As historias do bardo são muito bem contadas, e entretem a sua audiência por horas. Depois de muita cantoria, Agnus sente tanto o corpo como a voz cansada, e decide que já era hora de parar. Rafik se oferece para fazer o primeiro turno de vigília, e tanto Elmon como o bardo vão dormir.
A noite passa e a manhã chega. O druida, ao final de sua vigília, retorna para próximo da fogueira, que já esta quase se apagando, as cinzas fumegantes. Ele olha para os que estão dormindo, e nota que a bela mulher estava diferente... Tinha os cabelos ruivos ainda, mas sua face... Era a de um rapaz!
Ele aos poucos desperta, e geme um pouco de dor. As ataduras sobre seus ferimentos estavam folgadas, pois ele era bem mais franzino que a mulher. Ao perceber que estava sendo observado por Elmon, o rapaz se assusta, e procura por sua arma. Rafik, que também despertara, se aproxima do rapaz, que ao reconhece-lo se torna mais calmo.
- Redris, este é seu nome, não é? Não se preocupe, estamos a salvo. Estes são Elmon e Agnus, viajantes como nós – diz, e verifica as ataduras – Seus ferimentos já estão bem melhores, mas é bom não se esforçar. Vou refazer as ataduras.
Enquanto Rafik cuida de seus ferimentos, Redris decide contar sua historia para todos.
- Eu vivia numa fazenda com meus pais e minha esposa, e era muito feliz, cuidando das vacas e dos porcos e colhendo trigo. Aos finais de semana ia ate a vila próxima, para beber na taverna e jogar cartas. Uma vida normal. Porém um dia tudo mudou... Foi quando bandidos invadiram a fazenda e ameaçaram minha mulher e meus pais, se não déssemos dinheiro para eles. Nós não tínhamos dinheiro, mas eles não queriam saber. Então os bandidos começaram a bater nos meus pais e a abusar da minha esposa. Tive uma raiva imensa, e neste momento foi que me transformei... Entrei numa grande fúria, e me lembro de ter pegado uma faca de cozinha. Matei todos os bandidos.
Redris passa a mão pela face, angustiado. Ele suspira e continua.
- Quando viro esta... mulher... eu fico assim ate a manhã do dia seguinte. E... ela surge em momentos de raiva, ou desespero. Mas tem vezes que ela simplesmente aparece, sem motivo algum. E cada vez mais frequente. Não sei porque fui vitima desta maldição, nunca fiz mal a ninguém. Sem aguentar ficar nesta situação, uma noite peguei a espada de meu pai e deixei a fazenda de noite, sem contar a minha esposa ou a meus pais. Em busca de uma cura para a minha maldição!
O jovem fica cabisbaixo, e Rafik bate a mão em seu ombro.
- Os espíritos ancestrais me guiaram para União, e quiseram que nossos caminhos se cruzassem para que possa ajuda-lo em hora de dificuldade. Talvez em União possamos encontrar uma cura – diz, e se vira para os outros – E quanto a vocês, viajantes?