“Blook Rock Bar. 15h50”
De Nightcity, com amor.
Karry, por reflexo, pareceu querer se livrar do puxão de Kallax, mas se deixou segurar quando percebeu nos olhos da ruiva que o assunto era sério. Ouviu as palavras em silêncio e manteve uma expressão neutra até mesmo depois da última frase.
Kallax e Karry estavam próximos o suficiente para ruiva ver que o homem já não era tão novo quanto parecia querer sustentar. Pequenas rugas lhe enfeitavam a face e, seguindo os "pés de galinha" até a região dos olhos, Kallax pôde notar que eles ficaram marejados.
Os lábios de Karry se movimentaram, falando algo que a ruiva não conseguia ouvir. Ele a pegou pelos braços e levou até uma das cadeiras.
- Kallax, você tá bem?! - O som era abafado. Vinha e ia embora, e frase pareceu se repetir algumas dezenas de vezes.
E uma enxurrada de frases começou a repercutir dentro da cabeça da ruiva.
"Ela vai pular fora. Karry precisa parar de contratar qualquer um"
"Mas ele não era gay?"
"A gente tem que mandar bem pro cara deixar a gente como fixo, dae manda esse DJ babaca embora"
"Bicho, olha o corpo dela. E tem uma carinha de safada"
"Eu avisei pra ele pular fora"
"Amendoim, amendoim, amendoim"
"Caralho, o truta morreu"
"Precisa ligar o amplificador e adivinha quem vai fazer? Eu, porque sou o faz tudo"
"Então o López ainda não vendeu"
"Eu pegaria de jeito e sentaria uns tapas"
"Último show, depois saio fora. Preciso de grana e não tá rolando"
- Porra, ela tá na minha cabeça! - A frase foi dita por um dos músicos que estava no palco, ajustando a guitarra. Ele gritou e partiu em direção da ruiva. Cipher pareceu se colocar entre ela e o músico e Karry apertar seu braço, mas seus sentidos falhavam e ela não teve certeza se a cena realmente aconteceu. Ainda assim, foi a última coisa que viu e ouviu, antes de desacordar.
“??. ??h??”
A cama era macia. Talvez a mais confortável que Kallax tivesse tido a oportunidade de se deitar. Suas botas e o resto da sua vestimenta haviam sido tiradas e uma camisa vermelha lhe cobria o como camisola. O cheiro ambiente era uma mistura de cerveja, cigarro e remédio. A única janela fechada e todas as luzes acessas impediam de saber se era dia ou noite.
- Acordou - A voz de Chipher ecoou pela cabeça da ruiva. O homem estava sentado no chão, há alguns metros de distância da cama, e o sagui parecia dormir no seu colo.
- Acordou - Karry concordou com o funcionário. Ele estava sentado ao lado da cama, em cima de um amplificador, improvisado como cadeira. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, indicando algumas horas de choro.