Darry
- Lorde Raymun, suas terras são bem próximas do tridente, e o mesmo deságua na baía dos caranguejos chegando ao mar estreito.. O senhor tem algum acordo comercial com Porto Branco? Uma rota comercial marítima parece ser interessante para suas terras?
Lorde Raymun deu de ombros para a pergunta de Esdres, respondendo placidamente:
- Apesar de não ser mais tão rica quanto já foi, minha casa tem terras que produzem tudo que é necessário para manter o povo daqui. O meu porto no Tridente é pequeno, mas de vez em quando recebe algum navio mercante. Nenhuma rota fixa. Afinal, sou um cavaleiro, não um comerciante...
Quando Esdres adentrou o septo de Darry, sentiu o ar mudar. A estrutura simples, mas imponente, com suas paredes de enxaimel e altares entalhados, exalava uma calma solene. As portas de madeira decoradas com entalhes pareciam convidá-lo a cruzar um limiar sagrado. Apesar de sua relutância em relação à fé dos Sete, ele não pôde deixar de admirar a arquitetura, as velas tremeluzentes e o ambiente carregado de espiritualidade.
Alguns membros da comitiva já estavam ajoelhados em frente aos altares, murmurando preces em voz baixa. Esdres, com passos hesitantes, aproximou-se do grupo, observando as figuras que representavam os Sete — o Pai, a Mãe, o Guerreiro, a Donzela, o Ferreiro, o Estranho e a Velha. A conexão dos habitantes de Porto Real com essa religião era visível na devoção silenciosa com que oravam.
O septão, um homem de idade avançada com barba branca e olhos gentis, vestia uma túnica simples de linho, realçada por uma corrente modesta. Ele se aproximou do grupo de forma serena, acolhendo os visitantes com um sorriso calmo. Quando percebeu Esdres e alguns outros que pareciam menos familiarizados com o local, fez um leve gesto, chamando a atenção de todos para o centro do septo.
— Sejam bem-vindos ao septo de Darry — disse ele com uma voz que transmitia sabedoria e paciência. — Aqui, os Sete que são Um nos guiam e nos protegem, em cada um de seus aspectos. Eles são os deuses de muitos reinos, mas são também um reflexo do que habita em cada um de nós.
— O Pai, com sua balança, representa a justiça. Ele julga nossas ações e nos guia para sermos justos em nossas decisões. A Mãe, símbolo da misericórdia, nos acolhe em seus braços e traz conforto e compaixão. O Guerreiro, aquele que vocês conhecem bem, é o defensor de todos nós. Ele nos dá força nas batalhas e nos lembra da coragem necessária para enfrentar os desafios.
— A Donzela representa a pureza e a inocência, um lembrete da importância da esperança. O Ferreiro é aquele que trabalha com as mãos, o criador, e simboliza o esforço necessário para moldar nosso destino. A Velha traz consigo a sabedoria, aquele conhecimento ancestral que nos ajuda a encontrar o caminho quando estamos perdidos.
Houve uma pausa, e o septão, com um olhar mais profundo, apontou para a última figura, a do Estranho.
— E por último, o Estranho. Ele representa o desconhecido, o que não podemos compreender. Muitos o temem, pois ele traz a morte, mas ele também nos lembra que há mistérios que nunca poderemos desvendar.
Ao terminar sua explicação, o septão observou os rostos dos presentes, inclusive o de Esdres, que refletia sobre o que acabara de ouvir. Embora não fosse devoto dos Sete, ele percebia a profundidade dos conceitos e o quanto eles influenciavam a vida das pessoas ao seu redor.
— Não importa se vêm de longe ou de perto — disse o septão, com um leve sorriso. — Os Sete nos acolhem a todos, pois são um só, assim como todas as coisas estão interligadas.
Estalagem do Entroncamento
- Masha! Minha irmã infelizmente não voltou com a gente, mas ela manda cumprimentos através de minha pessoa. Estamos gratos de poder se hospedar mais uma vez em sua estalagem, e devo confessar: Os bolos da Capital não chegam aos pés dos bolos da senhora!
Masha atendeu os Felinight com sua praticidade habitual, e respondeu a Esdres:
- Deve ter comido algo estragado lá em Porto Real! Mas não pense que seus elogios vão te render qualquer desconto!
- Por favor, Senhorita Brenna, me veja uma caneca de cerveja. E me responda, nesse meio tempo, teve algum viajante que te cativou tanto quanto eu? Quer ouvir algumas histórias sobre a Capital?
Brenna riu, respondendo coquete a Esdres:
- Ah, ainda se lembra do meu nome? Bem, devo dizer que depois de você e sua casa, nenhum outro nobre passou por aqui recentemente. Pode falar de Porto Real, eu vou trazer sua cerveja rapidinho. Puxa, vocês trouxeram muita gente dessa vez!
Esdres não teria dificuldades para seduzir Brenna, embora o olhar de Daria Snow fosse um pouco inibidor, mas as informações que ela poderia dar eram mais relativas ao movimento dos arredores da estalagem do que a respeito de clientes nobres. Aparentemente, a bandidagem aumentou um pouco enquanto todos os nobres estavam no torneio do rei.
Cerwyn
O treino de machados com Lorde Cerwyn foi bastante intenso. Esdres nunca lutara com alguém tão bom naquela arma, e Lorde Cerwyn derrubou-o algumas vezes usando técnicas que o jovem nunca tinha visto. Ele podia ser mais velho que seu pai, mas Esdres aprendeu rapidamente a não subestimar o senhor do castelo.
Jonelle Cerwyn mostrava-se à vontade e de bom humor ao receber os visitantes.
- Lady Jonelle, é bom vê-la de novo. Espero que esteja melhor estando em sua terra Natal. Quando te vi no torneio, você parecia tão aflita..
- Estou melhor agora que estou em casa, sor. Espero que sua casa aprecie a hospitalidade do Castelo Cerwyn.
Winterfell
Enquanto conversava com seu pai, Esdres observava os plebeus entrando nas casas vazias da Vila de Inverno, se instalando para uma estadia prolongada. Um mensageiro já tinha partido na frente para Winterfell.
- Mas.. Tão rápido assim, pai? Gostaria de conhecer mais Winterfel, e também Lorde Stark, Robb, Lady Sansa..
Beron foi peremptório:
- Não dessa vez, Esdres! Tenho de discutir a questão dos Dannett com Lorde Stark, e não quero nenhum dos meus filhos aqui quando isso acontecer... especialmente aquele que duelou com o herdeiro dele. Se você estiver aqui e não se apresentar a Ned Stark, isso parecerá uma desfeita, mas se você não tiver nem parado aqui, então isso não será um problema. Além de você, Arthur também não vai ficar; vou mandá-lo na frente para o Castelo dos Sussurros.
- Tem certeza de que minhas palavras não serão úteis para convencer Lorde Stark ao nosso lado?
O Lorde Felinight sacudiu a cabeça energicamente:
- Você não conhece Eddard Stark, Esdres. Sua reputação não o impressionaria em nada e acabaria trabalhando contra nós. Já será bem difícil explicar o enorme número de plebeus sulistas em nossa caravana a um nortenho tradicionalista, e não quero ter que justificar mais nada sobre você na sua presença.
- Senhor meu pai, só peço uma coisa, como estamos sofrendo ataques desde que saimos de nossas terras, não acho prudente fazer uma viagem, mesmo que rápida, somente com dois tripulantes. Então peço para que deixe Sor Ruud me acompanhar, e se possível também um arqueiro, ou outro soldado que julgue melhor.
Beron assentiu:
- Concedido. Leve Ruud e um dos gêmeos arqueiros. Mas parta o mais rápido que puder.