[!ON!] O Torneio do Venerável Ancião

Naquele ponto tão crucial, Dona Marocas pisou na bola. Derramou o adorável chá que haviam preparado e Fat Jonjo quase tem seus preciosos cozidos no aroma de bergamota. Não fosse um instinto ancestral de proteger os bagos, disposto a todo homem de bem, ele não teria conseguido se desviar a tempo. O incidente desestabilizou a dupla, enquanto Dona Marocas se desculpava e era consolada por seu zangão-mor. O melhor que pôde fazer foi um bolinho de frutas secas, escolha um pouco óbvia e sem impacto.

Na outra mesa, contudo, Chan estava inspirado e escolheu algumas pétalas de rosa vermelha da sua região. Jogou-as simplesmente ao lado do chá. As pétalas eram comestíveis e seu adocicado cuidadosamente selecionado através de gerações iria contrastar de modo suave com o chá amargo. Bob Zig pensou em outra coisa, mas seu paladar delicado notou que a idéia de Chan era melhor e resolveu apenas potencializá-la, passando com delicadeza uma fina camada de caramelo sobre as pétalas, com um pincel.

O Venerál Ancião assistia a tudo com reiterado interesse. Até mesmo apoiava seu queixo com a mão. Bob Zig percebeu uma micro-reação em sua sobrancelha direita quando ele cobria as pétalas com o caramelo. Foi nesse momento que notou que havia virado o jogo.

Era o momento de servir o chá. O costume ancestral de Oshor ensinava cada movimento e cada objeto a ser utilizado. Era praticamente a prova de história daquele torneio. Alguns serviçais se aproximaram trazendo roupas adequadas, feitas de pura seda, e biombos que serviriam de trocador para que os competidores se vestissem adequadamente.

Dona Marocas cultivava um sentimento triste dentro de si, pois não esperava que seu amado Zangão lhe fosse tão especial e amável, mais preocupado com seu bem-estar do que realmente com o chá que se fora. “Estúpida!” pensou sobre si própria “ Fat Jonjon, um homem desses e o que eu faço? Estúpida, mil vezes estúpida! Alguém vai pagar por isso quando eu voltar para casa!”. Decidida a fazer algum pobre servo ignorante pagar por seus próprios erros, desta forma a doce e amável Marocas poderia extravasar sua pequena raiva sobre si mesma.

–  Estou bem, claro, meu querido Jonjo... – Respondera a dama enrubescida com a situação. – Hihihi... Quando tudo terminar, lhe darei o seu prêmio, meu ursinho...

Não demorou nada para que como um cavalheiro de uma nobre família ele conduzisse sua dama para um acento mais perto, onde ela poderia descansar seu pé mentirosamente machucado, mas ela teria que continuar o teatro, ou poderia se encrencar diante de tantos olhos desconfiados que possuíam naquele evento.

Enfim, era hora da cerimônia do chá e os serviçais já traziam com maestria as roupas adequadas para a ocasião. Belíssimos uniformes de ceda que eram utilizados para servir o tão esperado chá.

– Meu Jonjon, deixe-me que irei ajuda-lo nesta etapa... – Disse Marocas ao ser envolvida pelo biombo onde se trocaria longe dos olhos curiosos – Zangaozinho, pode me ajudar aqui? – Chamou Jonjon com seu dedo gordinho indicador fazendo aquela carinha que sabia que ganharia o homem, era como uma marca registrada entre os dois.

Uma vez pronta e com roupas adequadas, os serviçais aproximaram o acento da mesa onde ela trabalhava ao lado de seu amado.

– Pois muito bem, o que sugere, barrigudinho? – Perguntou ela olhando-o com ternura.


Teste Cerimonialista
Hylian efetuou 4 lançamento(s) de dados fate :

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Enquanto se preparavam para essa rodada, Chan e Dona Marocas não foram exatamente úteis. Apesar de ter trocado seu vestido com a ajuda dos dedinhos roliços de Fat Jonjo, a presença da herdeira Zhenya não foi tão marcante quanto ela esperava.

Chan, por outro lado, tentava se conectar com as ondas Zen da natureza, mas a natureza parecia não tá nem aí com a conexão do Ifedayo. Fat Jonjo e Bob Zig então tiveram que fazer quase tudo sozinhos, o que refletiu bastante no desempenho. O largo Nandibali aproximou-se do Venerável Ancião e fez uma mesura, que deveria ser mais baixa, porém todos entendiam a dificuldade da circunferência abdominal. Serviu-lhe o chá que ele bebericou e então provou o acompanhamento. Depois, o Ancião pegou um pouco de wasabi para limpar o paladar e Bob Zig se aproximou, deixando diante dele a bandeja com seu chá e seu prato harmonioso. Da mesma forma agiu o Venerável Ancião e mal havia provado quando levou a boca o guardanapo, limpou os lábios secos como tâmaras ressecadas e disse:

Os servidores trouxeram cadeiras para os dois competidores principais, bem como para os dois auxiliares. Naquele momento eles iam discursar para convencer a todos que o melhor chá era o seu.

Dona Marocas ainda teria que fingir sua dor para que não fizesse feio diante de todos e principalmente diante do venerável ancião. Não queria nem pensar o que poderia acontecer se caso notassem sua farça. Sentindo-se um tanto culpada pelo que fez ela decidira que sua próxima ação seria em ajuda de seu “abelhão”.

A jovem Zhenya levantou-se fingindo dificuldade, mas conseguira ficar sobre as duas pernas diante da mesa onde prepararam os chás, ela olhara uma última vez para Jonjo e resolvera se expressar por fim.

–  Não é preciso ser vidente para saber que discordo completamente de meu adversário! – Começou ela olhando com frieza para os dois competidores – Sir. O’Neil, ou seja, meu companheiro ao qual tive a honra e o enorme prazer de competir ao lado sempre fizera por merecer a fama que sua família construíra e não é para qualquer um. Suas habilidades com seus dedos... – Marocas parecia sonhar alto, tomando fôlego para continuar seu discurso – ... Desde o ínicio muito preocupado com a melhor qualidade que se poderia ter em um chá de primeira. Não preciso dizer muito para descrever sua capacidade enorme como um mestre do chá. Acredito EU que o senhor fará a melhor e única escolha...

Marocas olhara para o gorducho ao lado com um sorriso apaixonado.

Marocas estava orgulhosa de seu amante, mas realmente não sabia dizer se a confissão do mesmo fora prudente ou um tiro no pé e, o mais provável era a segunda opção. A dama olhou para o parceiro como quem quisesse dizer-lhe alguma coisa, talvez o repreender por ter falado demais, porém não podia fazê-lo em frente aos adversários e o próprio ancião que parecia prestar atenção em cada detalhe dos quatro concorrentes.

–  Flerte, Bob Zig? Isso aqui é uma competição séria, querido, aqui ninguém está flertando, ou talvez você esteja com seu amiguinho ai... – Respondera a gorda sentindo-se irritada com a indireta vinda do “inimigo”.

– Você está inteiramente errado, Chan! –Retrucara Marocas – Ninguém nascera mestre absoluto em nada, todos devem ter aprendido com suas famílias ou mesmo com outros que já eram mestres do assunto. Para se criar suas próprias ideias também é necessário aprender com os demais, já que existe toda uma ciência envolvendo a criação do chá e sua complexidade. Atitude que pouco vi de vocês dois, cuja arrogância levam a acreditar que não precisam de ninguém. Mas é claro, o que a pobres indivíduos feito vocês podem entender de chá?

Marocas virou-se para o ancião tentando ser o mais fiel consigo em relação as suas crenças – A melhor e única escolha que você poderia ter é claro seria eleger meu querido Jonjon, por sua humildade e simplicidade como um verdadeiro mestre deve ser! O senhor, com todo o respeito, deve ter estudado e aprendido muito com outros que vieram antes e acredito que a chave é justamente isso compartilhar para criar!

O Venerável Ancião ouviu com muito interesse o discurso de cada um dos competidores, assim como seus auxiliares, que se provaram, inclusive, fortes baluartes diante dos reveses surgidos durante a competição. Era bonito e saudável ver que mesmo diante de uma competição, todos estavam dando o seu melhor, sem querer o mau do outro. Algo a se aplaudir.

As palavras sábias do Venerável Ancião reverberavam nos tímpanos dos competidores enquanto ele reconhecia as qualidades de cada um dos campeões das Honoráveis Famílias Produtoras de Chá. Ninguém esperava menos deles.

Ele então se colocou de pé, com alguma dificuldade devido aos seus muitos anos. Estava na hora de dar o solene veredito:

Palmas efusivas começaram a ser ouvidas em torno do gazebo onde havia sido proclamado o resultado daquela disputa. Os estandartes das quatro famílias foram hasteados e música começou a ser tocada em comemoração ao bom desempenho de todos. Naquela noite poderiam descansar e pensar sobre sua própria prática de preparo do chá.