John Darkblade

As mulheres trocam olhares e burburinhos -Não meu senhor, ninguém desapareceu nos últimos dias. Diz Isis, é a ultima coisa que John escuta antes de partir para o velho galpão.

Um dos prisioneiros está jogado em cima de uma poça de sangue, o outro está amarrado em uma cadeira velha de madeira, seu rosto lembra um tomate podre inchado e vermelho, os olhos estão fechados e com a carne negra, os lábios inchados e feridos, muito sangue escorre dos ouvidos, nariz e boca. Boa parte dos dedos das mãos fora quebrados e a maioria das unhas arrancadas, o homem emite alguns gemidos hora ou outra.

-Um dos desgraçados mordeu a própria língua e sangrou até a morte, o outro era duro e tivemos que pegar pesado mas acabou falando bastante, acho que não vai morrer senhor. Diz um dos cavaleiros, um outro relato as informações obtidas.
-Pelo que parece era um grupo que procurava sequestrar mulheres e tentar levar o máximo de recurso possível no caminho, não possuíam um objetivo maior. Falou algo sobre o incêndio no bosque, disse que viu lá do alto das montanhas. O melhor que conseguimos foi saber que o líder dos Irmãos da Lua, um clã das montanhas, conseguiu unir-se aos clãs Orelhas Negras e Corvos de Pedra.  Em suma os clãs passam a maior parte de seu tempo se matando, e o que resta desce das montanhas, se a maior parte deles aliar-se, mais homens sobrarão para descer das montanhas. Finaliza o cavaleiro

''O homem moribundo emite apenas gemidos - Não meu senhor, não sabemos onde estão, eles ficam sempre em cavernas no alto das montanhas -finaliza o cavaleiro a seu mestre. John desfere uma estocada rápida e firme no peito do selvagem, uma lufada de sangue sai da boca do homem e mancha o antebraço de John.
O homem das montanhas é enterrado atrás do galpão, os cavaleiros prosseguem até Pico da Águia sob olhares ousados e tchauzinhos pretensiosos.
Metade do caminho passa por grandes campos de trigo e pastos para animais a outra metade faz parte dos domínios que foram incumbidos a John, chão cinza repleto de colinas com alguns bocados de mato saindo pelas pedras . Ao norte o Bosque de Walt pode ser visto e a Oeste as ruínas.

John é recebido nos portões por seu escudeiro Aegor, que o ajuda com a armadura, armas e o cavalo - Meu senhor Sor Noah o aguarda com algumas noticias, avisarei a ele para ir até seus aposentos - Aegor não possuí o cabelo macio e dourado como ouro dos Goldwing, ao invés disso seu cabelo parece palha e o amarelo lembra mais areia. John passa por pátios e sobe escadas até chegar no seu quarto. A lareira foi recentemente acessa dando um ar de conforto ao local. Pêssegos e vinho adoçado com mel estão em cima da mesa, além de sua cama ter sido arrumada e amaciada e sua latrina limpa, Aegor sempre fora uma criança dedicada.

O velho cavaleiro mestre de armas da fortaleza bate na porta antes de entrar.
-O que aconteceu meu senhor? Questiona Noah. Vi o restante dos cavaleiros saírem da fortaleza quando cheguei, em direção as fazendas a seu pedido.
-Sobre as minhas informações, tem seis mercadores na praia, dois são da região e vieram a mando de seus senhores Tollet e Waxley. Dois são de Westeros vindo de regiões diferentes, e os outros dois de Essos, são esses que me chamaram a atenção com suas tendas vermelhas e negras. Infelizmente não podemos interroga-los, lord Brandon exige que soldados em nossa posição não crie problemas com os mercadores para não atrapalhar os negócios, talvez o senhor indo lá poderia fazer algumas perguntas.
-Acho que esta tendo uma pequena revolta na vila, não cheguei a olhar com clareza mas vi tumultos por lá. Finaliza o castelão

-Desgraçados - Sor Noah late ao saber do ataque - Me dê alguns homens meus senhor e eu subo as montanhas e mato os filhas da puta!
O castelão faz um aceno positivo para seu mestre e deixa o  quarto, John dirigi-se a passos longos e rápidos ao grande salão e percebe que Aegor e o escrivão Peter já o aguardavam. O escrivão é jovem de cabelos dourado e curto, olhos azuis e uma pele clara e macia, veste um manto de seda negro com a estrela de sete pontas bordada em branco no peito.
Peter aproxima-se do cadeirão de Pico da Águia, faz um reverencia respeitosa com um olhar sério a John - A que devo a honra meu senhor? - Sua voz soa macia como algodão, seus traços são delicados combinando com sua pele suave.

O jovem escrivão faz um aceno positivo e tímido para John - Meu senhor aprender a ler e escrever não é algo tão simples como manejar uma espada, exigi-se tempo! Paciência e dedicação além de horas de estudo por dia, pode levar meses e quem sabe anos! Seria uma honra ter o prazer de ensina-ló, mas infelizmente o senhor não aprenderá de forma imediata, mas poderíamos começar com o básico agora - Peter acomoda-se junto a John em uma das mesas de madeira e ensina-o a ler e escrever as letras de seu próprio nome. Aegor mostra-se confuso e ao mesmo tempo entusiasmado diante da ideia de aprender a ler e escrever.

Três homens de armas da fortaleza entram no salão seguidos por Sor Noah. Rufus líder da infantaria, Sor Krause líder dos cavaleiros e Peter líder dos arqueiros. Noah mostra uma expressão de confuso ao ver John sendo instruído pelo escrivão, mas ignora - Meu senhor, aqui estão os homens. Mas eu insisto deixe-me liderar esta campanha, dê me essa honra - Persiste o castelão.

''Sor Noah estica um grande mapa da região em cima de uma das mesas de madeira. John começa a proferir as ordens, pontos chaves de possíveis esconderijos são marcados no mapa além de rotas e caminhos conhecidos pelos locais que leva das montanhas as fazendas. Os vinte cavaleiros e cem homens a pé da fortaleza são destacados para fazerem a patrulha em toda região
-Meu senhor colocarei a cabeça do selvagem responsável por isso em sua mesa - Braveja Noah com um sorriso de satisfação no rosto - Homens em suas posições! Queremos tudo isso para agora!! - Finaliza o castelão. Peter apressa-se a anotar todas as ordens dadas por John enquanto sucos de suor surgem em sua face. O escrivão termina e entrega o pergaminho a Sor Noah.

Após o termino da reunião Peter aproxima-se de John - Meu senhor foi inevitável não escutar mas poderia me levar a vila com você? Tenho muitos conhecimento além da escrita e poderia ajuda-lo na viagem. A muito tempo não deixo a fortaleza e preciso de um pouco de ar puro para respirar -

John gasta mais algumas horas no patio junto a Noah, terminando os últimos preparativos antes do exercito deixar a fortaleza. O almoço constitui em um carneiro assado no espeto durante toda a manhã, marinado com ervas e coberto de sal, enormes peças de queijo branco, cebolas assadas em molho, bastante cerveja preta e vinho condimentado com espessarias.
Aegor e Peter fazem suas refeições ao lado de seu mestre antes de partirem, o escudeiro sela Passolargo e mais dois palafréns para a viagem.

O grupo segue pelo caminho passando pela fazenda Bela Vista, o percurso dura pouco mais de uma hora, o sol é uma moeda de ouro no alto do céu. Durante a viagem Peter toma a liberdade de dirigir a palavra a seu mestre - O que tem acontecido nas redondezas meu senhor? são os selvagens novamente? - Indaga o jovem.
-Não fale sem antes lhe ser dado a permissão escrivão - O olhar de Aegor perfura Peter como uma flecha, mas o escrivão não se abala e continua - Dizem que o inverno está chegando, eu li algumas coisas sobre isso, o grande verão está próximo do fim, as montanhas encherão-se de gelo - Peter da uma pausa - Isso poderia obrigar os clãs a descerem.
- E quem teme os clãs? somos cavaleiros do Vale e já lidamos com esses tipos a centenas de anos, o que um escrivão entende sobre guerra? Aegor rosna para Peter antes de John dizer algo.

O cheiro de peixe podre trás o alerta de que a vila está próxima, a cerca de madeira improvisada cheia de remendos e buracos pode ser vista a medida que o grupo se aproxima, a praia
dos espelhos ou praia do mercado fica a oeste, fora da vila e de suas defesas, um rastro de podridão negra pode ser visto espalhado pelo chão na entrada da vila.

Seis grandes tendas de cores diferentes e capacidade para uma duzia de pessoas podem ser vistas, ''a tenda negra é dos Tolletts de Vale cinzento, a negra com detalhes em branco  dos Waxley de Tocalar, a tenda azul pertence a um mercador de Porto Real e a beje a um de Vila Velha, a roxa de um mercador de Bravos e a vermelha de viajantes vindo de Volantis'', Aegor lembra as informações de Sor Noah dadas a John. Pelo menos uma duzia de Cavaleiros com os brasões de seus senhores fazem a vigília das tendas negras, dezenas de mercenários com cotas de malha guardam os mercadores de Porto Real, Vila Velha e Bravos, a frente das tendas. A tenda vermelha possui apenes dois guardas, homens altos como montanhas e pele clara feito leite, suas vestimentas são de seda amarela, tanto ombro como peitos e mãos fica expostos, um arak pode ser visto preso a um cinto de couro em volta de barrigas que mais parecem barris.

Muito dos mercenários que estão ali são rostos conhecidos para John, homens de armas que vendem suas espadas para senhores e mercadores da região. Um deles o reconhece e aproxima-se, faz uma curta reverencia e acena de forma positiva para o pedido de John. O guarda entra na tenda por alguns instantes antes de pedir para que tanto o escudeiro quanto o escrivão aguarde do lado de fora.

A maior parte de dentro da tenda esta preenchida com grandes baús de madeira reforçado com ferro, a uma cama para duas pessoas, um fio de fumaça sai de uma pequena fogueira já apagada no centro. Do lado oposto a entrada a um homem sentado em uma cadeira de madeira, anéis de ouro com pedras cravadas em azul e verde enfeitam seu longo cabelo dourado, usa um vestido de seda vermelho bordado com detalhes em fio de ouro, parece não ter mais de vinte cinco anos. A uma montanha de moedas de ouro em sua mesa, ele parece conta-las e depois as joga em um saco no chão, sempre anotando algo em um pergaminho - Sor John Darkblade, é um prazer, por favor sirva-se - pega uma jarra de prata e despeja vinho em um copo de bronze, mantem seu olhar nas moedas de ouro, seus olhos são negros como carvão - A que devo a honra para ter o vassalo de Lord Brandon em minha tenda?

-Hum.... - O homem faz uma pausa após as palavras de John, coloca a jarra de prata ao lado e demostra um uma expressão dura como pedra antes de um sorriso desenhar seu rosto - Desculpe a minha ignorância Sor, estou afogado em negócios como pode ver, sou Valor Veleneos, capitão do Vira Vento, transporto especiarias exóticas vindas além do mar estreito - É sabido por todos que Lord Brandon aprecia especiarias como o café e a pimenta, e sempre abastece seus estoques - Sim sou um Bravosi e de fato há dezenas de templos com religiões diferentes em Bravos, mas o único deus que me interessa é o ouro se quer saber, sobre o deus vermelho sei que eles usam prostitutas para sustentar seus templos - Valar faz um sinal de ''brinde'' com sua taça de bronze erguendo-a antes de dar um longo trago em seu vinho, o homem é de um sorriso cativante e seus traços são belos e delicados.

Velenos passa a mostrar-se incomodado com as indagações, o mercador entrelaça os dedos sobre a mesa e analisa a pergunta de John
-Dizem pelas ruas de Bravos que em tempos remotos os sacerdotes vermelhos sacrificavam pessoas pura para seu deus vermelho. Mas em nada isso me importa Darkblade, sou um homem de negócios e estou disposto a conversar sobre tal, tenho ótimas mercadorias além das espessarias, vestidos de seda vindo de Lys, talvez alguma de suas concubinas mereça um presente. Não estou acostumado com interrogatórios, se as mercadorias não lhe interessa tenho alguns assuntos para resolver no momento - Velenos enche sua taça com vinho, bebe um longo gole e volta sua atenção para o monte de moedas de ouro.

Velenos ergue a taça a cima da cabeça em sinal de ''saúde'' e esboça um sorriso sarcástico - Assim que tiver boas informações o procurarei Sor!! -

John deixa a tenda do Bravosi e segue para a segunda tenta vinda de Volantis. Aegor e Peter aguardam seu mestre do lado de fora da tenda - Meu senhor um dos guardas Volantinos nos abordou, ele disse que aguardam sua presença - Diz o escudeiro a John. E de fato aguardava, ao aproximar-se da tenda vermelha o guarda gigante saúda John com uma respeitosa reverencia e puxa um dos lados da cortina que cobre a entrada para a tenda - Meu senhor o aguarda Sor - A voz do homem soa como pedras rolantes.

Ao entrar na tenda uma explosão de odores diferentes invade o olfato de John, primeiro um cheiro doce enjoativo seguido por um vapor quente que faz arder as narinas e sobe até a parte de trás dos olhos de John, os fazendo lacrimejar. A tenda é grande pelo lado de dentro, pelo menos meia duzia de caixotes de madeira estão empilhados ao lado oeste enquanto uma cama grande de casal ao lado leste, a também uma mesa de madeira com moedas de ouro, taças de prata, penas e pergaminhos. Uma fogueira queima no centro do aposento, as chamas dançam de forma alegre e agressiva e uma cortina de fumaça preenche toda o aposento. A três indivíduos que parecem contemplar a fogueira, estão de costas para John, ao que parece ser uma mulher no centro e dois homens ao lado - Agradecemos por nossas lareiras e por nossas tochas, que mantêm o escuro selvagem à distância - Os três indivíduos entoam em uníssono antes de virarem para John.

-Seja bem vindo Sor - Diz a mulher com um sorriso no rosto, Jonh mal consegue enxergar com detalhe as feições dos indivíduos sem antes chegar mais perto devido a fumaça, a mulher possui a pele branca e os cabelos sedosos de cor castanho claro, suas bochechas são coradas com um rosa agradável e seus lábios carnudos e vermelhos como sangue, o homem na sua direita é alto e magro, suas feições são ossudas e sua cabeça careca, o outro é gordo como um porco e usa um bigode comprido na horizontal, usam roupas de seda fina de muitas cores diferentes, além de adereços de ouro e prata.