Kate falava sobre Zenox e a moça erguia a sobrancelha em dúvida.
Claudette: Zenox? O que seria um Zenox?Então depois ela pedia uma caixinha de música.... Claudette ficava ainda mais curiosa.
Claudette: Bem, eu tenho... minha irmã tinha uma bailarina de música sobre a sua cabeceira. Creio que possa dá-la como um bônus do pagamento, sem problemas, se isso for ajudar.... mesmo que eu não faça a menor ideia do porque a senhorita precise disso... Letizia conversava com o cocheiro que, apesar de não parecer ser um homem instruído, ao menos não agia como a maioria dos serviçais que ela conhecia.... como porcos tarados.
Lou: Bem... Ao menos têm camas lá em cima. Eu vou já ter de procurar um tapete... porém, dormir próximo ao fogo vai me fazer muito bem.Ela comentou sobre o trabalho dele e sobre ele não ficar doente. Ele deu um sorriso simpático, mostrando uma barba um pouco mal cuidada, mas que não era tão velho quanto parecia. Deveria ter uns quarenta anos, mas ainda sim, parecia ser um homem forte pra idade.
Lou: Não se preocupe, senhorita. Estou acostumado à viagens até mais longas e esta época do ano os anjos nos castigam com suas lágrimas. Sorte dos lavradores e azar dos cocheiros, hehehe. Mas com uma proposta de uma jovem tão bela, temo que eu acabe por torcendo que a gripe me pegue.Aquilo era típico. Letizia estava acostumada com cantadas, mas ao menos esta foi sutil e não das rudes que comumente aconteciam. Depois, quando ela se juntou à mesa com os outros, ela acabou conhecendo Claudette, a contratante.
Claudette: Por favor, queira me perdoar se pareci rude. Eu realmente não conheço nenhum caçador, mas os poucos de quem ouvi falar são homens e mulheres armadurados e armados até os dentes.... ou então feiticeiros. Apenas inferi que a senhorita pudesse ser do segundo tipo, se me entende. Mas sim... eu gostaria de ver esses "truques", se não se incomodar. Não que eu duvide de qualquer forma de suas capacidades, mas... somos uma vila pequena e interiorana. Tirando as desgraças, poucas coisas acontecem por aqui, então qualquer... novidade... é extremamente bem-vinda.Ela sorriu amigavelmente, mostrando que não estava de forma alguma debochando, mas parecia sim muito curiosa.
Val então se apresenta e apresenta Grumpy.
Claudette: Muito bem, Capitã Val... Grumpy. É bom tê-los conosco.Depois de um tempo, a velha trouxe um grande balde com água da chuva e Grumpy foi logo deslizando rapidamente e entrando, mantendo apenas os seus olhos desconfiados e chapépu pra fora da água.
Grumpy: Mentirosa... eu contei certo e você errado. É por isso que eu sou o cérebro desta operação...Dizia ele em deboche enquanto parecia curtir a água. Definitivamente Grumpy não podia ficar tanto tempo sem se molhar, afinal, era um molusco e sua elasticidade dependia da hidratação.
Naquele momento, Jacques desceu as escadas e Claudette o acompanhou com o olhar. Foi quando a bandeja de bebidas caiu no chão, fazendo um estrondo e assustando a todos!
Margarett: Ave Maria! Um espírito maligno!A mulher começava a se benzer de forma compulsiva, olhando para Jacques. Claudette olhava estranho, mas parecia não ter percebido nada.
Margarett: Juro pelo que é mais sagrado, senhoritas! Juro pela óstia! Eu vi seu braço atravessar a quina do corredor quando eles desceu.Claudette: Você deve estar vendo coisas, velha. É madrugada e você não dormiu... Por favor, pegue novas bebidas pra gente.Jacques sabia que pessoas muito perceptivas podiam acabar notando coisas estranhas nele e talvez a velha fosse uma dessas pessoas.... ou simplesmente ele acabou esbarrando o braço na quina da parede e a velha viu. Ao menos ela parecia ter engolido que era coisa da sua mente e foi para a cozinha buscar o vinho de Letizia e a cerveja dele e de Val Bonny.
A conversa sobre lobos continuava. Quando Letizia falou sobre a Lupercália, a mulher levantou a sobrancelha.
Claudette: Lupercália? O que seria isso? Algum tipo de doença? Reconheço do latim a parte do Lupus, mas não sei o que significa.Ela continuou para o grupo sobre as indagações de Letizia e de Val.
Claudette: Não sabemos ao certo quantos lobos são. Normalmente são cinco ou seis ataques por noite, mas apenas um sequestro... mas são uma matilha, isto é certo...Foi quando a porta abriu e entraram dois homens. Usavam armaduras simples, além de um deles portar uma espada e o outro uma lança. Pareciam ser membros de algum tipo de milícia. Tiravam os elmos, mostrando rostos cansados e iam até o balcão, pedir cerveja.
Guarda 1: Eles não são uma matilha coisa alguma, senhorita Barthè. Se a senhorita não vivesse enfurnada em seu casarão com a sua família, saberia de algo do mundo....O outro guarda continuou.
Guarda 2: Uma matilha caça junta. Eu mesmo já fui cercado por uma matilha de lobos enquanto caçava codornas e vi como agem... São uma unidade, uma tropa! Esses lobos, eles são diferentes. A começar pelo tamanho!Guarda 1: Sim! No mês passado, quando Maurice foi atacado, eu pude ver um deles. O seu lombo é alto como o de um cavalo e o pêlo é espesso. Os olhos brilham e vermelho e eles conseguem escalar as casas com suas garras. Além disso, são muito inteligentes... Sabem onde procurar, rastreiam esconderijos...Guarda 2: E caçam por esporte. Nenhum animal no mundo caça por esporte!Então Val pergunta porque eles levam as vítimas ao invés de matá-los.
Guarda 2: É uma boa pergunta, lindeza. Muita gente tem suas teorias na vila... e se quiser saber a minha: troféus! Eu creio que eles guardem troféus em seu covil.A velha chegava com as bebidas e entregava aos aventureiros, porém, a de Jacques ela colocou longe, evitando se aproximar do homem.
Depois das falas dos guardas, Claudette tentou ignorá-los e se aproximou mais do grupo.
Claudette: Por mais que sejam uns grosseiros, tudo o que eles disseram é verdade. Mas eu não sei porque eles levam as vítimas. Eu sei que todos, inclusive Louise, minha irmã, foram levados gritando, até sua voz desaparecer pela distância.... mas foram levados vivos. Os poucos que morreram foram os que os atacaram ou ficaram em seu caminho... porém, ninguém voltou.O guarda de espada deu uma golada na cerveja e falou sem nem olhar para CLaudette.
Guarda 1: Você deveria desistir dessa busca, Claudette Barthè. Ninguém que foi levado jamais voltou.... Pare de se preocupar com os mortos e preocupe-se com os vivos, por Deus.Grumpy: Eu não gosto desses borra-botas, Val... Quer que eu dê uma surra neles?