ouviu, sem querer, uma conversa entre seus pais, onde ele se culpava por seus filhos mais velhos não serem Garou. Ele sabia da importância dos lobisomens e da sua própria importância na sociedade lupina, mas sentia-se incompetente. Já sua mãe tinha a visão de todas as mães: filhos Parentes eram filhos seguros, e ela gostava de abrir a janela e ver todos os filhos lá fora, saudáveis e bem.  Animou-se com o convite dele para o aniversário da irmã dele – claro que vou ao aniversário e falarei com sua n... nona.

    Quando chegaram ao ponto de ônibus e ela sorriu e mostrou-se bem animada na chegada.

    - Tenham inveja porque cheguei no lombo dessa égua maravilhosa – e pulou do animal, caindo com graça – muito obrigada por sua paciência, Lua Minguante – e acariciou o pescoço do animal – obrigada pelo convite, Muninn, e pela carona.
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por Rosenrot Dom maio 21, 2017 9:02 pm

    – A maior parte das coisas que precisamos temos por lá. Então não precisamos muito sair. Só nas épocas de colheita que temos que vender o que plantamos. – O homem voltou a dar de ombros, era um modo de vida simples, como a maioria não gostava de levar naqueles tempos de modernidade. Pensava se isso duraria por muito mais tempo. Esperava que sim.

    Deu uma gargalhada, ouvindo que a jovem dizia sobre a bebida. Mas não se importou muito. – Um pouco de tudo isso. Mas a juventude é a idade que temos para descobrir os limites, não é? Acho que todo mundo tem que tomar um porre, uma vez na vida.

    Ouviu o pedido dela e moveu a cabeça. Não tinha muitas pessoas para quem contar, também. Concordou com a jovem, a respeito dos planos noturnos.

    Muninn apenas riu de leve ao ouvi-la falar com os irmãos sobre a égua, e ficou um pouco impressionado pela jovem ter conseguido saltar de cima da égua com tamanha facilidade. – Disponha. – Disse o Parente, acenando para ela e para as irmãs, se afastando para o lado oposto da estrada.

    (…)

    O dia na escola tinha sido bastante normal, a rotina das aulas fez com que Lailah acabasse deixando o sonho cada vez mais de lado, não que ela tivesse esquecido os detalhes ou o sonho em si, era apenas o fato da rotina de aulas e lições começava a empurrar o assunto para o lado. O restante do dia de aula correu tranquilo, como geralmente era. A volta para casa também tinha sido.

    Em casa, suas tarefas diárias tomaram espaço durante a tarde, seu pai tinha lhe dado permissão para ir até a fazenda da família de Muninn. Mas seu pai pediu, que caso terminasse muito tarde, Lailah dormisse por lá, ou um dos irmãos Kuhn a trouxesse de volta.

    Laila estava empolgada com a tal festa, e também curiosa. Afinal, como seria uma festa de aniversário na tão incomum família de Muninn? Deveria levar um presente? Como deveria se vestir? Como seriam os festejos? O que raios era uma ‘Nona’? Conforme a noite ia chegando, Lailah se aprontara para a festa, seu pai tinha deixado o cavalo pronto para a garota partir e sua mãe preparara alguns pequenos muffins para que Lailah levasse, já que ninguém conseguiu realmente pensar em um presente para Freya.

    (…)

    [Prólogo] Lailah Evans Verd10



    O caminho para as fazendas de Norns era um pouco longo, e Lailah sabia que as fazendas de Norns eram infinitamente maiores que as pequenas terras de suas famílias. Eram três fazendas, que circundavam a entrada do que parecia uma grande floresta – ao fim das cercas das fazendas, era possível ver as árvores grandes e suas folhas verdes e escuras – era difícil entender porque a família de Muninn vivia naquela região tão afastada, mas esse assunto raramente vinha a tona.

    Enquanto guiava seu cavalo pela pequena trilha que dava passagem as fazendas, Lailah tinha uma sensação estranha de ser observada: de ambos os lados da trilha haviam árvores e mato e com a pouca luz daquele horário, era difícil ver qualquer coisa. Não havia iluminação elétrica ali também. As fazendas de Norns funcionava à energia solar e eólica apenas e Lailha ficava imaginando como alguém conseguia viver sem luz elétrica.

    Depois de alguns minutos cavalgando no silêncio, Lailah pode ver o arco de entrada da primeira fazenda, onde lia-se Norns – Verdandi. Não havia portões ou porteiras, muito provavelmente porque ninguém se atrevia a ir até ali. Quando Lailah passou pelos arcos de pedra, pode vislumbrar as luzes de fogueiras e archotes acessos, podiam ouvir vozes e música também. A jovem Filha de Gaia foi recepcionada por Muninn e apresentada a família e amigos que estavam ali. A maioria sentava-se em bancos feitos de troncos de árvore em volta da fogueira. Havia música de instrumentos típicos de suas culturas e no fogo pareciam assar o que um dia tinha sido ou um carneiro ou um cervo. Assim como coisas menores como coelhos e aves. Mesas estavam fartas com coisas como milho, frutas, tortas e bebidas.

    As moças dançavam, os homens bebiam e cantavam. Para Lailah foi oferecida toda sorte de iguarias, e também o tal do Hidromel.

    Todos pareciam bastante hospitaleiros e gentis e muito, muito animados. Exceto, claro, pelo pai de Muninn. Erik Kuhn sentava-se numa cadeira perto de uma das fogueiras. Era um homem idoso, mas  que não parecia afetado pela idade. Tinha uma cicatriz no ombro esquerdo que parecia descer para o peito, mas a camisa branca e larga não deixava exibir mais que isso. Ele cumprimentou Lailah apenas quando a jovem chegou e depois se manteve calado para observar a festa.

    Freya, a jovem aniversariante estava completando dez anos, e junto da irmã, dançava próxima a uma das fogueiras. Muninn, sentando próximo de Lailah e com um caneco enorme, apontou na direção de uma velha senhora. - Alia Nona, por que não vai perguntar a ela sobre o que me perguntou mais cedo?

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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por shamps Seg maio 22, 2017 1:23 am

    Fechando os olhos e imaginando si mesma tomando um porre achou que seria péssimo.

    - Acho que não, não quero tomar porre não – foi um leve sorriso escondido com a mão na frente da boca.

    Ficou bem feliz por ter ido bem na prova e acreditava ter tirado boa nota. Seu dia foi bem normal na escola, mas não deixava de pensar na festa de aniversário no fim do dia. Estava ansiosa.
    Ficou muito feliz quando seu pai tinha a deixado ir, sua mãe preparava muffins para que a ruivinha levasse, mas a própria garota queria preparar algo para Freya e depois de seus trabalhos na fazenda, a jovem dedicou-se no presente. Juntou alguns gravetos e fitas de cetim e montou um pequeno cachepo, onde pôs um vasinho com uma muda de blue-eye grass, uma florzinha irlandesa muito delicada.
    Foram todos muito atenciosos em sua casa, inclusive seu pai que deixou tudo arrumado para ela e tinha dados conselhos bem singelos.

    - Obrigada, daidí. Eu avisarei a eles, pode deixar – disse tranquilizando o pai e depois deu um beijo de despedida nele.

    Seguiu pela estrada, em seu cavalo Lago, ela foi apreciando a paisagem. Era um caminho longo, já que as terras deles eram vastas. Ela se encolheu um pouco quando teve a sensação de ser observada, talvez fosse só impressão, mas preferiu dar uma acelerada no cavalo.
    Logo começou a ouvir a música e deu uma ajeitada no vestido, era simples, mas bonito para uma festa e no cabelo encaracolado trazia uma flor presa na lateral. Lailah adorava flores.
    Ela estava morrendo de vergonha ao chegar em uma festa sozinha e deu graças por ser recepcionada por Muninn, que era a pessoa com quem ela mais conversava daquela família.

    - Boa noite, Munnin – disse bem baixo – tem certeza que não tem problema eu ter vindo? – ela observou as pessoas, deu um sorriso leve e acenou com a cabeça para os presentes. Eram pessoas muito animadas. Mesmo assim seguia cada passo de Muninn, preferia que ele a apresentasse – não me abandone sozinha nessa festa, por favor.

    Mesmo envergonhada, Lailah sentiu-se muito acolhida na festa, eram todos muito simpáticos e até provou o hidromel. Entregou seu mimo para a aniversariante, achou que o cachepo combinaria com o estilo simples de vida na fazenda.

    - Minhas felicitações pelo seu aniversário, Freya.

    Ela tentou se enturmar, mas era tímida demais para isso e não conseguiu dançar com as mulheres da festa. Sentia a presença imponente do patriarca da família e ficava aliviada quando ele não olhava para ela. Observou Sunna e até sentiu um pouco de inveja de sua beleza e era nisso que pensava quando Muninn interrompeu seus pensamentos.

    - Ela é sua avó? – perguntou, um pouco sem jeito, mas queria saber o que era uma nona – ela não vai se importar de eu ir lá?

    Seguiu até a velha senhora e demorou um tempo para falar a primeira palavra com ela.

    - C... com licença... a senhora é a nona? – olhou para trás, na direção de Muninn buscando força e prosseguiu – o... o Muninn disse que a senhora pode me ajudar com um sonho que tive – e explica em detalhes o que havia sonhado na noite anterior.
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por Rosenrot Seg maio 22, 2017 1:27 pm

    Muninn achava um pouco engraçadinho o modo como Lailah parecia sempre bastante envergonhada. Ele lhe apresentou para boa parte dos presentes, que lhe saudaram. A maioria parecia bastante receptiva, não tendo problemas para receber a garota. O único que tinha ares menos festivos era Erik, mas também não dava ares de que implicaria com qualquer coisa. Quando Lailah foi até Freya para lhe ofertar o presente, ela pode notar algo bastante interessante a respeito de como as coisas funcionavam ali.

    Freya, ao notar que Lailah queria lhe dar algo, lançou um olhar na direção de Erik – que observava as duas – Lailah por curiosidade olhou na mesma direção e pode ver como Erik olhava para a jovem filha, quando ele moveu a cabeça levemente em positivo, Freya aceitou o presente de Lailah, pegando-o entre as mãos pequenas.

    - Danke fräulein Lailah. – Disse-lhe Freya, curvando a cabeça levemente e depois se afastando. Ela entregou o presente para a matriarca, que o colocou em uma mesa junto com outros que a jovem havia recebido naquela noite.

    Muninn até tentava ficar a maior parte do tempo com Lailah, mas a festa tinha bastante afazeres e às vezes ele se afastava. Houveram pequenas competições de força em que os homens carregavam troncos de árvore nos ombros em uma corrida. E as moças torciam. As moças encaravam coisas mais amenas, como as danças e cantos. A comida e bebida circulava de modo livre.

    - Sim, ela é nossa avó. – Disse Muninn, remexendo na fogueira frente a eles. A velha senhora observava a dança das jovens, Muninn deu de ombros. – Não, ela gosta de conversar, gosta até demais. Não deixe ela assustar você, hm? – Brincou ele.

    (…)

    A Velha mulher, Lailah pode notar, tinha os olhos azuis brilhantes. Talvez tenha sido um dia tão bonita quanto a jovem Sunna, quando Lailah falou, a velha lhe lançou um olhar inquisitivo, observando-a com cuidado e atenção. Inicialmente a velha não falou nada, aguardando as palavras da jovem Filha de Gaia. A velha se ajeitou na cadeira.

    - Sonho, nhé? – Disse, numa voz rouca e carregada de um sotaque Alemão.- Com o que tu sonha, criança?



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    Mensagem por shamps Seg maio 22, 2017 6:49 pm

    Na festa, quando Muninn precisava se afastar, Lailah ficava no canto apenas observando as coisas acontecendo. Para uma pessoa tímida como ela, era difícil saber o que fazer com as mãos, por isso ela ficava segurando um copo de suco. Ao menos podia sentir-se acolhida pelas pessoas da festa.
    Achou curioso a aniversariante pedir permissão para o pai para receber o presente, mas apenas sorriu para a criança.

    Durante as competições ela escolhia um dos lados e torcia de forma velada por um dos competidores e aplaudia apenas quando todos aplaudiam.
    Sentiu-se aliviada quando Muninn disse que sua vó gostava de conversar e foi até ela com um pouco mais de convicção.

    Foi indagada pela senhora, que queria saber sobre seu sonho, o que ela prontamente o fez. Falou sobre ela perseguir um unicórnio que fugia dela por uma estada e que não era um sonho frequente.
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    Mensagem por Rosenrot Ter maio 23, 2017 12:29 pm

    Quando Lailah começou a narrar seu sonho, a velha ficou em total silêncio, escutando cada palavra, cada descrição que Lailah dava dos detalhes. A velha também pediu para Lailah descrever o que ela sentia durante os sonhos. Não apenas o que via. Quando Lailah finalmente terminou sua narrativa, a velha mulher recostou-se na cadeira e olhou para além de Lailah, para o horizonte escuro. Houve silêncio e Lailah sentiu-se estranhamente apreensiva quando isso aconteceu. A Velha moveu-se e tirou algo de um dos bolsos da roupa, era uma trouxinha de pano amarrada com uma cordinha na borda e ela a abriu com cuidado, enfiou a mão lá dentro e puxou o que parecia poeira… E jogou essa poeira no rosto de Lailah. Inicialmente Lailah não entendeu o que estava acontecendo, talvez até se sentisse irritada ou intimidada… Por que a velha tinha feito aquilo? Por que estava ficando difícil pensar… Por que as coisas estavam perdendo foco…

    Então Lailah começou a sentir diferente.

    - Deixa ir… – Sussurrou uma voz lá no fundo, que ela não conhecia. Não era a voz da velha, nem a de Muninn ou de qualquer outra que se lembrasse. - Deixa a Fúria vir. – E não era uma única voz, era como se muitas pessoas falassem juntas. Pessoas que Lailah não tinha ouvido antes, mas que estranhamente parecia conhecer. Como se fossem da mesma família. E era como se queimasse. Era como se algo dentro dela queimasse. E lutasse para sair. Lailah não ouvia mais a música, as risadas ou as pessoas. Ela sequer conseguia ouvir a si mesma. Tudo que Lailah via era um borrão vermelho que se formava uma bocarra que sorria para ela e que falava. Deixa ir



    Deixa ir

    E sorria, e o unicórnio voltava e ia embora,

    Deixa ir

    E tinha dentes afiados e longos.

    Deixa ir

    E cheirava a sangue e caçadas.

    Deixa ir

    E fluía como um rio selvagem.

    Deixa ir

    E tomava o controle.



    A voz se afastava, mas Lailah sentia a Fúria queimar no seu sangue, sentia o medo ir embora, a timidez ir embora, sentia a força preencher seu corpo. E sua consciência se perdia, não era mais ela no controle do próprio corpo, da própria mente, era a Fúria. E a Fúria queria sangue. E a Fúria via tudo e todos como caças.

    (….)

    Erik estava sentado, como um sentinela observando toda a movimentação da festa. Ele particularmente não gostava tanto desses festejos de aniversários. Mas Lenora gostava e as meninas também e era importante manter seus Parentes satisfeitos. Era um mimo do qual podia dar-se ao luxo de fazer pela família e Freya parecia se divertir. No final das contas, não perdia nada com aquilo e ganhava uma boa festa com os familiares e amigos. Festejar era bom, deixava os Deuses felizes.

    Mas ele permanecia como um sentinela. E como um sentinela, observou a movimentação da jovem convidada até a velha e isso despertou sua curiosidade. Nona era uma Parente, mas uma curandeira e uma xamã poderosa, não que se comparasse aos Godi da Tribo, mas a mulher tinha conhecimento suficiente para deixar alguns filhotes de orelhas de pé. Erik se levantou, quando notou Lailah começar a se contorcer. Ele sabia melhor do que ninguém o que estava acontecendo.

    Então o pequeno caos começou. Os Parentes correram para longe de onde Lailah estava – claro que ela não conseguia notar isso, Lailah não estava mais completamente ali – a velha por outro lado, permanecia exatamente onde estava: sentada frente ao Crinos que Lailah estava se tornando e a Fúria em sua visão vermelha via a velha como uma ameaça. Precisava matá-la e matá-la era a única coisa.

    No ar causticante,
    carregado de ódio

    Ódio, era o que sentia. Ódio. Ele preenchia. Ele dominava. Ódio era o que comandava. Garras afiadas, dentes gigantesco e a força sobrenatural do beijo de Luna. Abriu a boca e urrou como a fera que era, liberto estava. Fora de controle.

    paira uma pergunta:

    Então avançou. O primeiro impacto contra o Crinos que era Lailah fora de seu total controle veio do flanco direito: O outro Crinos saltou sobre ela com a habilidade de um caçador e ambos foram ao chão. Máni, sobre Lailah agora urrou com a bocarra aberta e forçou a jovem filhote contra o chão. Ele tinha o treinamento, mas Lailah tinha a força provida pela pura Fúria. Ele não podia feri-la totalmente, sabia que as ações que a filhote efetuava agora não eram sob sua vontade, mas precisava tirá-la de combate, antes que ferisse alguém.

    quando a Fúria tomará você?

    OFF:
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por shamps Ter maio 23, 2017 8:25 pm

    A velha nona era uma senhora séria, mas Lailah, apesar de tudo, a achou bem simpática, como toda anciã deveria ser. Durante seu relato, a nona permaneceu quieta e atenta a todos os detalhes que a mocinha falava. Era um pouco perturbador também, falar para alguém que nem se mexia de tanta concentração com ela.
    Sem falar nada, a velha senhora pegou um saquinho com um pozinho e jogou-o no rosto de Lailah, que tossiu algumas vezes e esfregou o olhos antes de começar a tontear. Sua visão tornou-se turva aos poucos e o medo que sentia foi se perdendo entre as vozes que passou a ouvir. Era todo tipo de voz, como se fossem vozes do passado, difícil de definir. O unicórnio estava lá, mas não se aproximava dela, como se quisesse que ela o seguisse ainda mais fundo naquelas sensações. E as vozes ainda estavam lá.

                                                                                     
      Deixar ir!

    Completamente alheia ao mundo exterior, a jovem sentia seu corpo ardendo por dentro e por fora, com uma vontade imensa de exteriorizar algo que não sabia bem o que era. Para quem via de fora, a moça se contorcia e emitia uma espécie de rosnado, mas não tão marcante quanto o de um lobo, já que ainda não assumira sua forma total.
    Em seu interior, sua Fúria pedia para ser libertada e a jovem ainda lutava, mesmo sabendo ser uma luta perdida. A Fúria estava vencendo, o desejo por sangue se tornava cada vez mais forte, deixando sua visão vermelha e seus instintos aguçados.
    Ela queria matar!

                                                                                         
     Matar!

    A criatura, que de certa forma já não era mais Lailah, sentiu vontade de rasgar o ser vivo que estava à sua frente, que não era mais a nona e sim uma simples presa. Precisava dilacerar... precisava morder... precisava matar.
    Já em sua real forma de guerra, um Crinos de pelos bege, Lailah dessa vez rosna de verdade, um rosnado alto e selvagem, típico de um predador em caça. A explosão de força da Garou só foi contida por outros dois Garou mais fortes do que ela. A explosão inicial de Fúria deixava a jovem extremamente forte, quase incontrolável, mas não era culpa dela.

    Sangue!

    Ser contida deixou a lobisomem ainda mais furiosa e contorcendo-se com mais força, seus urros tornaram-se mais fortes e poderosos, dando certo trabalho para os dois Cria de Fenris que a continham. Lailah ainda tinha muita força para se desvencilhar e matar seus oponentes, em sua fúria cega só queria ataca-los e mordia constantemente o ar em busca da carne deles. Demoraria um pouco ainda para passar. As vozes e perguntas já tinham ficado para trás, agora só tinha o beijo deixado pela Grande Mãe e por Luna. Ela estava longe de ter sua consciência outra vez.

    Por estar sendo contida, a fera sentiu muito ódio e guiou seus dentes para o Garou que a continha, que é o que estava mais próximo, mais uma vez tentando se libertar. Havia muita raiva em seu olhar animalesco e a fera espumava, urrando por sua liberdade. Tentaria mais alguns ataques contra Erik e Máni.
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    Mensagem por Rosenrot Qui maio 25, 2017 12:41 pm

    Lailah tinha a força conduzida pela Fúria, mas Máni tinha o treinamento necessário. Ele empurrou o jovem filhote para o chão, mais de uma vez, fazendo seu corpo bater contra a terra, mantinha-se longe da mandíbula da jovem Filha de Gaia. Máni usava a vantagem corporal – era maior e mais pesado que Lailah – para mantê-la presa no chão.

    Ele mantinha o joelho dobrado sobre o peito de Lailah e tentava lhe imobilizar as mãos. “Mordeu” o ar muitas vezes, para assustar a jovem filhote, porém em determinado momento Erik disse-lhe para deixá-la levantar: todos tinham saído e restava apenas os três ali. Máni se levantou rápido deixando a Crinos livre para se mover, eles sabiam que enquanto a Fúria estivesse forte, Lailah os atacaria, bastava então, fazê-la cansar-se.

    E foi o que Máni e Erik fizeram; rodeavam a jovem filhote, desviando de seus ataques um após o outro, às vezes uivavam em provocação, e permaneceram assim até Lailah se cansar. A Fúria, eventualmente, esvaia-se.

    (…)

    Quando sua consciência começou a voltar, o sol estava batendo na janela; Lailah não conhecia aquela janela em especial, tinha cortinas bonitas, feitas à mão e detalhava alguma espécie de misticismo. Ela sabia que aquela cama não era sua no momento em que acordou e que aquela janela não era do quarto que dividia com as irmãs.

    Quando olhou em volta, pode ver Sunna sentada frente a uma penteadeira rústica, ela escovava os cabelos – e Lailah viu como eles eram longos, lisos e bastante claros – a jovem Cria voltou seus olhos para a filhote, observando-a com alguma curiosidade.

    - Pabbi já mandou chamar seus Foreldrar – Falou a jovem, Lailah notava que as jovens tinham um sotaque mais forte ao falarem Irlandês, o idioma delas não parecia ser esse e ela não fazia ideia do que era um Foreldrar. – Pabbi disse que ontem foi sua primeira breyting. – Ela terminou de escovar os cabelos, e deixou a escova sob a penteadeira, antes de olhar Lailah uma vez mais.

    - Mamma vai servir o café, pabbi disse que você pode se juntar a nós e tirar suas dúvidas, antes de seus foreldrar chegarem.

    (...)

    A casa era bastante simples – para não dizer rústica – tudo ali parecia ser feito, de uma maneira ou de outra, manualmente. Quando Lailah saiu do quarto – usando as roupas de Sunna – ela foi conduzida para um cômodo ao fundo da casa, era uma sala ampla com uma grande mesa e atrás dessa mesa, no lugar de uma Parede, existia uma enorme janela, que dava vista para boa parte das terras dos Kuhn. A maior parte da família estava sentada ali, o café era simples, mas farto e era fácil notar que até mesmo na mesa, havia alguma espécie de hierarquia; Erik sentava-se à frente de todos, sua esposa ao lado esquerdo, Máni ao lado direito, e assim seguia até a mesa terminar na velha senhora.

    Havia uma cadeira a mais naquele dia, para Lailah.

    Erik a encarou por um momento e Lailah sentiu-se estranha – muito diferente da noite anterior – pois o olhar do homem pesava e ela não conseguia sustentá-lo, instintivamente abaixaria a cabeça. Os demais pareciam agir naturalmente.

    E pela primeira vez, Erik falou. - A qual Tribo sua família pertence? – Quis saber, em sua voz rouca e poderosa. Houve silêncio, quando ele falou.
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por shamps Qui maio 25, 2017 9:11 pm

    Enquanto estava tomada pela Fúria, Lailah não tinha muito o que fazer a não ser tentar matar. Quem tinha trabalho era quem estava tentando conte-la. Uma estratégia muito simples foi usada: cansa-la.
    À medida que a Fúria ia se esvaindo, a visão e a consciência da jovem Garou também, até que finalmente apagou e desabou exausta.

    A manhã acolheu uma pequena garota ruiva, adormecida em lugar que não era sua casa. A jovem acordou, demorou um pouco para despertar, pois sentia o corpo cansado e dolorido, mas não tinha a mais vaga lembrança do por que. Não estava em seu quarto, esfregou os olhos para despertar melhor e ver onde estava. No quarto de Sunna? Mas por quê?
    Sunna, bela como sempre, escovava seu cabelo, logo passou a observar Lailah e a falar com seu sotaque. Não entendeu metade da frase dela. A jovem se encolheu com muita vergonha por estar ali e pela beleza de Sunna, Lailah sabia que era uma menina comum, sem qualquer atrativo físico, e estar diante de Sunna só reforçava essa sensação de inferioridade.
    Ficou pensando o que era um breyting, será que era bebedeira? Isso explicaria ela não se lembrar de nada e sentir aquela sensação de dor. Será que tinha dado vexame? Que vergonha!
    Acenou com a cabeça que tinha entendido, mas não sabia se queria ir para a mesa com a família dela. Sunna saiu e a ruiva levou mais um tempo para tomar coragem e sair do quarto, viu que usava roupas que não eram dela e procurou pelo quarto as suas e não as encontrou. O estrago teria sido tanto assim? Cada vez mais ficava envergonhada.

    Finalmente decidiu sair do quarto para não deixar seus anfitriões esperando. Se tinha dado vexame teria de arcar com as consequências. Após sair do quarto e ver que a casa era muito bonitinha e simples, ela se depara coma mesa do café. Ficou ruborizada e travou na porta, com vergonha de avançar. Não foi preciso o olhar severo de Erik para faze-la baixar a cabeça. Que olhar severo era aquele? Muito intimidador.
    Ensaiou em sua garganta várias vezes um pedido de desculpas, mas simplesmente nada saía de sua boca, até que Erik se pronunciou. Sua voz de trovão projetou-se pelo recinto, intimidando mais ainda a mocinha. Espantou-se com a pergunta dele, simples e direta.

    - F... fi... – sua voz não saia – Filhos de Gaia – falou tão baixo que era difícil de ouvir.
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por Rosenrot Sex maio 26, 2017 9:17 pm

    O velho homem manteve os olhos sobre Lailah enquanto aguardava a resposta da jovem filhote e não pareceu muito satisfeito em ouvi-la. Quando Lailah finalmente falou, Erik voltou seu olhar na direção de um dos filhos – Máni – e falou com ele em uma língua que Lailah não entendia muito bem. Eles pareciam trocar informações e elas não pareciam agradar ao velho Ancião Fenris.

    Os demais à mesa procuravam não prestar atenção no que estava sendo discutido ou falado naquele instante, como se não quisessem se envolver. Erik respirou fundo, parecendo bastante descontente.

    - Sente-se, filhote. – Disse o Ancião, indicando a cadeira vaga para Lailah. - Você passou pela primeira mudança, tem noção do significado disso? – Quis saber, antes de prosseguir. Esperou Lailah responder, para continuar suas explicações.

    - Nossas tradições são diferentes, portanto você e seus pais devem procurar as Tribos que pensam próximos a vocês, sabemos que os Filhos de Gaia são poucos, nessas regiões. – Afirmou, encarando seu próprio prato. Era meio desanimador, Erik achava. Aquelas Tribos fracas desperdiçando seus filhotes no eminente estouro da real batalha. Mas era o que era e ele nada poderia fazer.

    - Posso sanar suas dúvidas imediatas, enquanto esperamos.
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por shamps Sex maio 26, 2017 10:30 pm

    A pressão estava sendo demais para a jovem Filha de Gaia, já que Erik e Máni eram intimidadores. Lailah simplesmente não conseguia se mover, muito menos encara-los. Eles conversando em outro idioma não ajudou em nada, ainda mais quando notou que a conversa os aborrecia.
    Ela só se moveu após o convite do velho ancião da família, sentou-se à mesa, em silêncio, e apenas encarou a mesa. Erik a chamou de filhote e fez uma pergunta, que ela só respondeu com um menear de cabeça, não sabia o que significado de primeira mudança. Seu pai, que era o mais empolgado com os assuntos da nação até comentou uma vez, mas Lailah não tinha prestado muita atenção aos devaneios do pai.

    Erik começa a falar sobre tradições e tribos, coisas que a moça não fazia a menor ideia, ela eleva o olhar para Erik para ouvir suas explicações. Ela tinha dúvidas, claro, mas não sabia por onde começar. Também não conseguiria falar nada, sua voz não saia, ainda mais quando ela tinha a sensação que Erik odiaria tudo que ela falasse. Talvez fosse melhor ficar quieta.
    Sua timidez a impedia de erguer a cabeça e buscar um rosto conhecido na mesa, que era só uma pessoa mesmo. Olhou até para nona, será que tinha sido algo a ver com ela?
    Sua voz saiu falhada quando decidiu se manifestar. Estava vermelha feito um tomate:

    - P... por que eu? O... o que aconteceu? Eu machuquei alguém? – olhou para nona e para Muninn, então para Erik outra vez.
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por Rosenrot Sex maio 26, 2017 10:51 pm

    O velho não parecia se importar muito com a timidez excessiva da jovem filhote – lhe irritava um pouco -, mas não havia muita coisa que podia fazer a respeito: aquele filhote não pertencia a sua ninhada e não cabia a ele pô-lo em seu devido lugar. O velho sorve um gole de café e observou a mesa da família, era um homem com muitos filhos, alguns não estavam ali presentes pois suas vidas foram dedicadas a outras causas ao norte do país, de todos que tinham, dois eram Garou e achava que Sunna seguiria o mesmo caminho, mas sabia que seus filhos estavam preparados.

    Eram Crias de Fenris, precisavam estar preparados.

    Mas aquela jovem? Aquela jovem Erik não tinha tanta certeza. Ele deu de ombros. – Porque Luna quis assim, é tudo que importa. – Respondeu. Era uma pergunta meio besta, ele achava, mas imaginava que isso era graças a Tribo da qual a jovem fazia parte. - Apenas a si. – Era engraçado, ele pensou, aquela filhote cogitar ter machucado alguém na presença de dois Crias de Fenris, ele esboçou um sorriso leve, movendo a cabeça em negativo por um instante.

    - O que aconteceu não importa, é passado. O que vai acontecer é importante, criança. – Ele fez uma pausa breve, não poderia dizer sem a presença de um Theurge qual era o Augúrio da jovem e assim tornava mais difícil conseguir guiá-la. - Você e seus pais devem procurar alguém da sua Tribo para ensiná-la sobre sua nova função na Nação Garou. Você foi escolhida por Luna, para ser um de seus guerreiros é isso é importante, filhote.
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por shamps Sex maio 26, 2017 11:31 pm

    Os olhares de Erik já diziam tudo, não precisava ser nenhum gênio para saber que ele estava decepcionado, mas não importava, pois Lailah sabia que seu pai se orgulharia dela.

    Estava um pouco nauseada para beber café ou qualquer outra coisa, só beliscou algumas bolachinhas para não fazer desfeita à dona da casa.

    - Sim senhor - falava com calma, apesar do nervosismo - eu... nós... sei que meu daddí sabe onde encontra-los... - não conseguia falar mais do que isso - agradeço sua hospitalidade e ajuda, senhor.

    Não via a hora que seus pais chegassem para ela poder ir embora de lá.
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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por Rosenrot Sáb maio 27, 2017 10:30 am

    Erik suspirou, de maneira bastante visível, mas não disse mais nada. Contemplativo com todas as possibilidades ele observou a mesa e a própria família por um instante. Resignou-se a não dizer mais nada, enquanto a família continuava seu desjejum. Quando a conversa entre Lailah e Erik aparentemente chegou ao fim, a família voltou a falar.

    As conversas eram simples: falavam sobre a fazenda, os trabalhos que precisavam ser feitos. Muninn finalmente tinha se pronunciado, falando algo sobre o gado e plantações, também falara que hoje levaria Sunna e Freya para ensiná-las a lidar com os animais e a fazer alguns trabalhos menores dentro das terras, Erik concordava só movendo a cabeça. As conversaras seguiram seu rumo e algum tempo depois, a mesa começou a ser retirada e todos foram fazer o que precisava ser feito.

    Erik e Máni se levantaram e pediram para que Lailah os acompanhasse para fora da casa e se sentaram por lá, aguardando a chegada dos pais da jovem Lailah.

    Seus pais chegaram pouco tempo depois, no carro velho da família que Lailah estava cansada de conhecer. Sua mãe foi ao seu encontro bastante assustada e conduziu a jovem para o carro, já o pai passou algum tempo falando com Erik e com Máni, ele de fato parecia mais empolgado do que qualquer outro ali.

    Depois da conversa com Erik e Máni, seu pai retornou ao carro e os três foram embora dali.

    (…)

    Já em casa, seu pai começou a falar ligações, enquanto sua mãe lhe preparou um banho e um café. Ela sabia o quanto Lailah estaria assustada e provavelmente meio traumatizada. Seu pai andava de um lado para o outro, enquanto tentava contatar algumas pessoas que poderiam ajudar naquele sentido. No final daquele dia, ele explicou o que sabia para Lailah, sobre as treze Tribos, sobre os Caerns, Seitas, sobre os Garou e seus augúrios. Mas claro, seus conhecimentos a respeito daquilo tudo eram a visão de um Parente, mas ele lhe prometera que Lailah teria ajuda, e bom… Ela teve.

    No dia seguinte, duas pessoas chegaram à casa de Lailah, um homem e uma mulher. E eles a levaram para uma caminhada, a mulher lhe explicou a importância do trabalho que Lailah tinha pela frente, como Garou, e se aprofundou sobre Gaia, sobre a Umbra e espíritos, falou um pouco das treze Tribos e de como eram diferentes, mas de algum modo, todas eram importantes, mas focou-se mais na cultura da Tribo ao qual Lailah pertencia.

    O homem já lhe explicou sobre os Augúrios, as fases da lua e suas tarefas na Nação Garou, focou-se mais em explicar-lhe a respeito dos Philodox – que descobriram, depois de um pequeno Ritual – ser o augúrio de Lailah. Assim, os dias foram passando, enquanto eles buscavam explicar e ensinar Lailah tudo que ela precisava saber para se preparar para o Ritual de Passagem. Levam a jovem à Umbra, mostraram como lidar com os espíritos – ainda que Lailah não entendesse o que eles falavam – o homem lhe ensinou alguns rituais e a mulher parecia focar-se mais na parte espiritual da coisa. Depois Lailah descobriu que ela era uma Theurge.

    Lailah teve que deixar de ir à escola, ao menos por aquele período do qual era ensinada a viver com sua nova condição. Seus dias eram cansativos e às vezes se estendiam noite a dentro. Por mais de uma vez, os dois Garou explicaram para Lailah a importância do Ritual de passagem e como ele definiria sua vida ali para a frente. Tudo que ensinavam para ela era importante e precisava ser aprendido e compreendido de maneira clara. E assim os dias se tornaram semanas e as semanas quase um mês.

    Naquela manhã, Lailah estava sentada junto aos outros dois Garou num acampamento improvisado na mata. Não voltava para casa há três dias, eles estavam observando o amanhecer, quando a mulher falou.

    - A assembleia é amanhã à noite. – Disse a misteriosa Theurge, que agora Lailah sabia chamar-se Thereze. – Você acha que estará pronta, Lailah?


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    [Prólogo] Lailah Evans Empty Re: [Prólogo] Lailah Evans

    Mensagem por shamps Dom maio 28, 2017 10:37 pm

    Música:
    Não comeu nada no café da manhã, pois sentia-se incomodada. Erik também não parecia nada animado. Por que uma coisa como aquela tinha que acontecer logo com ela? Por que logo naquele lugar? Nem pode conversar com seu amigo, se bem que depois daquele infortúnio não conseguiria nunca mais encara-lo. Por fim ele logo deixou a mesa, assim como todos. Foi um alívio e uma tristeza ao mesmo tempo, agora estava a sós com aqueles homens assustadores.
    Depois do fatídico café, eles foram para a varanda e Lailah os acompanhou, permanecendo imóvel e calada, nem respirar direito respirava. Foi um alívio ouvir o ronco do motor da velha caminhonete, ela se levantou subitamente a caminhou alguns passos, correndo para os braços da mãe assim que a viu.
    No colo da mãe Lailah chorava copiosamente, assustada e envergonhada, queria ir embora o quanto antes. Olhava pela janela do carro e via como seu pai estava animado e pensava como gostaria de ter aquela mesma animação, mas não conseguia.

    O banho e o café da manhã, e principalmente o carinho dela, foram tranquilizadores para a menina, nada como estar em sua casa, entre sua família. Seu pai andou envolto em telefonemas o dia inteiro e Lailah várias vezes sinalizava para ele de forma negativa, tentando impedi-lo de levar a adiante aquela historia. Ela não queria saber dessas coisas de lobisomem. Só queria viver sua vidinha normalmente. Seu pai estava empolgado e falou tudo o que sabia, muita informação para a cabecinha da ruiva.
    Na manhã seguinte, não quis sair da cama, ainda mais quando sabia que teriam visitas. Quando ouviu que as visitas eram para ela, se escondeu embaixo da cama, fazendo seus pais a tirarem de lá para que pudesse descer e encontrar a dupla. Queria ter a reunião ali mesmo, junto de seus pais, mas foi negada pelos visitantes. Lailah acaba indo com eles, em uma caminhada pela fazenda. A mulher explicou várias coisas sobre a cultura Garou e, de início, Lailah chorava não querendo saber, mas aos poucos aquelas historias iam lhe tocando o coração. De alguma forma faziam parte dela. Ouvir sobre sua tribo foi bastante acalentador, pareciam bem diferentes de Erik e Máni. Queria estar junto de uma tribo mais gentil.
    O homem falou sobre a lua e augúrios, explicando sobre o seu, o que deixou ela bem assustada. Como uma garota tímida como ela poderia ser um pilar, um centro para um grupo? Só podia ser uma brincadeira de mau gosto.

    Aqueles dias na mata não foram os mais fáceis para moça e nem para seus tutores, já que Lailah se mostrava resistente e assustada com tudo que faziam. Os rituais feitos perto dela a deixavam incomodada, mas foi pior quando foram passar para a Umbra. A menina tremia e chorava não querendo ir, uma vez lá não conseguia parar de tremer. Foi preciso mais de uma travessia para que ela se sentisse mais segura e confiante. E o que dizer sobre falar com espíritos? Foi só quando viu um espirito cavalo que ela se acalmou e sorriu, ficando relaxada e à vontade no mundo espiritual. O espírito unicórnio também foi acalentador, o falcão foi mais difícil de lidar, demorou um pouco, mas conseguiu aprender seus ensinamentos.
    O tempo todo durante seu treinamento, Lailah permanecia quieta e só observava, prestando atenção em tudo e evitando fazer perguntas. Quando isso acontecia gaguejava e sua voz saia em tom baixo e falhado.
    Foi um mês difícil para ela, mas nos últimos dias já se sentia mais confortável com aquela situação, mas não deixava de sentir um frio na barriga quando pensava no dia da tal assembleia. Estaria novamente exposta entre pessoas estranhas.
    Thereze finalmente lhe perguntou sobre o dia seguinte, mas ela já sabia a resposta. A jovem olhou para o horizonte e balançou a cabeça negativamente.

    - Não podemos esperar mais um mês ou dois? – Lailah tinha compreendido bem as lições, ainda mais que a dupla era bem paciente e explicavam bem detalhadamente cada questão, mas a insegurança da jovem a deixava assustada.

    Era um sentimento dúbio, já que tinha curiosidade, queria saber como os Garou se reuniam, mas também tinha medo de tudo que podia acontecer. E se não gostassem dela? O como seria o tal ritual? E se falhasse nele? Tantas coisas dependiam dela.
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