NA BIBLIOTECA
Claudette se vestia o mais rápido que podia. Na verdade, a chegada de mais uma garota, Katherine Shaw, fez com que ela pegavssea suas trouxas e fosse para trás de uma estante colocá-las, morta de vergonha. Diferentemente de Letizia que se divertia com a situação e se vestia com mais calma.
Claudette: Pó de Prata? O que é isso?As outras não sabiam, mas Shaw já tinha ouvido falar em suas viagens que pó de prata não era exatamente uma coisa fácil de se conseguir.... mesmo porque, ele não era uma prata pura em si, mas uma prata alquímica, normalmente só usada por poucos cientistas da época (tendo em vista que a sua grande utilidade era a revelação de fotografias e a mesma não existia na época). Logo, era entendível que Claudette sequer soubesse o que era aquilo e, mais dificilmente de que teria a disposição.
Claudette: É mais prata? Se for, nós não temos. Vocês pediram toda a nossa prata e o nosso servo usou-a para forjar as armas que o seu colega pediu.Não há mais um talher de prata nesses muros sequer.Naquele momento, um sino começava a ser tocado desesperadamente, ao longe...
Enquanto isso, Letizia dava suas investidas em Val, o que deixou Grumpy, de certa forma, enciumado.
Grumpy: Mas que diabos...? Ah... ela não se atreveria!O desespero de Claudette em ter sido pega com Letizia era plausível. Naquela época, na França, o homossexualismo era visto como sinal de bruxaria, especialmente entre mulheres... e naquela época, a inquisição francesa sempre estava procurando "lenha para a fogueira".
O uivo se fez mais uma vez presente no ar.... e depois outro e outro.... As garotas não sabiam se ele estava longe ou perto. O uivo era amedrontador, porém as três mantiveram-se firmes e não permitiram que o uivo entrasse em suas almas. Porém, este não foi o mesmo efeito em Grumpy e Claudette... a ruiva sentou-se no chão e abraçou os joelhos, depois levou as mãos às orelhas e ficava repetindo para si mesma, como uma maluca.
Claudette: Eles não virão atrás de mim. Estou segura. Estou segura. Estou segura....Já Grumpy se enrolou no pescoço e cabelos de Val com tanta força que a garota deu um pequeno grito, pois ele quase a enforcara por reflexo. O chapéu dele caiu no chão e,pela primeira vez o pequeno polvo não se importou de estar com a cabeça descoberta.
Grumpy: Oh, não! Eles estão perto! Eles comem carne! Eu não quero morrer hoje! Val, a gente devia ir embora daqui! Chega pra mim! Já não tem mais graça isso!Grumpy estava notoriamente amedrontado, a ponto de que ficou até mais frio em sua temperatura coporal.
Porém, aquilo não foi tudo que as garotas ouviram... Por uma das grandes janelas dos corredores, elas podiam ver ao canto do portão de entrada.... em sua frente, havia um garoto, agarrado nas grades. Ele sacudia as grades com desespero, como se quisesse arrancá-las.
Garoto: Por favor! Socorro! Deixem-me entrar! Eles estão vindo! Por favor...Porém, como que sugado rapidamente por algo, o garoto cai no chão, ainda se segurando às grades. Lágrimas correm por seus olhos... e a sua cara é de horror e desespero.
Garoto: Não! Me deixa ir! Não! NÃÃÃÃOOOOOO!Algo puxa o garoto, com muita velocidade e ele some atrás do muro de pedra...
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NA IGREJA
O amigo ouvia as teorias de Ventress com atenção.
Cipriano: Eu realmente não faço ideia do que querem ou sua origem, minha amiga... Eles são diferentes de tudo aquilo que já enfrentei nessa vida.... ou em minha vida passada.Ela sabia ao que ele se referia... mas sabia que ele não comentaria sobre seus pecados do passado. Quando ele pediu a benção, ele novamente a benzeu.
Jack não responde nada à Arikel, então os dois sobem dois andares até o campanário da igreja. Era possível se observar boa parte da cidade dali. A casa dos Barth˜e não era visível, porém, ficando um pouco mais afastada e escondida por pequenas colinas da região, porém, o resto quase todo era visível.
A cidade por si só era escura... porém, a luz da lua facilitava. A grande maioria das casas estavam com as janelas fechadas e as velas apagadas, como se quisessem demonstrar que "nada havia ali"... algo que logo se mostraria inútil.
Naquele momento, Cipriano correu até a corda do sino.
Cipriano: Eu tenho que tocar o sino e alertar os cidadãos.BLEM LEM BLEM BLEM BLEM!!!!
O frade tocava o sino sem parar... Enquanto isso, ambos estavam ali, empoleirados no campanário como dois falcões, tentando enxergar algo.... foi quando finalmente, os dois enxergaram...
Acima dos telhados, há uns 50m de distância, olhos vermelhos por dentro de uma janela no andar de cima de uma casa. Aqueles olhos causaram um certo arrepio nos dois, mas nada que abalasse a coragem de Jacques ou Arikel. Porém, antes que eles pudessem pensar em fazer algo, eles ouviram Cipriano falar.
Cipriano: Vocês... não cheiro... de vivos. Quem vocês... é? Nós... não... queremos.... luta... com os.... mortos.Apesar de que Cipriano ainda mantinha a sua voz.... era notório...não era ele quem estava falando. Alguém estava falando por ele. O frade tinha olhos vermelhos, como os que eles viram dentro da janela... e, apesar de ainda ter a voz amigável do companheiro, ele falava de maneira estranha.... como uma criatura que falasse pausadamente, tentando escolher as palavras...
Se olhassem novamente para a janela, veriam que aqueles olhos não estavam mais lá... mas sim, nos olhos do bom frade.