STROLLER Stroller escreveu:-- Não sei ao certo o que falar... Achei que ela está bem focada em garantir que as coisas aconteçam dentro do plano dela... me recebeu bem, mas não deu espaço para conversa, foi simpática e bem pragmática para se livrar desta pequena atividade que vos fala...rsrsrs
-- É uma seita bem grande, e notei diversos grupos. Pela postura do Louis, existe uma clima mais pesado do que se demonstra, pois claramente não fui digno da atenção dele, tem outras coisas acontecendo... E bem, fui chamado a fazer parte dela, creio que neste momento, entendo que até aqui minha chegada foi um sucesso... já conheço 3 presas de pra, 1 wendigo e 1 roedor...rsrsrs
-- Pelo menos até este momento conheço tb 3 andarilhos... Eu, meu tio e você. Em numero estamos bem...rsrsrs
-- Estou vendo que temos plateia lotada hoje, teremos algum anuncio grande ou grandes disputas para ter tanto garou interessado nesta assembléia de hoje?
Bill concordou com o que Anderson dizia, com um pequeno sorriso de aprovação.
- Você é esperto, Stroller. Vou te dar um pequeno resumo sobre situação: esse caern tem séculos e pertenceu aos wendigos até a chegada dos europeus. Com a diminuição de wendigos e o aumento de garous de outras tribos, a seita tornou-se mista, mas a relação é conflituosa. Hoje em dia, existem basicamente três alas: wendigos, uktenas, garras vermelhas são os radicais; fiannas, roedores de ossos e, claro, andarilhos, somos os progressistas; os demais são a turma que tenta evitar que isso acabe em pancadaria toda vez que nos reunimos. Bill indicava discretamente alguns dos membros da seita enquanto citava as tribos.
- Agora, meu jovem, vou te dizer porque você está aqui. Essa seita controla três caerns: um pequeno e discreto caern urbano em Vancouver, um caern bastante razoável em Abbotsford onde a seita realmente funciona, e este aqui, o mais antigo, poderoso e misterioso. Geralmente, nós andarilhos ficamos entre Vancouver e Abbotsford e deixamos os místicos, os tradicionalistas e os que acham que têm poder cuidar daqui.Stroller ouviu uma nota estranha na voz de Bill ao dizer isso, e ele não parecia muito certo do que dizia.
- Porém, há pouco mais de 3 meses, a seita bancou o projeto de uma portadora da luz interior de criar um novo caern. Essa portadora convenceu todos a seguir sinais de um espírito novo que ninguém conhecia e juntou mais de 30 garous para realizar o ritual de criação de caern. Sabe o que aconteceu? Só ela sobreviveu. E agora ela está juntando cliaths de várias partes do mundo que, supostamente, foram escolhidos por esse novo espírito, e os levando para a área desse novo caern.A desconfiança na voz do andarilho do asfalto mais velho era evidente.
- Esse novo caern não está aberto a todos os membros da seita, só tem uma Ponte da Lua, que traz para este caern, e os novos garous que ela traz não passam pela avaliação do conselho de anciãos da seita. Praticamente, essa theurge é a única autoridade nesse novo território. Não te parece uma nova seita querendo independência? O mais preocupante é que não sabemos nada sobre esse novo totem.Bill olhou mais diretamente para Anderson e explicou:
- É aqui que você entra. Nós já tentamos colocar alguém de nossa confiança lá dentro, mas fomos rechaçados com a argumentação de que somos velhos preconceituosos. Então, um cliath novo, vindo de fora, derrubará esses argumentos, e você poderá investigar in loco o que é que que está acontecendo lá!Os olhos do Devorador-da-Weaver quase brilhavam quando ele parou de falar. Ele passou alguns minutos observando os outros garous, até que cutucou Stroller com o cotovelo.
- Olhe discretamente aqueles dois que acabaram de entrar. Ela é a portadora da luz que eu te falei, Testemunha-das-Estrelas. Não conheço o garoto com ela, mas deve ser um dos novos recrutas dela.- Spoiler:
Os dois garous que Bill indicara foram falar com Victoria e Louis, e depois se retiraram.
SUMÉMegumi e Sumé assumiram a forma lupina e viajaram algumas milhas pelas florestas de coníferas canadenses, subindo colinas por trilhas que serpenteavam entre as altas árvores ainda intocadas pelas mãos humanas.
Sumé já sentia os efeitos da divisa daquele caern; era uma sensação de renovação ancestral, um sentimento de cura presente no próprio ar que respiravam. Após mais de meia hora de caminhada na forma lupus, eles chegaram a um ponto onde a floresta se abria numa clareira reservada, circundando uma pequena gruta.
A clareira estava apinhada de garous, tanto na forma hominídea quanto lupina. O caráter multitribal daquela seita se notava rapidamente ao comparar um de seus membros com outro: praticamente nenhum deles se encaixava num estereótipo grupal, todos diferentes entre si.
Testemunha-das-Estrelas guiou Sumé até perto da entrada da gruta, onde um homem e uma mulher observaram sua aproximação.
- Spoiler:
- Saudações, anciãos. Eu acabei de regressar com mais um garou que viu o sinal do Pássaro de Fogo. Este é Sumé Revogador-de-certezas, ragabash cliath uktena do Brasil.A mulher tomou a frente, respondendo:
- Saudações, Revogador-de-Certezas. Eu sou Victoria Corte Real, Juíza de Prata, phillodox anciã dos presas de prata. Este é meu irmão, Louis Corte Real, Palavra de Prata, ancião ragabash de nossa tribo. Vamos presidir a assembleia essa noite. Ela vai começar em breve, então por favor acomodem-se.Com isso, Megumi levou Sumé para sentarem-se numa formação semi-circular ao redor da entrada da gruta.
STROLLER & SUMÉAos poucos, os garous foram se assentando numa forma semicircular ao redor da entrada da gruta, enquanto uivos ecoavam pela clareira, convocando todos.
O Uivo de Abertura foi executado por uma mulher ruiva que ostentava orgulhosamente glifos fiannas em seu corpo. A voz dela era afinada mas potente, e cortou o ar noturno, ressoando nos ouvidos de cada garou e arrepiando os pêlos de todos.
Para os garous, o uivo era plenamente compreensível, transmitindo uma mensagem clara:
- Irmãos garous! Seita do Grande Urso Pardo! Juntem-se! Unam-se! Reúnam-se agora perante Gaia, o Grande Urso, e todos os espíritos que lembram-se do pacto! Venham expressar seu ânimo triunfante e seu lamento melancólico! Relaxem suas presas e garras, e agucem seus ouvidos e mentes! Nós, guerreiros de Gaia, nos reunimos agora para agradecer, honrar, lamentar, parlamentar e celebrar como um só! Aaauuuuuuuuuuuuuuuuu.....À medida que o uivo dela se estendia, todos os garous foram se juntando ao uivo, todos emitindo sua voz até um único som poderoso e arrepiante ecoar por milhas de distância.
Depois de longos minutos, o uivo foi diminuindo até cessar.
A fianna ruiva sentou-se na roda e um homem das Primeiras Nações (como eram chamados os nativo-americanos (ou índios) no Canadá) levantou-se, carregando um tambor bastante enfeitado, com glifos garous e objetos que faziam referência a espíritos totêmicos. Ele começou uma batucada, cujo ritmo foi acompanhado por palmas ou batidas de pés no chão por todos os garous da seita. O conjurador dos espíritos começou a entoar uma ladainha:
- Gaia, Mãe, Avó, Grande Deusa Mãe! Grande Urso! Grande Wendigo! Cervo! Falcão, Barata, Pégaso, Fenris, Unicórnio, Grifo, Coruja, Quimera, Rato, Trovão, Uktena! Venham e vejam! Testemunhem como nós garous honramos o pacto ancestral e renovamos nossa aliança! Venham e vejam! Testemunhem...À medida que a batucada continuava e o cântico assumia um ritmo quase hipnótico, o cenário ao redor dos garous parecia nublar-se, turvar-se, borrar-se. Os ventos pareciam curvar-se na forma de animais totêmicos, as árvores balançavam como se dessem passagem criaturas invisíveis, a própria terra sob os pés dos lobisomens parecia mover-se. Capazes de olhar através da penumbra, os garous conseguiam ver os espíritos invocados aproximando-se, e um enorme urso pardo de pé acima da gruta.
Quase de modo imperceptível, o cântico diminuiu e findou.
Assim que o theurge sentou-se, a anciã presa de prata Victoria Corte Real levantou-se e assumiu o comando:
- Vamos iniciar agora a Quebra do Osso. As questões importantes podem ser apresentadas para a discussão da seita.O ancião Bill Wallace foi o primeiro a tomar a palavra, falando incisivamente:
- A questão que mais preocupa todos nós é o caern do Pássaro de Fogo. Isso é óbvio! Nós já pedimos que haja um representante da seita naquele caern para se certificar das ações que ocorrem lá! E já que reclamaram do viés de alguns membros da seita, sugiro agora que a gente envie um cliath recém-chegado, Stroller.Megumi não pareceu surpreender-se, e manteve-se impassível ao lado de Sumé. Tanto que Victoria teve de inquiri-la:
- O que você diz sobre isso, Testemunha-das-Estrelas?Só então a portadora da luz respondeu, sem nem mesmo se levantar de onde estava:
- Não há nada para ele fazer lá. O Pássaro de Fogo não fala com qualquer garou, ele é seletivo. A presença de alguém não escolhido pelo totem pode ser não apenas inútil para ele, mas também pode prejudicar nossa relação com o espírito.Pela primeira vez, Louis Corte Real, o ragabash ancião dos presas de prata falou, inesperadamente:
- O ritual de criação do caern matou quase 30 garous. Como sabemos que esse Pássaro de Fogo é um espírito de Gaia e não da Wyrm?Murmúrios preocupados espalaharam-se por todos os garous, e Megumi demorou um pouco para responder.
- Não sabemos. E é por isso que devemos ser cautelosos. Ademais, vocês nem sequer perguntaram ao cliath andarilho se ele quer ir.Todos os olhos se voltaram para Stroller. A portadora da luz se levantou e lançou-lhe um olhar intimidador, indagando:
- Você deseja fazer isso, Stroller? Ser um peão de sua tribo, enviado como um espião a um lugar ermo, quase inacessível, só acompanhado por cliaths dos lugares mais diversos do mundo que ouvem e enxergam coisas que mais ninguém percebe, supervisionado por uma portadora da luz dedicada a um propósito obscuro até para ela mesma?