[A Formação] - A Matilha Nasce

Dimitri acompanhou o casal de irmãos de ShL se afastando e quando enfim eles se foram ele olhou para o terceiro membro daquela família, a irmã aparentemente mais nova e secreta para todos. Ele não podia deixar de ficar o mais intrigado e desconfiado possível com a estranha chegada dela neste momento de criação da matilha. Era uma situação dupla, era bom ter um membro da tribo beta que tão forte se encontrava nos dias atuais e sem sombra de dúvidas era uma tribo poderosa. Mas por outro lado era também complicado ter um deles na matilha, afinal os ShL não davam um passo sem ter segundas intenções. Qual seria a deles nesse momento? Saber mais sobre os Presas de Prata, saber mais sobre os Berzukov que até agora se mantiveram em posições estratégicas mas nunca de evidência?  Estava bastante reflexivo o jovem russo e então ele levou seu olhar para sua matilha, e mesmo com aquela dificuldade imposta por Gaia ele acreditou que seria um bom presságio. Ele gostou da atitude de Nimue que assumira uma postura pró ativa naquele encontro demonstrando que ela tinha habilidades sociais importantes para manter a matilha unida e assumir um posto importante na organização da matilha. Se ele fosse de fato seguir como líder desta matilha como parecia que ocorreria, Nimue seria fundamental para lhe dar conselhos e suporte para manter esta "família" unida. - Então seja bem vinda Maeve "Sorriso-de-Luna". Estamos nos unindo como uma matilha, e aqui os laços são ainda mais apertados e curtos do que nossos laços tribais. Todos aqui não podem duvidar que podem confiar naquele que está ao seu lado. Confiança é o que imagino que será o sentimento que definirá esta matilha. Entende o que estou dizendo Sorriso-de-Luna? Estou disposto a dar minha vida para manter a de vocês em segurança e todos devem ter esta confiança uns nos outros. Pense Maeve antes de dar a sua palavra de que se comprometerá em ser um membro que defenderá todos os demais membros da matilha incondicionalmente? Ele se vira para todos os demais. - É exatamente o que eu disse para ela. Eu irei me comprometer em defender a todos incondicionalmente mesmo que isso leve a minha destruição, e a única coisa que eu quero em troca é esse comprometimento de todos com esta matilha. Deveremos ser mais unidos até mesmo que nossa família, afinal esta será a família que escolhemos fazer parte, não por nascimento. Todos os que estiverem dispostos a seguirem este único juramento se juntem a mim e sigamos na nossa jornada em busca de um totem para esta matilha que nascerá hoje. -

Dimitri vai se aproximando agora de um a um dos membros.

- Nimue, você é nossa guia espiritual. Vamos precisar muito de sua sabedoria em ver e descifrar os presságios. Lailah seu julgamento sempre em busca da justiça será nossa pedra primordial. Justiça e sabedoria Lailah elas residem em você basta confiar em si mesma como eu confio. Sam, sua criatividade e espírito livre é a jovialidade que todos precisam eu preciso de você conosco tanto que foi o primeiro com quem dividi a ideia de montar uma matilha. Conto muito com todos vocês e gostaria de saber se vocês estão comigo? Alguém tem mais alguma coisa para acrescentar neste juramento entre nós?

Dimitri se volta novamente para Maeve

- Este é o espírito desta matilha Sorriso-de-Luna. Você está preparada para se comprometer com isso?



Dimitri olha para Aine e lhe faz uma reverencia dizendo:
- "Antes-que-anoiteça", gostaria que você fosse a testemunha de nosso juramento. E que possa ser uma aliada desta matilha e nos ajude em nossa caminhada com seus conselhos e experiência.

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Com a travessura de Samuel e a chegada de Maeve, Nimue sentiu o coração leve o suficiente para resistir à respiração opressora dos Senhores da Sombra mais nobres. Assim que eles começaram a se afastar, já visivelmente aliviada, a jovem Lupina olhou para Aine, desejando a liberdade que dividia com ela, mesmo sob o sentimento de pertencer ao Caern liderado por Sussura-no-Vento.

Era Aina o verdadeiro Norte para a Fúria Negra e ali, com tanta tensão social entre Garou, ela saciava pela orientação da amiga, por sua proteção. A companheira Theurge pode ter interpretado nos olhos da mais nova uma súplica, um pedido de socorro. Mas logo viu um sorriso sincero, que Nimue esperava transmitir confiança.

O sorriso logo foi oferecido a todos os demais e Nimue se aproximou ainda mais de Lailah e ficou junto ao seu lado o tempo todo. Ela gostou de ver a aproximação de Maeve e o roedor e assim considerou que Dimitri ficaria satisfeito em ver a união dos Cliath. Todos ficariam.

Sempre ao lado da Filha de Gaia, a Lupina ouviu as conversas entre Garras-do-Falcão e Sorriso-da-Luna. E ela achou que o Presas de Prata foi rígido com a recém chegada, talvez estendendo a ela seus sentimentos sobre os irmãos mais velhos da moça. Nimue pensava sentir que aquela Garou tinha um espírito mais alegre, mais fácil de conviver.

Atenta e observadora, ela sorriu outra vez para a mentora Fianna, dessa vez com real felicidade, reforçando o convite do homem da Rússia para que Aine aprovasse a união daquela família. Nascida em uma alcateia, o sangue de Nimue conhece a importância de confiança e de tantas outras forças que podem garantir a sobrevivência do grupo. Ela preferiu não dizer tudo o que pensa, apenas reforçando seu apoio. - Nós já ser unidos. União e confiança crescer com tempo, com vida. E crescer com nossa conversa, não é?

Ela toca a mão de Lailah e espera atenção de Samuel, enquanto encara Maeve e Dimitri e de volta para Maeve. - Aine vem ajudar. Mas nós ter que saber o que quer. O que quer procurar. A Umbra só nos mostrar o que nós procurar. O jeito mais fácil de se perder entre os espíritos é não saber o que procurar. Nós caçar Totem, mas é Totem que nos achar, entendem?

O garoto, ao escutar a resposta de Lailah tenta motivá-la. Será que haveria uma maneira de mostrar a ela todo o potencial que ela possui? Ele não sabia se tentava fazê-la se sentir bem e segura ou tão desconforável a ponto de quebrar as correntes morais que a seguravam: 
 
-Nada de maluco? Qual seria a graça? Voz-da-verdade, você é mais capaz de lidar com imprevistos que você imagina. Se você passou no primeiro ritual, os outros são moleza. 
 
Porém, quando Dimitri começou a pressionar a garota nova com seu juramento, Samuel olhou para o Ahroum com uma cara que dizia "Que porr* você está fazendo, meu chapa?" A mina chega mó de boa, oferece crédito de celular e você mete o louco nela assim? Sabia que tinha um monte de politicagem entre Shl e Presas de Prata, mas isso não era exatamente o que Dimitri queria combater com aquele papo de unir a nação? 
 
-Mandou bem na primeira impressão hein? Meus parabéns! Qual é a próxima surpresa? Vamos botar a Lailah pra lutar ou a Nimue pra dirigir um carro? Maeve, se você não arrancar minha cabeça enquanto eu durmo eu já fico satisfeito. 
 
Então Nimue exibiu suas colocações, eram pontos importantes, mas Samuel seria de pouca ajuda, decidiu deixar isso claro: 
 
Voz-dos-Espíritos, acho que minha relação com a Umbra é a mesma que você tem com as cidades. É instigante, misterioso e até divertido, porém a falta de conhecimento e experiência nos torna vulneráveis. Eu confio minha vida nas suas patas no mundo espiritual como eu gostaria que você confiasse nas minhas nas florestas de concreto.

Após a partida do ShL, Lailah respirou aliviada e observou a aproximação de Maeve. A moça cumprimentou e a ruiva retribuiu o gesto. Tentou imensamente sorrir, mas cada vez que um estranho aparecia, ela tinha que recomeçar a construir a escada para espiar por cima do seu muro de timidez.

- Ah... bem... o... oi... - deveria chama-la de mocinha também? Ficou um pouco perdida e resolveu usar o básico - oi... senhorita Maeve.

A presença de Nimue acalmava Lailah e a fazia se sentir mais a vontade, já que conhecia a loba a um pouco mais tempo que Maeve. Já Samuel não parava de brincar, era divertido até e ele conseguiu tirar uma risada da face séria da ruiva.

- Nem me lembre daquele ritual... aqueles dois... foi horrível... brigam demais - ela abraçou os próprios braços após falar uma frase tão longa - obrigada, Samuel.

As palavras do Presa começou inflamada e cheia de emoção e Lailah pensou no quão eloquente ele era, coisa que ela deveria ser e não conseguia. Foram belas palavras e ela assentiu diante do convite dele de serem uma verdadeira família.

- Família... sim... nós somos... obrigada... serei essa sabedoria... - Nimue confirmava aquelas palavras também - isso mesmo, Nimue, já estamos unidos.

Novamente o ragabash faz piadas com os presentes e ela olha para ele, mas não com cara feia.

- Eu preferiria não lutar - ela sorria apesar de tudo - e melhor não deixarmos Nimue dirigir - tentou participar da piada dele - seria perigoso.

Questões sobre a Umbra foram postas na conversa pelos Garou ali presente e Lailah também tinha sua opinião.

- Sim, Nimue... Vamos entrar confiantes e sentir qual a sintonia nos une... creio que encontraremos um nobre Espírito que nos acolherá, só temos que dar o nosso melhor... Nimue, creio que desejamos ser um bom pilar para nosso Caern e para nossos irmãos. Suas palavras e as de Dmitri definem bem o que buscamos.

Na maior parte do tempo, Aine não parecia estar prestando muita atenção no que ocorria ali, seu olhar alternava-se entre os ShL que agora se retiravam e aos Cliaths presentes, mas não tecia comentário algum. Sua postura era a mesma desde que chegará ali: em forma lupina, sentada sobre as ancas.

Notou quando a Philodox chegou e não se apresentou, Aine lembrava-se vagamente dela, pois tinha sido a única a ter aparentes problemas maiores para terminar seu Ritual, aquilo acrescentava algumas coisas na pilha de informações que a Theurge reunia a respeito da futura nova matilha de Nimue.

Seu olhar então voltou-se ao Roedor, analisando-o com calma e silêncio e então para a ShL recém chega. Aine tinha suas reservas para com os ShL, como a maioria parecia ter, mas estava curiosa com a troca repentina de posições, aquilo denunciava ainda mais em que pé andavam os laços entre os Lobos do Norte e os ShL. Era algo importante, do qual guardaria.

Quando finalmente fora citada pelo Presas de Prata, Aine lançou-lhe um olhar breve, escutando e aguardando, então quando a deixa surgiu, a Theurge se levantou.

- A Umbra não é um lugar onde a hesitação é aceita. Não é um lugar para brincar e tão pouco um lugar a ser subestimado. Ela pode ser nosso maior aliado e nosso mais temido inimigo se você não souber que caminhos tomar.

Aine falava na língua dos Garou, o que facilitava a sua locução e o trato com as palavras.

- A busca por um Totem é um árduo trabalho que pode levar dias, semanas ou meses. Vocês tem duas opções: escolherem um espírito para caçar ou deixar que um espírito escolha vocês.

Ela fez outra pausa, esperando que eles compreendessem do que tudo se tratava, antes de seguir. - Na Umbra, Voz-dos-Espíritos e eu seremos seus ouvidos e tradutores, pois dificilmente vocês conseguirão entender o que os espíritos falam. É importante atentar-se as pequenas palavras, a todos os seus significados. Os espíritos podem ser matreiros e brincalhões. Cada Tribo tem sua maneira de lidar com os espíritos e vocês precisam ter isso em mente quando entrarem lá.

Olhou em volta, por um instante, antes de continuar.

- Agora, vocês decidem o que fazer.

LEIAM POR FAVOR:

Lailah sentiu que a palavra hesitação era com ela, mas ela não tinha culpa de não saber lidar bem com as palavras, mas estava se dedicando. Hesitação quanto à sua missão, isso ela não tinha, por isso não se sentiu intimidada quanto aquilo. Apenas assentiu para Aine.
Ela estava ciente do quão complicado e maravilhoso era a Umbra e sobre a dificuldade que teriam com os espíritos, mas estava tranquila por ter Nimue e Aine com eles.

- Nós estamos cientes disso... Daremos nosso melhor – olhou para os outros Garou ali e sorriu, exibindo bochechas muito coradas de vergonha e se esforçou para não baixar o olhar – eu estou pronta.

Não é um lugar para brincadeiras? Mas essa matilha está querendo limitar tudo que eu faço! Pensou Samuel, um pouco contrariado. Eles nunca iriam entender quão importante era manter o senso de humor frente a um mundo fadado ao apocalipse. Ele não podia prometer a sabedoria de Nimue ou Lailah, nem a força de Dimitri, mas ele podia prometer que ao enfrentar o maior dos perigos e encarar a morte certa todos iam sorrir e dizer: "Vocês estão em desvantagem, querem assinar os termos da rendição?" 
 
Ao ouvir a resposta de Lailah, sentiu uma pontada de orgulho. Não gaguejou, não baixou o olhar, pelo jeito a menina realmente tinha confiança dentro de si, não seria necessário usar umas "substâncias de ganhar coragem". 
 
Ao perceber aonde estava se metendo, Samuel não pode evitar e cantarolou: 
 
(Pararararara [...]) GHOSTBUSTERS!

Sentiu vontade de ouvir a musiquinha?:

Aine ficou em silêncio por todo o tempo em que os cliaths confabulavam. Ela não pretendia se meter na discussão que se desenvolvia entre os futuros membros da matilha. Muito pelo contrário, deixava que eles tanto se conhecessem quanto compreendessem as nuances e as diferenças de suas personalidades e culturas.

Quando os ânimos pareceram se acalmar, Aine finalmente se moveu. Ela se levantou e andou até o centro, enquanto andava, sua forma lupina ganhava altura e perdia pelos. Aine assumiu sua forma humana, e talvez para espanto da maioria, ela parecia um shaman saído de histórias medievais.

Aine vestia uma saia de pelos de animais, o couro cru era costurado de forma grosseira, seus pés estavam descalços e seu torso desnudo exibia pinturas, ela não parecia se envergonhar de sua nudez parcial. O rosto também estava coberto com uma tinta escura, a cabeça enfeitada com galhadas que representavam o totem de sua própria Tribo: o poderoso cervo.

- Não, Garras-do-Falcão, Totem é quem dirá o que os define como matilha, é claro, vocês podem confabular e decidirem buscar um Totem específico. Ambas as buscas são penosas, mas necessárias. Basta que digam o que pretendem e assim iniciaremos.

Samuel pensou em várias piadas para fazer com as roupas de Aime, mas já tinha extrapolado sua cota, Dimitri já o havia repreendido e ele não estava afim de começar o caos, então disse apenas:

-Ui!

Então perguntaram mais uma vez se gostariam de caçar um totem ou deixar que um espírito os escolhesse, tendo vista que ninguém se pronunciava, ficou farto daquele vai mas não vai e disse sem pensar muito:

-Vamo deixá os espíritos nos escolherem? Qual é o grau de caçar quem não quer nos encontrar? Se nós formos realmente dignos alguém vai aparecer...

Então teve noção que não fazia ideia do que estava falando. Sentiu-se inseguro, e se ninguém aparecesse?

Dimitri passava sua atenção total para a Garou mais experiente nesse ponto de iniciar uma matilha sem contar que ela parecia ser a mentora de Nimue.


- Apesar de já ter viajado por uma ponte da lua Aine, eu não conheço tão bem assim a Umbra, tampouco os diversos tipos de espíritos que poderemos encontrar lá. Por isso acredito que Nimue, poderia nos explicar melhor. Mas concordo com o Sam quando ele diz que devemos seguir nesta viagem sem focar em um espírito em especial, até porque somos jovens e inexperientes. E sendo assim, acredito que se estivermos agindo como a matilha que pensamos que seremos, um espírito com afinidade com nossos espíritos irá se aproximar de nós para apadrinhar a matilha. 

Ele corre o olhar por todos que estavam ali voltando até Aine onde para e volta a dizer:

- Este Totem aí sim será como você disse, irá nos definir como Matilha.

A jovem Garou também concordava que o melhor era deixar que um bom espírito os acolhesse e sorri para Samuel.

- Está certo, Samuel pavio-curto. Acredito que atrairemos um Totem que nos ache dignos dele.

Aine era uma Garou muito séria e Lailah apenas a observou e admirou sua imponência. Ela se parecia com o povo picto, antigos habitantes da Irlanda, assim como os celtas foram.

Samuel sorri e fala como um professor (tentando imitar a voz do Morgan Freeman):

-Todo mundo concordando comigo? Quando isso acontece, ou vocês tomaram uma decisão muito boa ou vocês estão indo exatamente pelo caminho errado.

Ele guarda o celular no bolso da calça e diz:

-E aí? Vamos de uma vez ou tem mais coisa pra decidir?

Todos estavam de acordo em ir logo e esperar que um espírito simpatizasse com eles. Depois Dmitri sugeriu que eles assumissem suas formas de batalha para se reconhecerem na umbra. Lailah não viu problema nenhum naquilo e mudou.
Ela era uma Garou de pelos cor de champanhe e muito esbelta, tinha alguns enfeites em sua pelagem bege. Sua linhagem pura mostrava a real forma dos Filhos de Gaia, tão grande quanto um Cria de Fenris - esses, claro, eram insuperáveis em tamanho - nada naquela figura lembrava uma garota tímida, mas ainda mantinha um feição calma.

Samuel ficou feliz ao ouvir os elogios de Dimitri, o russo era tipo um irmão mais velho mesmo, sempre tentava botar o Ragabash pra cima. Pavio-curto gostava disso, mas nunca iria admitir, seu papel na matilha era cutucar os erros, para que nunca se acomodassem e sempre buscassem a melhora.

Viu seus companheiros entrando na forma Crinos, nossa, eles eram bonitões! Esse negócio de raça pura faz esse pessoal ficar parecendo garou de comercial de energético (se Garous aparecessem na TV... Será que Garous tomam energético? Vou perguntar pro Ronny depois)

Deu um sorriso torto, sabia que ia ser o patinho feio dessa história. Fechou os olhos e se concentrou na sua transformação. Assim que estava completo, riu e disse:

-He he he, eu sou feio pra porra mesmo.

Sua pelagem negra e coberta de falhas, seus dentes desalinhados, seu corpo esguio e estranho... Tudo servia para contrastar com seus amigos mais "sofisticados"