Era fim de tarde e o pôr do sol conferia um bonito tom alaranjado ao céu da cidade que seguia em sua rotina sempre atarefada, com carros e pessoas correndo de um lado para o outro em seus afazeres, enquanto seguiam praticamente alheios aquela beleza estampada no céu.
Mas não ele. Parando por um instante sua caminhada, Kuroi olha para cima admirando o tom alaranjado sobre a cidade, quem sabe nostálgico de quando era comum para ele estar naquele céu, embora nessa época não houvesse muito tempo livre para apreciar nada de belo que pudesse existir.
Permaneceu assim por alguns instantes, antes que gritos mais a frente chamasse sua atenção.
Observando o pequeno tumulto que se formava, ele se aproxima e vê que uma jovem moça estava caída no chão, desacordada.
- "Mas o que aconteceu aqui?"
- "Ela foi atacada. Parece que foi alguém que usa aquela droga nova, que fica parecendo zumbi..."
- "Pobre moça... Mas ninguém viu quem foi?"
- "Foi tudo muito rápido, mas um rapaz saiu correndo atrás do cara."
Kuroi ouviu as pessoas que estavam em torno da moça dizerem e ele sabia que aquilo não era provocado por alguma droga nova. Aquele era mais um indício do crescente desiquilíbrio entre os mundos e que os demônios estavam cada vez mais atacando os humanos.
Sabendo disso, pode imaginar que algum detetive espiritual já estava tomando conta do caso e sem ter mais o que fazer ali ele simplesmente se afasta e continua a sua caminhada.
Kuroi atravessava um amplo parque, em uma parte mais arborizada, quando uma voz conhecida, que não ouvia a muito tempo, chama sua atenção.
- Ora, ora, ora. E não dizem que quem é vivo sempre aparece...
Ao olhar na direção de onde vinha a voz ele pode ver flutuando logo acima, sentada em seu costumeiro remo, uma antiga amiga do Reikai.
Botan abre um amplo sorriso para Kuroi.
- Caramba! É difícil encontrar você, sabia? Então, será que você teria um tempinho para conversar com uma velha amiga?