Andariel, Aurion, Barundar e Lacov...Barundar nunca iria se esquecer daquela humilhação.
Ele e todo o grupo foram rendidos pelos milicianos do Vale Profundo após a acusação de participação do grupo na morte de Ulath, feita pelo próprio Ilmeth – Senhor de Essembra e do Vale da Batlha. Um mar de lanças foram apontadas para a equipe, eles foram rendidos, desarmados e postos somente com suas roupas íntimas dentro de uma pesada carroça-cela: uma espécie de carruagem feita quase que inteiramente de metal puxada por dois cavalos pesados e manobrados por um miliciano. Um equipamento sofisticado para um povo simples demais.
Dentro da cela, o grupo já algemado, tiveram seus braços levantados de forma que uma grande barra de ferro passasse por entre os braços e as correntes das algemas, fazendo com que seus membros ficassem levantados, presos ao teto da cela. Dessa forma, eles estavam de pé, presos a algemas que estavam presas ao teto da cela e se equilibravam conforme a carroça mexia.
Aurion aguentara toda aquela situação em silêncio. O guerreiro continha a raiva e planejava uma estratégia para tirá-lo daquela situação, pedindo que o Cavaleiro Vermelho o auxiliasse.
Barundar, o que mais se rebelou ao ser preso, bufava de raiva. Aquela situação feriu o orgulho do druida, que levou alguns golpes de cabo de lança para se acalmar. Não que tenha adiantado muito.
Andariel se desesperara no início, mas estava se contendo. Na verdade aquela situação toda cansava a velha e ela já tinha dores nos braços e nas costas. Mas, assim como Barundar, o que mais estava ferido era seu orgulho: estava seminua e exposta a multidão. Ela se sentia quente, mais que o normal. A ferida feita pelo carniçal não fechara e parecia infeccionar. Fuxo voava de lugar a lugar para acompanhar sua mestra, confuso e sem saber o que fazer.
Após, grande parte dos milicianos do Vale Profundo partira. Não ficaram nem para comemorar a celebração, as festas, as jantas, as danças, risadas e a alegria do Encontro dos Escudos. Um grupo de 30 milicianos – 10 cavaleiros, 5 arqueiros e 15 soldados Aurion contara – e duas carruagens militares de boa qualidade uniram-se a carroça-cela e partiram, cruzando a cidade de Essembra.
Durante o trajeto o povo, indignado com as supostas ações do grupo, xingava, cuspia, jogavam dejetos, faziam sinais obscenos. A raiva na expressão de seus rostos era visível. E o trajeto foi longo, longos 30 minutos de mau estar e sofrimento por parte do grupo. A comitiva ainda parou próximo a entrada da cidade. Quando o grupo percebeu, Joromir (capitão dos milicianos de Essembra) entrou dentro da cela junto com Sem Língua e o prendera da mesma forma que os demais integrantes do grupo. A equipe ficou surpresa quando, dentro do castelo, não vira o ladino os acompanhar. E agora ficaram novamente surpresos por ele ter sido pego.
O olhar de Joromir misturava decepção com frieza, ele olhara nos olhos de Aurion, de certa forma um colega de profissão, e não pronunciara uma palavra.
Lacov se surpreendera com a aparição de Joromir. Fora perseguido pelas ruas e vielas da cidade ate ser encurralado. Novamente fora preso, mas dessa vez conseguiu esconder uma pinça e uma chave mestra dentro de sua roupa íntima. O único problema agora era que ele tinha dois cavaleiros acompanhando a cela – um de cada lado. Talvez esse problema fosse o menor, já que seus braços estavam suspensos, o que não permitia que ele alcançasse suas ferramentas...
E dessa forma partiram de Essembra em direção a Vale Profundo. Durante o trajeto, um pouco depois da saída, aproximam-se algumas figuras peculiares: Vorstag, em um cavalo branco e altivo; Malakay, em um cavalo pesado negro e 5 homens de manto marrom claro com detalhes em couro que cobriam o rosto, andando em cavalos zainos. Eles pareciam iguais entre si, seja por tamanho, trajes e ações.O tiefling aproxima-se da carroça-cela com seu cavalo, com um sorriso de canto de rosto. Aquilo perturbava Andariel.
- Lamentável...uma suposta bruxa, um capitão, um druida e um bandido, todos envolvidos em um complô contra a Terra dos Vales. Espero profundamente que Tyr leve a justiça a todos os envolvidos, diz ele com um rosto demonstrando decepção.
– Andariel? Sabe onde aquela barra de ouro foi feita? Em alguma mina drow...Ilmeth não ficou muito contente com essa notícia...e parece que o seu passado de conflitos com os elfos negros foi colocado em dúvida...Enquanto isso, logo atras, vinha Malakay, usando um peitoral de aço justo ao corpo. Ele tinha um olhar superior, de desdem e encarava Aurion.
Após Vorstag sair de perto da cela, um dos homens de manto marrom claro aproximou-se lentamente da cela, a cavalo, e retirou seu capuz. Era Sawky, com um olhar de raiva contida.
– Vocês terão uma recepção calorosa em Vale Profundo, aproveitem para descansar. Em seguida ele coloca novamente o capuz e se mistura as demais figuras encapuzadas. Então, os sete partem num galope acelerado, a gente da comitiva.
Apossym...A batedora partira no encalço dos milicianos do Vale Profundo. O trajeto que eles faziam seguia uma trilha por entre a floresta, hora boa hora ruim. Era próximo ao meio da tarde e o sol era forte, embora as árvores, seus galhos e folhas ajudassem a filtrar um pouco da claridade. Os milicianos iam em ritmo de marcha.
Cabia a Apossym decidir como os seguiria – pela floresta, pela trilha, bem distante, pouco distante.
Kheltu...O clérigo de Kelemvor fizera seu culto diante de centenas de pessoas do povo dos Vales. Agora esse povo simples poderia ter um conhecimento maior acerca da igreja da nova divindade do Deus dos Mortos, fazendo com que o numero de adoradores do culto se elevasse. Tudo correu bem e o clérigo já podia ver várias pessoas visitando a pequena igreja de Kelemvor. Pelo sorriso de Barder, o velho paladino tinha ficado satisfeito com o desempenho de Kheltu.
Agora, conforme solicitado por Barder e por Alemvor, o clérigo deveria se dirigir a Vale Profundo, onde encontraria a batedora Apossym e então ambos iniciariam a investigação. Era final da tarde e a festa aumentava em Essembra.