Andar Cerne de Madeira e alguns outros bárbaros entreouviram a conversa que se prosseguiu entre o cavaleiro e o halfling, este último explicando que os gigantes eram os mais novos recrutados para a guerra que seria travada no Salão de Mitral – tudo às ordens do Alto Mago Taern Chifre-Lâmina. Era estranho para os bárbaros imaginar lutar ao lado de gigantes, criaturas que sempre foram vistas como perigosas e de temperamentos forte. Não muito diferente de outros povos bárbaros do Norte como os Tigres Vermelhos ou os Corvos Negros.
Logo no dia seguinte foi iniciada a marcha até a fortaleza dos anões. Bárbaros, gigantes, e outros humanos recrutados partiram numa longa caminhada juntos. Um Cavaleiro em Prata, chamado de Sir Donovan, seria o responsável por guiar todo o exército. Eles seguiram o curso do Rio Rauvin até alcançarem as Colinas de Gelo. Claro que no meio do percurso muitos sucumbiram perante o inverno, mas a boa notícia é que só houve um incidente entre os bárbaros e um dos gigantes. Cinco bárbaros morreram, além do próprio gigante. A briga foi por um lugar mais próximo da grande fogueira que aquecia todas as noites o coração do exército, mas tudo foi resolvido pelos líderes das facções.
Por fim eles alcançaram as montanhas. O vale do Salão de Mitral ficava meio escondido entre montanhas maiores, mas Sir Donovan sabia exatamente por onde levá-los. Batedores informaram sobre a posição do exército de Obould. Talvez os batedores de Obould tivessem feito o mesmo com eles. A única tática possível seria combater os orcs, furar o cerco que faziam com sangue e batalha. Quando alcançassem os portões da fortaleza, eles estariam a salvo.
Os gigantes, que eram mais lentos por natureza, fariam a investida na primeira linha. Eram pelos menos uns cem deles – não só a tribo de gigantes que Eunsech ajudou a recrutar, como outras tribos haviam se aliado a causa. Logo na sequência viriam os Leões Negros, e por último, os outros humanos recrutados que defendiam suas terras do Norte. Eunsech, Tomdrill e Belediel estariam na segunda linha de frente, ao lado dos outros bárbaros. O bárbaro amigo deles, Haymith, havia se separado do grupo em Lua Argêntea, alegando que buscaria a direção de sua própria tribo que havia partido para terras longínquas, terras estas que ficavam até mesmo depois da Espinha do Mundo. Drago e Sophia, naturalmente, fariam parte também da linha dos bárbaros.
Os gigantes avançaram contra os inimigos como uma verdadeira avalanche. Nenhum orc resistiu ao impacto de suas investidas, porém eles eram centenas, milhares, e ainda haviam bugbears, ogros e minotauros entre eles. Morria um orc e um monstro mais forte tomava seu lugar. Os bárbaros avançaram à sombra do exército dos gigantes. Drago e Sophia tiveram que tomar cuidado para não tropeçar num corpo monstruoso de um gigante que havia sido abatido. Eles começaram a combater os inimigos, da mesma forma que, em outra parte do campo de batalha, Eunsech, Belediel e Tomdrill faziam o mesmo.
Num determinado momento, Drago e Sophia, que haviam adquirido uma certa amizade em sua jornada, avistam no meio do caos o Andar Cerne de Madeira combatendo sozinho um monstro enorme. O monstro era do tamanho de um gigante, só que ele possuía duas cabeças ao invés de uma, ambos rostos suínos, com queixos quadrados e caninos inferiores proeminentes, como as presas de um javali. Sua pele mais parecia um couro com camadas de sujeira e ele lutava com uma clava enorme. O monstro parecia ser forte até mesmo para o líder dos Leões Negros, a julgar pelos ferimentos graves que ele já tinha por todo o corpo.