- Espero que consigam cumprir os objetivos de vocês para com a Confederação das Fronteiras Prateadas. Eu ficarei vagando por estas montanhas e tentarei descobrir mais por minha própria conta. Tenho certeza que nos encontraremos em breve.
A comitiva segue o seu rumo, um pouco abatida com a meia-vitória em Baraskur e por mais alguns longos dias de caminhada que teriam pela frente. O drow havia dado orientações de como avançar pelas montanhas para chegar ao seu destino, mas sem trilhas ou estradas, a viagem seria difícil, e com ainda uma pedra a mais pelo caminho.
O INVERNO, ENFIM, CHEGA...
Neve começa a cair em abundância e o humor dos integrantes da comitiva despenca. Não só havia chegado o frio intenso, como também os presságios de tempos árduos que teriam pela frente. O inverno duraria por mais da metade do próximo ano, um longo tempo de fraca colheita e muito sofrimento.
Katon teve que ficar dentro de sua caixa metálica durante toda a viagem, com ainda um cobertor de inverno a tentar manter o frio afastado. Ele apenas comunicava-se o necessário com Ardanthur, que continuava a lhe ensinar o idioma Comum. O forjado bélico, por seu lado, não se abatia com os ventos gelados, permanecendo como uma fortaleza impenetrável. Seus pensamentos voltavam para a 3ª Muralha, o exército que estaria aguardando o seu retorno triunfal para participar da guerra. Báraz havia ficado mais calado e ranzinza que o normal, sempre tomando a dianteira do grupo com o seu pônei. O não proclamado líder Frafur tentava fazer com que ninguém abaixasse a cabeça nestes tempos difíceis, incentivando para que o grupo seguisse adiante. Os gracejos de Belediel e Eunsech eram mais raros e até os dois estavam ficando entediados. O gnomo Glim pouco falava, reservando-se a ler o seu grimório quando as tempestades de neve deixavam. Mas para ninguém a viagem fora mais dura do que para Tomdrill, que se remexia com pesadelos envolvendo seus pais e sua aldeia destruída a toda noite.
1 de Marpenoth de 1372 CV
A comitiva avista a aldeia de Neve Morta no primeiro dia do mês de Marpenoth, um dia após de ter se realizado o Festival da Colheita. De fato, este festival não era comemorado nas terras do Norte como em outras regiões devido ao inverno chegar esmagadoramente antes, não dando tempo aos desavisados para se preparem.
O pequeno vilarejo está aninhado nas escarpas setentrionais das Montanhas Inferiores, que acabam por criar sombras escuras e frias sobre o povoado. Ovelhas pastam nas encostas mais baixas, guardadas por pastores bem armados e agasalhados. Eles nada dizem a comitiva, mas ficam atentos durante a sua passagem com um olhar obstinado típico de quem trabalha o dia-a-dia para sustentar a sua família.
Neve Morta nada mais é do que um aglomerado de duzentos edifícios de madeira cercados por uma antiga muralha de pedras, com as casas agora encobertadas pela neve. Um acampamento feito as pressas encontra-se do lado de lado. Próximo a aldeia ainda há um riacho límpido e veloz que cascateia por diversas quedas curtas.
Um guarda da muralha para o grupo para perguntar quem são, e sendo respondida a questão, ele os libera a entrar. As estruturas mais chamativas do local incluem uma antiga abadia de dois andares e a torre de vigília. Poucas pessoas são vistas pelas ruas, a maioria prefere esconder-se no calor de suas casas. Glim pergunta a uma delas:
- Senhorita, poderia nos indicar um local para passarmos os próximos dias?
A mulher recomenda uma hospedaria ali perto, a Rosa e o Martelo. Um casal recepciona o grupo ao chegar à confortável estalagem. Hedrick “o Martelo”, um guerreiro aposentado, administra o local com a sua esposa, a Rosa. O local está lotado de garimpeiros, moradores da aldeia e visitantes em geral, todos aproveitando o calor fornecido pela lareira. Não demora muito para a comitiva começar a ouvir histórias de orcs armados para a guerra terem sido avistados nos vales altos a oeste da aldeia.