- off:
off: terminei o tópico com uma pergunta: "Tem certeza que este coureiro é bom?" devo deduzir que apenas evita falar muito sobre o coureiro? Sem problemas se for, só que dependendo da resposta eu ia colocar mais coisa. Até o momento seu orçamento ficou em 1000 kons (60% de 600) dos quais tem que aumentar a mão de obra e diminuir o metal que foi dado, ele por enquanto pagou 300 kons e vai pagar mais 200 quando tiver com metade do projeto pronto, Yasfen também vai querer um adiantamento dele. Pondo as contas aqui só para não ter que ficar garimpando elas mais tarde.
Ka não entendia tanto de cavalos, mas mesmo um leigo percebia que os animais eram muito bem tratados. Haviam seis animais no estábulo.
Quando ele chega, o tratador pergunta quem é, o que quer, etc. Ele chama outro para confirmar que você trabalha para Ĥarin.
- É sim, pode deixar ele ficar de boa, Clau. O Ĥarin deu permissão para vir quantas vezes quiser.- Ok, então fica'vontade! Us bicho são manso, enquantu estão aqui. Os três cavalu de Ĥarin são estes, e... bom 'stes dois tamém pode'sê. Só não toque na Herdeira de Vedra. Ela não é dele.A Herdeira era uma égua negra do tipo que até um idiota perceberia como era especial. Era maior que os outros cinco. Seu pelo era tão negro, que uma ameixa-preta, do lado dela parecia uma ameixa-mulata. A musculatura e a crina da égua eram simplesmente perfeitas e era a única que não estava numa baia, mas ficava mais solta no estábulo. Ka percebe que ela nunca foi ferrada.
- Nunca houve um ferreiro macho o bastante para propor à dona dela por-lhe ferraduras. - Comenta um dos tratadores com um tom misterioso.
- Precisamos de permissão até para escová-la.Os outros animais eram: uma égua loira um tanto mais baixa que os demais, que parecia menos imponente, mas tinha boas patas. Um garanhão negro com uma macha branca no ventre que era o contrário, alto e pescoçudo, mas com patas finas. O terceiro animal de Ĥarin era um baio, que apesar de bonito, não parecia tão bom quanto os outros dois. Dos outros dois um também era baio e bem mais musculoso que os demais (só perdia pra Herdeira) e depois uma égua branca, magra mas que parecia uma corredora aerodinâmica.
Ele confere as medidas, e elas não diferenciavam muito da média que já tinha feito, mas percebe que entre eles haviam umas diferenças de dois ou três centímetros, isto só seria problema se as medidas chegassem a 5cm, esta diferença aparecia entre a égua loira e o garanhão negro, mas regulando para o meio dos dois a armadura provavelmente serviria nos cinco sem problemas. Ele ajeita uma ou outra anotação com as novas medidas e se dá por satisfeito.
Ka e Ricardo finalmente fazem uma barra descente de Cr-Mo-Al, ela fica mais leve que as outras, mas ainda tinha que passar no teste de resistência. E apesar de parecer melhor, os dois ainda não conseguem deixá-la "macia". Daria para ser moldada, mas aparentemente ainda não estava perfeita para as marteladas finais.
Ricardo ainda não se dá por totalmente satisfeito:
- Talvez com algo diferente, como ferro-fantasma ou lionio, cheguemos no ponto perfeito. Podemos pedir um adiantamento a mais para Ĥarin e arriscar no mercado negro. Ou quem sabe a própria Cour des Miracles arruma isto para nós! Talvez eu deva falar com eles.Ricardo gosta da ideia de batizar a armadura de RLN, apesar disto parece menos inchado do que Ka esperava. Ele vinha se comportando de forma anormal ultimamente, o que não era exatamente ruim, já que até então não causara problemas, e suas insistências acabaram se mostrando acertadas, embora se tivessem feito totalmente como ele queria, poderiam ter perdido mais material. Se continuasse assim por mais dois dias seria um feito e tanto.
Tiberys, o dono da forja, ultimamente passava pouco por lá e não ficava muito tempo, desde que tudo estivesse correndo bem, e felizmente estava, graças às taxas de proteção pagas à Cour des Miracles, e normalmente era Ricardo quem negociava estas taxas (depois de pegar a parte de cada um de vocês, claro).
Hoje era um dos dias de ver se Ricardo tinha tomado as providências, Os dois conversam, Tiberys dá uma fiscalizada da forja, vê as barras de Cr-Mo mas não parece achar nada muito diferente do normal (até porque só de olhar não eram tão diferentes de ligas mais ordinárias.
Ka aproveita para passar suas ideias sobre transformar parte da forja em caldeiras para calefação ou quem sabe um tipo de sauna. O velho miserável a princípio não parece gostar da ideia, principalmente porque teria de gastar dinheiro antes de ganhá-lo de volta, coloca um punhado de obstáculos "Já não esquentamos água para a própria forja?", "Mas será que isto não faria ela perder mais calor do que o que está sobrando?", "Será que as pessoas pagariam muito para isto?", "Teríamos de comprar a casa do vizinho para ter espaço..."
Apesar disto Ka busca convencê-lo pelo orgulho. O velho fica pensativo quando fala sobre o "Licores de Luas".
- Acho que já ouvi falar. - obviamente só falar, devia ser um lugar bom demais para alguém do nível dele, ou de Ka.
- Você foi lá?!?! Só ouviu falar? Mm, mas acha que saberia fazer um sistema parecido? Bom, TALVEZ possamos fazer uma pequena ampliação, experimental. Se não for tão promissora, ainda podemos usar a água em benefício próprio, afinal água fervida é água limpa, e isto pode vender...Ele sai sem demonstrar assim tanto ânimo, provavelmente só daria uma resposta daqui um mês. Ele provavelmente não esqueceria, pois gostava muito de ganhar dinheiro, mas também não apressaria, pois não gostava de gastar dinheiro.
Ka manda uma mensagem para Yasfen, e ela manda uma resposta poucas horas depois. Os desenhos dele eram bem menos artísticos que de Lester, e a letra dele era uma desgraça, ele diz que havia três expectativas de peso do metal nas anotações e que ele poderia fazer moldes primários para cada uma delas, mas se VOCÊ garantisse o menor peso (ele parecia cético, mas se estivesse usando aço normal qualquer artesão ficaria) ELE também poderia garantir menor peso da parte dele.
Ka percebe que não tinha pensado neste paradoxo. Ele pensava que, se fosse um coreiro, faria sua parte mais fina para compensar a parte mais grossa de um ferreiro, ou faria mais grossa se achasse que a parte do ferreiro não fosse barrar bem as flechas.
Mas pensando bem, Yasfen tinha alguma lógica: menos peso no metal era menos desconforto para o cavalo, menos partes duras para serem amaciadas e portanto poderia usar uma sub-armadura de couro também mais leve. Mas teria de fazer de tudo para atingir a meta do peso. Teria de dar o braço a torcer para Ricardo e talvez repensar em uma ou duas ideias loucas de Lester.
Yasfen faz mais algumas observações sobre a proteção das pernas, comenta que você esqueceu de colocar o suporte para sela de outros apetrechos (na verdade não foi esquecimento, caso a sela seja opcional no caso de um centauro) e outras coisinhas. Ele também pergunta se seu cliente aceita trabalho feito com couro de peixe-demônio.
O peixe-demônio, apesar do nome, não era uma besta demoníaca, e seu couro era conhecido por ser duro, EXTREMAMENTE duro. Um cinto de peixe-demônio poderia passar de avô para pai e para neto e ainda estar resistente. Mas esteticamente era horrível, e também desconfortável, por isto era uso em cintos, braçadeiras ou até reforço de escudos, mas quase nunca em botas e luvas.
Decifrar toda a mensagem dele cansa ou pouco a vista, Ka pensa em beber algo e ir dormir, mas quando ia fazer isto Tiberys reaparece na forja, com cara de quem comeu e não gostou e cuspindo marimbondo:
- Arrogantes malditos! Eles vão me pagar por me tratarem assim! - Ka fica perdido sem entender, mas não interrompe.
- Quer saber? Que se foda! Pois EU farei mesmo as piscinas de água quente na MINHA forja. Vou por a deles no chinelo. Quero ver o projeto que você pensou, MINHA forja será um sucesso. Ninguém humilha gratuitamente Tiberys Naudio!