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    [Agosto, 2018] - Nova Inglaterra, New Hampshire

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    Mensagem por Rosenrot Seg Nov 12, 2018 9:10 am

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    Agosto de 2018

    @Bastet
    Jake ficou calado enquanto Muriel falava sobre as origens irlandesas e toda aquela baboseira - achava tudo uma falácia - mas preferia não entrar numa discussão científica com a menina sobre a origem do próprio povo. Venhamos e convenhamos, não existia qualquer apoio arqueológico para a existência de "gigantes". Parte dele achava engraçado e interessante achar alguém como Muriel no mundo, talvez ela acreditasse em duendes também? Vai saber. Lembrava um pouco sua irmã mais nova, apesar de Jay ser mais cética sobre algumas coisas, a garota também tinha algumas crenças e comportamentos... Diferentes.

    - Achei o sinal de internet aqui muito bom. - Brincou, tentando quebrar o clima um pouco, não fazia ideia de como era o sinal de internet, quer dizer... Do seu celular estava funcionando bem. Ele ficou parado, observando Muriel enquanto a jovem surtava silenciosamente com as informações que tinha recebido. Se ele tinha notado alguma mudança na garota, não demonstrou, Jake desviou o olhar dela por um instante, os vagando pela propriedade, pensaria a respeito de todas aquelas coisas. Não gostava da ideia de cercar tudo... Mas depois dos acontecimentos da noite passada, também não tinha certeza de se queria que pessoas desconhecidas vagassem pelos arredores. Quer dizer, e se houvesse outro acidente como aquele?

    Apesar de parte de si não acreditar muito na ideia de acidente. Jake lembrava-se do tiro. Não era nenhum especialista, mas frequentava os stands e tivera aulas de tiro - não sabia porque, mas gostava da coisa, talvez pelo fato do pai ter sido um militar - e o ferimento em Anna não era um tiro acidental. Era algo bem calculado, muito bem acertado. Lambeu os lábios com a ideia. - Devem ser sim. Mas é um bosque. O máximo que vive aí são coelhos e esquilos. E depois de ontem, duvido que alguma autoridade negaria o pedido de cercarem o perímetro. Eu não quero um cara com um rifle de precisão no meu quintal, se é que você entende. Mas não adianta especular. Vamos saber dessas coisas depois que toda a investigação acabar.

    Ele se aproximou e pegou a caneca das mãos da jovem, dessa vez o toque do homem não parecia tão frio, ainda de não parecer tão simples como qualquer outro. Jake entrou na casa enquanto Muriel procurava pelos sapatos, depois voltou a aparecer na porta. - Você está bem? Quer que te acompanhe até em casa?


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    Mensagem por Bastet Seg Nov 12, 2018 2:29 pm

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    Agosto de 2018

    @Rosenrot
    Muriel não conseguiu prestar atenção no que o homem falava. A cabeça estava muito cheia de suposições que a aterrorizavam.  Apesar disso, ela não podia acusá-lo de qualquer coisa sem ter alguma prova... Nem era seguro fazer isso. Não tinha certeza se possuía poder o suficiente, sozinha, para enfrentar um caçador de uma família tão antiga e sem escrúpulos.

    Quando a varanda começou a girar, observou Jake se aproximar e sentiu seu toque em suas mãos, para pegar a caneca. Cada toque daquele homem a deixava mais confusa. Nunca era a mesma coisa. Nunca era seguro. Mas sua intuição não sentia o perigo que a mente tanto insistia em alertar. “Corre”, a mente alertava, mas a menina não poderia correr, naquele momento, nem mesmo se quisesse muito.

    A jovem não percebeu quanto tempo ele ficou dentro da casa... Mas, sem encontrar as malditas botas, estava decidida a ir pra casa só de meias mesmo. Só que o corpo não respondia tão bem às tão determinada vontade de partir. Quando ele apareceu novamente na porta, ela estava apoiada em uma das pilastras de apoio da varanda, que ficava perto da escadinha. A pergunta de Jake fez Muriel pensar. Ela não o queria em sua casa... Mas, como a casa era protegida contra pessoas com más intenções, era uma forma de saber se ele estava ali para fazer coisas ruins.

    - Eu... Estou um pouco tonta, agradeço a ajuda – disse, aceitando a ajuda que ele desse a ela, e pedindo pra pegaras botas, que já havia desistido de calçar.  Caminhariam pelo curto trecho até a casa dela. A maior parte do caminho era, ainda, nas terras dele, depois cruzaram uma pontezinha, e estavam bem próximos do terreno das O'hanrahan.  A casa era bem menor do que a dele e o terreno era basicamente um jardim bem florido na frente da casa e um quintal com um pomar na parte de trás. Tudo envolto por uma cerquinha branca, tão baixa que não parecia, de fato, ter sido construída para manter as pessoas longe.

    A cerca, na verdade, era pra proteger as bruxas de pessoas ruins. Quando chegaram na casa, Muriel abriu o portãozinho e foi entrando junto dele. Jake só passaria se não tivesse matado intencionalmente qualquer ser sobrenatural inocente. Mas, mesmo que entrasse, provavelmente sentiria um desconforto, como se o sangue esquentasse um pouco mais e a cabeça doesse de forma repentina. Ele podia não ser caçador... Mas seu sangue tinha muita violência ancestral.



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    Mensagem por Rosenrot Seg Nov 12, 2018 6:00 pm

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    Agosto de 2018

    @Bastet

    Jake moveu a cabeça em positivo, afastando-se da porta, mas antes fechando-a. Ainda tinha as manias da cidade grande, onde sempre era necessário deixar as coisas fechadas, talvez com o tempo absorvesse aquela aura de cidade pequena onde trancar as portas era opcional. Ele se abaixou para pegar as botas de Muriel e depois pôs-se ao lado da garota para caminhar.

    Estranhava um pouco o silêncio da local, era difícil se acostumar com a ausência da cacofonia dos carros, pessoas e tudo que acontecia em Manhattan, por um instante se pegou pensando onde - e o que - estaria fazendo àquela hora se ainda estivesse por lá. Trabalhando, provavelmente. Mas e depois? Não tinha certeza. Jake também não pretendia forçar um assunto, não era esse tipo de pessoa. Achava que as conversas costumavam fluir naturalmente e Muriel, não pela primeira vez, não mostrava-se confortável em sua presença. Não que ele se sentisse extremamente a vontade na dela também.

    Do "seu lado" da ponte, as coisas pareciam pacatas, sua casa estava lá isolada e solitária, erguendo-se majestosa entre as folhas e árvores. Após a ponte, ele podia ver a casa de Muriel e mais algumas ao longo da avenida. A maioria das construções ali eram apenas moradias, Jake não tinha visto muitos comércios naquela região, exceto por coisas fabricadas ou colhidas nas próprias residências. Perguntava-se como isso influenciava a vizinhança.

    Ele caminhava um pouco atrás de Muriel, mas mantinha o mesmo ritmo da garota, quando finalmente chegaram à casa da jovem, Jake não pareceu ter problemas reais para passar pelas proteções da residência. E se estivesse sentindo algo fora do normal, pareceu não demonstrar inicialmente. Abaixou-se, depositando as botas de Muriel na varanda da casa. Deu uma olhada muito breve em volta, antes de fixar-se na jovem.

    - Entregue. - Pôs as mãos nos bolsos, suspirando. - Sei que você tem essa coisa com ervas e afins... Mas se precisar de alguma coisa... - Moveu a cabeça na direção da própria casa. - Ouvi dizer que um médico mora por ali.


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    Mensagem por Bastet Seg Nov 12, 2018 8:56 pm

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    Agosto de 2018

    @Rosenrot
    No caminho até a casa da menina, nenhuma palavra fora dita. Muriel geralmente gostava de conversar e de conhecer as pessoas... Mas não tinha certeza do quanto gostaria de conhecer Jake. Tinha medo de descobrir coisas que não queria... Mas, ao menos quando chegassem em seu jardim, ela teria certeza se o coração dele era bom ou ruim. Quando ambos passaram sem nenhuma dificuldade, a menina respirou um pouco aliviada. Talvez estivesse surtando atoa... Mas precisava ficar de olho no médico. Nunca se sabe quando a sede de sangue irá despertar em um caçador.

    Após ele colocar as botas dela na varanda de casa, ela se virou para Jake e olhou em seus olhos por alguns instantes, como se procurasse algo ali. Logo ouviu o que ele dizia e deu um pequeno sorriso. – Pode deixar, doutor. Obrigada. Obrigada por tudo – disse, suspirando e indo para dentro de casa tirar as meias molhadas e descansar um pouco. Os últimos dias não haviam sido nada fáceis... E não parecia que as coisas iriam melhorar rapidamente.

    (...)

    Alguns dias se passaram desde o acidente na floresta. A cidade já parecia nem lembrar mais, apenas alguns frequentadores assíduos da lojinha da família de Muriel. A jovem passara seus dias lá, organizando as coisas e tentando se inteirar de tudo, já que agora estava tomando conta sozinha do lugar... Mas claramente não tinha dons para a parte financeira de se ter uma loja. Apesar disso, se esforçava todos os dias, pois o lugar fora muito querido pela avó e ela não o perderia para a prefeitura.

    Jake e Muriel se esbarraram algumas vezes. Seja na volta para casa, nas lanchonetes ou no hospital, quando finalmente liberaram o corpo de Anna. Não trocaram muitas palavras, mas, os dias tendo passado, os encontros pareciam ficar menos estranhos.

    A polícia ainda aparecia vez ou outra na casa de ambos, mas já haviam liberado a cena do crime.  Nenhuma pista do atirador havia sido encontrada e Muriel temia que arquivassem o caso como muitos outros “sem solução”, que haviam acontecido na cidade, no passado.

    (...)

    As coisas na casa de Jake pareceram acalmar também. Sem a polícia ali, ninguém mais havia perturbado as suas terras. Ainda sim, o médico achara melhor indicar, com placas, que o terreno possuía dono.

    Na primeira noite após ele colocar as placas, algumas coisas estranhas começaram a acontecer. No momento em que ele deitou na cama, começou a ouvir um barulho vindo do teto e das paredes, como se fossem pequenas passos ou algum roedor que havia entrado na casa e feito ninho. O barulho era baixinho, porém fora constante naquela noite.

    Independentemente dos esforços dele para encontrar e acabar com o tal “rato”, as noites seguintes seguiram disso para pior. Numa delas, ele acordou no meio da noite com todas as janelas da casa abertas e um frio gigantesco tomando o seu corpo; em outra, pela manhã, todos os alimentos perecíveis da casa pareciam estragados; outra noite ele foi barbear o rosto e as lâminas estavam cheia de alguma gosma desconhecida... E, naquela manhã, as janelas estavam abertas novamente, o seu chinelo de ficar em casa não estava ao lado da cama e o casaco também não. Ele os encontraria na varanda, em frente da porta, com uma das placas fincadas no chão de madeira, furando um dos chinelos e a manga do casaco.

    (...)

    Muriel não estava dormindo bem naquela semana. Estava muito preocupada com as finanças da loja e com o funeral da avó. Sabia que a avó gostaria de ser cremada e ter as cinzas espalhadas na clareira... Mas Jake havia deixado claro que não queria ninguém lá.

    Naquela manhã, acordara tarde. Enquanto tomava café, olhava para a urna da avó, tão triste com aquela prisão de metal.  Suspirou, sabendo que precisava fazer algo. Pegou um pedaço de bolo que havia ganhado dos vizinhos, pelo luto, e colocou em uma cesta, junto com algumas maçãs do pomar.  Foi colocar um casaco por cima do pijama de flanela e seguiu para a casa de Jake, torcendo para ele estar de bom humor...


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    Mensagem por Rosenrot Seg Nov 12, 2018 10:51 pm

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    Agosto de 2018

    @Bastet

    Retornar ao trabalho tinha sido algo bom para Jake. Sentia falta do ambiente estéril, da movimentação de um centro cirúrgico - mesmo que o de New London fosse menor e mais pacato - e de toda a coisa que envolvia sua profissão. Ele não passava muito tempo na cidade e ia a lugares já pré conhecidos - como a loja de Donuts -, tinha terminado de desempacotar as coisas e também de arrumar a casa. As coisas pareciam estar se ajeitando e voltando ao prumo. Não pensava muito a respeito de Muriel, apesar de às vezes sentar-se e tentar se lembrar melhor do que tinha acontecido naquela noite. Suas memórias ainda brincavam com sua cabeça.

    Ele usou o tempo vago para desenhar - e começar a construir - um deck para o rio em frente à casa. Jake gostava de fazer as coisas por si só, e logo o projeto saiu do papel levando poucas semanas para ser construido e decorado. Muriel podia vê-lo, às vezes, no fim do dia sentado no deck bebendo e lendo alguma coisa. Parecia sempre bastante concentrado no que lia.

    Quando a policia finalmente deixou o lugar, ele providenciou que a parte do Bosque de dava para a floresta fosse devidamente sinalizada, avisando aos visitantes e passantes que o lugar era propriedade privada e a caça e permanência precisava ser autorizada. Não levantará cercas - ao menos não ainda - e não estava também disposto a impedir que as pessoas passassem por ali, mas achava de bom grado que os possíveis caçadores soubessem que era uma área residencial, não um lugar para caçar.

    Então as coisas estranhas começaram - como tinham começado em Manhattan -, por alguns dias, Jake tentou lidar com elas de forma natural e crível. Até mesmo a coisa do chinelo, fez uns B.O.s apenas para constar, mas a certo nível, ele sabia bem o que precisava fazer. Então, numa noite em que a casa estava gelada de novo, Jake fez uma ligação, ela não durou muito, mas sabia o peso do que acarretava tudo aquilo. Manhattan tinha voltado - menos tensa, mas tão estranha quanto.



    ...


    No dia que Muriel resolveu visitar o vizinho, ela pode notar que um segundo carro estava estacionado na frente da garagem, era um carro de estrada, com aparência desgastado e bastante sujo de terra e lama. Não se lembrava de ter visto aquele carro antes, ele possuía muitos adesivos, de estados e até países diferentes. Quando Muriel se aproximou da porta, ela teve uma sensação estranha, como se ali, agora tão próxima a casa, suas energias fossem... Subjugadas. Sentia-se bem, na parte "humana" da existência, mas seu sangue ancestral parecia impedido de funcionar ou de ser amplo. Pode notar algo que não existia antes na "decoração" da casa. Nas paredes do lado de fora, haviam luminárias rústicas, elas estavam postas em pares ao lado das janelas e das portas.

    Muriel sabia que não eram apenas enfeites, porém, mas bateu à porta assim mesmo. Demorou um minuto ou dois, até ela ouvir passos dentro da casa e a porta se abrir.

    Mas não foi Jake quem ela viu.


    ...



    [Agosto, 2018] - Nova Inglaterra, New Hampshire - Página 2 8b21b39894b8d62d0b06234dcba0c785


    A mulher que abriu a porta para Muriel tinha os cabelos longos e vermelhos - iguais aos dele, apesar de um pouco mais claros - a trança batia praticamente em sua cintura. Ela usava uma calça jeans surrada, botas escuras uma camiseta branca e a uma blusa masculina azul de botões por cima. O rosto estava coberto de sardas. Mas provavelmente não seria isso que mais chamaria a atenção de Muriel. Ela tinha um colar no pescoço que emitiu um leve brilho nas runas quando Muriel o olhou e a mulher lhe encarou com um olhar certeiro e inquisitivo que deu a Muriel absoluta certeza de que a ruiva sabia o que Muriel era. Ela manteve uma mão na porta e a outra na cintura, tinha um sorriso leve no rosto.

    - Hey, Jake, acho que você tem visita. - Ela se afastou da porta, deixando passagem livre para Muriel que pode ver Jake descendo as escadas e se aproximando da porta.

    - Oi, tudo bem? - Parecendo um pouco preocupado quando viu Muriel. A ruiva pegava uma mochila na sala e a pôs no ombro, voltando a andar na direção da porta.

    - Vou dar uma olhada na tal da clareira que você comentou, Jake. Talvez eu ache algo... Interessante por lá. - A última parte da frase foi dita olhando para Muriel, então a jovem passou por eles, esbarrando na bruxa propositalmente. Jake suspirou indicando que a jovem entrasse, se quisesse. A sala estava arrumada - diferente do caos de caixas de antes - era um ambiente agradável... Bem, talvez fosse mais, se Muriel não sentisse que a casa anulava suas magias propositalmente.

    - Aquela é a doida da minha irmã mais nova... Você quer um café...? - Ele perguntou, afastando-se para entrar na cozinha, enquanto a ruiva subia a trilha da floresta em direção a clareira.

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    Mensagem por Bastet Seg Nov 12, 2018 11:50 pm

    New Hampshire
    Agosto de 2018

    @Rosenrot
     Enquanto saía de casa, Muriel avistou uma coruja em uma das árvores próximas à casa. Observou o animal por alguns instantes, desconfiada: corujas podem ser sinal de boa sorte ou mau presságio... A menina soube no instante seguinte o que era. A coruja, assim que ela fechou a porta, veio voando em sua direção, adquirindo uma velocidade absurda. Se Muriel não tivesse abaixado, teria se machucado. A coruja bateu no vidro da porta, caindo no chão da varanda, morta e toda torta. – Era só o que faltava – suspirou, colocando a cestinha de lado e pegando o corpo do animal com cuidado e levando para o rio. “Que a água leve todo o mau presságio que essas asas trouxeram para a minha casa. Que a alma desse ser viva em um corpo de melhor fortuna”, mentalizou e deixou a água levar o corpo do animal morto. Logo voltaria para casa, um pouco menos animada, porém mais decidida. Não era bom ter as cinzas de uma bruxa em casa... Elas são parte da natureza, nascem dela e para ela devem voltar a pós a morte. A jovem lavou as mãos e pegou a cestinha, fechando o casaco enquanto andava.

    (...)

    Assim que cruzou a ponte, um frio sobrenatural tomou conta de seu corpo... E, em seguida, a medida que ela andava em direção a casa do médico, deixou de sentir tudo... Todo seu poder, sua magia, sua intuição... Era como se fossem anuladas pelo gelo daquele local. – Que estranho – falou para si mesma, vendo que Jake tinha visitas. Não planejava demorar, então  continuou em seu caminho.

    As coisas ficaram ainda mais esquisitas assim que chegou na varanda e bateu na porta. Ao olhar as luminárias entendeu o que estava acontecendo. – Não há fogo que não se apague – disse bem baixo, antes de a ruiva atender. Piscou uma ou duas vezes com o brilho do colar e estreitou os olhos para a mulher.  Não disse nada, até ela começar a sair – Cuidado, as coisas interessantes possuem mais olhos para observar do que você possui para achar algo – disse, baixo, num tom que Jake só ouviria se tivesse prestando muita atenção. Não precisava dos poderes para saber que aquela mulher era da família de Jake... E ela, provavelmente, era uma parte da família ativa.

    Muriel não recusou o convite do homem, entrando na casa e olhando em volta – Você tem um bom gosto de decoração. Mas cuidado com as velas na porta. Elas podem causar um incêndio, a casa é de madeira – alertou, sem tom de ameaça.  – Eu aceito, por favor – disse, seguindo ele e colocando a cesta no balcão – A nossa outra vizinha cozinha muito bem, depois prova isso – disse, se encostando na bancada e vendo ele preparar o café.

    - Eu não vou demorar muito... – disse, avisando que não iria incomodar – Mas o bolo tem um interesse por trás – deu uma risadinha. Pegaria o café quando ele levasse para ela – Prometo que não vou te incomodar mais com isso... Mas eu gostaria de jogar as cinzas da minha avó na clareira... Você pode vir junto, não ficarei mais que o necessário. Depois respeitarei a sua propriedade – parecia “murchar” ao dizer aquilo. Aqueles bloqueadores usados ali, o ceticismo dele e a venda do local poderiam ser o suficiente para acabar com toda a magia da clareira, caso nenhum ser cuidasse dela... Mas não queria se meter em brigas no momento. A menos que a irmã dele ameaçasse, além da clareira, os outros seres que viviam na floresta e na cidade.


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    Mensagem por Rosenrot Ter Nov 13, 2018 7:50 am

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    @Bastet
    Quando Muriel terminou sua frase, ela pode ouvir um riso - quase uma gargalhada - alta e clara, vindo da trilha da floresta, parecendo ser em resposta a sua frase. Mas como poderia, não era? Como poderia a ruiva ter ouvido o que a garota disse se aparentemente nem mesmo Jake, parado próximo a si ouviu.

    Como poderia?

    A casa estava perfumada e por incrível que parecesse - para um homem solteiro - arrumada e bem organizada. Jake parecia ser um sujeito metódico, mas lá dentro, a sensação de anulação que Muriel sentia era ainda maior, era como se parte dela tivesse simplesmente ficado do lado de fora, proibida de entrar. Mesmo olhando em volta, ela não poderia identificar ou localizar os objetos - ou itens - usados para isolar a casa daquela maneira, quem quer que tenha feito - e isso provavelmente era trabalho da mulher que sairá porta à fora - o fizera muito bem, longe do alcance dos olhos.

    Muriel pode notar alguns porta retratos nos móveis, do que era a família de Jake: a mãe era uma mulher alta, de cabelos vermelhos-sangue curtos e bem cuidados, o pai um sujeito tão alto quanto, apesar da idade mais avançada, tinha um porte físico parecido com o de Jake e os cabelos antes loiros estavam ficando brancos - aquilo explicava porque Jay, a mulher, tinha um ruivo mais claro do que do irmão -, ele tinha muitas fotos com Jay, em lugares diferentes, viagens provavelmente e os irmãos pareciam ser bastante unidos.

    Jake não demorou para por a caneca de café frente a Muriel. O lado da bancada em que ela estava, possuía aqueles bancos altos de bar, bons para sentar-se num momento daqueles e apreciar o café. Ele deu um sorriso leve. - Você sabe que fogo precisa de oxigênio para acontecer, certo? - Brincou de leve, movendo os ombros. - Aquilo é só decoração, não é pra acender, segundo minha adorada e excêntrica irmã, para "dar um ar de interior", não tem como por fogo e ele ficar acesso por muito tempo a não ser que você deixe a tampa do pote aberto ou faça furos neles.

    Moveu a cabeça sobre o bolo, pegando a cesta e dando uma olhada, antes de focar-se em Muriel.

    - Sinceramente não estou entendendo bem vocês. - Jake disse, cruzando os braços, agora parecia levemente aborrecido. - Eu não proibi vocês de irem pra lá e nem vou fazer isso, é um bosque, pelo amor de Deus. - Suspirou, passando a mão no rosto. - O que eu fiz foi por um aviso aos caçadores que eles estão saindo da floresta, eu não quero que uma criança brincando por ali seja atingida por um tiro porque um babaca estava caçando um cervo e não viu que entrou num lugar residencial.

    Ele se afastou da bancada, voltando-se à pia para lavar as coisas usadas para fazer o café. - Mas parece que a vizinhança está agindo como se eu tivesse erguido um muro em volta da casa, cavado fossos e jogado jacarés neles pra ninguém entrar.

    Era claro que em sua cabeça - apesar de estranhos - os acontecimentos não passavam de alguma "retaliação" dos vizinhos a ideia de por placas, Jake ligará para a irmã depois de uma mensagem dela, com palavras estranhas e perguntas sobre como estavam sendo as coisas por lá. Ele comentará sobre alguns acontecimentos e Jay pediu para ser informada se tudo continuasse, quando ele afirmou que sim, a jovem disse que estava a caminho para "dar um jeito na vizinhança".

    - Você pode ir lá agora se quiser, Jay foi dar uma olhada, ela gosta dessas coisas, igual a você. - Ele moveu os ombros, com os braços cruzados, parecia cansado, apesar de sua aparência agradável. Então Muriel ouviu um barulho vindo da escada, Jake também olhou naquela direção e o que ela viu talvez a surpreendesse um pouco: um Maine Coon desceu as escadas que davam para o andar de cima, o gato parou no último degrau e olhou Muriel por um instante com indiferença, antes de mover-se na direção de Jake e saltar no balcão da cozinha, o homem passou a mão na cabeça do felino, fazendo uma caricia leve e depois o pegando para tirá-lo da bancada, colocando-o no chão de novo. - Desculpe por isso. Ela é meio territorialista. - Brincou. - Mas você pode ir à clareira sempre que quiser, não tem problema nenhum.

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    Mensagem por Bastet Ter Nov 13, 2018 10:29 pm

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    @Rosenrot
     A risada da ruiva, antes de entrar,  incomodara a bruxa. A presença daquela família ali estava sendo, no mínimo, incômoda. Jake era na dele, apesar das placas e da postura altiva, então não incomodava tanto... Mas a irmã, a mulher era problema, com toda certeza. Um caçador atraia o outro, esperava que figuras piores não aparecessem.

    [...]

    Como sempre, Muriel não parecia muito confortável dentro da casa. Mas dessa vez, aparentemente, não era com a presença de Jake, mas com o ambiente em si. Não chegou a reparar na decoração, não sentiu o perfume agradável, apesar de ele lhe pinicar o nariz, só conseguia sentir falta da parte essencial dela, que havia sido anulada ali. A menina por vezes se distraía, observando os objetos... Mas sem os seus poderes era difícil encontrar o que estava causando aquela anulação tão poderosa dentro da casa.

    - O fogo só precisa de uma chama, senhor Macbender. E geralmente é quem acende que se machuca – disse, não conseguindo entrar muito no clima descontraído dele, nem parecendo a doida de sempre... Só estava dizendo o que dizia, sem ânimo, sem brilho no olhar.

    [...]

    Na cozinha, ouviu o que ele dizia, observando o gato peludo perambular pelo ambiente. – Eu não sou igual a sua irmã – de toda a fala dele, aquela foi a primeira que Muriel respondeu, soando mais na defensiva do que gostaria. Achou curiosa a interação de  Jake com o gato... Caçadores não costumavam ter animais de estimação... Ou ao menos não tinham animais tão pequenos.  – Sabe, as pessoas aqui, no geral, não entrariam na sua propriedade ou na sua casa. Na floresta... ou no bosque, como você gosta de chamar, muitas pessoas iam passear ou fazer o que tinham de fazer ali. E você afastou todo mundo. O caçador, se apareceu lá uma vez e teve coragem de fazer o que fez, não vai se afastar por algumas placas  – suspirou – Mas é seu direito. E não me senti confortável em ir lá sem pedir permissão – explicou, não parecia brigar ou algo assim, parecia cansada. O ambiente oprimia boa parte do que era vital para a jovem.

    Quando a gata pulou na bancada, no meio da conversa, Muriel se distraiu. Esticaria a mão para o felino cheirar, acariciando sua cabeça, caso permitisse. Logo deu um pequeno sorriso, bebericando o café que já estava esfriando – Qual o nome? –  perguntou e logo assentiu à ultima frase dele – Certo. E você pode vir comigo, quando quiser. Nem tudo é... obscuro, como a noite que nos conhecemos –  Não pensara se aquele truque da irmã dele anularia o feitiço do beijo. Mordeu o lábio após falar aquilo, sentindo que estava se arriscando demais.

    Bebeu o resto do café, esticando a xícara para ele – Obrigada. Eu vou lá mais tarde, então – fez questão de dizer quando iria levar as cinzas. Ia começar a sair da casa, quando parou na porta da cozinha e olhou para ele – Nem tudo é sombrio – disse, e sairia, se ele não dissesse mais nada.

    [...]
    Quando saiu de lá, quis testar até onde a anulação se estendia... E o que Jay estava fazendo na floresta. Foi andando, observando as árvores e a vegetação. Os pássaros tinham um canto baixo, as flores não estavam com tanto vigor. Era triste. Ao chegar na clareira, não viu a ruiva.

    - Eu não quero o mau pro seu irmão – disse, sabendo que se a mulher ouvira da distância entre a casa e a trilha, ouviria ela falando ali – Podemos conversar?


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    Mensagem por Rosenrot Qua Nov 14, 2018 9:29 am

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    Agosto de 2018

    @Bastet
    - E de oxigênio. - Ele sorriu de leve, tentando manter o bom humor. A verdade era que o assunto estava começando a lhe irritar, por um instante muito breve, quase levou a consideração as recomendações de Jay. Suspirou de leve.

    - Sim, Muriel. Eu afastei todo mundo: eu fui lá à noite, atirei em alguém e matei essa pessoa. Foi exatamente eu quem assustei todo mundo, sim. - Lambeu os lábios, parecendo pensamento. - Eu posso até entender toda aquela coisa sobre tentar não sentir pesar pela morte e tudo mais. É bonito, é poético, mas ignorar o que aconteceu é meio doentio, Muriel. E tudo com o que você está realmente preocupada é com uma placa que diz "Cuidado: área residencial, pessoas vagando pela mata." - Ele moveu os ombros, afastando-se levemente da bancada e tirando as coisas da cesta, colocou-as na pia e depois depositou a cesta de volta na bancada.

    Jake começava a achar que as pessoas daquela cidade eram malucas, ou viviam numa utopia distorcida em que ter acesso a um monte de árvores era mais importante do que o fato de que alguém tinha sido assassinado. Lembrava-se de alguns poucos casos em Manhattan, onde precisará lidar com a policia graças aos pacientes que recebia vitimas - ou autores - de algum crime... As coisas lá pareciam muito mais diferentes - e humanas, de certo ponto de vista - do que naquela cidade. Ele era um sujeito calmo na maior parte do tempo, mas também tinha parte do seu famoso temperamento irlandês.

    - Não sei não, Muriel, enquanto as pessoas dessa cidade parecerem se importarem mais em terem acesso as árvores do que com a vida de alguém, acho que as coisas são sim, sombrias. - E aquele era Jake, tão ligado a vida, porque era o que ele realmente dava valor, não tinha tornado-se médico por puro capricho, a verdade era que fazia da sua vocação pare

    Quando a gata saltou sobre a bancada, quebrando um pouco do clima tenso que se instaurou. - Eluna. - Respondeu, revelando o nome do gato. Ele moveu a cabeça, mas não parecia nem um pouco interessado em acompanhar Muriel em sua pequena jornada para a clareira.


    [...]


    A clareira estava silenciosa, difícil saber se isso era bom ou ruim, durante o caminho, Muriel não pode ver qualquer placa ou qualquer coisa que se referisse aos avisos que Jake tinha deixado, aparentemente não estavam visíveis próximos a clareira. As coisas lá dentro não pareciam ter mudado absolutamente nada, exceto pelo rastro visível de que muitas pessoas - os policiais - estiveram ali recentemente, o lugar era o mesmo. Ali, um pouco mais longe da casa, Muriel sentia suas energias retornarem, não completamente, mas estavam presentes uma vez mais. Jay não disse nada, quando Muriel falou, a ruiva estava com a mão numa árvore, ao fundo da clareira e de costas para a "entrada" do lugar.

    - Tudo tem uma memória. - Ela disse repentinamente, como se tivesse ignorado a pergunta e as palavras de Muriel. - Tudo pode te mostrar o que aconteceu, tecer a história com mais detalhes... Mas vocês provavelmente nunca estão interessadas em saber, é mais fácil acreditar no que é contado, mas simples não buscar a real verdade. - Ela sorriu de leve, batendo as mãos para tirar a sujeira. - Magia de sangue. Estão matando umas as outras, agora? Isso é curioso. Tenho que me lembrar de por no livro.

    Ela moveu-se um pouco, olhando em volta e parou próximo ao toco da velha árvore. - Muito tempo atrás, quando essa clareira era mais floresta do que bosque e quando essa árvore ainda estava de pé, três mulheres foram enforcadas nela. Dorothia, Bea, Antonieta. Provavelmente suas ancestrais. - Ela fez uma pausa, para ter certeza de que Muriel estava acompanhando. - Minha tatatará tanto-faz avó veio até aqui com um banquinho, quando ninguém queria e cortou as cordas, sozinha ela arrastou os corpos das bruxas para a floresta e lhes deu covas com memoriais celtas, se você andar um pouco para o norte, talvez as três cruzes celtas ainda estejam de pé por lá. - Muriel moveu os ombros, achava que o restante da história não era interessante ou ao menos não queria contá-la. - Ela pôs a árvore a baixo e disse que vocês eram sempre bem vindas aqui... Desde que não fizessem mal aos humanos. Você sabia disso? Deve saber, não é? Que os teus caçavam a matavam os meus, até mesmo faziam deles refeição. As bruxas e feiticeiros sempre contam terríveis histórias sobre como os caçadores são impiedosos e cruéis, terríveis e malignos... Mas não contam por que os caçadores surgiram, não é? - De novo outro mover de ombros. - As coisas estavam indo bem, nenhuma atrocidade acontecendo, a comunidade prosperava... Até que o Coven resolveu que os humanos eram gados, não amigos. Crianças começaram a desaparecer, as colheitas morreram, animais ficaram doentes.

    Ela suspirou, sentando-se na beirada da árvore. - A partir dai há duas versões da história. A das bruxas e a dos caçadores. O que contam para nós é que na Clareira na noite do "suicídio" estava sendo feita uma magia de sangue que cobriria a cidade com uma névoa e levaria todo e qualquer um que não se curvasse ao Coven, o que contam para as bruxas é que os malvados caçadores as mataram de forma fria e covarde.

    Ela deu de ombros levemente, respirando fundo e deixando o ar sair pesado pelas narinas. - Você pôs um feitiço no meu irmão. - Voltou-se para Muriel, os olhos fixos nela. - Isso não foi uma coisa boa.




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    Mensagem por Bastet Qua Nov 14, 2018 4:14 pm

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    Agosto de 2018

    @Rosenrot
     - Apesar de você não parecer querer entender, Macbender, eu vou te explicar – disse, quando ele começou a falar aquelas coisas sobre ela e a população ligar mais para um lugar do que para uma vida – Para as outras pessoas, provavelmente pouco importa realmente a vida da minha avó ter sido perdida daquela forma. Mas não venha dizer que me importo mais com a clareira do que com isso – disse, balançando a cabeça em negativo – Sabe o porquê de eu me importar tanto com o lugar? É por que lá, onde eu vi a minha avó ser assassinada, foi onde eu aprendi com ela muita coisa, onde nós íamos no domingo para fazer um piquenique, onde ela me contava histórias como a dos Gigantes, que para um adulto pode parecer bobo, mas para uma criança era a coisa mais fascinante... Olhar as árvores e imaginar se os gigantes eram maiores ou menores do que elas. Se você começar a viver a sua vida pensando só nos infortúnios que ela tem, não vai ser feliz aqui, como não parece ter sido em outro lugar   - suspirou,  pela primeira vez falando bem séria, como uma “adulta” de verdade.

    Jake continuou a sua fala, em resposta ao comentário da bruxa sobre o lugar ser menos sombrio do que parecia – Você está colocando as sombras no seu pensamento. O mundo não é do tamanho da cerca que vc tá colocando em seus olhos. -  disse e logo a gata pulou – É um bonito nome – disse e deu de ombros, acariciando ela de leve antes de entregar a xícara para ele e ressaltar, novamente, que nem tudo ali era tão sombrio quanto parecia.

    [...]

    Ao sair dali, estava um pouco triste. Não gostava de se desentender com ninguém.  Foi andando em direção à floresta meio cabisbaixa, observando o lugar a sua volta. Ao cruzar a primeira árvore, uma fagulha de magia cresceu em si. Ela suspirou, dando um sorriso. Ao menos ali podia se sentir um pouco ela mesma. Foi andando até a clareira, onde chamou Jay, com uma “bandeira branca” estendida.

    Apesar de a tia ser mais envolvida com covens e magias, a jovem havia crescido sob os ensinamentos da avó, separada de tudo isso.  Ela negou, quando Jay perguntou se estavam matando umas as outras. – Eu não matei ninguém. Mataram alguém querido a mim, com propósitos que eu não apoio. O seu irmão mora na casa mais próxima, único motivo de tê-lo envolvido nisso – disse baixo, vendo que a outra estava pronta pra contar algo.

    Sabia sobre o enforcamento, mas a avó não tinha entrado nos detalhes sangrentos da história. Como a maioria das bruxas haviam abandonado a cidade, a senhora imaginava que nunca teriam problemas... Seja com os covens ou com caçadores. Mas, ao que parecia, a história e o destino era cíclico. Sempre teria ao menos um de cada lado para repetir o ocorrido.

    [...]

    Muriel parecia, de fato, abalada com aquilo, não interrompeu a fala da caçadora. Absorvia tudo o que ela contava, visivelmente surpresa com algumas partes. Observou a mulher andar pela clareira, até se sentar na beira da árvore. A bruxa se aproximou um pouco.

    - O passado está aí para a gente aprender, não para repeti-lo. Sempre haverão dois lados da história. Ambos os lados cometeram coisas ruins. Mas isso não quer dizer que precisemos repetir isso.  – Olhou nos olhos de Jay – Eu não quermo mesmo mal pro seu irmão. Tudo o que ele fez foi me ajudar. Mas esse lugar... Você sabe disso, ele é movido a magia e sem magia ele não sobrevive. O seu sangue é como o meu, não somos simples humanos. Não desde o que os nosso ancestrais fizeram. Não destrua essa parte tão vívida da floresta, por favor  - disse, encolhendo os ombros.

    Quando ela falou sobre o feitiço, Muriel assentiu – Eu coloquei sim. Mas não sabia que ele tinha o sangue de caçador. Pensei que fosse um humano que viu mais do que poderia absorver. Às vezes o conhecimento pode enlouquecer um ser descrente.  – voltou a olhar para a mulher – Eu convidei o seu irmão para vir aqui comigo, quando quisesse, para entender. Mas ele não parece saber do que você sabe. Ter no sangue tanta carga ancestral e não saber também pode enlouquecer – comentou  e logo suspirou – Não vou mais incomodar a família de vocês – logo deu de ombros, se virando e começando a andar na direção oposta à Jay, indo para casa.



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    Mensagem por Rosenrot Qua Nov 14, 2018 5:13 pm

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    Agosto de 2018

    @Bastet
    Jake não disse nada, quando Muriel finalmente mostrou algum sentimento que não apático, apenas observou a garota com atenção e cuidado e em sua cabeça, começava a considerar levemente o que Jay havia proposto horas atrás. Ele suspirou, tentando sorrir de leve para a jovem. -  Isso é um pouco triste, Muriel. Sabe, meu pai era um militar então sempre mudávamos muito. Não me lembro de locais exatos de onde passamos bons momentos, por exemplo, mas lembro dos momentos, sabe? Das pessoas. Sinto muito, de verdade. - Não iria dizer mais nada, acompanhando a jovem até a porta, deixando que partisse. Tinha muito o que pensar ainda.


    [...]


    Jay sorriu de leve, movendo a cabeça em negativo muito brevemente. - Por mim, Jake podia queimar esse lugar à baixo. Cortar todas as árvores, fazer uma piscina para beber martíni no verão. Esse solo só viu dor, traição e morte. - Ela lambeu os lábios de leve, afastando-se do toco da árvore e aproximando-se da mochila. - E o que você pretende fazer a respeito disso? - Perguntou, quando Muriel afirmou que não estava de acordo com o acontecido. Aquilo era um ponto interessante que Jay não havia considerado, o fato de Muriel não fazer parte - intencionalmente - do que acontecerá ali. Não se lembrava de muitas bruxas que dispunham-se em opiniões contrárias aos dos Coven, porque as poucas que faziam... Bem, não acabavam muito bem no fim.

    - Ah, ele sabe. - Ela disse, pegando a mochila e jogando nas costas, fez um gesto para Muriel segui-la e pôs-se a andar. - Só não se lembra. Longa história. Seu feitiço não está ajudando, para falar a verdade.

    Jay começou a andar na direção da floresta, ela estranhamente parecia conhecer aquele lugar muito bem, sabia por onde caminhar, onde encontrar as trilhas e andava com a facilidade de alguém acostumada a permanecer em locais mais ermos. Quanto mais se afastavam da clareira e da casa de Jake, mais Muriel se recuperava. Ali dentro da floresta, ela podia sentir mais frio - graças ao modo como as árvores se fechavam e evitavam o sol - e mais úmido.



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    Elas caminharam em silêncio por um tempo, para Muriel talvez fosse estranho o fato de Jay não ter o mesmo efeito que Jake parecia ter sobre ela... Era como se Jay fosse não uma caçadora... Mas uma semelhante. Quando deixando para trás o amontado de árvores e entraram numa pequena e oculta clareira, Jay bateu as mãos, limpando-as da sujeira e olhou em volta, antes de começar a caminhar, foi quando parou próxima a alguns arbustos que cresciam livres e selvagens, ela começou a puxados e tirá-los... Então revelou o que estava procurando.

    Três cruz celtas postas lado a lado estavam guardadas em baixo dos arbustos e grama. Tinham a aparência velha e desgastada - uma delas estava até mesmo quebrada - Jay deu uns passos para trás, observando as cruzes. - Antonieta, Dorothia e Bea. - Lambeu os lábios brevemente, ao pronunciar os nomes. - Elas não foram mortas pelos caçadores, Muriel. Elas foram mortas por outras bruxas. Dorothia apaixonou-se por um homem... - Jay sorriu e virou-se para Muriel. - Um homem chamado Jake Kraine. E Jake a amava também, mas ela era uma bruxa e ele um homem. Dorothia resolveu contar a verdade a ele, mas Jake a amava tanto que não se importou. Ele apenas aceitou quem Dorothia era. E ela estava tão feliz, tão feliz... Mas o Coven... - Moveu a cabeça levemente. - Eles a mataram e mataram as bruxas que tentaram ajudá-la. Então a caçada começou, Jake partiu dessa cidade. Ele estudou, aprendeu, evolui e encontrou outros com o mesmo ardor que ele. E essa é a história da minha família. - Ela se sentou na grama, observando o pouco do céu que aparecia entre as nuvens e árvores. - O que o Coven não sabia é que Dorothia teve um filho de Jake Kraine. Uma "mestiça" como chamam no seu meio. - Moveu os ombros. - Foram anos e anos na família sem que ninguém nascesse com o "gene", então eu nasci. - Ela sorriu, piscando um dos olhos. - Jake me contou algumas das coisas que aconteceram, pelo menos do que ele lembra e as árvores me mostraram o resto. Eu acho, Muriel, que talvez você esteja em perigo.




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    Mensagem por Bastet Qua Nov 14, 2018 6:30 pm

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    Agosto de 2018

    @Rosenrot
     Muriel apenas sorriu à afirmação de Jake. Não queria mais conversar sobre aquilo, por isso apenas seguiu com ele até a porta e se despediu de forma breve, envergonhada por ter falado aquelas coisas.

    [...]

    Na floresta, suspirou com o que Jay dissera – A memória  é importante. Sem ela, nem os nossos ancestrais  conseguiriam manter a ligação conosco – disse, mas não insistiu no assunto. Não parecia que ela estava, de fato, influenciando o irmão a queimar aquele lugar, apenas tinha uma opinião bem ruim sobre a clareira. – Eu sinceramente não sei o que farei. Não cresci com muitas bruxas, mas minha avó dizia que quando se juntam, a força é muito perigosa – disse, pensando. Bem ou mal, Muriel agora possuía o poder da avó, mas nenhuma das duas praticava magia de sangue, como vira a tia praticar.

    Olhou para a ruiva, confusa com o que ela havia dito sobre Jake. Como ele poderia saber e não se lembrar? O homem não parecia facilmente suscetível a qualquer feitiço – Como assim? Qual a ligação do meu feitiço com a memória passada dele? – estava curiosa sobre a história, mas achou por bem começar com perguntas mais simples. Jay estava sendo estranhamente receptiva com ela, mas era melhor não abusar.

    Após a resposta dela, caminhariam em silêncio pela floresta. O caminho não era estranho para a bruxa, mas estava realmente surpresa com o conhecimento daquele lugar que Jay possuía. A medida que se afastavam mais e mais, o calor da magia começava a tomar seu corpo novamente, não deixando que Muriel sentisse nem mesmo a mudança de temperatura da floresta.  

    Muriel ia sempre atrás de Jay, observando a menina. Uma coisa estranha estava acontecendo, ela percebeu: enquanto estava com os poderes bloqueados, se sentia mais desconfortável perto da outra do que agora, com seus poderes de volta em seu corpo. Como podia Jake deixar Muriel mais desconfortável do que Jay? Aquela família era, de fato, muito esquisita. Devia mesmo ter batido em outra casa, naquela noite.

    [...]

    Quando a ruiva começou a afastar os arbustos, Muriel franziu as sobrancelhas. Já estivera naquela parte da floresta, mas nunca percebeu os túmulos ali. Eram bonitos, apesar do desgaste com o tempo, e mostrava um zelo inesperado da ancestral de Jay.  – Como você... – ia perguntar alguma coisa, mas a outra começou a falar, contando a história das bruxas que ali haviam sido enterradas.

    Se não estivessem sobre o solo sagrado onde três bruxas haviam sido enterradas, Muriel não acreditaria naquelas palavras. Mas, sendo ditas ali e não parecendo ter retaliações, a jovem se atentou à história. Parecia em choque com aquilo... Apesar de saber que a magia não devia ser revelada, não sabia o quão vingativas algumas de sua espécie poderiam ser. Se ajoelhou ao lado de uma das cruzes, limpando os arbustos que começavam a se envolver nela, enquanto ouvia. Talvez uma forma de não perder o juízo com tantas informações... Mas, quando Jay falou sobre a criança, Muriel parou, olhando para a mulher e entendendo onde aquilo iria parar. – Ai, minha deusa... Uma bruxa com sangue de caçadora. Dois lados que tendem a se repelir dentro de uma só pessoa. Como... Você descobriu? -  limpou a mão que estava suja de musgo, se virando para a outra - O seu irmão...? – nem sabia exatamente o que queria perguntar. Será que ele era como ela? Será que tinha algo relacionado com o Jake da história? Tantas perguntas estavam surgindo na sua mente que não conseguiu formar uma completa. Só voltou a focar os olhos em Jay quando ela falou sobre  Muriel estar em perigo – Perigo? Se elas me quisessem morta poderiam ter me matado naquela noite...



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    Mensagem por Rosenrot Qua Nov 14, 2018 6:58 pm

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    Agosto de 2018

    @Bastet
    - Longaaa história. - Repetiu a ruiva, quando Muriel perguntou sobre a memória do irmão. Era uma longa, longa história e Jay sequer tinha certeza se queria contá-la para alguém - de novo - e revirar todas aquelas coisas deixadas para trás por todos aqueles anos. Era um caminho longo, tortuoso e perigoso que sua própria família resolverá não trilhar, por enquanto. Jake estava bem. Ele estava vivendo bem, a maioria da família acabará zelando por ele de um jeito ou de outro, quando algo estranho acontecia, alguém estava lá para ajudar. Para que tentar reverter, então? Ele poderia, se quisesse - ao menos a matriarca dizia isso -, mas que inconscientemente, talvez, ela tinha dito, fosse melhor para Jake ficar como estava.

    - Não há conflitos, para falar a verdade. Caçadores são só... Humanos, Muriel. Não temos super poderes, não falamos com animais, não temos mágica. Nos machucamos, sangramos, quebramos e morremos.  Só contamos com nossas habilidades e a boa sorte para não foder tudo com muita frequência. Carregamos o fardo do mundo nas costas, a maioria de nós não porque quer, mas por casualidade, por sobrevivência e o único modo de largar esse fardo é morrendo. - Suspirou, dando de ombros. - Acho que sempre soube, só não sabia o que era até contar a minha família que tinha alguma coisa estranha comigo.

    Ela se deitou na grama, parecendo extremamente relaxada, ainda que em seu mais intimo, estivesse aposto. Não era seu território e ela era, de uma forma ou de outra, uma ameaça para algumas. Mas para Jay era particularmente estranho retornar aquele lugar, depois de tantos anos. - Jake não é como eu, mas ele é da família. Ele foi treinado para ser o que precisava ser, mas aconteceram umas coisas e ele não lembra muito de tudo antes do acidente. Foi resolvido pela família que deixaríamos a coisa seguir, se ele lembrasse bem, se não. - Moveu os ombros, deixando a entender o que queria dizer com aquilo. Ela não gostara muito da ideia na época, mas entendia a decisão da maioria. O que poderia acontecer, afinal, se tentassem forçar que Jake se lembrasse das coisas. - Ele sempre fez o tipo "cara legal", queria construir uma família e tudo mais. Não somos os monstros que a maioria das bruxas pinta sermos... Só não toleramos certas coisas, sabe?

    Sentou-se, olhando na direção da jovem, não sabia dizer se Muriel era inocente demais ou tola demais. - Bem, eles sabem que você não concorda com eles?





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    Mensagem por Bastet Qui Nov 15, 2018 12:33 am

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    Agosto de 2018

    @Rosenrot
     Muriel não insistiu quando Jay não quis contar a longaaa história. Estava bastante curiosa, mas sabia que toda família possuía os seus segredos e não era certo querer saber mais do que devia.

    Ouviu o que a mestiça dizia, pensando naquilo. Tinha ciência que os caçadores eram humanos e que não saiam voando por aí... Mas sempre imaginara que, ao longo dos anos, haviam desenvolvido truques para se equiparar aos seres que enfrentavam. “Talvez seja só ciência, afinal”,  pensou,  achando aquela situação muito incomum. Nunca imaginara ser possível conversar com alguém como ela, ou como Jake, sem estar correndo um perigo real. Não que estivesse 100% certa da sua segurança perto da ruiva, mas ao menos ela não havia tentado nada.

    A bruxa deu uma pequena risada – Bom, a gente estaria ferrado se vocês pudessem fazer isso tudo – comentou e logo assentiu – O conflito ao qual eu me referia é ideológico. Não sei se você já chegou a conviver com seres sobrenaturais, além de bem... De fazer o que vocês fazem. Apesar de todo o passado em que a minha raça deu início a isso tudo, parte do seu sangue tem muito sangue inocente nas mãos. Não me leve a mal, não estou falando específicamente de você ou do seu irmão, até porque eu não conheço vocês e a vida de vocês suficiente pra isso, mas há alguns – diria muitos, mas preferiu não pesar a conversa – caçadores que caçam pra eliminar qualquer ser. Então, você ter um pouco de cada lado, conhecer as merdas dos dois e viver em uma família que teoricamente caça parte do que você é... Isso deve ter algum conflito – disse, observando a outra que parecia estar relaxada demais.  Logo a ruiva continuou, contando sobre como descobriu seus poderes e depois respondendo as dúvidas sobre Jake.

    - Entendo...eu acho – disse, percebendo o quão esquivas eram as respostas de Jay. Na verdade, a cada resposta vaga, Muriel sentia mais vontade de perguntar coisas. Apesar da curiosidade, percebeu que não teria respostas concretas da outra mulher.  Quando ela comentou sobre a conduta de Jake e sobre a família, Muriel ergueu uma sobrancelha. Certas coisas? perguntou, agora um pouco desconfiada sobre o que havia sido o tal “acidente”.

    [...]

    Após a resposta de Jay, uma pergunta  surgiu na conversa,  fazendo a jovem ficar pensativa. Até uns dias atrás, ela nem sabia da existência do tal coven no qual a tia havia ingressado. Nunca lhe fora concedida a escolha de concordar ou não. A tia tinha simplesmente feito o que queria, matado a própria mãe para realizar tal vontade, e... Partido. Não sabia qual teria sido o desfecho caso não tivesse pedido a ajuda de Jake. Será... Será que estaria, agora, junto a essas bruxas que tanto fizera mal a ela? Será que teria a escolha de partir? Não sabia. Mas, devido aos fatos e como ocorreram, duvidava.

    - Eles sabem que preferi a ajuda de Jake, ao invés de seguir junto a eles – tirou um pouco de cabelo do rosto, que estava grudando devido à umidade da floresta que as envolvia – O seu irmão amedrontou ela só com um grito... É capaz de ela desconfiar do que ele é. Então, sim... Acredito que agora saibam...- um frio na espinha fez a bruxa ajeitar a postura.



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    Mensagem por Rosenrot Qui Nov 15, 2018 8:03 am

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    Agosto de 2018

    @Bastet
    - Bom, alguns de nós podem. - Ela comentou, movendo os ombros de leve, antes de começar a se levantar do chão. Jay sabia que haviam um ou outro - não muitos, era verdade - que possuíam ou adquiriram poderes. Aquele caminho que traçavam era um caminho meio sem volta e no meio do percurso você descobria coisas ou coisas descobriam você, mas cada um trabalhava do jeito que achava mais conveniente. Era aquela velha história de às vezes, alguém se tornava o monstro que jurou combater.

    Jay sorriu de leve, movendo a cabeça em negativo muito suavemente. Achava Muriel... Ingenua, essa era sem duvida a melhor palavra para descrever a jovem bruxa. Ela era ingenua. Não sabia se por vontade ou simplesmente por ser parte do seu amago. Mas Jay já estava naquilo tempo suficiente para saber que não... Não havia inocência. - Não tem nenhuma inocência em nenhum dos lados, Muriel. - Era estranho para Jay verbalizar aquilo de forma tão crua e simples. Mas em termos de noção, era o que mais lhe parecia certo. - O que você sentiu, na floresta, quando a presença de Jake oprimiu a sua? Medo, não é? Todas as criaturas tem um senso comum de temer o que não lhe é conhecido. O desconhecido é assustador. Um caçador nada mais é do que alguém que ficou cara a cara com o desconhecido, tem medo dele, mas resolveu fazer algo a respeito. Quem vai garantir aquele pai de família que a senhorinha estranha da casa ao lado, que nunca conversa, sempre leva um bicho que você nunca vê sair, que sempre está dando doces as crianças e que numa noite, você vê conversando com uma criatura estranha com chifres não vai fazer algo contra sua família? Ou aquela mulher sedutora do andar de cima, que toda noite tem um acompanhante diferente que nunca deixa o apartamento no dia seguinte não vai fazer de você o próximo jantar? Ou como confiar num caçador, como confiar em mim, que poderia nesse momento por uma bala na sua testa?

    Ela deu de ombros levemente, parecendo concluir sua pequena observação a respeito das coisas que estavam sendo dita. Tinha ganhado alguma empatia por Muriel e um tanto mais de preocupação a respeito de Jake morando naquele lugar, mas precisava confiar que ele saberia se virar e de qualquer forma, duvidava muito que um Coven pequeno como o de uma cidade como aquela fosse querer por a mão no vespeiro que era um Kraine.

    Contava com isso.

    Ignorou a pergunta sobre "certas coisas" de Muriel, era a história de Jake, se um dia ele se lembrasse, se um dia ele quisesse falar a respeito, ele o faria. Não era fiel ao irmão que outrem soubesse de uma história que ele não se lembrava mais, seria como uma traição e Jay não queria sentir aquele tipo de peso nos ombros, já tinha coisas demais para carregar por si só.

    Ela moveu  cabeça com  conclusão de Muriel, suspirou levemente batendo com as mãos na calça, para tirar a grama que grudará ali quando se deitou no chão. - Eu fiz algumas proteções na casa do Jake, por conta das coisinhas irritadinhas com as placas, o que achei um tanto exagerado, mas quem sou eu pra entender essas coisas. De qualquer forma, são fortes o suficiente para manter o Coven longe dele e mesmo que não fossem, duvido muito que um Coven fosse querer se meter com um Kraine, somos uma das poucas famílias que temos uma filosofia de "só te ataco se me atacar" ou como eu prefiro: "não fode comigo que não fodo contigo." E nós somos como abelhas, quando você acerta um, a colmeia inteira aparece. - Ela piscou para Muriel, aquilo era também um pequeno recado - não para Muriel em si, mas para qualquer um ou coisa que estivesse ouvindo agora - Jay pegou a mochila no chão, jogando no ombro.

    - Talvez seja bom você começar a se informar, Muriel. Informação é poder e bom... Jake pode te ajudar, se você precisar de alguma coisa. Ele pode não lembrar o que era, mas lá no fundo, ele vai saber o que fazer.




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    Mensagem por Bastet Qui Nov 15, 2018 6:40 pm

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    Agosto de 2018

    @Rosenrot
     A bruxa ergueu as sobrancelhas com a afirmação de que alguns poderiam adquirir poderes.  Era algo curioso a se pensar... Quais as escolhas que um humano precisava tomar para, primeiro, enfrentar algo que teoricamente é mais forte que ele... E, depois, para atravessar a linha tênue entre o conhecimento sobre algo... E ser parte daquilo que caçavam.  Afinal,  para os seres que nascem assim, o poder é algo natural, não uma questão de escolha... Para esses caçadores em questão, não.

    Muriel guardou o pensamento para si, não querendo correr o risco de insultar a outra mulher. Ouviu a risada dela, dessa vez uma que não era de escárnio, e logo ouviu a respostas para as questões que colocara sobre a dualidade dentro de Jay. Encolheu os ombros com a primeira coisa que a ruiva falhara – Essa é a questão, sabe? Seja para um lado ou para o outro, não podemos julgar antes de ter provas reais de que alguém fez ou fará algo ruim. Quiçá “tomar uma providência”, sem essas provas... Mas acabamos fazendo isso. Eu julguei você, julguei seu irmão... Assim como você deve ter o feito ao me ver. No geral, isso é natural... Mas para pessoas como você ou como eu, pode ser fatal.  –disse, dando um pequeno suspiro e vendo a outra se levantar – A confiança é um caminho difícil. Mas pode ser traçado– e concluiu – Eu dei o primeiro passo vindo contigo e você correspondeu não usando uma arma para me ferir ou matar – deu um pequeno sorriso, apesar do tanto de informações que recebera naquela manhã.

    Muriel acabou se levantando também, pois conversar com uma em pé e a outra no chão era desconfortável. Bateu as folhas e a terra úmida da calça de flanela, percebendo que realmente não saberia nada sobre o acidente, pela boca de Jay. Não insistiu.  Aceitou a continuação do assunto para o coven e as medidas de proteção que a mestiça tomara para proteger o irmão.  – Coisinhas irritadinhas?– perguntou, confusa. Jake não havia comentado com ela sobre o episódio em sua casa... Mas, antes que pudesse perguntar qualquer outra coisa, a ruiva deu um recado bem direto. Muriel assentiu – A colmeia ficará intacta, se depender de mim - suspirou, vendo a outra se arrumar para partir.

    Ouviu o conselho também – Obrigada, eu vou... Se você for ficar na cidade, ou vier visitar o seu irmão, vamos conversar um pouco mais. Não quero cometer o erro de saber só o que os meus livros dizem, sem ver o outro lado –disse, pensando na última frase – Sobre o seu irmão. Há algo que eu possa fazer para amenizar o efeito do feitiço?  -perguntou, antes de Jay seguir seu rumo, visto ela ter falado que o feitiço estava deixando Jake confuso e atrapalhando sabe-se lá o que a família havia feito com ele.




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    Mensagem por Rosenrot Qui Nov 15, 2018 8:53 pm

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    Agosto de 2018

    @Bastet
    - Oh, bem. - Jay começou e por um instante ela parecia bem mais sombria, muito mais distante daquela jovem mais animada de segundos atrás, ela olhou em volta por um momento muito breve, antes de focar-se em Muriel de novo. - Se eu tiver alguém que amo e me importo em um possível perigo, entre o talvez e puxar o gatilho eu sempre vou escolher puxar o gatilho. Algumas coisas não valem o risco. - Ela lançou um breve olhar na direção do túmulo de Dorothia, antes de falar de novo. - Com o tempo alguns de nós até consegue desenvolver um radar interno, que te dá uma leve direção sobre quais você pode dar o beneficio da duvida e quais não, às vezes funciona, às vezes não, mas é um risco que nem todo mundo gosta de correr. Muita coisa em jogo. Acho que por isso a maioria de nós é bastante solitário. Nada a ganhar, nada a perder.

    Jay se pôs a andar, retornando pelo lugar de onde viera. - Espíritos,talvez, eu não sei. Ele acha que são as crianças da vizinhança pregando peças. Tanto faz. Acho que já resolvi as coisas e de qualquer jeito, vou deixar Eluna por aqui para ficar de olho nele. - O caminho de volta parecia mais fácil e menos atribulado, talvez pelo peso das costas que Muriel tivesse tirado após a conversa com Jay ou talvez pelo simples fato de ter tido tempo de recuperar-se graças aos bloqueios em volta da casa de Jake. A ruiva parou quando chegaram à clareira e observou a volta muito brevemente, revirou os olhos logo depois. - Não vou ficar, tenho um trabalho na Pensilvânia, aparentemente tem alguma coisa caçando virgens por lá, pelo amor de Deus quem ainda é virgem em 2018? Só as crianças!

    Virou-se para Muriel, antes de continuar. - Mas Jake tem meu número, você pode pegar se precisar e como eu disse, se você precisar de ajuda, ele vai te ajudar. - Ela moveu os ombros. - Não tem muito o que fazer, o feitiço vai quebrar eventualmente... Mas aí você vai ter um monte de coisas para explicar. - Respirou fundo, tomando um minuto ou dois, antes de voltar a andar na direção da casa. - Fique a salvo, Muriel. - Desejou Jay, que aos poucos desapareceu na trilha que retornava à casa de Jake MacBender, que agora Muriel sabia chamar Jake Kraine MacBender.

    Jay tinha lhe dado bastante informações naquele dia, ainda que nem tudo respondesse todas as perguntas que a bruxa tinha -e algumas coisas só adicionaram ainda mais perguntas a lista -, mas as coisas pareciam mais claras em algumas direções enquanto em outras... Ela tinha muita coisa para descobrir e aprender. Quando retornasse da clareira, veria que o jipe de Jay já não estava na frente da garagem de Jake, ele estava sentado no deck de maneira recém construido, observando o lago ao lado do gato.



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    Mensagem por Bastet Qui Nov 15, 2018 10:03 pm

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    Agosto de 2018

    @Rosenrot
     Era triste ver como uma moça tão jovem tinha tanto peso no coração, como Jay parecia ter. Mas, no mundo em que vivia,  devia ser difícil manter qualquer sinal de positividade. Assentiu às palavras dela, concordando com a situação.  Apesar de não ser tão corajosa quanto a ruiva, Muriel sentia que, se tivesse tido oportunidade, não teria hesitado em fazer algo para impedir a tia, na noite em que a sua avó morrera.  Deu de ombros, sabendo que não mudaria a opinião da outra quanto aquele tema. – E nada a viver, também – disse, com pesar. Parecia que Jay carregava um fardo imenso e só vivia para aquilo. Talvez Jake tivesse sorte em não se lembrar de sua vida passada e a sua relação com os seres sobrenaturais.

    A bruxa acompanhou a ruiva pelo caminho de volta, começando a sentir os poderes voltarem a sumir. Apesar disso, sabendo de tudo o que Jay havia contado, se sentia menos estranha com aquele efeito... Bem, ao menos sabia que não era algo direcionado a ela. Suspirou, fazendo uma careta ao se sentir mais fraca. [...] As palavras da mestiça tiraram ela do pequeno devaneio, fazendo ela coçar a cabeça – Espíritos? Hm... Espíritos não brincam. Deve ser algum serzinho que vivia por aqui e não gostou de ter o terreno demarcado – pensou, não se lembrando de nenhum caso como aquele na cidade. Quando chegaram na clareira, a jovem pensou no sentimento que a dominava ao chegar ali... E como ele havia se abrandado com aquela conversa. Ia responder sobre a ironia de um caçador ir à Pensilvânia quando ela contou aquela piadinha, fazendo a menina ficar vermelha e desviar o olhar. Por sorte ela logo mudou de assunto. Muriel assentiu e logo acenou para a ruiva que começava a se afastar – Obrigada, Jay. Eu ficarei...eu acho – as últimas palavras falou praticamente para si mesma.

    Ficou mais algum tempo ali, afastando algumas folhas mortas da árvore e fazendo algumas preces aos deuses.  Nunca havia pensado que ficaria sozinha ali... Nunca pensara que de três pessoas unidas pelo sangue e pela magia, só sobraria ela... E que aprenderia mais com uma caçadora, sobre a sua espécie, do que aprendera de fato com a avó. Era incrível a habilidade que dona Anna tivera de ensinar como fazer tanta coisa, sem nunca tocar no sobre.

    [...]

    Após algum tempo, sairia do meio da floresta, fazendo as contas de quando teriam lua cheia novamente, para consagrar as cinzas da avó. Enquanto caminhava em direção a ponte, viu Jake em seu deck. As informações sobre ele ainda estavam muito emboladas, cheia de entrelinhas... Mas algo era certo, ele não era comum. Será que havia puxado isso de seu ancestral?... Suspirou e mudou o rumo, virando um pouco antes da ponte para ir até o deck. Se sentaria no chão de madeira, ao lado da cadeira onde Jake estava sentado, sem falar nada a princípio.  – Não dê leite para o gato, ele pode passar mal – disse, após algum tempo ali. Observava o pequeno familiar ali. Era curioso Jay ter deixado o gato ali... Talvez fosse bom Muriel encontrar, finalmente, o seu... Se estava, de fato, em perigo. Sempre temera a invocação de um Elemental para ser o seu familiar. Era a magia de sangue que menos corrompia, mas ainda sim era uma magia de sangue.

    - Desculpa ter agido igual doida mais cedo – disse, por fim, olhando para a água na qual depositara a coruja pela manhã. Era incômodo está ali como uma “humana comum”. Mas, por fim, era uma sensação curiosa: não conseguia sentir os elementos, não conseguia ouvir o canto dos pássaros mais distantes, não conseguia pressentir se ali era o lugar certo para estar. Acariciaria a gata, se ela assim permitisse, ficando calada. Estava um pouco sem graça de toda a desconfiança, sendo que o homem passava por um ciclo de esquecer o passado todos os dias.


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    Mensagem por Rosenrot Qui Nov 15, 2018 10:35 pm

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    Agosto de 2018

    @Bastet
    "...E esse é um peso que você só largará morrendo." Muriel não sabia, mas essa tinha sido uma frase que tanto Jake quanto Jay escutaram muitos anos antes, quando as coisas começaram a ser explicadas para eles. Era a maior de todas as verdades entre os caçadores, não existia um desistir, largar o emprego ou simplesmente não querer mais. Era um fardo e você o carregava para a vida toda.


    [...]


    Quando Muriel se aproximou, Eluna pareceu ser a primeira a notar. Ela moveu-se em volta de Jake, seu rabo felpudo esbarrando nas pernas do homem, a gata sentou-se próximo aos pés dele e olhou para Muriel, graças a luz do dia, seus olhos eram apenas um risco negro num fundo amarelo, olhos que encaravam Muriel como se pudessem ver mais do que ela mostrava, como se a despisse não de suas roupas, mas de toda e qualquer coisa. Um segundo depois o gato piscou e começou a lamber as patas. Jake também ficou em silêncio, observava o lago. Quando Muriel falou, Jake riu de leve, balançou o copo de uísque na mão, misturando o liquido com o gelo. - Tem uma lista enorme na geladeira do que pode e não pode fazer com essa moça aí. - Deu um gole na bebida, ainda de olho no lago.

    Ele achava particularmente bonita aquela vista, era algo que nunca tinha parado para pensar, enquanto trabalhava como louco em Manhattan, cercado de prédios por todos os lados, lugares como aquele só lhe apareciam em cartazes de viagens ou protetores de tela em computadores. Era difícil, naquela época, imaginar que alguém poderia de fato viver daquela maneira, mas lá estava ele, não estava? Olhou para Muriel, quando a jovem falou.

    - Acho que também devo um pedido de desculpas, mas em minha defesa: sangue Irlandês, dizem que nosso gênio não é fácil. - Deu outro gole na bebida, rindo de leve e voltando a olhar o lago, tinha algo na água que lhe trazia certa sensação de paz. - Então oferece um jantar de paz. Venha hoje à noite, prometo que sei cozinhar mais do que comida congelada, o que me diz?




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    Mensagem por Bastet Sex Nov 16, 2018 12:29 am

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    @Rosenrot
     Os gatos eram animais curiosos, na opinião de Muriel. Não eram completamente domesticados, apesar de aceitar a convivência com os humanos, e podiam se portar tanto de maneira muito dócil quanto de maneira muito agressiva, dependendo da situação.  Muriel percebeu que a gata de Jay cuidava de Jake de maneira territorial, se esfregando nele quando chegou, mas não de maneira agressiva. Talvez soubesse que Muriel não queria mal do homem... Dizem que os familiares conseguem saber as suas intenções sem nem mesmo te tocar.

    A jovem bruxa não se importou com o olhar do animal, apesar de não saber até onde ele podia ver, com o bloqueio da magia ali. Deu uma piscadela pra gata, antes de erguer o olhar para Jake, que explicava a lista deixada pra ele – Nunca é ruim se precaver... ainda mais com homens. Vocês tendem a ser distraídos – falou em tom de brincadeira. Talvez fosse a primeira vez que conversavam de maneira “normal”, sem o peso de tudo o que havia acontecido. Podia ser influência, também, das coisas que Jay fizera ali... Afinal, o que deixava a menina mais desconfortável, naquele terreno, era a aura gelada de Jake. Sem os poderes, não podia senti-la.

    [...]

    Quando ele comentou sobre o sangue irlandês, Muriel provocou – Eu sei. Gigantes não tem fama de serem muito pacientes – sorriu, não querendo que ele sentisse culpa por qualquer coisa. Ela havia metido ele numa coisa que ele tentava esquecer sempre e o que acontecera após bater naquela porta, certamente fora o estopim para a relação entre os dois ficar tão estranha.

    As próximas palavras do caçador fizeram a jovem franzir o cenho. Estava aí um convite que ela não estava esperando. – Oh, sério? – Não dava pra saber se a surpresa era por ele a ter convidado ou por saber cozinhar. Assentiu, com um pequeno sorriso – Eu trago o vinho. Se a comida não trouxer a paz, a bebida certamente ajudará – riu, se levantando – Até mais, Macbender...

    [...]

    Muriel foi para casa e passou o resto da casa fuçando nas coisas que a avó mantinha no porão. Tinha bastante material e muito, mas muito acúmulo lá.  Acabou que não conseguiu estudar nada, de tanta coisa que teve de separar, mas se sentia satisfeita em encontrar material para começar os seus estudos.

    Perto da hora do jantar,  foi tomar um banho e lavar o cabelo. Sentia que devia ter teias de aranha e muita poeira nele, após fica a tarde toda no porão. Colocou uma roupa normal, porém mais arrumadinha que das outras vezes que se viram: escolheu um vestidinho florido longo, com a manga cigana que deixava os ombros de fora. Prendeu o cabelo em um coque meio rebelde, por ainda estar um pouco úmido, desistindo de se maquiar... Não queria parecer arrumada demais. Detestava eventos sociais sem trajes definidos, pensou, rindo... Devia ser a primeira vez que fazia algo em muito tempo. Costumava passar muito tempo com a sua avó, antes.

    Quando deu a hora combinada, seguiria para a casa de Jake, com uma garrafa de vinho na mão.



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