Ethan K. Packer

A porta era uma simples folha de madeira com uma placa de acrílico transparente. Mais praticidade e menos glamour era um dos muitos lemas da instituição. A porta abre só um pouco primeiro. A cara de desconfiança do velhinho logo se transforma em algo entre alegria e cansaço. "Olha só quem veio pedir a minha ajuda." Ele diz abrindo mais a porta e dando espaço para Ethan entrar. "Nem precisa e preocupar em me engambelar menino. Os velhos são esquecidos até serem úteis. Senta senta." Ele logo fecha a porta e anda devagar até sua cadeira, não por fraqueza, mas saboreando a atenção. "Diga, senhor Packer, em que posso ajudá-lo" A pergunta feita somente quando ele se sentou e se acomodou bem e fechou o livro sobre a mesa, tinha um tom de desafio. Os olhos tinham um brilho excitado.

Ethan escreveu: Mestre, sei que não fui muito legal com o senhor nestes últimos meses, me perdoe mestre. Mas estou lhe procurando, por ser a minha referência de amizade e pelo seu vasto saber..

Ele parece muito descontente. "Não me ofenda jovem. Eu sei quem eu sou e sei que veio pedir ajuda que eu posso dar. Seja direto." Então ele ouve em silêncio o que o uratha fala. Ele olha os papeis na mesa. Olha de volta para o ithaeur. "Eu vou te ajuda. Mas não há encontra-lo." Ele diz em tom sério antes de se levantar e pegar um volume de capa de couro em sua enorme estante. "Aqui está rapaz, as ultimas viagens de eu pai. Seus últimos passos. Depois disso ele fez muita questão de não ser encontrado ou morreu. As histórias e os mitos não são verdade. Seus sonhos vem dos seus desejos e não dele. " Ele coloca o volume, magro e esquecido, na frente de Ethan. Lentamente. O professor volta ao seu lugar.

"Se me der os papeis posso traduzi-los para você. " Ele diz folheando. "Sua dor está em você menino e nas sua expectativas. Seu pai se foi e isso não é uma trilha de migalhas de João e Maria." Ele bate de leve um dos dedo no papeis. "Tire foto, me de os papeis para o acervo da faculdade e eu logo te mando as traduções por e-mail. Eu sou muito moderno, vê?" ele sorri aliviando o tom.

O pequeno caderno de anotações deitado sobre a mesa parece encarar Ethan. Queimado em sua retina. Ali os últimos passos do pai.

O volume magro com capa de couro deixa o ithaeur ansioso. Respostas para perguntas que ele nem tinha. "É seu, meu jovem. Não preciso disso. " Sua voz é mais macia e branda dessa vez. Mas quando ele pergunta sobre devolver as coisas o velho ri. "Nunca. Mas ele poderá acessar o acervo da faculdade. Depois que os documentos entrarem só a rainha vai poder tirá-los daqui." Ele bate com uma caneta na mesa sem perceber para pontuar o argumento. Ainda assim ele se deixa envaidecer com a fala de Ethan. O velho não era imune lisonja. "Vou começar ainda hoje. te informo assim que tiver algo pronto. Agora, eu vou tomar um café. Me acompanha?" Ele se levanta animado. Sem conseguir esconder a energia nova. Pega o seu casaco e sai da sala. Quase deixa Ethan para trás, mas volta um passo e o espera sair para trancar a porta.

Os dois vão andando até a cafeteria. As paredes de madeira clara. O chão de madeira mais escura. Tapetes e poltronas. Mesas e escrivaninhas. Nenhum funcionário dedicado ao café. Só as maquinas com seus vapores e borbulhas. Algumas recentes e modernas com display digital e outras antigas com partes de bronze polido pelo uso. Alguns cabeça branca sentados em seus próprios silencios. Bebericando suas xícaras e canecas. Um ambiente entimista e exclusivo.

Ele até anda mais devagar ao entrar na sala. O aponta as maquinas sem fazer barulho. Uma batida na madeira em algum lugar. Ele começa a apertar habilmente os botões da maquina mais moderna. Sem nenhuma dificuldade. Nenhum constrangimento. O café logo começa a cair na caneca que ele colocou para recolher o líquido escuro. Ele inspira profundamente o vapor aromatizado. Sorri e lhe da espaço para fazer o mesmo. O velho assiste sem julgamentos a escolha de Ethan. Outra batida e mais uma.

O professor anda até uma poltrona perto da janela. "Podia fumar meu cachimbo aqui. Era bom para relaxar. Agora? Só posso contemplar o movimento do campus. Olha as pessoas passando. Correndo daqui pra li." Outra batida. Mas dali da para ver o casal de cabelos cinza jogando xadrez com olhares intensos e dialogos mudos entre as jogadas.