Badu - A Busca

@Gelatto

Badu havia retrucado Doctore e este resolveu dar uma lição. Agora três soldados acompanhariam Badu para entregar um carrinho de mão cheio de corpos no cemitério, cobrar alguns idiotas e retornar. Os soldados chegam para Badu que sem opção de um conflito claro entrega os braços para as algemas. Certamente aquilo era por uma questão de medo, já que Badu poderia bater nos homens mesmo com a corrente nos braços. O combate não seria fácil, mas não parecia impossível. Entretanto, ali eram apenas três, mas dentro da arena haveria uma centena.

Os homens conduzem Badu até um carrinho de mão para puxar com vários corpos. Badu reconhece pelo menos as partes de Valerius e os outros dois que mataram na arena mais cedo. Os outros corpos são desconhecidos que morreram nas lutas da tarde. A qual dominus aqueles homens pertenciam não importava, porém o tal Médici estava gastando bastante dinheiro com tantos eventos.

- Este carrinho precisa ir ao cemitério. Siga-me. Vocês dois, fiquem de olho no carrinho, depois do que vi hoje... estou preocupado. O homem que dava ordens parecia de patente superior pois tinha algumas penas a mais em seu uniforme. Badu não sabia a diferença e eles pareciam soldados do Médici, não eram legionários.

Badu pega o carrinho e tem um momento para conversar enquanto empurra a carga. Talvez no momento adequado, fugir ou qualquer outra coisa mais.

Badu sempre foi de poucas palavras, mas direto quando dizia o que pensava. E isso sempre trazia complicações, como agora. Suas palavras ofenderam Doctore, ou ele as usou de desculpa, já que tinha em mente em mandar alguém fazer o trabalho dos carregadores. E Badu acabou trocando a cela por uma chance de caminhar ao ar livre. Mesmo acorrentado, sair da cela que não fosse para os treinos ou para lutar, era algo que agradava ao gigante de ébano.

A luz do sol era bem vinda. Estava quente, mas isso não o incomodava, era acostumado ao calor. Uma coisa era treinar e lutar debaixo do sol escaldante, outra era caminhar, mesmo empurrando um carrinho cheio de corpos. E quando se aproxima para pegar o carrinho, o arrependimento começa a bater em Badu. O mau-cheiro dos corpos e partes amontoadas era difícil de se lidar, ainda mais com este calor todo que só piorava a situação.

Sem muita alternativa, segue a ordem do superior dos soldados de Batiatus. Pega o carrinho e começa a empurrá-lo pelo caminho até o cemitério. Havia um bom tempo de caminhada até o cemitério que Badu decide passar com alguma conversa trivial.

-"Está bem quente hoje, não? Sempre faz este calor aqui em Florença?... O que aconteceu com os carregadores? Fugiram?"

O soldado suava com a armadura, mas parecia habituado ao clima.
- Aqui faz calor no verão e frio no inverno. É uma merda quando tem água, as estradas ficam lamacentas, quando chove lugares que você nem imagina podem se transformar em riachos ou rios. Ai você pensa que fez a sua casa num lugar legal mas quando chove vem tanta água que a leva embora. O líder dos soldados que estava perto de Badu parecia que precisava desabafar sobre seus próprios problemas pessoais.

Um barulho de metal na carne chama atenção dos dois. O soldado do lado esquerdo espetava uma lança em uma cabeça no carrinho.
- Tá tudo certo chefe, achei que ele tava me olhando estranho. O soldado parecia nervoso.

O chefe dos soldados olha pra Badu com uma cara de quem não poderia dizer nada contra o fato após os eventos estranhos ocorridos na arena.
- Sobre os carregadores, não sei o que houve. Até estava tentando fazer as contas. Lembro que haviam dois caras, ai um deles se perdeu ontem. Hoje eram outros dois, mas o Valerius matou um deles na cela, outro que correu para pegar um dos caras no chão, quase esqueci também teve outro que ele matou quando entrou na arena. Agora tá faltando um dos quatro que deveriam trabalhar hoje. Então com os dois de ontem e os quarto de hoje, já foram seis carregadores que não estão fazendo o serviço. O soldado parece pensar. Não faz sentido os caras fugirem. Ninguém quer fazer este serviço, então ou são escravos com guardas ou homens livres. Como eles são ou eram homens livres, algo aconteceu. Um pouco de medo passa na face do guarda. Você acha que uma destas coisas poderia ter pego eles no cemitério? Como foi que mataram Valerius? O homem parecia curioso com o que aconteceu.

-"Valerius? Separamos a cabeça do corpo e a esmagamos depois. Foi necessário quatro de nós. Já viu algum canibal antes? Ele estava insano, louco, atacando e devorando o que via pela frente." Badu saciava a curiosidade do guarda, olhava para os outros dois pelo ombro, e continuava:

-"E também houve aquele gladiador que Valerius matou e se levantou. Não estranharia se algum destes corpos também se levantasse e tentasse nos devorar agora mesmo.", dizia, para espalhar e botar o medo de canibais nos guardas.

-"Mas isso não é possível, nos certificamos em separar a cabeça do corpo de todos lá na arena. Ou vão me dizer que há algum corpo aqui que ainda tem a cabeça presa ao corpo?", dizia, insinuando para que tomassem as devidas precauções.

Badu,

       Os guardas escutavam os comentários de Badu com atenção. Havia uma certa preocupação no semblante deles, nenhum deles havia visto aquilo acontecer antes. Ainda havia mais coisas que eles não haviam visto, como um homem de 2,31 metros de altura, o gigante de ébano. Se um homem grande como Badu foi enviado para matar a criatura era por uma razão: os mestres sabiam que ele poderia dar conta delas.

       Quando Badu fala sobre cabeças presas aos corpos, um dos guardas larga a lança ao chão, saca sua gladius e começa a bater na carroça.
       - Tem um aqui, tem um corpo com cabeça aqui. O homem estava com medo e batia para cortar a cabeça de um torso. Pronto. O soldado bufava e o coração dele batia forte que era possível ver seu rosto vermelho. O guarda então coloca a arma na bainha e pega a lança do chão.

       Os homens então seguiam com Badu até que um deles pergunta.
       - Você acha que os monstros das histórias existem? O guarda estava curioso e ao ver a rua do cemitério erava claro que ele tinha medo.

Badu esboça um sorriso de aprovação quando o guarda separa a cabeça de um dos corpos. -"Muito bem! Um possível monstro a menos!", dizia, mas em tom bem sério, pois até Badu acreditava piamente nas próprias palavras.

Chegando próximos da rua do cemitério, Badu é indagado novamente. Ele faz uma pausa para ajeitar a roda já torta do carrinho na direção da rua do cemitério e, voltando a puxá-lo, responde ao guarda:

-"Existem. Se você achava que histórias são invenção para assustar criancinhas, está enganado. Não tem como inventar algo assim. Acredito que quem escreveu as histórias sobreviveu a algum monstro... Valerius era um destes monstros."

Os homens seguem pela rua do cemitério, logo o sol iria se por.
- Chefe, podemos ir embora ainda de dia? Dizia um dos soldados para o líder.
- Cara você está com tanto medo assim? O líder dizia enquanto andava.

Em uma moita um barulho de movimento chama a atenção de todos. Do meio das folhas numa corrida um cão surge e segue seu caminho pela rua. Os guardas estavam agitados com a situação que estava acontecendo. Poucas pessoas estavam na rua do cemitério, um muro baixo cercava o lugar com não mais de 1,2 metros de altura. Algumas lápides marcavam algumas covas, mas boa parte dos corpos ficava numa pira no centro do cemitério que precisava ser alimentada com madeira para seguir queimando. Ao chegar na porta do cemitério os guardas não entram.
- Vai lá. Onde você vê aquela carroça, descarregue os corpos e vamos embora. Se alguém vier com você, melhor. Os guardas estão se borrando de medo.

Badu então lembra sobre os eventos que ocorrem em funerárias. As lendas sobre corpos que se levantavam durante o processo de preparo para a cerimonia. Pessoas que foram consideradas mortas porém não estavam. Algumas delas eram então mortas novamente. Alguns lugares até tinham um hábito de enfiar uma faca no coração das pessoas para terem certeza de que os mortos estavam mortos. Se os homens que coletavam corpos estavam todos ali, onde é que estavam então?

O local parece tranquilo, porém Badu seria discreto? Ou tentaria chamar a atenção de alguém? Talvez até fugir correndo pelo meio do cemitério?

Badu olha indiferente aos guardas. Em pensamentos poderia chamá-los de covardes, mas a palavra que mais se adéqua naquela situação é prudência. Mas Badu não tinha a mesma oportunidade dos guardas para ser prudente, ele deveria entrar no cemitério e fazer seu serviço. E o faz.

Mas Badu não é tolo, ele perscruta pelo local por algum pedaço de madeira que possa ser usado como clava, apenas como precaução. Este lugar está estranho e um arrepio sobe pela sua espinha quando adentra o cemitério.

Puxando o carrinho de corpos me meio aos túmulos e lápides, Badu vai se aproximando da outra carroça dos carregadores desaparecidos. Sem ver ninguém, ele continua puxando o carrinho até o centro do cemitério, próximo da pira funerária, onde pretende despejar os corpos direto no fogo antes de retornar aos guardas.

Badu encontra um galho de árvore que apoia uma pilha de tijolos. Não é lá uma grande arma, mas é grossa o suficiente para dar uma boa pancada. Ao retirar a madeira do lugar a pilha não cai, mas está frouxa e Badu sabe que pode cair em uma semana ou em cinco segundos.

A carroça segue para perto da pira até que é possível identificar alguns corpos no chão em fila, num tipo de trabalho funerário interrompido. Pouco antes de chegar na pira Badu escuta:

-Ei você, grandão. O que está fazendo? Um homem se aproxima usando roupas que Badu havia visto nos carregadores de corpos. A roupa está suja com todo tipo de sujeira que se pode imaginar de corpos. Cadê os caras da Arena? Todos estes são das lutas de hoje? A expressão de cansaço do homem entregava que ele estava fazendo aquilo há horas.

Badu olha desconfiado para o homem que se aproximava. Era um dos carregadores desaparecidos. Então responde:

-"Estou fazendo o seu trabalho. Cadê o resto dos carregadores? Doctore está procurando por vocês o dia todo.", e finaliza virando o carrinho com os corpos na pira funerária. Não é porque um dos carregadores está aqui que Badu não vai terminar seu trabalho.

Badu

O homem olha para Badu, olha pra cima pensando em sua resposta.
- Como pode ver, eles não estão aqui. Se a carga não veio, então os carregadores não saíram da arena. O estranho homem tinha um argumento válido. Se os homens tivessem levado a carga, ela não estaria sendo empilhada na arena. Antes que fale da carroça, um outro cara trouxe aqui mais cedo cheia de corpos como você e estou aqui fazendo tudo isso sozinho. O homem olha para Badu com uma cara de intimidado pelo tamanho e força. Se vai embora, pode levar a carroça vazia?

O cemitério olhado do lado de fora parecia um local tenebroso e preocupante. Um local com espíritos dos mortos ou talvez os próprios mortos que se levantariam a qualquer momento. Uma vez do lado de dentro, não parecia ter nada de místico, era apenas um local com buracos no chão, uma pira no centro e um cheiro de carne queimada no ar.

Badu por um momento fica em silêncio pensativo. O homem tinha razão no que dizia. Se os carregadores nunca chegaram aqui, provavelmente nunca saíram da arena ou simplesmente fugiram em busca de alguma falsa liberdade nas terras romanas.

-"Quem é o outro que veio mais cedo? Onde ele está?", perguntava, olhando para a outra carroça ainda com alguns corpos sobre. Badu decide ajudar a jogar estes corpos no fogo. Depois de hoje, ele não vai se arriscar. -"Não há tempo para rezar por eles!"

Após o término do serviço, Badu pegaria a carroça vazia e a levaria. Não se importava mais com sua dignidade desde que fora feito escravo romano há alguns anos. Mas sonhava em algum dia voltar ao seu lar, sua terra natal no Egito, onde desejaria viver o resto da sua vida, seja ela o quanto fosse.

Badu,

       O homem olha para Badu com receio e descreve o homem que esteve lá mais cedo. Um homem forte, de cabelo curto, definitivamente um gladiador. O carregador também diz que não sabia o nome do homem, mas que ele falava o idioma romano com certa dificuldade. O sotaque dele parecia Celta.
       Quando Badu começa a jogar os pedaços de corpos no fogo, o homem diz:
       - Você vai jogar todos assim mesmo? Após alguns momentos ele completa: Então tá bom. As partes são jogadas e ele joga madeira na pira para queimar a carne também.

       Badu retorna para os soldados levando a carroça e eles parecem nervosos.
       - Então, onde estão os carregadores de corpos? Os homens procuravam por informações, mas não havia mais nada nem ninguém além de Badu.

O homem que esteve lá mais cedo:

Pela descrição que Badu recebe, ele reconhece Arthur, o gladiador celta que lutou ao seu lado contra Valerius esta manhã. Sem interromper o trabalho com os corpos, Badu fica intrigado de Arthur ter vindo aqui mais cedo. Nunca se interessou pelos afazeres extras que os demais gladiadores faziam quando estavam de folga, mas a presença de Arthur aqui chamou a atenção de Badu.

-"Aquele homem que esteve aqui mais cedo, ele disse algo?"

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De volta aos soldados que aguardavam Badu no portão do cemitério, Badu responde à pergunta enquanto puxava a carroça vazia.

-"Os carregadores nunca chegaram aqui. Havia um outro homem perto da pira funerária, cuidando do fogo, que me disse que apenas um gladiador, cuja descrição bate com a de Arthur, aparecera mas já fora embora. Acredito que os carregadores nunca deixaram a arena."

Badu,

Badu escreveu:-"Aquele homem que esteve aqui mais cedo, ele disse algo?"

       - Ele disse que um dos mortos parecia uma vaca doente. Não entendi, mas o corpo parecia estranho mesmo. Estes foram os comentários que o carregador de corpos passou.

Badu escreveu:-"Os carregadores nunca chegaram aqui. Havia um outro homem perto da pira funerária, cuidando do fogo, que me disse que apenas um gladiador, cuja descrição bate com a de Arthur, aparecera mas já fora embora. Acredito que os carregadores nunca deixaram a arena."

       - Como assim que eles nunca deixaram a arena? Badu então explica que o carro estava cheio das lutas anteriores, com os corpos dos gladiadores do dia. Então se não recolheram ninguém, nunca saíram.
       Os soldados ficam intrigados e retornam para a arena. Intrigado o chefe dos soldados diz para Badu:
       - O que dirá para o Doctore quando chegarmos? O soldado sabia que o Doctore ficaria bravo e talvez descontasse em alguém, então que o fizesse com seu gladiador.

      Badu não lembra de nenhuma informação adicional. Talvez se pensar um pouco mais consiga lembrar de algum detalhe.

Teste:

Badu força um pouco a memória, mas não consegue se lembrar de nenhum outro detalhe importante para esta situação. Ao ser indagado pelo chefe dos guardas, Badu responde:

-"Eu? Eu não direi nada que não seja perguntado! Podemos ir? Já é noite e um gladiador cansado não sobrevive às lutas diárias!"

Badu,

       Com a carroça vazia o caminho de volta era muito mais fácil. A chegada ao local da arena era tranquila, não haviam outras pessoas lá ao final do dia. Muitos já estavam indo para casa já que andar por ai sem luz fica meio complicado. A noite sem lua deixava tudo mais escuro, logo as pessoas queriam aproveitar a pouca luz para ir pra casa.

       Os homens da guarda da cidade deixam Badu na entrada a arena e vão embora antes que Doctore apareça. Um dos guardas que recebe Badu pergunta para os outros guardas:
       - Cadê os carregadores de corpos? Eles não voltaram com vocês? indagava o homem.
       - Parece que nunca deixaram a arena. A primeira carroça estava lá, então com essa significa que os corpos não saíram daqui. Portanto, repito, parece que nunca deixaram a arena. Preocupado ainda dizia. Fique atento, não gostei nada do que vi na arena hoje.
       - É, também não gostei daquilo, que Marte nos proteja. A voz do homem era apreensiva.
       Badu é conduzido para a prisão novamente.
       Após alguns momentos na prisão chega a comida, Kore entrega as porções para cada um dos presentes. Durante a janta Badu escuta um barulho de mastigar em algum lugar próximo. Não são seus colegas que estão fazendo este barulho.

Vídeo com som, foca no som e ignora a imagem:

Badu só queria descansar um pouco, foi um dia quente e trabalhoso, e sabia que no dia seguinte teria mais. Agradece a Kore pela refeição e se põe a comer. O barulho comum da janta é um pouco mais ameno como de costume visto o que aconteceu hoje na arena. Os presentes evitam comentar a respeito. Então Badu ouve um som alto de mastigação que não vem dos colegas de cela. Curioso, procura pela origem do som.

Badu,

       O som parece vir de vários lugares diferentes.

Teste:

Por mais que Badu procure o som, não fica claro de onde vem. Parecem que são sons de diferentes locais.

Teste: