Ka escreveu:-- Sr. nunca vi nada igual, isso foi surpreendente. Sinto um pouco de inveja ao saber que há alguém tão habilidoso como o Sr. no mundo. Ao ver o ferimento parece que pelo inchaço a perna pode ficar ligeiramente maior. Se isso acontecer, posso fazer uma espécie de ferradura mais grossa para tentar equilibrar os tamanhos das pernas. No entanto o Sr. é o especialista e sou apenas uma ferramenta nas suas mãos.
O médico fica até um pouco envaidecido pelo tratamento quase pomposo que recebe.
- Ah, sim! Um mundo onde as pessoas preferem tratar tudo com magia não é fácil para pessoas como eu que buscam a cura com as próprias mãos! A medicina é subestimada por causa das magias de cura, mas isto reflete a ignorância deste povo que, boa parte do tempo, prefere agir como gado, esperando que os magos façam tudo por eles. (pausa)
Mm, é verdade, ossos quebrados se fundem mais fortes, mas nem sempre exatamente no mesmo tamanho. Não é fácil operar centauros, os corpos deles rejeitam nossos medicamentos. É uma vantagem contra venenos, mas um tormento para os médicos. Estou otimista quanto esta fratura. Agora teremos de esperar pelo menos dois meses para ver como realmente ficará. Se realmente der diferença, a ideia de compensar nas ferraduras não é ruim. Este guerreiro nunca foi ferrado, mas se for preciso recomendarei que lhe procurem, já que mostrou que é consegue trabalhar com medidas precisas.Quando apresenta um molde para Ĥarin, este não faz nenhuma observação adicional, dizendo que o desenho estava bom com revelo uniforme. Ele diz também que ficou sabendo que o médico aprovou os parafusos cirúrgicos. 3X2 para Ka.
Com seus colegas de trabalho a coisa continua meio travada. Ka tenta motiva-los, e até consegue um pouco de atenção, mas e equipe ainda não estava em sintonia. As aptidões dos outros três eram bem diferentes:
Lester era o ferreiro mais confiável. Sua maior vantagem é que trabalhava bem e honestamente. Sua desvantagem é que trabalhava devagar. Era detalhista, e se tivesse oportunidade de trabalhar numa forja realmente grande, poderia se tornar um verdadeiro artista. Ka podia confiar nele, mas as ideias de produção dos dois divergiam. Ka insistia que fazer a armadura toda de placas era melhor, Lester queria usar placas na anca do animal e malha no lombo, pois teoricamente ficaria mais confortável para fazer a sela. Ka lembra que planejava algo que pudesse ser adaptado para cavalos e centauros, o que poderia significar usar ou não sela. Lester diz que se for assim, o melhor é fazer uma parte cambiável em que poderia usar ou malha ou placas, dependendo de se ia ter ou não cavaleiro montado. Embora a ideia fosse boa, isto ia dobrar o tempo e aumentar o material em 1/3, fora a mão de obra.
Quando Ka pergunta "Se algum de vocês tiver uma ideia que faça a diferença para conseguirmos esta inovação, digam." Lester não apresenta uma sugestão, mas umas doze (até a hora que Ka para de contar). Os dois ainda iam ter que chegar a vários acordos sobre vários pontos, sobre como fazer a parte do lombo, das pernas e do peito. Felizmente parece que tinham menos divergência quanto a parte traseira. Lester começa fazer alguns esquemas sobre como proteger a anca do animal.
Seu irmão mais novo, Nester, já era bem diferente: não tinha realmente vocação para ferreiro, mas como o irmão tinha conseguido trabalho e Dafodil não tem muitas oportunidades, foram trabalhar juntos. Nester era 1/4 do ferreiro que Lester era, e ainda tinha um humor variável. Nos dias ruins era preguiçoso e irresponsável, mas nos dias bons tinha lá suas qualidades.
Nester preferia fazer serviços mais rústicos que artísticos, era bom arrumando carroças, reforçando escudos e, embora não fosse criativo, sabia seguir receitas para temperar, refinar ou purificar bem um metal. Tinha um bom "olho" para temperatura e consistência. Mas também tinha seus pequenos, mas explosivos, surtos de raiva quando não conseguia deixar o metal num determinado ponto, e já perdeu muito material por conta disto.
Nester não podia ficar com muito pouco álcool, ou não teria motivação para trabalhar bem, mas também não podia ficar com muito álcool, por motivos óbvios. Se Ka e Lester mantivessem observação, poderiam contar com ele em 4/5 do tempo, mas era difícil que ele não desse pelo menos uma fugida para ir atrás de uma meretriz, ainda mais se Ĥarin adiantasse parte do pagamento.
Seria interessante deixar Nester já examinando/preparando pelo menos parte do material.
- teste de ligas:
Para deixar Nester testando o material, Ka vai ter que definir QUANTO realmente vai usar de metal, pois Nester gosta de seguir receitas.
Ka e Lester concordam em usar mais de 50% de liga Cr-Mo, mas Lester recomenda não ignorar totalmente ligas de alumínio. A liga Cr-Mo era mais resistente, e podia ser feita até fina por causa disto, mas não era mais leve. E como dito anteriormente, a menos que dê muita sorte nas outras ligas, será quase impossível não usar pelo menos 10% de aço.
Pode fazer duas, três ou quatro rolagens com 2d10, cada uma valendo para 10% da preparação total. Para preparar aço, como Nester está mais treinado, ele usa alvo 13, liga de alumínio básica 13 também, já um alumínio um pouco mais temperado o alvo é 12. Cr-Mo ele é um pouco mais mediano, então a alvo é 11, mas se quiser que ele primeiro só purifique o molibdênio, alvo 12. Se quiser arriscar uma liga diferente que pose ser: (Fe-Cu Al-Cr Al-Mo Al-Mo-Cr Cu-Cr Cu-Mo temperadas ou não com carbono ou outras "coisinhas de ferreiros") o alvo será 12, mas neste caso com consequências mais tanto para erro como para acerto.
Erros ou acertos de um teste podem influenciar nos testes posteriores, caso o limite seja maior que 3.
E por fim tinha o Ricardo. Este Ka já tinha começado se arrepender de ter incluído no projeto, mas era o que sobrou.
Ricardo tinha um ego maior do que a competência, embora realmente não fosse medíocre, estava longe de ser melhor que Lester e Ka, embora obviamente se achava muito superior a eles. A moral de Ricardo também era algo flexível (no mínimo), e Ka já fica satisfeito de não ter ficado com o resto da platina, que poderia ter sido "perdida" por ali.
Ricardo diz que tinha contatos na Corte dos Milagres, e que, se eles tinham molibdênio (ou qualquer outro metal) sobrando, não importariam em "ceder" o que sobrasse, e que sabiam que ferreiros usavam este material a mais para margem de estrago, pois não dava para garantir que o metal ia sempre funcionar como devia funcionar.
De fato ele tinha contatos, mas a Cour des Miracles podia ser uma cobra com mil cabeças, e as cabeças que ele conhece podem ser bem diferentes das cabeças de Ĥarim, também era verdade que pedir "algum" material a mais para margens de erro era praxe, mas o algum de Ricardo era diferente do algum de Ka.
Para piorar, Ricardo guardava "algumas" rivalidades com Ka, ele alegava (entre outras coisas) que Ka espionava os trabalhos de Ricardo, roubando-lhe segredos. Isto poderia ser meia-verdade, de fato Ka tinha que prestar "atenção mais detalhada" quando era aprendiz, pois os "amigos" de trabalho realmente não queriam que ele ficasse bom demais, etc. etc. etc. (cansei de escrever tantas aspas)
Então Ka não poderia, por enquanto, tirar Ricardo fora do projeto, pois já tinha falado demais, e se a rixa entre eles piorasse, um deles teria de sair da forja. Além de tudo, fossem quais fossem estes "contatos" que ele tinha na Corte, em Dafodil NUNCA se podia ignorar contatos com a Corte, para o bem ou para o mal, normalmente para o mal. E Ka ainda era novato neste lance de contatos.
Era muito problema para se resolver em pouco tempo, e ainda tinha que procurar um mestre coureiro, portanto não resta escolha senão subir até o centro da cidade. Apesar da distância, esta parte se mostra mais promissora, pois o leque de profissionais parecem melhores. Ka resolve ir a uma parte do centro que parecia realmente um pouco diferenciada e encontra uma oficina cuja primeira impressão é muito boa. Talvez até boa demais para os padrões que tinha, mas afinal não era ele quem pagaria pela armadura (se tudo desse certo, claro).
Um nobre conversava com alguém que Ka presume ser o mestre coureiro.
- Suas últimas selas estavam muito duras, vou demorar o dobro do tempo para amaciá-las!- A qualidade não estava a contendo do Yüksek Kan?- A qualidade estava ótima, como sempre, mas eram duras demais. Estou deixando escravos andarem nelas para ver se amaciam!- Para este nível de qualidade o couro demora um mês para acomodar e dois para ficar perfeito. Posso fornecer uma pele de carneiro ou algum acolchoado a mais para dar mais conforto neste tempo, mas não tem como agilizar a acomodação dele. Não sem perder a qualidade.- Entendo, me irrita ter que usar escravos para isto. Mas vou fazê-los montar em animais inferiores para não cansarem nossos melhores puríssimos-sangue e ficar mais horas nas selas. Ain, um mês é muito tempo, mas que se há de fazer!!Enquanto conversam, Ka repara algumas peças na oficina, dá uma olhada numa sela e repara a costura, gostando muito. Embora fossem artes diferentes, Ka sabia o suficiente de couro para reconhecer um bom trabalho. Ele repara também no mestre coureiro, usando provavelmente toda sua paciência para não virar os olhos na frente de um cliente difícil.
- As últimas botas que me mandou, creio que cometeu um erro. Vieram dois lotes. Um deles está perfeito, mas o outro nem parece trabalho seu, é de uma qualidade visivelmente inferior!- Perdoe-me, Dom Conde, mas não há erros, o que me pediram foi um lote de gala e outro lote resistente, para usarem em batalha.- O lote de gala está aceitável, mas o segundo lote parece algo feito para escravos! Não é por ser resistente que precisa ser tão ruim!- Eu posso refazer, Dom Conde, mas garanto que as que fiz são para qualquer batalha. Não deformariam nem se o soldado atolasse até o joelho na lama, depois tivesse que ir para o deserto e antes de poder limpá-las ainda tivesse que enfrentar o gelo, ainda assim as botas não perderiam a qualidade!- Não podem perder o que não tem! E meus soldados não estão numa selva! Temos outros soldados ralés para andar em lama ou gelo. De que fez aquelas botas?- De couro de peixe-demônio é o mais...- Peixe-demônio!!! Eu bem disse que são dignas de escravos! Eu agora poderia até me sentir ofendido, se não fossem anos de bons trabalhos para o Kan! Não pagarei aquele lote, darei a meus escravos, não quero que eles percam os pés. Mas quero que providencie outro lote quanto antes!- Como queira, Dom Conde. De couro de crocodilo está aceitável?- Sim, como sempre!Ka não tem como não ouvir a conversa, e pensa com seus botões:
"Este cara deve queimar uma rosca mais rápido do que a fornalha da minha forja."Depois que o nobre sai, ele fala com o mestre coureiro. Ele inspira confiança a um primeiro momento e Ka vai explicando mais ou menos o que gostaria. O coureiro avalia a roupa de Ka, assim como ele tinha avaliado a sela do outro.
- Bem escura sua armadura, você mesmo quem fez? Parece pesada demais!- E é, mas não é uma armadura de batalha, e sim uma especial para me proteger na forja.- Hmmm!!...Ele demora mais alguns segundos avaliando, mas logo os dois se reconhecem como bom artesãos. Yasfen, o coureiro, ouve as primeiras instruções de Ka e diz que pode sim fazer um acolchoado para a armadura e sabe exatamente como deixá-la bem resistente contra flechas, e diz que tem umas cinco formas de se fazer isto. Neste ponto Yasfen faz Ka lembrar de Lester, o que é bom e ruim até certo ponto.
Yasfen teria de saber o peso da armadura de metal para ver quanto usaria de couro, pois seria praticamente uma armadura embaixo da outra, algo pouco comum. Obviamente eles teriam que trocar mais informações várias vezes.
O primeiro problema surge quando Ka diz que o trabalho era para la Cour des Miracles. Yasfen diz que fazia trabalhos para o Yüksek Kan e sua oficina pagava taxa de proteção para o Yüksek Kan (como a forja de Ka pagava para a Corte). Se tanto um grupo como o outro soubessem que eles trabalhavam juntos num projeto, isto PODERIA dar problema para um ou para outro.
Yasfen aceitaria o trabalho de Ka, mas quando fosse à oficina dele, não poderia falar o nome da Corte, e também não poderia levar a armadura a menos que tivessem sozinhos. A placa com o símbolo também não deveria ser levada para lá. Caso Yasfen precisasse ir à forja de Ka (o que talvez fosse mais simples), também não podia ser identificado.
Toda vez que precisassem se comunicar, ou que precisassem chamar Yasfen, Ka pagaria o garoto de mensagens (podia pagar um a 2 ki-kons, que vale meio kon, por cada ida, um pouco mais se tivessem que levar documentos importantes).
Quando Ka pede um orçamento, também fica um pouco assustado. Yasfen diz que, usando material próprio, o trabalho todo ficaria APROXIMADAMENTE 200 kons e levaria um mês para ficar pronto com qualidade garantida.
Ka não esperava menos de 50, e não se surpreenderia com 100, mas 200 parecia um tanto caro demais. E também esperava algo estourando com duas semanas. Quando Ka pergunta se não teria como fazer em uma semana, Yasfen ri (Ka sabia que era algo quase ridículo mesmo, mas tinha que perguntar). No fim o coureiro diz que pode providenciar algo com 3/4 da qualidade ideal em três semanas, mas que dependia de ter esquemas confiáveis sobre detalhes da armadura em mãos antes de começar. E também levar metade do preço do trabalho ou 50 kons até que Yasfen fizesse metade do trabalho.
Provavelmente Ka teria que ir mais uma vez até Ĥarin antes de confirmar, embora se tivesse confiança bastante poderia já fazer o acordo por ele mesmo e negociar com Ĥarin depois.
- off:
3/4 da qualidade a princípio parece bem aceitável para Ka, o tempo e o preço que pegam mais. Se quiser pode rolar comércio. O comércio se joga contra Q.I. para barganhar ou contra Percepção de quiser analisar o produto. Pode rolar só Q.I. ou pode rolar os dois.
Se quiser, no próximo dia, procurar ainda outro coureiro, terá de rolar 2d10, não mas 1d12 pois dos fáceis de encontrar, é pouco provável que ache outro melhor que Yasfen.
Apesar dos poréns, ter encontrado um bom coureiro já o deixa mais aliviado.
Ka aproveita que estava por ali, e bate na porta de Jussara. Afim, estava por ali...
Ela espia pela fresta da porta antes de abrir. Manda esperar um pouco. Uns dois minutos depois abre. Estava usando um manto simples por cima de uma roupa provavelmente simples também, e apesar da manhã já ir pro fim, parecia ter se levantado a pouco.
- Incomodo? - Pergunta Ka.
- Não! Eu na verdade acordei cedo demais, e estava preparando algumas raízes que só da pra fazer a noite, Kandel saiu para o porto e, já que tinha trabalhado muito cedo, acabei cochilando um pouco mais. Mas entre, vou nos preparar um chá. Pode ser de gengibre com limão? Ou prefere uma xícara de tauna?obs: "Kandel saiu para o porto" pode significar que ele trabalhe ou esteja buscando trabalho no porto, que realmente é um dos lugares com mais chance para um rapaz da idade dele. Ou pode ser que só foi lá fazer qualquer coisa mesmo.