As luzes da casa também se apagaram por um longo instante preenchido de luz mesmo assim. A noite nunca foi tão clara. Tão brilhante. Do outro lado da piscina T.B., o quarterback, rasteja tentando chegar a mesa virada. O primeiro instinto é uma risada. Os dentes aparecem e um som raspa para fora garganta. O quarterback se vira e se desespera. Por um segundo ele parece absolutamente ridículo se debatendo feito um peixe. É impossível não rir ainda mais. Pelo menos até o sangue aparecer.
É como um pedaço estivesse faltando no mundo. Não mais. Todos os detalhes começam a saltar. T.B. estava rastejando em cima de uma poça do próprio sangue. A bóia colorida na piscina era é um dos zagueiros novos. Qual o nome dele mesmo? O gosto de sangue na boca, o cheiro de sangue no nariz. O toque do sangue seco no rosto. Sangue gelado nas roupas. Nas suas roupas. Sangue pingando da janela do segundo andar. Metade do Matt no parapeito, a outra metade perdida.
Vidro no chão. A música retorna com a luz puxando seus olhos para dentro da casa. Móveis revirados. Chão de madeira arranhado. Paredes manchadas de sangue. A cabeça de alguém casualmente boiando na bacia do ponche. Aos seus pés o corpo estraçalhado de Carol, ou talvez Mary, impossível saber. A tv esmagada na parede prendendo um corpo. Um corpo não. Ele está se mechendo. O impulso de ajudar vem misturado com uma forte sensação de falha.
Os cacos de vidro entram nos pés como surpresa muito desagradável. Dor inesperada se somando ao montante da confusão. Harry. Harry está preso na tv. Deu pra reconhecer o horror no seu rosto quando ele te percebeu puxando o sofá para alcançá-lo. As farpas na mão são ignoradas. Você tem uma missão. Salvar Harry desse noite que não faz sentido. Os dedos do pé esmagam algo mole e molhado. O cheiro de merda é forte o bastante para lhe dar pausa. Jogando o sofá para o lado seu pé está afundado na barriga aberta de alguém sem rosto. Harry tenta gritar, mas é inútil. Ele não consegue.
A tv está presa na parede com força. Talvez tenha tentado acalmar ele antes de puxar. Talvez não. Mas assim que consegue arrancar seu amigo da parede, mesmo com o desgraçado idiota lutando o tempo todo com um braço só, ele desmaia. Provavelmente dor. Não é? Não pode ter matado Harry, pode?
Lá fora alguma coisa cai na piscina. T.B.! Correndo para fora dá para ver ele boiando de cara para baixo na piscina. Do outro lado, com um rosto calmo e sério, Daniel Mcleary.
“Calma garoto.” Ele olha para cima encarando a lua por um momento. “Vem aqui, tá na hora da gente conversar um pouco” Ele lentamente começa a andar na direção do chuveiro da piscina, tomando muito cuidado para pisar somente no chão. O tempo todo te vigiando com o canto do olho.