Minsoo percebeu que a menina estava mais arredia, mas não podia fazer nada no momento. A verdade é que conhecia uma nova face da garota e, por mais que fosse muito errado, ele achava especialmente bonitinho vê-la tão transparente. Não tinha sensibilidade o bastante para captar a extensão de seus sentimentos, mas sabia que ela estava incomodada.
- Gwiyeopda (“Você está fofa”) - sorriu, sem olhar para ela. - Não se preocupe com isso.
(...)
Quando Yuki começou a cantar, mesmo baixinho, a garota levou um susto.
- OPPA! - falou surpresa, olhando para os lados. Minsoo sorriu, satisfeito, segurou com delicadeza o pulso de Yuki e a conduziu para o sofá devagar, não querendo interrompê-la. Ele a trouxe para o sofá e sentou-se bem ao lado da menina.
Era a menina daquele dia, com certeza, e ela tinha as mãos no rosto, muito surpresa. Porém, Yuki podia notar que seus olhos tinham algo diferente, um tipo de brilho azulado, e pareciam atravessar a imagem dela e de Minsoo. O rapaz pegou gentilmente a mão da garota, que olhou perdida para os cantos, ansiosa, e foi conduzida a esticar a mão até Yuki, querendo tocá-la.
- AH! Não acredito, oppa! - recolheu a mão logo, levando à boca.
- Nana, eu trouxe a minha amiga, a Yuki, para ver você. Yuki, essa é a Nana, minha irmãzinha.
- Oi - curvou a cabeça, em sua direção - O meu nome é Na Ji-Na. Mas me chamam de “Nana”. Nossa, você canta tão bonito, eu acho tão bonito. Você deve ser tão linda!!! - colocou as mãos no rosto. Minsoo riu.
- Descobri que a Nana virou sua fã. Tanto é que ela me desobedeceu e foi sozinha no dia do programa. Quem foi que comprou esse ingresso para você e te levou lá?
- Foi o oppa…
- Ah, hyung. Por que ele faz qualquer coisa que você pede?
- Mas eu queria muito ouvi-lo cantando...
- E qual foi a apresentação que você gostou mais?
- “Comeback Home”. Ahhh, oppa, você está me envergonhando.
Minsoo sorriu e observou o rosto de Yuki, querendo ler seus sentimentos agora que ele tinha apresentado sua irmãzinha cega.
♪ Eu Se ♪
Amihan e Go Mi Nam viraram automaticamente para observar a reação de Eu Se, enquanto o loiro se afastava lentamente da outra. Go Mi Nam fez menção de segurá-la, mas não teve tempo, suspirando pesadamente,
Algum tempo depois que estava chorando sozinha, sentiu uma mão em seu ombro.
- Ei, Euse. - Go Mi Nam a puxou para si, abraçando-a forte. O amigo não disse nada, só estava tentando esconder seu rosto, colocando a mão sobre sua cabeça também. Deixou que ela chorasse o quanto quisesse. Olhou em volta, mesmo sob olhares estranhos de algumas pessoas que passavam, para ele não interessava nada que não fosse poder aconchegar sua amiga em um momento de necessidade. Não tinha palavras, nem uma solução, mas ao menos tentava oferecer um pouco de conforto.
Somente quando ela parou de soluçar ele se afastou e a segurou pelos ombros, olhando-a nos olhos. Sentia-se muito impotente naquela situação, ainda mais quando sabia que ele mesmo não servia para preencher aquele espaço em seu coração. Mas era um “irmão mais velho”, e como tal, sentia-se responsável pelo sofrimento que a deixava passar.
- Vem lavar esse rosto.
Era estranho falar isso para uma menina, mas ele a conduziu a um banheiro. Lá, ele parou na porta e deu um berro nervoso para um garoto que lavava as mãos e espantou um outro que estava ainda na cabine. Só assim deixou que a menina fosse lavar o rosto, enquanto vigiava a porta.
- Os outros voltaram para o hotel… - suspirou. - Quanto tempo mais você vai passar por isso, Eu Se? Vou apoiá-la até o final, mas dói ver você assim. É justo ficar pisando nos seus sentimentos desse jeito? Nem posso culpar aquele maldito por fazer isso com você, sem saber quem você é…- cerrou o punho. - Bem, se você quiser, pode dormir no meu hotel hoje. Eu durmo no sofá. Amanhã eu já vou embora, mas pode ficar lá o quanto quiser…
♪ Shin-Hee ♪
Receberam olhares de senhorinhas mais acanhadas diante de uma demonstração “pública” de afeto que era a proximidade que andavam lado a lado e as mãos dadas, mas Myeon educadamente pedia “desculpas” a elas em meneios.
Uma fã foi bem menos discreta soltou um berro no meio de seu grupo de amigas, mas não teve coragem de ir até eles, só tirando fotos de longe. Isso atraiu atenção de outro grupinho, que veio até eles querendo fotos com Shin. Myeon recuou um pouco, dando espaço para que as meninas tirassem as fotos. Elas o elogiaram muito, em aparência, voz e talento. Até altura e “estilo de se vestir”. Qualquer coisa era motivo para aquelas vozes fininhas se manifestassem empolgadas. Ao final, se curvaram, e o casal pôde voltar a andar. Foi ela quem tomou iniciativa de “recapturar” sua mão daquela vez.
- Talvez você deva começar a andar de máscara - foi a única observação de Myeon, com um sorriso pequeno no rosto com muito esforço, em referência aos protetores que os ídolos usavam para andar em público. Tentava ser bem humorada e compreensiva, mas a expressão dela só relaxou um pouco mais quando conseguiram passar pela porta escura do cinema e se acomodar em suas poltronas.
Finalmente “quase” a sós, em uma das últimas fileiras, podiam ficar mais perto, e a garota não se acanhou quando ele a puxou para perto, pelo contrário, precisava de um afaguinho no ego, depois de deixar tantas meninas elogiarem e demonstrarem o quanto amavam seu namorado. Sabia que era um amor diferente, mas não conseguia não sentir ciúme daquilo. Encostou-se a ele, aconchegando-se em um contato exclusivo.
O filme era uma comédia romântica açucarada, para embalar aquele início de namoro. Myeon assistia parcialmente, enquanto a mente trabalhava alguns pensamentos paralelos. Em um determinado momento do filme, Shin sentiu Myeon se desencostar um minuto e, no outro, um beijo na bochecha, encontrando, em seguida, a namorada com olhos ansiosos e rosto inclinado, discretamente oferecendo os lábios a ele, fechando os olhos.
Seu coração batia forte, com medo que ele a julgasse mal, mas o fato é que já tinha passado meia hora do filme encostada a ele, pertinho daquele perfume encantador, e só podia esperar que aquilo funcionasse como quando se deram as mãos. Deixou a boca pressionada contra a dele, mas antes que ele pudesse se afastar, segurou sua mão, para que permanecesse ali. Ela emendou um selinho no outro, dando vários beijinhos lentos nele, mas ainda querendo testar algo novo para ambos.
♪ Eun-Ji ♪
A diretora ouviu os lamentos de Eunji com paciência. Já estava acostumada aquele tipo de situação a ponto de conseguir não demonstrar estar chocada. Tratou com naturalidade, assentindo.
- Não se preocupe, eu aposto que vão gostar de você. - sorriu de leve.
O motivo Eunji tinha descoberto naquele refeitório. Eles eram fãs do programa.
Cheong sorriu para ela, também compreensiva. Aquelas mulheres eram bem calmas e pacientes, talvez até como Bora.
- Não se preocupe. Este não é o melhor lugar do mundo, sabemos disso. Nós queremos é que vocês todos tenham uma família para ficar e sempre torcemos para que a estadia aqui seja muito curta. Esses meninos, no entanto, já estão aqui há vários anos… ficamos felizes quando demonstraram interesse pelo programa. Não apenas eles amaram se distrair enquanto se preparavam para se apresentar, como também se emocionavam bastante ouvindo as músicas. Vocês são como inspirações para muitos deles. Ah, pode ler quantos livros quiser, querida.
Eunji pôde ler pelo tempo que quisesse, sentindo-se observada pelos pequenos de vez em quando, mas ela teve alguma privacidade respeitada. Pôde tomar banho e ir dormir, no quarto compartilhado com todos, tendo o remédio administrado por uma voluntária. Quando todos subiram para dormir, foi um pouco barulhento, mas era possível se acostumar.
No dia seguinte, ao acordar, todos tinham que arrumar a cama, e a garota podia ajudar os pequenos a fazer isso. Logo ela recebeu algumas perguntas de curiosidade inocente.
- É...É verdade que você é do programa da TV?
- Por que você está aqui?
- Você veio ver a gente?
Quando uma das crianças começou a falar, várias outras resolveram comentar também, ainda que tivessem um pouco de timidez para chegar perto.
- Você não tem família? Você vai ser nossa irmã?
- Por que você tá com um curativo na cara?
- Por que você fala engraçado?
- Chega, chega, crianças, vamos tomar café da manhã. Está na hora - Cheong logo chegou para colocar ordem e todos desceram ao refeitório. - Sua professora nos ligou ontem. Não pudemos recebê-la, mas ela virá hoje para entregar algumas roupas suas. Espero que entenda que não podemos deixar todos os seus pertences entrarem, já que isso poderia fazer diferença com as outras crianças, mas vamos avaliar cada um.
Não havia ainda qualquer sinal de que sairia daquele lugar tão cedo. As crianças pegavam o alimento em uma fila e depois se encaminhavam ao refeitório, mas todas as cabecinhas viravam para olhar para ela, querendo entender quem era o rosto novo.