Smythe escreveu:O velho negou com a cabeça, lentamente, parecendo um pouco desolado:
- Não, a casa em que eu morei desmoronou há muito tempo, não existe mais...
Conveniente. O mago pensara. Não era possível investigar o que fosse sobre sua vida, se é que ele diz a verdade. Existia a possibilidade de ele estar mentindo sobre quem era... Era uma possibilidade alta e que Blöodgar'mindel não poderia provar. Mas existiam muitas verdades que ele não poderia provar.
Smythe escreveu:- Ela não falou muito durante a viagem... não me disse que era da família Halloway... e nem porquê queria vir pra Steadwall... ficou escrevendo naquele livrinho dela... eu não sei o que era, nunca aprendi a ler, só sei o meu nome... Quando ela desembarcou, eu disse que voltaria mais tarde... E ela disse que ia dar uma olhada pela região...
A afirmativa de Smythe sobre não saber ler era chave para muito do que dependia a investigação. Era verdade ou o livro só estava com a moça porque não havia nenhuma pista séria sobre o caso? Talvez por isso ela tenha sido "enterrada" com o objeto.Andrei escreveu:- Nem lhe agradeci pela ajuda quando lancei a corda e errei feio, velho. - Andrei falou alto, talvez alto demais, e de forma alguma soou como afronta ou ofensa. Velho saiu apenas com um tom informal. - Mas uma garota morreu. Tudo bem, todo mundo morre e todo mundo aqui morreu... menos você, não é? Ela morreu por aqui, morreu há pouco tempo, você está sozinho... Me perdoem, eu tenho a maior cabeça aqui mas ela não é muito útil, sabe? A menos quando eu dou uma pancada firme com ela no peito de alguém, aí ela passa a ser bem útil.
É verdade. Andrei não era sutil, mas a acusação não era infundada. A forma como Smythe reagiria a pergunta seria uma pista em si mesma. Talvez ele dê de ombros como na sua primeira pergunta. Afinal, não era estranho que perguntassem isso.
Novamente Andrei tinha a sutileza de um Dragão vermelho numa cusparada de fogo, mas não deixava de ser um questionamento que nasceria quer o velho desejasse, quer não. A reação do velho barqueiro o surpreende um pouco. Insultado neste nível não era lá uma reação que esperava. Era uma reação que o tornava ainda mais suspeito. Ele talvez fosse o maior interessado em limpar o próprio nome naquela situação. Ou pelo menos deveria...Smythe escreveu:O velho barqueiro virou-se com brusquidão para Andrei, fitando-o agudamente. Algo em seu olhar era ameaçador.
- Está me acusando?
Mas o bárbaro continuou falando.Andrei escreveu:- Mas diz aí, meu bom senhor. Eu não tenho ideia de como a moça morreu, mas ela não chegou até a gente sozinha, sabe? Você pode me ajudar com o raciocínio aqui, porque eu só consigo imaginar que você a mandou passear. Quem mais poderia ter feito isso?!
Smythe tornou-se repentinamente furioso e sua voz subiu para brados contidos:
- Acha que eu a matei? Se é o que acham, podem se virar sem minha ajuda! Façam o que quiserem, eu não vou me preocupar com vocês!
O velho caminhou pela margem enquanto praguejava e resmungava. Subitamente pulou para o meio de uns arbustos, mas não caiu na água. Abaixou-se para pegar algo e levantou-se segurando o que parecia uma longa vara. Com um movimento, ele deslizou pela água, sem mover as pernas.
Os cinco aventureiros demoraram alguns momentos para perceber que ele embarcara numa pequena balsa que estivera o tempo todo ancorada ali na margem, oculta num pequeno remanso pela vegetação alta da região.
O velho barqueiro Smythe chegou ao leito do rio com um olhar irado para o grupo, até desaparecer na escuridão da noite.
Os cinco poderiam persegui-lo em seu próprio bote a remo, ou então explorar as ruínas que restaram nas casas e no casarão do que já tinha sido a vila de Steadwall.
Krystofor escreveu:- Creio que ele ficou ofendido com vossas acusações, embora a reação seja natural isso não o torna menos suspeito só que agora ficamos sem o guia... Que seja! Proponho começar a investigação pela primeira casa e assim deixando a grande casa para o fim se passarmos uma cuidadosa verificação iremos encontrar alguma pista... Falando em pista o livro da moça deve ser revisto, pois talvez tenhamos deixado algo passar da primeira vez.
Ficar ofendido era um movimento natural. O velho ficara mais que ofendido. Estava ultrajado e não parecia um movimento natural. O mago vê o velho sair e desaparecer do campo de visão. Na prática fora o que melhor lhes acontecera. Podiam agora conjecturar à vontade sem se preocupar com a contaminação de suas hipóteses de alguém de fora.
- Antes que me esqueça, alguém me diga que consegue dizer se tudo o que ele estava falando era verdade. - afoito estava Blöodgar'mindel para saber esta resposta. Ela poderia significar já o sucesso daquela empreitada. Era muito mais fácil para ele dar o velho como assassino e deixar nas mãos da autoridade a caçada ao velho Smythe. Não era um problema que ele desaparecesse e os deixasse ali. Era conhecido e talvez tivesse até residência fixa e sabida. Melhor seria que a autoridade constituída lidasse com esse crime.
- A acusação de Andrei era séria, mas era o simples juntar das peças. A hipótese do rapaz é válida, caro amigo - Diz para o sacerdote- Com as pistas que temos não podemos afirmar nada, mas o que mais se aproxima de uma conclusão é que o barqueiro a lançou no rio. Não vimos mais ninguém aqui. A jovem pode até ter cometido suicídio, mas depois disso não pode ter entrado no barco e se lançado na nossa direção. Inclusive foi exatamente o que ele dissera. Nem falou sobre assassínio. - Disse e estava realmente impressionado.[/quote]