Quando Dimitri disse aquilo, seu velho mentor suspirou pesadamente e olhou na direção em que os Crias se reuniam: eles riam animados e bebiam, provavelmente compartilhando histórias de guerra ou qualquer coisa assim. Não sabia exatamente o que dizer ao rapaz, mas achava que era uma boa oportunidade para que o Cliath aprendesse algumas coisas, estaria ali caso precisasse intervir em algo.
Conforme foi andando, Dimitri recebeu alguns olhares, mas num geral a maioria dos Lobos do Norte continuaram suas conversas, bebidas e disputas. A-Dama estava mais ao centro, em uma “mesa” improvisada em um grande tronco de árvore, havia muita bebida e comida por ali e ela falava alto, Dimitri pode ouvir parte do que a mulher falava.
... - Então eu estava lá por cima dele e olhei para ele, que parecia ter parado completamente de respirar! Então eu gritei: Maik! Pelo Amor do Pai Lobo vá chamar um Godi!!! Eu acho que quebrei seu pai!!!!!!! Acho que nunca vi aquele moleque correr tão rápido na vida! – Os demais explodiram em gargalhadas junto a mulher (Dimitri não fazia ideia do que diabos era um 'Godi'), mas as risadas morreram de leve, quando o jovem Prata se aproximou, as atenções voltaram-se para ele.
Mayla, mais ao fundo, se levantou, com ares de poucos amigos. Os Crias ouviram em silêncio contemplativo, um cochicho aqui e ali, mas nada que atrapalhasse a fala de Dimitri, A-Dama olhava para ele, assim como Mayla, mas o peso de um olhar de um Ancião era muito maior do que um simples Fostern.
Houve silêncio, antes da A-Dama falar.
- Sente-se, Garras-do-Falcão. Beba conosco, coma conosco. Apreciamos seus pedidos de perdão diante dos fatos. E Grande-Caçadora-Cinza já teve sua parte na punição por não ter quebrado seus dentes quando teve a oportunidade. Isso é passado e passado não pode ser alterado, mas serve de lição. – Ela tinha um sotaque carregadíssimo naquele típico alemão, mas apesar da Fúria que borbulhava em si – era uma Lua Cheia afinal – parecia muito mais disposta a conversar do que quebrar coisas.
Alguém ofereceu um caneco de hidromel para o Presa de Prata e as conversas paralelas retornaram a ativa, enquanto pequenos grupos conversavam.
– Sobre a outra questão... – Disse a Anciã, levantando os olhos para até onde estava Aeron.
- Tenho plena certeza que resolveremos essa noite. – Bebeu do próprio caneco, era interessante para ela lidar com os Presas de Prata, atualmente a Europa e a Europa Ocidental lidavam mais com os Senhores das Sombras – o Margrave tinha conseguido grande prestigio nessas regiões – e os Senhores das Sombras conquistado grandes espaços, em alguns casos, maiores que os próprios Presas, A-Dama estava mais acostumada a líder com os Senhores num geral. Ela deu uma olhada breve no jovem Cliath, analisando-o rapidamente para ver como ele se portava.
Mayla havia voltado a se sentar ao lado de um jovem que parecia-se um pouco com ela e não demonstrou mais interesse no assunto entre A-Dama e Dimitri.
[…]
Aos poucos, mais alguns Garou iam chegando.
Houve uma saudação de uivos, quando Guardião-dos-Registros chegou, vindo dos Presas de Prata presente, o Ancião Galliard era um sujeito alto, de cabelo complemente grisalho e poucas cicatriz visíveis. Vestia-se mais socialmente do que a maioria que aparecia por ali e parou para cumprimentar A-Dama-da-Guerra e Justiça-Primeva. Preso à cintura, Guardião-dos-Registros portava sua famosa Klaive. Não era um sujeito de porte físico tão avantajado quanto A-Dama por exemplo, mas tinha uma postura impecável. Ele juntou-se aos Presas de Prata, conversando amenidades. Era um homem carismático ao excesso, famoso por suas histórias e suas mais profundas inspirações aos companheiros de Tribo e matilha.
O Ancião Ragabash, um Senhor das Sombras, chegou de maneira discreta – não era padrão dos Senhores fazer qualquer tipo de alvoroço – e manteve-se assim na maior parte do tempo, observando, conversando. Era um homem bem vestido também, conhecido por falar apenas o necessário.
Era interessante observar essas peculiaridades diante das Tribos, as sutis diferenças e as mais gritantes que os separavam em classes bastante especificas. A 'festa' rolou por mais algum tempo, enquanto tiveram a oportunidade socializar, de ouvirem histórias e conhecerem novas pessoas e culturas. Até determinado momento, quando a lua alcançou seu ponto mais alto.
Um único uivo ecoou por todo o lugar e foi o suficiente para calar a todos. Os Anciões: Erik, Guardião, Roderick e A Dama se levantaram de seus lugares e colocaram-se em movimento, e ao fazê-lo suas formas alteraram-se para suas formas de guerra.
Roderick era um Crinos de pelagem densa e negra como a noite, olhos brilhantes e astutos, não era fisicamente superior à Dama, por exemplo, mas não era tão esguio quanto se espera de um Ragabash.
Erik era um Crinos acinzentado, com uma pelagem mais curta, algumas cicatrizes marcando o pelo aqui e ali, trazia preso à cintura adornada por um “saiote” de guerra seu Martelo de Ferro, o fetiche que possuía. Era grande, como todo Cria de Fenris.
O Guardião-dos-Registros era um lupino de pelo branquíssimo e belo, naquela forma sua Raça Pura era ainda mais chamativa e contemplativa, seu pelo parecia até mesmo brilhar em leves tons prateados dependendo de onde luz batia. Portava uma Gran-Klaive, presa às costas e tinha o sereno olhar de um observador.
A-Dama-da-Guerra talvez fosse a maior dos quatro. Era uma Garou volumosa, os músculos na forma de Crinos ficavam ainda mais evidentes e suas cicatrizes destacavam-se no pelo acinzentado. O martelo às costas dava-lhe ainda mais ares de um guerreiro poderoso.
Eles caminharam em silêncio e foram seguidos pelos demais pelo simples fato de que quando um Ancião caminha em uma assembleia, você se cala e segue. Aos poucos, os Garou trocaram aquela clareira festiva por um local mais dentro da floresta. Agora o local era mais escuro, parcamente iluminado por tochas aqui e ali. Haviam ali cinco rochas, onde foram talhada os glifos dos cinco augúrios e cada ancião parou atrás de sua rocha, da mata, a lupina surgiu devagar em passos calmos em direção a marca do Theurge.
Sussurra-no-Vento era... Estranha, em muitos e muitos sentidos, quando se aproximou fazendo a mudança de lupino para Crinos, ela o fez em silêncio, estava no centro, entre os outros Anciãos. Seus olhos alaranjados passaram em todos ali presente: os filhotes tinham sido postos à frente de todos os outros. Sussurra tinha o pelo numa cor “ginger”, uma grande cicatriz na garganta – diziam as lendas que Sussurra-no-Vento tinha trocado sua voz por favores dos espíritos – se isso era verdade ou não, ninguém sabia dizer.
- Meus irmãos e irmãs. - “Falou” a Theurge, sua boca sequer se moveu, mas sua voz foi ouvida por todos em alto e bom som, como se trazida pelos espíritos do vento, levadas a cada um que precisava ouvi-la.
- É com alegria e gratidão que os recebemos hoje, entre nós, com alegria e gratidão que celebramos, uma vez mais, a renovação de nossa espécie. Porém, antes de começarmos gostaria de passar a palavra à Guardião-dos-Registros, para que nos conte uma história.O Ancião Galliard tomou a vez. Sua voz era envolvente e admirável e conforme avançava na narrativa. Ele lhes contou sobre a Profecia da Fênix, contada milênios atrás e trazida à tona novamente pelo novo sinal.
Uma das primeiras lendas do Garou é a Profecia da Fênix, que prevê o Apocalipse:
“A Fênix me capturou. Carregou-me em suas garras bem alto sobre o mundo para que eu visse além do amanhã. E olhei. Contemplei o futuro. Vi a aniquilação de nossa espécie. Caçados sem trégua, mortos um após outro até o último. Não havia mais filhos, netos, pais ou mães.
Este foi o Sinal que me foi mostrado pela Fênix: o destino que os Filhos da Weaver, os Humanos, reservavam para nós, os Garou. Olhei. Contemplei o futuro. Vi os Filhos da Weaver gerando. Uma grande massa de humanos crescendo sem parar. Tornaram-se cada vez mais numerosos, até Gaia sofrer por carregar todos eles. Os homens multiplicaram suas casas, rasgaram o solo com ancinhos e cavaram a terra ressequida para se alimentar de seus frutos. Este foi o segundo Sinal dos últimos dias que me foi mostrado pela Fênix: o que os humanos fariam.
Olhei novamente. Contemplei o terceiro Sinal. Tantos. Tantas crianças. Tantos humanos. Eles se voltaram uns contra os outros e a Wyrm semeou corrupção entre eles. Vi o Fogo estranho, fora de controle, a grande coluna de fumaça elevando-se do campo, espalhando morte onde quer que refugisse no escuro e na terra fria. Ouvi a agonia do Mar: entoava um lamento porque algum bêbado tinha derramado sobre ele um lago de morte negra. Enojado, virei minha cabeça, mas não pude evitar olhar novamente. Contemplei, então, o quarto Sinal. A Wyrm ficou mais forte; suas asas abanaram as brisas da podridão. Ela espalhou pestes horríveis: o Rebanho foi afligido com doenças da mente e do sangue. As crianças nasceram deformadas.
Os animais adoeceram e ninguém conseguiu curá-los. Nesses últimos dias, nem mesmo os Guerreiros de Gaia serão poupados das garras infectadas do pássaro maldito. Com lágrimas nos olhos, olhei novamente, e a Fênix mostrou-me o quinto Sinal. Vi outras Colunas de Fumaça elevando-se como lanças mortais na direção do céu belo, perfurando-o e deixando o Pai Sol queimar e secar Gaia. O ar ficou quente; mesmo na escuridão do Inverno fazia calor. As plantas definharam ao sol. Um grito de dor e doença elevou-se das florestas agonizantes: suas criaturas chorando a uma só voz. Então, como se um véu tivesse sido rasgado, o sexto Sinal mostrou-se para mim.
Nesses últimos dias, Gaia estremeceu de fúria. Suas entranhas expeliram fogo. Cinzas encobriram o céu. A Wyrm ocultou-se nas sombras causadas por esses fenômenos… E preparou seu bote. Os velhos se foram; os Protetores das Trilhas e Encruzilhadas não existiam mais. Nesses últimos dias, o sexto Sinal se fará conhecer nas Matilhas que se formarão. Cada Matilha terá de empreender uma Cruzada. Essa é a vontade de Gaia. Vi o céu escurecer e a lua ficar da cor do sangue. E vislumbrei o sétimo Sinal, embora não tenha sido capaz de vê-lo completamente. Mas pude sentir seu calor O Apocalipse. Os momentos finais do mundo. Engolida pelo Sol, a lua ardeu nas entranhas do astro-rei. Fogos profanos caíram ao solo, queimando a todos nós, deformando-nos e fazendo com que vomitássemos sangue. A Wyrm manifestou-se nas torres, nos rios, no ar e na terra, e em toda parte seus filhos correram a esmo, devorando, destruindo, vociferando maldições de todos os tipos. E o Rebanho fugiu aterrorizado. E os Sombrios os filhos da Wyrm saíram de seus antros para caminhar nas ruas à luz do dia. Virei a cabeça para não ver mais nada. A Fênix me disse: Isto é como será, não como deveria ter sido. A Fênix largou-me. Agora não posso sonhar. Posso apenas lembrar os Sinais, cada um em perfeitos detalhes. Vivemos os últimos dias.
Que Gaia tenha piedade de nós. Que a Profecia está se cumprindo, meu jovem, não resta dúvida. Chame-me de profeta do Apocalipse. Chame-me de velha fofoqueira. Chame-me do que quiser, mas ouça minhas palavras. Afirmo que, antes do fim desta década, todos veremos lampejos do Sétimo Sinal. Já presenciamos extinção em massa, explosão demográfica e os inúmeros desastres provocados pelos humanos…
Ou será que Valdez e Chernobyl já foram apagadas de suas memórias fracas? Eles estão destruindo cada órgão da Mãe; ela agora treme de agonia e fúria, vomitando cinzas ao céu. Podemos negar que vimos os Sinais? Será que vocês podem ser tão cegos? Vivemos realmente os últimos dias. A profecia já se cumpre. É preciso agir imediatamente: não temos tempo para desperdiçar com palavras.” – Amara Windcrusher, Philodox Fúria Negra.
Ele fez uma pausa, após essa narrativa, antes de continuar.
Porém, foi-se relevado um Oitavo Sinal, mostrado pela própria Fênix a um Galliard chamado Blackpaw, e foi mostrado a nós que o Sete Sinal não é o fim, mas um chamado à Batalha, um pedido desesperado da Grande Mãe aos seus filhos – nós! - que nos ergamos e lutemos. Que todos os Totens, todas as Tribos! Ponham-se de pé e combatam a Grande Corruptora. E que assim, juntos, venceríamos essa guerra.
Houve silêncio, após as palavras do Galliard Presas de Prata, um silêncio contemplativo, ele conseguia envolver bem todos os presentes em suas palavras, o Garou baixou levemente a cabeça, antes de outro ancião fazer-se ouvir, esse era Sussurra-no-Vento.
- Então comecemos. – E sua voz trouxe todos de volta a realidade do que acontecia agora.
- Mayla “Grande-Caçadora-Cinza”, Aeron “Presas-Perfurantes”, Lailah, filhote Filho de Gaia, deem um passo à frente. – Mayla estranhou aquilo, mas moveu-se como a Ancião pediu, Aeron fez o mesmo, não pararam lado a lado, Mayla ficou no canto esquerdo – próximo aos Crias – e Aeron ao direito – próximo aos Presas – olharam-se com ares de poucos amigos, Sussurra-no-Vento aguardou que Lailah se movesse.
- Filha de Gaia, nascida na Lua do Juiz, aquela que deve julgar, condenar e apaziguar as disputas, aquela que deve trazer a razão aos seus irmãos, teu Ritual começa agora. Grande-Caçadora-Cinza e Presas-Perfurantes encontram em desavenças severas por atos cometidos pelas partes, deve ouvi-los, ambos, e fazê-los chegar a uma conclusão que encerre essa desavença que não é benéfica para nenhum de nós. Tu tem até o nascer do sol, Filha de Gaia, agora vão.- Ronny “Rói-Com-Rancor e Samuel filhote Roedor de Ossos. Deem um passo à frente. – Ronny se moveu, como havia sido pedido e aguardou o Roedor tomar seu lugar.
- Samuel, nascido na Lua do Trapaceiro, do questionador, àquele que tem com dever mostrar que nem sempre estamos certos, que há sempre mais de um modo de agir, que há mais de uma maneira de vencer, ensinando-nos a insensatez da presunção e a sabedoria da humildade. Máni “Manto-de-Sombras” escondeu duas runas talhadas em rocha neste território, sem ajuda, você terá até o nascer para localizá-las usando qualquer artifício que lhe ache válido... Sem ofender os presentes. Agora vá.Outra pausa, enquanto aguardava que eles se retirassem.
- Aine “Antes-que-Anoiteça”, Nimue Filhote Fúria Negra, um passo à frente. – Declarou, Aine assim o fez e aguardou Nimue.
- Nimue, aquela nascida na Lua do Vidente, os olhos e ouvidos dos Espíritos, caminhante da Umbra, aquele que guiará pelas trilhas e perigos dos reinos umbrais, este é teu desafio: Vá, filhote, à Umbra, vá e busque a dádiva de um espírito menor, vá e traga de volta seu favor, qualquer favor. Convença-o ou obrigue-o, tem até ao nascer do sol para cumprir seu desafio, sem ajuda. Agora vá.Sussurra-no-Vento aguardou que os filhotes se retirassem para fazerem ou que lhes fora pedido, antes de voltar aos demais.
- Bebam, meus irmãos e irmãs, divirtam-se, comemorem, pois hoje há de surgir uma nova matilha, para a gloria da grande mãe. Aguardemos e roguemos aos espíritos que nossos filhotes tenham sucesso.- OFF:
Os que não vão fazer Rito de passagem pode se sentir livres para socializar com NPcs ou PJs. Aos que estão no Rito de passagem, será aqui neste tópico mesmo e responderei de acordo com o tempo de cada um. Vale lembrar que é importante focar na interpretação nesses Ritos, mesmo que você tire sucesso nos dados mas diga ou faça algo que venha a prejudicar esse sucesso, ele poderá ser cancelado. Desenvolvam as habilidades dos seus personagens além das fichas. A história do Galliard motivou vocês, então vocês estão com 2 dados extras em rolagens de atributos.