3. A new begining - Os sobreviventes

Raymond saía da casa, ou o que quer que ele chamasse aquela construção, não ruínas de uma construção com algumas telhas no que restou do telhado. Mas era o suficiente para não permitir que todo o abrigo ficasse exposto às chuvas ácidas que caíam nesta época do ano. Haviam 10 anos que o antigo chefão e sua gangue resolveu que era hora de saírem do refúgio, pois os aspectos climáticos eram favoráveis.

Dez longos anos... Neste tempo Raymond ficou com o que sobrou do refúgio, um ferro velho com um bunker subterrâneo. Mas o velho sabichão não gostava muito de ficar lá embaixo, onde ficavam o doutor e aquele cara estranho da porra!

- Gen, Den e Ken! Onde diabos vocês estão seus cancros!!! Se estiverem dormindo nas sucatas eu vou enterrar suas carcaças fedorentas nelas! - gritou.

Fury estava sentado na guarita que haviam construído a alguns meses e desde então era ali que passava a maior parte do tempo. Afinal os três patetas como ele chamava Gen, Den e Ken não eram lá muito inteligentes e não possuíam uma boa conversa. O velho camarada Raymond era até um cara legal para ter um papo, mas ele era muito inteligente, inteligente até demais para se ficar muito tempo com ele. O doutor, bem ele é o cara que agente procura para ser remendado. E nestes dias sempre tem alguém para ser remendado. Mas de todos de quem ele mais se mantinha afastado era aquela Alma penada da porra que vivia se esgueirando pelas sombras. Era até algo inusitado para alguém branco como ele...

Do alto observando o que acontecia no ferro velho ele consegue ver os três patetas com o doutor...

Doutor Alexandre, ou Alex ou somente "Doc" como a maioria o chama, estava costurando o braço de Ken, ou seria o Den(?), não importava o idiota novamente havia se cortado com um pedaço de metal e foi burro o suficiente para não trazê-lo. Mesmo com pouca antitetânica ele usou uma via completa nele.

"Vou ter de falar com o Fury... precisaremos de mais remédios ou matar um destes idiotas!" - pensava enquanto terminava o curativo.

- Pronto, agora vê se não faz mais cagada e não se corte! Já foi a terceira dose de remédio que vocês gastam só neste mês e ele ainda nem chegou na metade! Avisem ao Raymond que eu quero falar com ele!

Antes mesmo que o paciente responda ele dá as costas para os três e segue andando, ao olhar para o alto ele vê Fury que acena cordialmente para o doutor.

"Se ele ao menos soubesse que só está vivo por conta do Darkstorm... Tudo seria muito mais fácil." - pensa respondendo ao aceno.

William Darkstorm não estava alheio a nada que acontecia no refúgio, muito menos do que os outros sentiam por ele, afinal ele era assim... Ele perambulava por entre pilhas de ferro retorcido, carcaças de veículos e tudo mais o que se pode encontrar num ferro velho. Além disso e completamente fora da percepção dos outros tinham os gritos...

Quem mais chegava perto do que ele viu era o doutor, isso trouxe um sorriso sádico no rosto de Alma. Sim ele sabia o que é ser um experimento, por isso era mais perigoso, além do fato que ele o odiava, não todos, todos o odiavam ou ele é quem os odeia? Ele não sabia, mas sabia que mesmo com esta confusão ele precisava deles e eles dele para sobreviverem. Afinal não haveriam ratos para sempre e este problema com a água...

Alguns segundos depois do seu pensamento todos escutam o barulho de uma explosão, do alto Fury consegue ver melhor. A casa de máquinas onde havia a bomba d'água estava em chamas!

Fury encontrava-se na torre, mantendo vigia. O lixão era um local desejado por muitos e Raymond era afortunado por tê-lo. Mas como não se pode guarda-lo num cofre, como se guarda um objeto de valor qualquer, era necessário tomar medidas para que o lixão continuasse sob sua posse. Por isso, haviam construído a torre de vigia e colocaram, pelo terreno, algumas armadilhas que seriam suficientes para expulsar qualquer vagante estúpido que tentasse arriscar a sorte (e a vida) tentando toma-lo pela força. Lá de cima, Fury tinha uma visão privilegiada de todo o terreno ao redor. Enquanto limpava e fazia manutenção de suas armas, se deleitava com os pensamentos de usá-las daquela posição, onde teria todos à vista. Os outros também o teria, era verdade, mas isso não o incomodava.

Lá embaixo, cumprimentou o Doc que se ocupava em remendar um dos palermas do Raymond. Nunca sabia dizer qual era qual, mas não havia tantas diferenças afinal. Um deles havia se cortado nos metais novamente. — Um dia teremos sorte... e um deles cortará a cabeça fora e teremos um idiota a menos para... — Seus pensamentos foram cortados por um barulho de uma explosão próxima. Fury se virou e não demorou a encontrar a casa de máquinas em chamas. Preparava-se para descer quando Raymond se aproximou a passos largos perguntando aos gritos o que tinha acontecido. — A casa de máquinas tá em chamas porra! — Gritou em resposta, descendo a escada improvisada com a maior velocidade que podia. Sob o seu peito, de metade músculos humanos e outra metade de placas de metal, a metralhadora agitava-se segurada pela bandoleira. — Estou indo lá. — Falou, quanto já estava no chão. — Avise todo mundo, temos que apagar aquelas chamas.

William Darkstorm como uma sombra que vagueia as trevas e se fazendo invisível, observa a tudo e a todos. Ele sabe que a maioria apenas o tolera e teme e ele gosta disto. Ser invisível, mas temido, é poder. Ele sempre está observando e acumulando conhecimento sobre os que estão ao seu redor. E sobre ele? Apenas uma ilusão é transmitida, nada do seu eu verdadeiro. Ele é uma ostra, mas no seu íntimo não tem uma ostra, ninguém ao menos sabe o que reside ali, apenas podem especular, pois saber ele não permite.
 

De repente uma explosão, e é a hora das máscaras caírem e ele se posiciona, não para saber as fofocas, mas para reter mais uma porção das almas, que nestes momentos de tensão exalam dos seus esconderijos encapsulados e se revelam, e capturar esses momentos de entrega involuntária, para ele são verdadeiro deleite.

Doc Alex termina seu remendo (pois do jeito que ia, o outro ia se estragar novamente antes de realmente curar) com uma pontada de desânimo. Provavelmente ele mesmo ia ter que procurar Raymond, pois mandar recados não adiantava.

As coisas já foram melhores nos "anos de ouro" quando trabalhava na WhitePaper. Ou seria melhor chamar de "anos de bronze", já que "anos de ouro" seria uma expressão que só as pessoas que viveram muito antes de Alex nascer podiam usar. Bom, aquele ali não era o pior lugar do mundo, e o doutor até não reclamava disto, mas fazia um tempo já que não punha a mão (e o bisturi) num ciber-implante de qualidade ou pelo menos de verdade. O concertos que fazia no Fury eram quase no mesmo estilo do remendo que acabou de fazer no Ken (ou Den), como ciber-cirurgião ainda conseguia improvisar muito com peças encontradas no lixão e trabalhadas na enfermaria, mas eles precisavam encontrar remédios de verdade logo, e quem sabe peças legítimas da WhitePaper ou no mínimo um ciber-tipo de alguma empresa menor para aliviar um pouco a barra.

Já seus "amigos", bom, isto Doc Alex até podia reclamar um pouco, embora não o fizesse em voz alta, pois embora não fossem tão estúpidos como Gen, Den e Ken, eram um bando de cabeças-duras.

Ele ainda pensa no que poderia fazer de útil se tivesse as peças certas, quando escuta algo explodindo.

- Afff... Ninguém merece! O que diabos é desta vez?

Ele se levanta e vai em direção à casa de máquinas, sem porém muita pressa.

"Raymond e Fury pra variar vão estar com humor do cão. Hoje o dia promete..."

Darkstorm segue como sempre sem pressa até o local da explosão e fica de longe num primeiro momento apenas observando como e o que os outros iriam agir sob a tensão causada pelo problema. Ele vê que o doutor é o primeiro a chegar, mas logo em seguida Fury e Raymond que chega gritando com os ajudantes desastrados.

O doutor é o primeiro a chegar no local do incêndio, e quando já ia procurar alguma coisa para tentar combater o incêndio ele ouve Raymond gritando alguma coisa para os ajudantes. Num passar de olhos somente Darkstorm não estava ali, pelo menos não onde pudesse ver. Mas não haviam rastros de que alguém tivesse passado por ali a pouco tempo e a casa de máquinas não era um dos refúgios conhecidos do estranho rapaz.

Fury que vinha caminhando ao lado de Raymond para um momento, não pela ordem do dono do refúgio, mas ele tinha a sensação de que algo estava fora do lugar naquilo tudo... E não era pelo fato do fantasma não estar ali...

Um três ajudantes de Raymond vinha trazendo apressadamente um carrinho de mão com 3 extintores. Enquanto os outros dois ainda não estavam ali.

- Chefe o Den e o Gen estão pegando areia. Eu trouxe os extintores... e todos estão funcionando! Eu testei!

Raymond olha para o ajudante quando uma segunda explosão ocorre, agora o barulho vinha do portão de entrada.

Os dermoimplantes e a OM3 que ajudam Doc Alex sobreviver à radiação, também ajudam um pouco sua pele aguentar o calor. Ele pega outro dos extintores e ajuda Raymond.

- É melhor cuidarmos do fogo primeiro, isto pode se alastrar mais rápido do que eu poderia procurar Will.

Ele se concentra nas partes de madeira, aquela parte do lixão tinha mais metal que madeira, mas ainda não era tão organizada (nada era) como gostaria. Bem que Alexander às vezes falava pros "amigos" ajudarem arrumar um pouco aqui nas horas vagas. Mas não haviam tantas horas vagas assim.

Observando a todos na sombra, Will pega um saco de areia e traça um caminho que não cruze com os olhos dos seus parceiros e quando ninguém espera que apareça, em silêncio, começa a apagar o fogo jogando areia nas chamas mais periféricas.
 
De soslaio, continua observando as reações de espanto e incredulidade e capta as mais imperceptíveis reações e as analisa.

Fury encarava as chamas e o local em volta, certo de que algo ali não cheirava bem. Não percebeu imediatamente o quê e nem se prolongou em procurar. Não havia tempo. Um dos ajudantes de Raymond chegou, trazendo alguns extintores. Em seguida, uma segunda explosão é ouvida. Dessa vez, o barulho vinha da entrada. — Mas que diabos! Isso tá parecendo sabotagem! — Raymond gritou, trocando olhares com Fury, enquanto tentava apagar algumas chamas com a ajuda do Doc. — Apaguem essa merda! Eu vou ver que porra tá acontecendo lá na frente. — Falou, enquanto percebia repentinamente a presença do Alma, jogando areia em algumas chamas. — Sempre em silêncio. Sempre fora da vista. Sempre suspeito. — Pensou, enquanto corria em direção a entrada. — Trocarei um papo com ele depois. Mas agora... — Um "click" característico foi ouvido quando destravou a metralhadora. — Trocarei um papo com o idiota que tá explodindo essas porras.

Fury deixa os quatro cuidando do fogo e corre para o portão, no caminho todos escutam mais duas explosões da direção do portão. Ao chegar ele vê que em pouco tempo ele irá ao chão, ele se aproxima de uma guarita e vê que uma gangue de 6 ou 7 motoqueiros estavam rodeando o portão, enquanto outros 3 se distanciavam indo de encontro ao grupo.

No total ele contara 9 ou 10, mas havia uma moto grande e antiga no estilo Chopper com duas mulheres trajando farrapos que as deixavam semi nuas. mas a que estava pilotando apenas olhava o que os outros motoqueiros faziam enquanto a outra a alisava nos seios e beijava o pescoço.

Ela aponta para o portão e dois motoqueiros saem daquele círculo e vem em direção ao portão, enquanto tiram de uma bolsa lateral uma garrava de vidro com um pano saindo de seu gargalo.

"Molotovs! Desgraçados." - pensa Fury

Off para todos:

NPCs:

O Fantasma continua nas sombras jogando areia no fogo e ligado na nova explosão, porém sem dar nenhuma bandeira.


1 Ação para apagar incêndio.
2 Ação para ouvir e ver algo sobre a explosão no portão.

— Molotovs! Desgraçados! — Pensou Fury ao ver os dois motoqueiros que se aproximavam. Ele sabia que o portão provavelmente não resistiria a mais uma onda de ataques. E com a queda do portão, caia também a única coisa que mantinha eles do lado de dentro e aqueles merdas do lado de fora. — Eu não sei que caralho esses caras têm na cabeça... — Pensou, já em fúria, enquanto colocava-os sob sua mira. — Mas sei que logo terão a porra de uma bala nela! — Seu sangue ferveu com a ideia. E não demorou para que ela fosse posta em prática. Fury pressionou o gatilho, num movimento quase natural, fazendo a metralhadora acender-se numa rajada de balas que avançou em direção aos dois invasores próximos. Ele sabia que o barulho dos tiros alertaria Raymond e os outros, avisando-os de que a situação era séria.

Ações:

William não consegue sondar aquela primeira mente e decide parar de apagar o fogo e se concentrar nas leituras e implantações de comandos na mente das "vítimas".


Ação - duas ações de ler mentes e implantar comandos.

Mal tinham dado um jeito do primeiro incêndio e já se ouvem mais ataques. Alexander podia apenas tentar ajudar os amigos e esperar que sobrevivessem a mais este ataque para costurá-los depois.

Ele se afasta da casa de máquinas e vai para perto do portão, escondendo-se atrás de barris de sucata que forneciam uma defesa improvisada, mas procurando um ângulo de visão claro do portão.

Fury provavelmente atacaria de algum lugar mais alto, e também chamaria mais atenção. Ficar a nível do solo não ajudava Alexander, e mesmo se ajudasse, ele não era mesmo um bom atirador. Serviria no máximo para ajudar a distrair os outros, caso eles passassem pelo portão.

Tinha um revolver, mas só poderia atirar se desse muita sorte de ter uma visão limpa, pois cada bala perdida seria um grande erro. Sua esperança é que, se as coisas piorassem, ele conseguisse aceitar pelo menos um encrenqueiro de longe ou pelo menos chegar bem perto disto para que a gangue mantivesse os olhos a nível do solo para dar tempo dos que sabiam atirar fazer a parte deles.

Depois de se acomodar atrás dos barris, ele grita:

- EI, SEJA LÁ O QUE ESTIVEREM ATRÁS, NÃO TEM NADA QUE COMPENSE ROUBAR POR AQUI! SE PENSAREM BEM, VERÃO QUE A GASOLINA QUE GASTAREM PARA VIR AQUI NÃO COMPENSARÁ O MÁXIMO DE LIXO QUE ENCONTRARÃO. ENTÃO TEM MESMO CERTEZA QUE QUEREM GASTAR RECURSOS A TOA?

As chances de alguém levar este discurso a sério eram mínimas, mas Alexander não tinha ideia melhor por enquanto, a não ser esperar.

(Se estiver perto do Will, ele sugere) - Ei, Alma, tem como convencer alguma delas da política do "faça amor, não faça guerra"?