Basil Timekeeper – [Bravos]

As palavras de Gerald o acalmam um pouco. Estava preocupado que algo pudesse acontecer com Cor ali. Ele falou então que desejava mostrá-los algo. Cor estava ainda dançando com o troll e enquanto saíam, Basil fez um gesto avisando-a que logo estaria de volta. Logo estava entrando no Sonho Propriamente Dito e o castelo estava à beira do rio num campo de tulipas. O nocker estava realmente encantado com aquela visão. Nunca havia chegado ao Sonho por ali e ver o castelo daquele ponto de vista era um espetáculo. Chegou a demorar-se emudecido por alguns instantes. - ... - Mas a voz de Gerald o trouxe de volta. Logo estavam passando por diversos barcos. Especialmente um que estava sendo ainda construído era claramente um barco de guerra. A informação que os castelos do rei e do duque eram ligados pelo rio estalou na mente do relojoeiro. - Neste caso, quem está mais acima no rio? Se for o palácio ducal estaremos expostos a sermos pegos de surpresa com os seus navios vindo rio abaixo.

Gerald fala então o motivo afinal de estarem ali. Precisam finalizar o barco e precisam de um capitão. Por momento algum passou na cabeça dele que seria ele o capitão. Não tinha nem títulos nem carisma para tal. Na realidade, essa frase foi quase ignorada enquanto seus olhos corriam velozes no casco da embarcação. - Não sei ao certo como poderia ajudar, mas não custa dar uma olhada. - E sem esperar mais, Basil foi aproximando-se do barco. Indo e voltando da proa à popa. E seguindo em direção do local de embarque para vê-lo por dentro. Na sua observação minuciosa ia resmungando algumas coisas, até que falasse mais alto para os cavalheiros que o acompanhavam. - O que querem com esse barco? Ser rápido? Pela sua estrutura parece que sim. Ser virulento? Ele não parece ser tão resistente à primeira vista.

Subiu a bordo. Olharia cada milímetro daquele barco. - Sansão...?!

Começou sua inspeção no barco de guerra. A madeira parecia-lhe ruim. Pesada e pouco resistente para tal peso. Basil ia caminhando por todo o barco, dando pequenos golpes com os nós dos dedos e escutando. O aço usado parecia ser ruim. Algo lhe dizia que aquilo ali não estava certo. Faltavam muitas coisas ainda para fazer e nada que é feito com material meia boca fica bom. Quando Gerald falou da relação dos nomes, aquilo retumbou na sua cabeça. Mas sem levantar os olhos ele respondeu, de forma grosseira e mal-criada. - É um péssimo nome. - Não verificou a reação do troll, apenas continuou averiguando. Logo Sir Flynn dava seu aval para ser capitão daquele barco. E então as atenções se voltaram para ele. Respirou fundo. Seu semblante deixava claro que estava irritado com aquele trabalho mal feito. Irritado mesmo de estar olhando aquela porcaria. - Esse barco está condenado ao fracasso. A madeira é pesada demais e resistente de menos. Esse aço que foi usado, pff... Já vi melhores em bicicletas. E ainda tem muito por fazer, vão ser muitos dias desperdiçados com um trabalho que vai ficar no máximo ok.

Basil corre os olhos entre Flynn e Gerald, então se afasta um pouco pensativo. Bate mais uma vez na madeira do barco. Torna a voltar. - E nomes são coisas importantes. Eles tem relações estreitas com os objetos. Escolhi o nome do Orchestra para que ele fosse tão melodioso e harmônico quanto uma, além de claro, ser pomposo e enchesse os olhos, além dos ouvidos. Se ele se chamasse 'O Grande Tic Tac' ninguém se lembraria dele se não fosse para rir e o rei Lothar seria motivo de piada por ter um relógio bobalhão em seu castelo. - Seu olhar agora era penetrante e indignado. - Na história, Sansão foi derrotado e se tornou escravo pela traição de Delilah. Não adianta Sansão ser o nome de um homem forte se essa relação entre nomes o tornou derrotado. Se ele se chamar Sansão, ainda mais com esses materiais meia boca, duvido que seja capaz de fazer frente a uma lancha com um pai e duas crianças, quem dirá frente aos barcos do duque.

Certamente continuaria a falar, se não chegasse a informação que os barcos ducais se aproximavam. Mesmo o mensageiro dizendo que não pareciam trazer perigo, Basil ficou apreensivo. Ainda mais sabendo que a maior força naval ali não passava de um barco malfeito.

A reação aos comentários de Basil foram as esperadas. Talvez nem Flynn nem Gerald imaginavam que receberiam tamanho banho de água fria. Intimamente, Basil estava agradecido que nenhum dos dois tenham tido reações agressivas, embora estivessem claramente aborrecidos e introspectivos. - Isso não será comentado com ninguém e estarei feliz em colaborar como puder para termos um bom barco. - Decidiram por fim voltar a festa. A chegada da comitiva do duque naquele momento era de certa forma desconcertante. Um jovem boogan era o responsável por transmitir as informações. Basil já sentia o coração encoberto por uma espécie de sombra enquanto voltavam, mas quando Gerald comentou que alguns dos convidados estavam armados, porém o duque não estava lá, ele começou a palpitar forte. - É melhor nos apressarmos!

Logo estavam de volta. Seus olhos percorreram apressados o salão que agora estava muito mais cheio. Não encontrava Cor. Qualquer um que pusesse os olhos nele saberia que procurava alguém avidamente. Virou-se para Gerald:- Quando o rei aparecerá? E Delilah? Atenção nessa hora. - Disse isso e passou a caminhar entre os convidados, olhando ao redor e procurando sua esposa. Seu coração somente relaxou quando a viu dançando entre pookas e sátiros e alguns outros mortais encantados. Chegou a se escorar numa mesa próxima para respirar e se acalmar. Tentou se recompor e foi se aproximando sem pressa da roda. Acenou para Cor, chamando-a. Logo ela estava com ele. Passou o braço pelo seu, como fazem os casais. - Fique agora perto de mim, meu bem... Já dançaste mais hoje que nos últimos 5 anos. - Tentou parecer casual, sem saber se estava o sendo.

Pegou um taça numa bandeja que passava. Um vinho branco. - Está bem mais cheio, não? Logo mais o rei Lothar deve estar entre nós...

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6 , 4 , 5 , 6

Encontrou-a novamente no salão e achou-a linda com a leve embriaguez que tinha tomado conta dela. - Eles devem estar chegando a qualquer momento. - Uma leve melancolia o atingiu quando Cor falou das profecias. - Gostariam que estivessem...

Riu-se de leve com a taça tomada de suas mãos e as insinuações de Cor acerca de sua fidelidade.- Duvido encontrar alguma mais bonita que você. -Enquanto falava, viu os tronos sendo postos. Cutucou Cor e indicou para ela, ao mesmo tempo que o número de borboletas aumentava no salão. Entravam o Rei e a Princesa. O Rei estava bem dizer um moribundo e parecia muito pior do que ele estava anteriormente. Algo ali saia da normalidade, mesmo levando em conta a profecia e tudo mais. - Acho que algo não está certo aqui, Cor... - Falou, tentando permanecer atento. Foi quando o Rei tropeçou e se desequilibrou. Basel soltou sua esposa e tentou aparar o Rei, o que conseguiu com certo sucesso. Porém, Delilah estava de braços dados com o Rei, e Basel não havia calculado esse peso extra. Esforçou-se mentalmente e fez explodir seu Glamour. Tentaria segura Delilah com um Truque e talvez assim impedir a cena toda.

Olhando para o Rei e em seguida, verificando como estava Delilah, perguntou - Sua Majestade está bem? Princesa Delilah...?

Truque Manobra (Pretigitação 2 + Fada 2). Gastarei 1 pt de FdV para garantir um sucesso.
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Off:

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Ajudou o rei a levantar-se e logo em seguida ele começou seu discurso. Seria de uma beleza ímpar e melancólica, se não fosse a chegada da corte Unseelie. Logo que entraram, Basil sentiu-se incomodado. A decrepitude avançada do rei, o navio mal feito, a exposição do castelo... Tudo parecia se combinar para uma espécie de desastre. Três redcaps pararam logo atrás dele e de Cor e outros ainda pararam à direita. Basil respirou fundo. Era preciso deixar Cor num lugar seguro. Com jeito, foi conduzindo-a para esquerda, onde não havia nenhum grupo armado entre eles. - Vamos mais para cá, hemos de ver melhor... - Falou tentando que fosse um comentário qualquer, frívolo e trivial.

Viu quando Gerald começou a se colocar diante do trono, já levando seu martelo. Pelo jeito eles não sairiam dali sem cruzar umas espadas e - pior - sem ter sangue derramado. Começou a falar baixo, sussurrando para Cor próximo ao seu ouvido. - Acho que as coisas ficarão complicadas aqui, querida. Questões políticas. Agora preste atenção... - Olhou para os lados para verificar se estavam sendo observados, mas cria que não, pois o discurso do rei tomava a atenção de todos. Basil na realidade mal entendia o que ele dizia, mas tinha alguma coisa a ver com Delilah ser querida etc. - Eu vou cobri-la com este pano e aí as pessoas vão simplesmente ignorar sua presença. Não saia debaixo dele até que eu volte, nem faça barulhos. Fique quieta. - Chegou o mais perto que pode da parede com Cor. Puxou o Pano de Mudança do bolso interno do colete e então colocou com um movimento rápido sobre a cabeça de Cor.

Verificou que ela estava bem coberta e levou o dedo indicador até a boca que pedia silêncio. Virou-se de costas e caminhou com calma até a multidão que estava já soltando comentários diversos. Pôs a mão em sua rapieira. Fazia tempo que não a usava. - Oh, céus...

Pano de Mudança (Artefato Mágico):

Foi se afastando e observando se Cor continuava parada como ele indicou. Isso era de extrema importância. Afinal, o Pano de Mudanças não a fazia ficar propriamente invisível... Ela só se tornava uma peça sem nenhuma atrativo para os olhos, passando desapercebida. Olhariam-na sem ver. Porém, se ela se movesse e tirasse o pano de sobre si, ela se tornaria tão visível e remarcante quanto qualquer coisa. No percurso encontrou Flynn e foi seguindo suas instruções. Basil foi basicamente sendo conduzido. Ele não era exatamente um lutador, embora conseguisse se virar. Já Flynn não... Parecia estar perfeitamente ciente do que estava fazendo.

Deu-se conta que estava na linha de frente quando ouvira os primeiros resmungos do troll unseelie. Naquele momento via o Rei e a Princesa se aproximando e falando alguma coisa que não conseguia distinguir. Viu as espadas sendo desembainhadas e num reflexo puxou também a sua rapieira. Tentou dar uns passos para trás, para deixar os mais capacitados agirem primeiro e quem sabe tentar entender o que o Rei tentava falar.- Cuidado, majestade, vá para trás, nós iremos defendê-lo! Princesa Delilah, atenção! - Disse, embora com voz hesitante e não tão segura de si. Tentou posiciona-se diante do Rei e da Princesa, protegendo-os com o próprio corpo.

Os acontecimentos que se seguiram foram os mais improváveis possível. O Rei Lothar tomou nas mãos uma pequena ampulheta, feita com esmero, ornada de safiras e com um vidro finíssimo, praticamente invisível. Aos olhos do rezingão nocker, aquele trabalho pareceu mesmo congelar o tempo por alguns segundos. A conversa entre o rei e a princesa parecia obscura para Basil. Ele tentava entender, mas logo estava se afastando ao comando de Delilah. E em seguida, o rei girou a ampulheta e tornou-se uma pira de fogo mais alta que o relojoeiro.

Basil protegeu seu rosto da luz da pira. E logo a princesa clamava para iniciar a batalha de vez, que na verdade já havia começado. Gerald seguia com ela. Basil calculou e calculou bem que Gerald era mais capaz de protegê-la que ele mesmo. Ele virou-se para pira que o rei havia se transformado. Parecia que virava alguma outra coisa. Basil decidiu aproximar-se. Tinha duas motivações, a primeira mais clara era ver se a pequena ampulheta ainda estava ali. Era muito bela para ficar jogada. A segunda motivação era que as supostas cinzas do rei pareciam tomar a forma de algo. Aproximou-se sem se expor às labaredas e, evidentemente, se dar as costas para a batalha que acontecia logo ali. - Rei Lothar?!

Aquilo fugia de todas as coisas que ele já tinha visto. O Rei tornara-se uma pira de fogo e agora as próprias chamas se elevavam e formavam uma espécie de ave que se debatia para se livrar de um ovo invisível. Basil dá uma olhada para o canto onde deixara Cor, só para se certificar que ela permanecia lá parada e sem chamar atenção. A corte unseelie, apesar da tentativa de invasão, estava sendo cada vez mais acuada. As coisas pareciam, de certa forma, correr bem.

Quando o fogo já estava alto o bastante para não queimá-lo, o nocker aproximou-se com destreza do monte de cinzas e catou naquele meio a ampulheta quebrada. Algo nela tinha lhe chamado muita atenção e o fato dela não ter se desfeito no fogo mostrava que era um objeto especial. Guardou-a com cuidado num bolso interno do seu casaco. Os outros kithain ao redor se perguntavam o que tinha acontecido. O relojoeiro, assim como eles, não tinha a mínima idéia. Já se afastava dos restos do que fora Lothar quando o fogo em forma de ave abriu suas asas enormes e voou com um grito portentoso contra a corte invasora. - Uma fênix?! - Se perguntou, mas aquilo não tinha importância agora. Talvez pudesse aclarar tudo com Delilah depois. Desviando habilmente dos focos de lutas, Basil volta a se aproximar de onde estava Cor escondida. Ficaria ali há alguns metros de distância até que o insatisfeitos unseelie tivessem sido todos expulsos. Trazia sua rapieira em mãos, pronto para defender o espaço onde sua esposa permanecia, sendo ele mesmo a defesa extra do pano de mudança.

Quando tocou a ampulheta, imaginou ter visto um outro nocker a fabricando, eras e eras atrás. A imagem se foi como veio: rápida e súbita. Não sabia se era fruto de imaginação ou se de fato vira um tempo passado que não poderia ter visto normalmente. Aquilo plantou no coração de Basil uma curiosidade excruciante. Queria se debruçar sobre aquele pequeno artefato até descobrir seus funcionamentos mais íntimos. Porém, o momento pedia outros cuidados.

Voltou-se para Cor quando escutou sua voz chamando-o. Observou que os kithain da corte seelie começavam a expulsar os 'invasores'. - Você tem razão, querida. Venha. - Puxou habilmente o Pano de Mudança, que à medida que saía de cima de Cor, voltava ao seu tamanho original, virando um lenço cinzento e sem graça, exatamente como deveria ser. O rezingão mantinha sua esposa ao seu lado, com sua rapiera em riste, pronto para atacar se fosse preciso. Mas o conflito havia acabado. A princesa... Ou melhor, Rainha Delilah fez seu primeiro pronunciamento e tentou acalmar a todos, anunciando que se reuniria com os conselheiros. As pessoas começavam a ir e Basil guardou sua espada. Já dava passos em direção à saída quando Flynn aproximou-se chamando-o. Ele o convidava a estar no conselho. Aquele era um convite formidável. Era verdade que tinha títulos e que era um Cavalheiro, mas estar no conselho parecia um passo a mais. Seus olhos correram de Cor para Flynn e fizeram o percurso reverso.

- Gostava muitíssimo de estar convosco nesse momento delicado, mas além de minha esposa, tenho minha filha que está em casa com a babá. É certo que não iriam atrás dela, tanto por minha desimportância como pela irrelevância dela nisso tudo. Peço, contudo, contudo que entenda um coração de pai. - Aquela frase saiu quase vomitada. Com palavras umas sobre as outras e estava óbvio que Basil usava todo seu pouco traquejo para ser cortês. - Eu posso estar amanhã cedo onde for preciso. - Dizendo aquilo acenou com a cabeça e passando os braços nos ombros de sua esposa, foi dirigindo-a para saída. Precisava voltar a ver como estava Vera. Possivelmente já dormia e não tinha preocupação alguma de gente grande. Basil sentia-se a fada mais sem Glamour daquele palácio.