Ato III - O Último Confronto

A porta ecoava um som metálico a cada pancada do goliath com a sua marreta. O rothé fantasma foi invocado por Frafur, e a monstruosa montaria ajudou Drago a destruir a porta. Foi necessário quase um minuto para botar abaixo o portal.

- Com certeza seja lá quem estiver no interior do forte já sabe de nossas presenças - observou o Eunsech, que havia assistido o show barulhento com as mãos tampando os seus ouvidos. - Vamos, entrem, entrem, vamos ver o que tem aí dentro - disse Eunsech, apressando o grupo com movimentos com as mãos.

Drago foi o primeiro a adentrar o Forte dos Valorosos, seguido de perto por Johan e Frafur (infelizmente o barakor teve que deixar Felpudo do lado de fora, já que não havia espaço o suficiente para ele passar pelo portal). Os três se viram numa espécie de saguão de entrada. Estava escuro lá dentro, exceto por uma luz bruxuleante que passava por um batente sem porta. Eles continuaram a avançar, seguido de perto pelos os outros componentes do grupo.

Braseiros em forma de pratos haviam sido colocados em cima de pedestais em pontos estratégicos junto às paredes, e era daí que vinha a luz do ambiente. Pelo interior do Forte dos Valorosos, percebia-se que as paredes eram de alvenaria, mantidas por argamassas, e o piso era maciço e bem trabalhado. Uma escada de pedra em forma de espiral levava a um mezanino no segundo andar, sustentado por colunas de pedras, e haviam alguns duergars ali, com bestas em mão e apontando os virotes na direção do grupo. No andar térreo, três figuras apresentavam-se adiante, no lado oposto do salão: a primeira era uma figura conhecida, pois se tratava do mesmo duergar que tinha estado acompanhado do Mirtandir na ponte de pedra, tendo sido ele, inclusive, o responsável pela armadilha com a estalactite, o que acabou resultando na morte de Ivor; ao seu lado direito, estava um anão do escudo numa postura rígida, segurando sua alabarda numa das mãos e encarando o grupo rival sem expressar qualquer sentimento; do lado esquerdo do duergar, contemplava outro anão do escudo, este portando uma maça-estrela e um escudo, além de parecer portar algum símbolo em seu cinturão.

O duergar foi quem falou:
- Cês são persistentes - grunhiu. - Pensei que após a ponte cês tinha aprendido a lição. Conhece meus amigos aqui? Este é o general Dagna Barbalonga - apontou para o anão com a alabarda -, e este outro aqui é o sacerdote Dorach Braço-de-Diamante. - Frafur subitamente percebeu que estava diante do mestre do seu mestre, o anão que construiu o Templo dos Morndisamman. - Eu sou Rhugyar. E quem cês são? - perguntou, por fim, o duergar.

Tão logo os aventureiros se apresentaram, o duergar que se chamava Rhugyar foi bombardeado com uma série de perguntas. Curiosamente, foi Dagna Barbalonga quem respondeu a primeira delas, feita por Frafur.

- Essa 'casa' que você diz não existe mais. Como um local que está com os dias contados pode ser chamado de casa? Os orcs estão vencendo a guerra, Frafur do clã Ur, e tudo aquilo que você tinha para si como lar acabou. Junte-se a nós do clã Bukbukken. Esta será a única salvação de vocês, assim como foi a minha.

Era estranho ouvir um herói dos anões dizendo aquelas palavras. Por mais que as palavras fossem desprovidas de emoção ou de sentimento, Dagna era uma figura que os anões aprenderam a admirar ao longo dos séculos. Rhugyar mexeu-se desconfortável com a acusação de Johan.

- Não tive intenção de matar o seu amigo, só queria ter impedido o grupo de cês de prosseguirem o caminho pela ponte atrás de nós. - Ele desvia sua atenção para a pergunta de Belediel, sobre a recepção "amigável" que eles estavam tendo até aquele momento. - Nós não somos inimigos. Os orcs sim, eles são os culpados por tudo o que tá acontecendo. Cês não deveriam estar aqui, o lugar de cês deveria ser na superfície enfrentando o exército do Muitas-Flechas.

O discurso do duergar não foi o bastante para convencer a Belediel de que suas palavras e intenções eram honestas. Em contrapartida, a elfa não sabia qual seria o propósito da falta de ação por parte de seus inimigos até aquele momento. O que eles estavam tramando?