Job 03

Através do seu TAP, Saito pesquisava sobre aquele veículo. Com os documentos em mão, jogara o chassi e os números de identificação na rede e logo apareciam-lhe as informações. Aquele Armadillo de placa 7.359 20-45 pertencia a uma empresa menor de entrega. FR3t. Pesquisando pela empresa descobrira que ela era uma empresa novata no ramo, só havia registros dela nos últimos dois meses. Todos de entregas pequenas. Nada comparado a uma entrega feita num cargueiro daquele. Pesquisou mais à fundo e descobrira que ele foi comprado usado pela FR3t. Anteriormente pertencia a uma empresa de TI chamada InDependence. Jogou o nome dessa empresa nos motores de busca. Uma empresa especializada em desenvolvimento de softwares. Talvez aquele carro fora utilizado no transporte de servidores ou algo do gênero. A efetuação da compra aconteceu apenas dois dias atrás.

Enquanto analisava esses dados, Yura se perguntava se aquela seria uma Blitz falsa. Isso era possível. E talvez por isso eles tivessem que ter especial cuidado. O carro que seguia no piloto automático foi baixando a velocidade enquanto se aproximava da parada policial. No painel do veículo indicava que ele havia sido escolhido para parar. O enorme Armadillo encostou no local indicado. À altura da janela, um policial num posto elevado fez sinal para que abaixassem os vidros.

- Documentos. Do veículo e do condutor. - Ele pareceu esticar o pescoço para ver quem mais estava dentro do carro.

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O policial pegou os documentos de Saito e começou a analisá-los. Da mesma forma que ele o fez. Com uma busca na DataNet Global confirmou que o distintivo era oficial e com a foto do policial encontrou seu nome. Yasui Hideo. 34 anos. Sua atuação na polícia parecia ser exemplar. Já fora gratificado algumas vezes com menções honrosas por serviços bem prestados.

Ambos notaram que Hideo observava os documentos, depois o veículo e então dava uma olhada no interior da cabine. Um frio na barriga fazia parecer que algo estava fora do esperado, ainda que os documentos estivessem todos ok. - O que vocês vão levando aí, Senhor Tsurumaki? - O agente percebeu que a pergunta era direcionada para ele, mas o policial estava olhando pra Yura. Por um momento ele apertou os olhos como se tentasse reconhecer alguém. - A senhorita é a cantora Yura Nome? O que faz num caminhão como esse?

No mesmo instante o aplicativo notificou, repetindo a mesma mensagem: "Não deem informações desnecessárias. Evitem problemas".

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Quando Saito disse que não sabia o que estava carregando, o olhar do policial pareceu se tornar mais duro. É verdade que não chega a ser algo incomum. Mas aquele era um Armadillo, sendo carregado por um agente do governo porém de uma transportadora privada. - Creio que teremos que verificar essa carga, senhor.

Foi o momento que o policial reconheceu a cantora e recebeu, pelas mãos de Tsurumaki os ingressos para o show da garota. A face do guarda pareceu aliviar-se um pouco e então ele sorriu. - Domo arigato gozaimasu. Bem, já que a senhorita precisa de rapidez, vamos verificar isso logo e liberá-los. - Sem esperar uma resposta, Hideo saiu de seu compartimento de atendimento e foi descendo as escadas, até estar no nível do chão e começou a dar a volta em torno do Armadillo. Haviam, claro, duas entradas possíveis para o baú: a interna, que os dois já verificaram que estava trancada; e a externa, que certamente estaria trancada também.

Era verdade que o policial estava mais prestativo que o esperado, porém o empregador dos dois parecia ter o Olho-que-Tudo-Vê. Era preciso tomar uma decisão.

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O policial parecia visivelmente constrangido com o show que Yura dava. Ele era um fã e entendia bastante sua ídolo, porém, precisava cumprir seus deveres também como autoridade. Saito tenta convencê-lo. O agente nota que claramente Hideo está desconfortável. O povo japonês tem um senso de dever muito forte e Saito sabia o que estava pedindo para o guarda: que deixasse de cumprir o seu. - Eu... Er... Veja se me compreende, senhor, Tsurumaki...

Não chegou a concluir a frase. Estava claro que tinha um dilema diante de si naquele momento. - Vejamos o que posso fazer... Irei aplicar um adesivo rastreador no veículo e alegarei inconveniente circunstancial para a não aplicação do protocolo. - Coçava a cabeça. - Façamos assim. - Puxou do bolso uma espécie de cartão e foi até o meio do veículo. Lá, encostou o cartão na lataria do veículo e ele como passe de mágica tomou a mesma cor e textura do metal da superfície, tornando-se praticamente invisível.

De onde estava, fez um gesto para o motorista, que indicava que poderia ir. Sem se fazer de rogado, Saito pôs o Armadillo de volta em movimento. Tão logo se afastaram uma centena de metros da blitz, receberam a notificação em seus TAP's: exigiam que retirassem o rastreador do veículo.

dream inscription: desculpem a demora, pessoal, foi lepra minha @shamps @Matusael

Aquela primeira situação tensa fora resolvida. De certa forma, Saito e Yura estavam dando-se bem entre si. Agora, porém, eles precisavam dar um jeito no rastreador que fora colocado. Levar o policial até o estúdio seria o ótima alternativa. Bastava conseguir um carro e depois passar o rastreador para ele. O fato do estúdio ser longe poderia ajudar a despistar quaisquer suspeitas. Saito buscou em seu TAP o nome de Cheza e seu card de identificação apareceu na periferia direita de sua visão. Não pode deixar de apreciar por alguns segundos a beleza daquela mulher. Sacudiu a cabeça e iniciou o contato. Do outro lado, ela atendeu: - Alô?

Ela pareceu um pouco atordoada ao receber aquela ligação. Não era tarde da noite, porém, não esperava receber ligações naquele horário em dias de folga. - Oi, Saito. Tudo bem... Estava ocupada escolhendo a série que iria assistir haha... O que você precisa? - Bingo.

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Depois que Saito falou, Cheza demorou um pouco para responder. Talvez por conta do convite, talvez  por conta do pedido meio estranho? Não dava para saber. E o agente já se sentia um pouco sufocar dentro de sua roupa.   - Tudo bem, posso encontrá-lo. Aí você vai me explicar que história é essa. - Apesar das palavras, seu tom de voz denunciava que ela estava bem disposta. - Sair hoje mais tarde? está me chamando para balada? Eu chego em breve. - Ela riu num gracejo e desligou.

Yura fez com que a sensação de sufocar dentro da roupa triplicasse e um suor frio começou a escorrer por sua testa. Não esperava ter que lidar com aquele tipo de 'problema' naquela missão estranha. O Armadillo passou por um viaduto cinzento e pichado. Estavam entrando no setor 17.

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