por Katsumi Liqueur Ter Jul 10, 2018 5:55 pm
O som que sai da garganta de Yovanna é exasperado, e logo o mastim ao seus pés rosna nervoso, mas sem direcionar o seu compartamento a ninguém em específico.
-Já está morto. Agora não faz diferença. - Yovanna claramente se referia a Trent. O homem poderia ainda estar respirando, porém seu corpo já estava tão ferido e quebrado, que não era capaz de sentir qualquer outro tipo de dor. Ou mesmo entender o que se passava. E em mais alguns minutos finalmente sua vida teria terminado de se esvair, junto com o sangue que escorria profusamente por ser empalado.
Ela então olha para os grilhões na mão de Cohen, depois para seus olhos e, finalmente, em direção a Ashur.
-Este é exatamente meu ponto. Aqui estamos isolados de todos os outros planos. De outros multiversos. E sempre foi assim, a única regra fundamental. Até que sem qualquer tipo de controle, as invocações de fato começaram a vir de fora. - Sua tez empalidece rapidamente, seus olhos tornando-se ainda mais vivos. -Eu não entendo nada sobre planos ou deuses, na verdade. Mas sei as implicações do que aconteceu. Assim como sei que todos tentariam entender, independente de nossa segurança.
É então que Yovanna leva seus olhos para Aragorn, justamente no momento em que ele está afundando no corpo do diabo, cortanto suas bolas. Ela ergue uma de suas sobrancelhas e espera o mesmo guardar tudo, para continuar a falar.
-Você está sendo complacente se acha que não tentamos controlar. Na verdade, a magia em si não era algo estranho para a maioria de nós. - Sem dificuldade, e em segundos, a mulher cria uma orbe a alguns centímetros de sua mão, muito parecida com uma daquelas que o feiticeiro atirara no orc. A única diferença era o tamanho, pois cabia facilmente em sua palma. E o fato de se esvair sem causar nenhum tipo de dano, quando Yovanna passou os dedos entre a orbe, fechando sua mão num punho. -Mas essa é. Como se fosse mais pura, ou poderosa. Se antes o contato com a magia era como interagir com um rio tranquilo, depois, se tornou como tentar controlar uma cachoeira?
Ela balança a cabeça e deixa essa explicação de lado, e tenta voltar a ser mais direta.
-O que quero dizer é que tentamos aprender a controlar, e embora não tenhamos conseguido, nunca nada tão poderoso com isso aconteceu. - Ela olha novamente para os grilhões. -Eu gostaria de poder usá-los, na verdade. Mas acho que o aconteceu foi justamente isso. Esse poder, seja lá o que for, ficou aprisionado durante um grande percurso. - Ela faz uma pausa, calculando, e responde. -Algumas semanas, pelo menos. E ao ser liberto, estava potencializado de alguma forma. - Ela caminha até perto do diabo, agora completamente desmantelado e sem couro e se abaixa, o observando. Sua expressão é quase de admiração pelo feito. -O meu poder é o mais caótico de todos, e o mais ligado a invocações... Mas nunca nada desse tipo havia acontecido. É aterrador, na verdade.
Yovanna novamente se levanta, e dessa vez pega as algemas na mão de Cohen e as lança novamente no chão.
-Eu não procuro nenhum tipo de resposta, mas posso tentar ajudar vocês a encontrá-las. Temos uma dívida, afinal. E só eu fiquei para pagá-la. - Ela revira os olhos, mas não parece aborrecida com o fato. -Eu também não confio nesse poder, mas muito menos nesses grilhões, mesmo sabendo suas palavras chaves. Contudo, nós criamos algo parecido, é só arranjar um pedaço de corda e algum tempo, que consigo reproduzir o efeito. Mas só usávamos para dormir, para evitar surpresas... Por isso nunca teve um acúmulo. - Ela pende a cabeça para um lado, por um breve instante. E com sua voz cada vez mais rouca, continua:-Eu realmente vou ficar com a teoria de que foi por isso que uma criatura infernal pode aparecer ao meu lado. Ela é a mais saudável para minha mente, nesses instante.
Por fim, voltando-se especificamente para Cohen, responde outra de suas perguntas: -Não um feiticeiro, Crow era um deus. Ou ainda é. Ele sumiu faz muito tempo e muitos diziam que era louco. Não sei muito mais que isso, porque nunca me importei. Mas somos originalmente de perto de Llael, local onde ele ficava. Na verdade, eu não dúvido ter sido ele a nos foder com a magia. E fodido também nossa mente no processo.