Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate

Ouvindo Aragorn, o guerreiro não sabia se ele estava tão louco quanto Hagen ou se sua indicação à liderança do grupo nada mais era do que outra de suas bravatas. Com certeza Edward não concordava com nenhuma das duas coisas ditas pelo feiticeiro.

"O grupo precisa de bom senso para entrar em acordo e não de alguém ditando cada movimento a seguirmos. Não somos um regimento militar para seguir as ordens de um."

*A cada dia que passa, maior fica minha vontade de deixar este lugar e voltar para meu mundo.*

"E definitivamente, precisamos de estratégia para nossas próximas batalhas. Mas com certeza essa não é a hora de discutir qualquer um dos dois assuntos. Precisamos chegar a uma cidade e seguirmos em frente parece o caminho mais curto para uma."

Levando o olhar até Arag, continua.

"Acredito que o debate pertinente neste momento seja o que dirá se, e como, Tatte seguirá conosco."

Havia a urgência de decidir por certas coisas antes de outras e Edward se viu quebrando a conduta que decidira assumir, expondo seu ponto de vista em vez de aguardar perguntarem por sua opinião. Seria difícil se manter calado vendo que algumas sugestões poderiam levar o grupo a, na melhor das hipóteses, se desfazer.

*Eu e minha grande boca. Agora, já está dito. Vamos esperar e ver o que os outros acham.*

Ashur ouviu a resposta de Yovanna e pensou. Ninguém pode lutar as nossas batalhas. Você deve confrontar o seu malfeitor.

O clérigo olhou com cara de cu para o feiticeiro, incrédulo com a sugestão de que Hagen deveria ser o líder do grupo. Se assim fosse eles certamente estariam condenados. Seria um destino terrível.

Por fim Ashur concordou com Edward. - De fato, essas são preocupações triviais e para outro momento. No entanto sugiro que Tatte seja mantido como as mulheres que ele nos fez transportar, amarrado como gado naquelas carroças até que tenhamos resolvido o assunto com o contratante para evitar que o mesmo seja alertado. - O clérigo falou procurando algo para amarrar o mercador. Será que algum dos grilhões que haviam sido usados nas mulheres estava por ali? Mas pensou melhor e resolveu usar uma corda, afinal eles conheciam os encantamentos para liberar os grilhões.

Hagen estava observando o que cada um falava e é sugerido como líder pelo feiticeiro. No momento sua cabeça estava embebecida pela lucidez e então fala prontamente para o grupo.

' - Creio que devemos ter um porta-voz, alguém que tenha a decisão final e não seja hesitante. Porque não deixar essa decisão para uma taverna, sentados numa mesa em que possamos apenas conversar de maneira tranquila, bebendo algo.'

Hagen olha para os demais e fala:

' - POrque não decidimos e partimos logo, estamos perdendo tempo demais por aqui. '

Yovanna é pega completamente de surpresa com a atitude de El Gato, o que fica evidente por alguns segundos.

-Prazer...? - Ela responde por fim, e complementa olhando o felino: -Sim, eu posso fingir que estou presa ainda se ajudar. E ficarei grata pela companhia... - Ela faz uma pausa e olha para si mesma. -Eu vou achar alguma roupa limpa nas carroças e um lugar para tomar banho, volto antes de vocês partirem pela manhã. Não se preocupem. - Dito isso, ela vai até uma das carroças com baús e efetivamente começa a procurar, o mastim a seguindo de perto.

Os outros componentes da caravana continuam acompanhando a situação de Tatte, era evidente que esperavam curiosos que ela fosse resolvida para saírem ali de perto.

Já o velho em si, que naquele momento já havia se mijado fazia tempo, geme desesperado: -Eu ajudei vocês quando começaram! E prometo que não irei me vingar. Com o dinheiro que perdi nessa empreitada... Mas pelo menos ainda estarei vivo. - Ele olha Cohen nos olhos e balbucia desesperado. -Eu lhe imploro, não me mate. Se tivesse mais dinheiro, eu daria a vocês!

Edward percebe que é a Cohen quem Arag teme. Não sem razão, já que o bárbaro havia segurado uma adaga contra sua genitália e nada assusta um homem mais do que a possibilidade de viver sem sua masculinidade.

O guerreiro coloca uma mão sobre o ombro do companheiro.

"Amigo, acho que já está de bom tamanho. Não só o quanto ele nos pagou pela vida, mas também o susto e o medo que passou. Pelo cheiro, suas calças já estão bem molhadas."

A voz de Edward é baixa, mas não um sussurro ou cochicho. Ashur, que estava ao lado poderia ouvi-lo, mas os demais provavelmente não.

O ex-paladino estava cansado de rodeios. Queria deitar em uma cama e descansar adequadamente. Queria colocar aqueles itens que recuperaram da caravana à venda e ver o que conseguiria em relação a equipamentos. Queria ver que raios poderia fazer com o couro do diabo. Para isso, precisariam seguir em frente.

Fugindo mais uma vez da conduta que desejava seguir, expõe sua ideia do que fazer a partir dali.

"Tate disse que o contratante não o conhece, já que foi contactado por um intermediário. Esse certamente conhece Arag e conhece Yovanna, já que não foi por acaso que esse ser asqueroso chegou a ela e às outras."

O guerreiro faz uma pausa retórica, para que os demais assimilem as informações.

"Minha sugestão é seguirmos com o plano de encontrarmos o contratante como se fôssemos entregar a encomenda. Yovanna iria presa por um dos grilhões e a soltaríamos em um momento propício."

Neste momento, Edward volta o olhar para Aragorn e continua.

"Já que temos um bom feiticeiro que com certeza sabe as palavras que Trent usou para abri-los."

O guerreiro faz um aceno de cabeça para o conjurador, afirmando a confiança que deposita nele.

Voltando-se para os demais e olhando cada um nos olhos, ele prossegue.

"Voto por chegarmos com uma comitiva reduzida e sem Arag. Levaremos algumas carroças e daremos queixa do ataque, alegando que perdemos muitas mercadorias e pessoas, para não levantarmos suspeitas."

Passando por todos os seus companheiros enquanto fala, Edward continua.

"Diremos a quem quer que queira ouvir, que desejamos completar nosso trabalho e entregar a encomenda que Arag trazia com tanto cuidado. Isso deve chegar aos ouvidos de quem contratou o serviço. Acredito que somente assim poderemos chegar à cidade sem levantar suspeitas e sem corrermos o risco do próprio Tatte nos denunciar."

O guerreiro para em meio aos demais. A mão esquerda repousando sobre o pomo da espada e a mão direita estendida ao lado do corpo. Olhava um a um dos companheiros nos olhos e aguardava por suas reações.

*Precisamos decidir logo e sair daqui. Não gosto de estar tanto tempo parado no lugar depois de um ataque. Alguém pode ter ouvido os sons da batalha.*

O Tabaxi percebe que sua iniciativa não foi, por assim dizer, muito bem sucedida e vê Yovanna se retirar.

- Não esqueça nobre donzela, se precisar El Gato estará aqui. - Ao concluir sua frase ele saca seu sabre e aponta para o alto com o rosto cheio de convicção.

Ele recoloca seu sabre na cintura e observa sossegado o grande, longo e chato discurso do cavaleiro.

- Perfeito... Perfeito... Yovanna já concordou em participar agora devemos arrumar eles... - El Gato para por um instante observando o estado dos atuais prisioneiros - E deixar um pouquito de dignidade nestes hombres, que já estão a feder.

O Espadachim encara os outros membros do seu grupo.

- Vamos colocar toda essa caravana em ordem e de quem é o turno da guarda? Com toda essa embromacion meu turno foi bem agitado e acabou rápido.

Após ouvir conselho do ex-paladino, o cimério olhou para o velho homem e até pensou em ameaçá-lo uma última vez para o caso dele dar com a língua nos dentes posteriormente. No entanto, desistiu de gastar suas palavras. Tudo que precisava ser dito era feito através de um olhar severo para aquele infeliz homem. Arag teria varias noites de pesadelos com o semblante de Cohen.

O bárbaro escuta o plano de Edward com atenção. Quando ele finalmente termina, Cohen se vira para o campeão e diz sua posição quanto aquilo:

'- Seu plano soa bem, paladino. Estou de acordo com ele.'

Por fim, e ele faz duas coisas: a primeira é seguir na direção onde o demônio havia deixado cair sua glaive. Usando a capa de um soldado morto, o bárbaro encobre a lâmina da arma e guarda para si. A segunda e última ação foi caminhar na direção do nobre animal que Tatte cavalgava e tomá-lo para si, montando sobre a cela do mesmo. E tudo estava findado. Finalmente o cimério estava pronto para partir.

Van Bash fica feliz em ver que Edward concorda com seu plano. Não fala nada e prossegue arrumando as caravanas para prosseguirem. Ele não iria seguir nenhum líder pois a Força o guiava sempre.

Enquanto Ashur procurava uma corda para amarrar Tatte como um leitão pronto para o abate, seus companheiros decidem mudar de ideia e libertar o comerciante. O clérigo suspira desanimado, afinal seu plano era muito mais divertido. Amarrar um sequestrador como uma de suas vítimas parecia a atitude mais correta a se fazer, era assim que o Karma funcionava. No fim Ashur largou as cordas e resolveu fazer algo de útil, ele deixaria as questões terrenas para seus companheiros e decidiu dar atenção aos assuntos espirituais.

- Então vocês resolvem esse assunto. Vou prestar os ritos fúnebres aos mortos. - Ashur diz antes de se afastar.

O clérigo caminha até onde estavam os seus equipamentos e deixa suas armas e armaduras. Depois Ashur vai dar uma olhada nas carroças, mais precisamente na carroça que estava pegando fogo, e examina o conteúdo da mesma. Ele começa a retirar qualquer material que ainda poderia ser útil e deixa um espaço vazio na carroça. Já que a carroça estava avariada o clérigo pensava em usá-la para dar um funeral de chamas aos mortos.

Depois o clérigo recolhe os corpos dos mortos e os revista em busca de eventuais pertences. Ashur então os joga dentro da carroça e, após depositar todos os corpo, o clérigo usa os cavalos para puxar a carroça até um local mais afastado. Se a madeira da carroça já estivesse seca, o clérigo iria busca uma tocha e terminar o trabalho dos amigos de Yovanna.

Os aventureiros falavam... Falavam... E cada vez fazia menos sentido para El Gato que só se importava que ele havia feito suas necessidades e começaria a feder ainda mais e seu nariz felino teria sérios problemas com isso.

- Então mi companheiros chega de conversas moles e vamos arrumar tudo para partir. - Tabaxi olha para os lados e indaga o primeiro que vê - Joguem um balde de água neles para ver se melhora o cheiro. - falava enquanto apertava as narinas e balançava a mão a frente.

O Espadachim então vai arrumar as carroças para preparar a partida da caravana e mesmo quando já estava um pouco longe ele grita para todos.

- Meu turno de vigia já acabou, escalem outro.

Cohen escuta seu nome e olha de rabo, para o mago. Seria aquele era um bom momento para testar o quão afiada era a glaive do demônio? Talvez. Mas uma coisa era certa, todos os que haviam lutado de certa forma estavam exaustos e um descanso era providencial antes de partirem.

'- Van Bash, a menos que esteja polpando a tal "Força" que o Deus para quem você reza lhe concede, você poderia pegar o primeiro turno da vigília? Como o Aragorn bem lembrou, estamos todos exaustos dos intensos combates.'

O jedi sempre estaria pronto para ajudar. Ele realmente não se cansou e poderia fazer perfeitamente a primeira vigília.

-Sim posso fazer sem problemas. - ao ver o barbaro indo descansar completa - Que a força esteja com você.

Então Van Bash com um gesto da mão vai criando várias luzes para iluminar o acampamento decentemente, de forma que quem chegasse perto do acampamento não teria vantagem da escuridão.

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OFF: usou truque Luz x vezes foi preciso para iluminar como descrito.

Edward percebe claramente o cinismo em Aragorn. Ele não queria que a sua ideia fosse a única. Esperava oposição por parte do conjurador, mas obteve exatamente o contrário.

Antes de mais nada, se dirigiu aos demais integrantes da caravana, que haviam voltado junto com Van Bash e Arag, explicando exatamente o que acontecera e o motivo de quererem acertar as contas com o tal contratante. Também lhes deu a oportunidade de decidir se seguiriam com eles e ajudariam na caracterização do plano ou se preferiam partir e não tomar parte naquilo.

Ouvindo Bash, diz.

"Eu fico com o segundo turno de vigia. Fui o que se feriu menos no combate e não preciso descansar por muito tempo para recuperar minhas habilidades. Além disso, preciso verificar a integridade da carroça onde levavam Yovanna e as demais."

Dito isso, Edward se prepara para descansar. Remove sua armadura e deixa o escudo e espada a postos ao lado de seu saco de dormir. Depois, junta um pouco de água para lavar as mãos e sua armadura, removendo o grosso do sangue que as cobriam.

Finalmente, antes de se deitar, recolhe a corda deixada por Ashur e amarra as mãos e pés de Tatte, aplicando-lhe uma mordaça feita com a capa de um dos guerreiros mortos. Por precaução, amarra Arag à carroça prisão de forma que esse não consiga tentar nada.

*Um dia eu ainda deixarei esse grupo. Não sei se a força nos números vale as coisas que sou obrigado a aturar.*

E então tudo é escuridão.

Hagen levanta a mão e se prontifica a ficar no turno da vigia.

- EU posso ficar no turno da vigia também, não estou ferido e não tenho nada para recuperar, então se quiserem...


Hagen olha em volta e se senta, começa a afiar suas espadas e fica tranquilo, parecia que o efeito das drogas estavam passando.

- Essas horas já era pra estar todo mundo drogado... Vocês não gostam não? Cheirar escama de dragão, fumar olho de beholder, ficar muito loko, que se foda..."

Mais uma vez os sonhos de Edward o levam por caminhos tortuosos e escuros. Ele corre em meio à destruição e ao caos, o peso e calor da Fúria em sua mão direita. Ao longe, ouve os sons de batalhas e segue correndo na direção de onde acredita que eles vêm.

A armadura pesa em seus ombros e ele sente a falta de sua fiel montaria, Midgard, o cavalo de oito patas. Estivesse com ele, percorreria aquela distância em um piscar de olhos. Mas como tudo e todos, ele se foi quando o então paladino optou por sacrificar sua vida em troca das vidas de seus companheiros e da vitória contra um mal maior.

Ele continua correndo e antes que consiga alcançar o local de onde os sons se originam, surge aquele que foi seu primeiro grande desafio. Baaltazhar, o demônio. Quando Edward nada mais era do que um paladino recém-formado, recebeu a missão de acompanhar um clérigo em uma sessão de exorcismo. Não se sabia muito sobre o demônio responsável pela possessão, mas o clérigo tinha plena convicção de que seria capaz de manda-lo de volta ao Abismo.

Baaltazhar havia se disfarçado bem e escondido sua real natureza. Quando o ritual teve início, ele tomou o controle da criança e atacou ferozmente. A batalha foi árdua e o clérigo percebeu que não tinha forças para banir o ser para o Abismo. Edward se ofereceu para conter o demônio em seu corpo e assim foi feito. Durante duzentos anos o paladino batalhou todos os dias de sua vida contra o espírito maligno que dividia seu corpo com sua alma, chegando a controla-lo e a usar seu poder em benefício do bem e da luz. Mas tal corrupção fazia com que sua Deusa não mais o visse com os mesmos olhos de antes e ele travou a maior batalha de sua vida. A batalha pela purificação de sua alma.

Baalthazar estava logo à sua frente nesse momento. Um esqueleto flamejante, munido de chifres. O rabo chicoteando de maneira excitada, como um felino que prepara o ataque. Nenhuma palavra emanava de sua boca descarnada, apenas a respiração pesada de Edward era audível. O paladino aponta sua espada em direção ao demônio, mas ao invés de se inflamar com o fogo da Fúria da Deusa, ela se apaga completamente, jogando Edward nas trevas. A gargalhada infernal do demônio invade os sentidos do guerreiro divino um instante antes de tudo virar nada.