Como eu tinha dito antes, vou escolher o deus egípcio Anubis
Eu fiz um BG (pra variar ficou maior do que eu esperava ), mas como é uma proposta interpretativa tentei te fornecer o máximo de informações sobre a questão que envolveria Anubis.
Depois vc me diz se está bom, se é isso que tinha em mente, ou se seria melhor eu mudar algo.
Bem, vamos lá então
- BG Douglas Carter:
- Douglas Carter
Ele nem sequer se lembrava de quanto tempo fazia que não via aquele quarto. Seu antigo quarto...
Sua mãe tão zelosa e amorosa mantivera tudo do jeito que ele havia deixado na esperança de que o filho viesse visita-la nos momentos de folga ou de férias. Mas isso nunca aconteceu.
-“Douglas, quando você virá me ver?” – Era a frase que mais ouvia da mãe nos, segundo ele achava, muitas vezes insistentes e inconvenientes telefonemas excessivos que a mulher costumava fazer.
O fato é que desde de que saíra de casa para cursar a faculdade, Douglas nunca havia retornado àquela casa, e, se não fossem as circunstâncias atuais, certamente ele não estaria ali.
Ele fecha a porta e caminha até a cama, onde se senta. Respirando fundo, ergue os olhos observando cada detalhe daquilo que ele não via fazia pelo menos 10 anos até que seus olhos param em uma das prateleiras na parede, sua preferida, onde se via algumas imagens de deuses da antiguidade. As primeiras que havia adquirido na vida.
As lembranças daquela época invadem sua mente. Douglas apoia os cotovelos nos joelhos e esconde o rosto nas mãos.
Os pensamentos o atormentavam. Não exatamente do que havia feito, mas do que poderia ter feito e não fez.
Douglas era filho único e seu pai havia falecido em um acidente quando sua mãe ainda estava grávida, o que fez dele o grande alento e sua segurança e bem estar o único objetivo da vida da mulher.
Não é que ele não amasse a mãe, mas ela, super protetora, o sufocava na infância e adolescência, com o apego e cuidados excessivos, o que contrastava totalmente com a forma livre que ele tinha de ver a vida.
Isso sempre gerou vários atritos entre os dois, mesmo nos últimos anos em que não moravam mais juntos, pois se ele não ia até a mãe, a mãe vinha até ele.
As mesmas cobranças, críticas e a mulher sempre tentando opinar e se envolver com coisas das quais ele não queria a opinião dela. Por diversas vezes ele chegou a desejar em silêncio que ela não existisse.
E esse era um dos pensamentos que mais o atormentavam nos últimos dias.
Em sua última visita a Douglas, após mais uma discussão, pela primeira vez ele verbalizou aquilo que pensara algumas vezes – “Sabe o que eu queria mesmo? Que a senhora parasse de se meter na minha vida. Mas a senhora não resiste, não é mesmo... Talvez eu só consiga paz quando a senhora morrer... E eu quero muito ter paz”
Embora não tivesse dito com todas as letras, a intenção por trás daquelas palavras o consumia. Sentia-se culpado.
A mãe, magoada, havia ido embora e praticamente não se falaram desde então.
Dois meses se passaram até que ele recebeu uma ligação dela para dizer que estava muito doente e que tinha poucos dias de vida.
Havia descoberto um câncer super agressivo em seu ouvido que mesmo iniciando o tratamento já havia alcançado o cérebro. Os médicos já haviam informado que o tratamento seria apenas para lhe proporcionar conforto porque a doença não respondia ao tratamento e não havia mais nada a ser feito.
A mulher não avisara antes porque após a briga não queria incomodar o filho, mas as coisas estavam ficando difíceis e ela precisava ser internada, dessa forma não tendo mais como evitar das a notícia a Douglas.
Ele tirou uma licença do trabalho na Universidade onde era professor de história antiga e do doutorado em mitologia egípcia e foi para o hospital cuidar de sua mãe.
Em menos de uma semana o estado da mulher piorou muito e os médicos tiveram que coloca-la em coma induzido para evitar a dor que a consumia... Seria questão de dias, que sabe horas até a morte dela.
Douglas ergue os olhos e mais uma vez olha para a prateleira. Divindade por divindade, ele olha para cada uma até se deter em Anúbis.
Ele não era religioso, mas se atrevera a rezar algumas vezes no hospital nos momentos de maior desespero. A verdade é que não se sentia a vontade ao fazer isso, pois nunca foi de frequentar igrejas e era como se estivesse pedindo um favor a quem não conhecia.
Mas Anubis...
Como professor de história e se especializando em mitologia egípcia, ele se sentia próximo o suficiente, a vontade o suficiente... O que não o deixava de incomodar.
Com certeza se o juiz do Karma colocasse seu coração na balança ele seria devorado por Ammit. Nunca que o coração de um filho que chegou um dia a querer a morte da mãe seria mais leve que a suave pena de Maat.
Mas da mesma forma que um dia chegou a pensar dessa forma horrível, agora a dor da perda e a constatação de um amor profundo pela mulher que sempre fez tudo por ele, fazia Douglas ter a certeza que se precisasse iria até o inferno para ter uma chance de mudar o destino da mãe.
Ele se levanta da cama e se aproxima da prateleira, parando em frente a estatua do antigo deus egípcio da morte.
- Se houvesse algo que eu pudesse fazer... Me ajude, por favor.