VAL
Lucille: Um anjo...? Pff... Eu duvido muito. Não existem anjos no inferno, minha cara. Ao menos, certamente não nesta cidade e não para esta velha mulher....A conversa continuava.
Lucille: Entregar o quê? Acha que se eu não tivesse tido qualquer maneira de impedir o que aconteceu, eu não o teria feito? Você não é mãe, é...?A mulher olhava para Val, com o olhar vazio, mas deles já começavam a brotar as lágrimas.
Lucille: Vai me fazer revivier o pior dia da minha vida...? Pois bem... se é o que preciso para que me deixe a sós com a minha tristeza, que seja....A mulher olhav para o lado, encarando a janela...
Lucille: Tudo o que sei é que no dia eu havia visto Louise perto do nosso pomar, pela janela. Eu estava bordando, naquela manhã, eu lembro. Então, quando a noite caiu e todos fomos dormir, nós ouvimos os uivos... Uivos de gelar a espinha. Pedi ao nosso criado que trancasse portas e janelas, mas quando nos demos por conta, o barulho de vidro.... e o grito de Louise. Meu marido pegou o mosquete, mas... era tarde. Os lençóis do quarto estavam rasgados, a janela do parapeito estilhaçada e... minha filhinha havia sumido. Desde então, este quarto tem sido o local onde aprisiono minha tristeza e aguardo o frio abraço da morte, para me unir com o meu bebê...A velha olhou uma última vez para Val.
Lucille: Agora, pare de torturar minhas memórias e vá... vá, antes que eu peça para o mordomo vir tirá-la.Grumpy: Acho melhor a gente ir, Val... essa é só uma velha infeliz, que perdeu a filha...-------------------------------------
VENTRESS
Havia tempos que Ventress não ouvia a voz do frade que a ajudou em seu passado. Anos? Quantos? Difícil dizer... porém, foi em uma de suas paradas que ela recebeu a mensagem das mãos de um mensageiro e com a assinatura de seu amigo.
"Querida, Ventress,
Espero que esta carta chegue em suas mãos e que você goze de boa saúde, ou algo do tipo.
Lembro-me de que, em nossas conversas, você sempre se mostrou como um espírito atormentado e perdido, como um barco sem capitão em meio a uma tempestade... procurando uma razão de existir, de viver.
Bem, se ainda estiveres viva e se ainda procuras uma razão para sua existência na Terra, talvez ambos possamos nos ajudar.
Há poucos anos eu me tornei o frade responsável por uma pequena congregação... uma cidade no Centro da França chamado de Tirre. O meu rebanho tem sido assolado por um mal terrível que se esconde nas florestas e que vêm em noites deLua Cheia... Gostaria de poder contar-lhe mais, mas prefiro fazer isso pessoalmente, se não se importar.
De toda maneira, mesmo que não nos vejamos mais, espero que seu coração siga em paz.
Com afeto,
Frade Cipriano"
Aquela carta foi o que fez Ventress viajar até o centro da França e a alcançar o tal vilarejo de Tirre. O local não parecia dos mais amigáveis, lembrando até mais uma cidade fantasma do que propriamente um vilarejo alegre. Ao ir caminhando pela cidade, Ventress, sentia o incômodo do Sol esquentando sua capa e manto.... por mais que o Sol não tocasse sua pele diretamente, o reflexo dele nas poças de água criadas pela chuva na noite passada e o reflexo nas pedras, ainda sim, geravam certo incômodo. Felizmente o Sol já estava perto de se pôr, pois se aproximavam as 18h e Ventress logo pôde identificar onde estaria o Frei Cipriano, pelas badaladas do sino.
A mulher caminhou pelas ruas, chegando até uma pequena igreja...
Ventress conseguiu ouvir a voz de Cipriano vindo dos fundos.... quando ela circulou, ela observou que ele estava no pomar, falando com um homem e colhendo algumas flores.
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JACQUES
Após ajudar Letizia na biblioteca, Jacques deixou o criado folheando as espadas e foi atrás de Erva-lobo. Ele percorreu vários cantos da cidade, mas a maioria das pessoas o informou que se por acaso aquela erva estivesse em algum lugar, que deveria estar nas mãos do Frade Gregorio. O Frade era responsável por cuidar de alguma parte da agricultura da vila... Não alimentos, especificamente, mas ervas medicinais e outras coisas mais.
Não foi difícil achar o frade. Ele estava tocando o sino das 18 horas e recebeu Jacques com um sorriso no rosto.
Frade: Erva-lobo? Hmmm... Eu lembro-me de ter plantado isso há algum tempo. Só não sei se ainda estão vivas. Venha comigo...Eles deram a volta na capela, até chegar a uma horta um tanto quanto grande. Além disso, havia também um espaço destinado a colmeias de abelhas e diversos potes de mel envasados no canto.
Frade: Eva-lobo.... erva-lobo.... Hmmm... Ah! Aqui está! Não são muito comuns por aqui, mas tenho algumas que posso te ceder sim. Faça bom uso...Ele disse arrancando um punhado delas e oferecendo-as a Jacques... O problema era: Como Jacques pegaria aquelas plantas?
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LETIZIA
Letizia havia ficado na biblioteca estudando o que precisava saber sobre o que quer que precisasse.
Foi quando já estava começando a escurecer e a luz do Sol já não era mais suficiente...
Então, a porta se abriu e Claudette veio entrando com alguma luz. A ruiva trazia uma bandeja com algumas frutas e duas taças e um odre. Também havia um candelabro que agora trazia boa iluminação ao local.
Claudette: Desculpe interromper... eu achei que talvez você pudesse ter fome e, bem... o criado está passando prata nas armas de vocês, então... eu estou meio que sendo a criada.Ela caminhou até a mesa onde Letizia estava estudando e colocou a bandeja. Serviu os dois copos com vinho e pegou uma taça. Sentou-se na mesa, cruzando as pernas e olhando o vinho no cálice.
Claudette: Engraçado.... meu pai não gosta que eu beba vinho fora do jantar e não mais de uma taça, mas.... tolice! Ele já foi se deitar mesmo...Ela olhava nos olhos de Letizia e sorria. A garota estava mais à vontade do que antes, quando Letizia estava rodeada de pessoas.
Claudette: Eu estava pensando em... você sabe... as mágicas que você me disse mais cedo. Me desculpe se fui rude com você antes.... infelizmente eu tenho uma postura a manter, mas, bom... agora estamos só nós duas mesmo.Ela tomou um longo gole de vinho, deixando uma gota escorrer pelos lábios e limpando com o dedo. Ao se ajeitar, sentada na mesa, as pontas dos dedos dela e de Letizia acabaram se encontrando. Claudette olhou para os dedos, então para Letizia e sorriu...