Sem suas magias, submetida a trabalho cruel e estupros diários, era um milagre que Mikaela ainda tivesse mantido sua consciência. Sua fé na deusa era realmente poderosa, mas por quanto tempo? Aparentemente havia sido esquecida naquele inferno, tendo perdido a melhor amiga e namorada, além da consciência de que seus pupilos em Prahna estavam sendo guiados por um demônio usando sua aparência. Não era muito difícil pra clériga, fingir que havia desistido de tudo. Na verdade até se perguntava se não era exatamente o contrário. Havia desistido de tudo e as vezes fingia ainda ter forças pra suportar aquilo tudo. Alleyne já havia perdido a capacidade de fala e de raciocínio lógico. Apenas gemia, chorava e murmurava algumas palavras desconexas. Ainda era capaz de se alimentar e caminhar sozinha quando ordenada, mas o fato era que pra ela o mundo havia acabado e ela passaria a eternidade no inferno. Mika vai até o velho e pede que ele o leve até a sala de máquinas pra ver essa tal moça acorrentada, mas ele não parecia disposto a colaborar. Alegava que as escravas que saíssem de seus postos eram severamente punidas e por gostar muito dela, não a queria ver sendo castigada.
- Portanto mocinha bonita, a menos que me dê um bom motivo pra te dar essa informação, acho melhor a senhorita voltar pro seu posto!
Mikaela relembra o nome do idoso e tenta fazê-lo lembrar de sua missão, e o porque era importante ajudá-la nesse momento tão difícil.
- Professor Zalinski, o senhor precisa lembrar de seus votos de fé. A Deusa Fenrir nunca abandona seus fiéis. Tenho certeza que mesmo aqui nesse inferno, ela quer nos ajudar a sair. Irei fazer uma prece pra que ela nos dê forças pra continuar.
A clériga segura a mão do velho, os dois sentados à mesa e com os olhos fechados começa a orar por Fenrir. A meio caminho da oração, ela sente uma energia boa cobrir suas mãos e pulsos, que lhe dão paz e serenidade. Logo ela é acompanhada por Zalinski que repete as mesmas palavras que ela e aperta suas mãos com mais força, sentindo-se revitalizado. Ao fim da prece, Zalinski abre os olhos e parecia outra pessoa. Ele olha meio confuso pra Mikaela e diz:
- Sim, agora eu me lembro! Eu era o líder de um templo da deusa em Phrana! Eu estava construindo um telescópio que me permitiria observar a lua! Até que um dia veio um jovem bardo me oferecer uma proposta irrecusável...
Zalinski diz que precisava construir uma máquina que o permitisse cruzar o deserto, mas precisava de um artefato chamado "motor" pra construí-lo. Que ele só o encontraria numa torre a norte do assentamento Abah.
- Tinha um elfo, não lembro ao certo nome dele, que foi lá comigo. Enfrentamos uns demônios pequenos e aúltima coisa que eu lembrava era ter descido numa espécie de cela antes de vir parar aqui.
Aquela história toda era super familiar pra Mikaela que conta a Zalinski sua própria versão dos fatos. Mika pede novamente que fosse levada a tal sala de máquinas e o professor com a mente restaurada concorda. Era hora deles darem o primeiro passo para saírem daquele inferno, de um jeito ou de outro. Ao tentar levar Alleyne com ela, Mika percebe que a meio elfa não parecia disposta. Só obedecia aos demônios e não iria com a clériga pra lugar algum. "Pobre Alleyne" diz Zalinski.
- Eu lembro que ela havia acabado de chegar, foi a mais recente discípula. Queria obter o conhecimento da arte da forja e da luta. Mas de você eu não lembro. És novata também? Sinto muito por não estar lá pra recebê-la. Pergunto-me como estão Hulka e Darllan. Uma boa orc cozinheira de mão cheia e um bom rapaz humano, focado e curioso.
De todo modo, os três juntos chamaria atenção demais e Mika podia vir buscar a amiga depois. Mikaela é levada por Zalinski até a sala de máquinas. Fenrir, como o lugar era quente! Pior que uma sauna, era como andar no deserto de Phrana com o Sol a pico. O barulho de engrenagens e ferro batido incomodava os ouvidos e toda aquela fumaça deixava a respiração difícil. Do outro lado da caverna onde estavam, Zalinski vê uma de suas criações e fica emocionado.
- Ôôôôh, minha máquina a vapor! Ainda existe. Parei de trabalhar nela quando minha memória foi apagada. Lembro de ter irritado uma mulher de cabelo rosado, acho que a dona desse fim de mundo...
- sala de máquinas:
Caso perguntado o que era aquela 'coisa', Zalinski diz que o vapor quente criado pela lava, era absorvido pela máquina e fazia funcionar todo tipo de engrenagem. Pense nas maravilhas que isso poderia fazer. Substituir a tração animal por pura energia. Veículos que se moviam sozinhos, sem animais, sem magia e sem pessoas para empurrar. Isso deixa Mikaela curiosa. De fato Zalinski era mesmo um grande fã da Deusa e era abençoado com conhecimento. O professor aponta para um canto onde realmente havia uma mulher acorrentada.
- Ali, a mulher que te falei. Depois que fui demitido, colocaram ela pra trabalhar no meu lugar, mas ela simplesmente "apagou", sem dizer nenhum 'a'. Ela não responde a dor e tampouco sangra. Nunca vi algo assim na vida...
- mulher presa: