O Jogo dos Tronos - Felinight

Minhas expectativas eram frustradas pelo acaso. E as palavras de Alayaya só serviam para confirmar o que eu já sabia. Concordei com seus dizeres antes de tocar-lhe o ombro e encarar-lhe com certa seriedade.

- Se a diversão está no torneio, bela Alayaya. Então, vamos ao torneio! - Abri um largo sorriso para a jovem e logo corri para meus aposentos para me trocar.

Sem delongas, parti a procura de algum transporte. Assim, poderia chegar antes que toda aquela multidão se aglomerasse e poderia averiguar o local com calma. Talvez os guardas me reconhecessem do dia anterior e assim me permitissem vaguear pelos acampamentos.

Em todo caso, sabia que hoje poderia misturar-me com maior facilidade ao público.

Mais rápido do que eu previa, já estava andando pelos acampamentos. No entanto, não era só o alcouce que estava tendo um dia monótono. Esperava ver cavaleiros em suas armaduras preparando-se para as justas. Ao contrario disso, via a face abatida dos servos devido a todo aquele tédio.

Sem muito o que fazer por ali, segui para a feira. Esperava usar a mesma estratégia do dia anterior de jogar conversa fora e ver se as "novidades" seriam tão interessantes quanto suas predecessor.

Comia um dos pratos exóticos ou seria um prato típico deles que para mim era exótico... Não sabia ao certo. Quanto anunciaram a família real. Terminei a refeição rapidamente e segui até a colina e fiquei próxima ao local reservado para os músicos.

Os nobre pareciam finalmente ter se interessado pelo evento. Lotaram as arquibancadas. Já a multidão era a mesma do dia anterior, só que hoje parecia mais calma.

Esdres foi o segundo a ser chamado para o duelo. Não sabia dizer se o duelo do dia anterior havia se prolongado devido ao nervosismo de Esdres ou se o lorde Dannett fora um oponente valoroso. Contudo, o combate anterior o havia presenteado Esdres com uma grande confiança. Em sua primeira e única investida, o jovem Felinight finalizou com seu oponente de forma magistral. Vibrei e acenei para ele, mas meus gritos foram abafados pelos gritos da multidão. Também não esperava que ele notasse minha presença, porém naquele momento de euforia...

Já, diferente de Esdres, o herdeiro Felinight parecia estar diante de problemas. Pelo caminhar da batalha, parecia ter encontrado um adversário a altura. Acompanhei atentamente a cada movimento daquele embate. Não sabia se as regras do torneio permitiam um combate até a morte, mas pelo ataque desferido contra o peito de Arthur, o cavaleiro de cabeça de morcego estava disposto a tal ato.

Um dos rumores era realmente interessante. Isso ajudava a elucidar o porque o povo não havia aceitado a vitória de Esdres como justiça. Questionava-me se aquele velhote Felinight não deveria saber algo a respeito disso. Senti um calafrio percorrer minha espinha só de pensar.

Já o outro rumor, eu não dava muita atenção. As prostitutas já deviam saber ao que estavam expostas e deveriam estar preparadas para algum maluco ou bêbado mais abusivo. Contudo, o comentário sobre as vestimentas pretas me fez olhar de soslaio para o ser tagarela em questão. Rapidamente abocanhei minha refeição para evitar alfinetar alguém e acabar gerando uma situação desagradável.

[...]

O desfecho do embate de Arthur Felinight parecia cada vez mais próximo. Não conseguia compreender que enquanto eu sentia-me angustiada diante daquela situação, os demais pareciam ir ao êxtase a espera de uma tragédia.

Sem mais aguentar a ficar parada vendo o mal que recairia sobre Arthur, corri até os musico e sem a menor cerimônia peguei as baquetas de um deles e pus-me a tocar o tambor.

- VAMOS, MENESTRÉIS!! - Bradei. - VAMOS DAR AINDA MAIS EMOÇÃO A ESSE COMBATE!!

Recordava-me exatamente da canção de batalha de um povo de guerreiros nômades de Essos. Talvez, eu ter vindo a cavalo para o torneio fosse um sinal. Não, não. Nunca que eles permitiriam que uma mulher, ainda mais estrangeira, montasse em um cavalo. Enfim, se servia para incentivar seus guerreiro, certamente incentivaria o herdeiro Felinight.

Assim que todos músicos me acompanhassem, eu simplesmente tomaria a frente tirando o capuz e encarando Arthur. Esperava que a canção surpreendesse e chamasse a atenção de todos. E assim que visse Arthur olhar em minha direção levantaria um braço com o punho cerrado.

- ARTHUR, FICHAS JAHAKES MOON!! - Gritaria a plenos pulmões.

Não sabia ao certo o que significava, mas esses guerreiros gritavam isso para os lutadores durante os combates. Em todo caso, não esperava que alguém ali soubesse mesmo o que isso significava.