Ato II - Entresaga

Darksol sorri e olha para Frafur cochichando:

-Pelo menos ela pediu algo em troca, sim sim, pediu sim, da outra vez que tentei quando tava preso nem isso ela quis, não não quis não!

O kobold pensa um pouco e fala:

-O que vamos oferecer?

Dessa vez nem mesmo Nevasca foi capaz de calar as súbitas palavras de Sophia:

- O que temos a oferecer!? Que tal a vida de seu povo e a sua? Acha que seu orgulho sustenta a vida de uma tribo inteira em uma guerra que virá a arruinar tudo e todos sem piedade ou compaixão? Se acham que nos céus estão protegidos, não viram o dragão que eu vi atacar-nos em campo de batalha. Juntos teremos maiores chances de simplesmente viver!

Ela dizia gesticulando se aproximando de Mão de Garra sem nenhum temor, talvez fosse burrice e petulância de sua parte, mas não tinha intenções ameaçadoras no gesto.

- A prova que oferecemos a vida de seu povo está aqui, com a bárbara a salvo enquanto seus soldados a abandonaram para ser comida pela criatura...

As palavras de Sophia eram cruéis, sim, mas transpareciam a verdade e os fatos como são. Para ela o fato de rejeitarem a aliança era um ato de egoísmo, orgulho e estupidez e nenhuma vida, por mais desprecível que seja, deveria ser levada ao terrível fim por tais motivos.

Ela estava parada à frente de Mão de Garra com poucos centímetros separando-as. Não a estava intimidando e seu olhar poderia ser facilmente lido da forma correta.
Não queria intimidar, embora soubesse que o seu jeito de falar sua opinião o fizesse.
Nunca fora uma grande diplomata, mesmo que seu povo fosse conhecido como tal, preferiu viver nas florestas e protegê-la.

Nevasca agora, puxava a capa de sua companheira com delicadeza e a trazia um pouco mais para trás. A Leoparda parecia mais sensata que a própria humana que "negociava"

O anão mais uma vez se adianta e diz:

-Senhora Mão de Garra, como vê sou anão e por muitas vezes os seus iguais também nos atacaram. A um tempo não muito distante fomos atacandos por seus soldados perto de neve morta e por pouco conseguimos sobreviver. Sei que é difícil para você confiar em nós e quero que pense também que não é fácil confiar em vocês.

Ele olha nos olhos dele e continua...

-Mesmo com todos esses problemas, viemos aqui humildemente pedir que lutemos do mesmo lado nessa guerra. A guerra está chegando e o que posso lhe oferecer é a proteção de nosso povo à sua população que não consegue empunhar uma arma, velhos, crianças, efim todos aqueles que vocês querem proteger estarão também sob nossa proteção. E isso é uma promessa que lhe fasso, pela minha barba, te garando que enquanto durar essa guerra nenhum anão atacará suas terras. Pelo contrário, ajudará a protegê-la assim como fizemos com a Senhora Vagha, enquanto seus soldados fugiam.

O Barakor de Gorm Gulthyn dá mais uma passo a frente e se ajoelha em sinal de respeito:

-Em nome do povo do Salão de Mitral e da Senhora Alustriel, assim como da Comitiva que aqui está perante você, eu ajoelho em sinal de respeito ao seu povo e peço por sua ajuda nesse momento delicado.

Era uma situação muito difícil para Frafur e ele havia pisado em todo o seu orgulho anão em prol das mulheres e crianças, velhos e enfermos que sofriam por causa da guerra. Ajoelhado ele permanece, se apoiando em seu machado esperando a resposta de Mão de Garra.

Daksol arregala os olhos com a ação de Sophia, e vê o anão avançar ainda mais e se ajoelhar quase que implorando pela ajuda ele vança e também dirige sua palavra para Mão de Garra:


-Draksol já havia falado sobre aliança sim, sim, havia sim, mas agora a situação ta feia, sim muito feia, Dragões pretos feios e maus voam nos céus e cobrem cada vez mais terreno sim, sim, cobrem sim, se eles verem seu acampamento não vão poupar ninguém não, não vão não, Obould muitas flechas tem mais flechas que as muitas do nome dele, sim, ele tem sim e destruirá a todos se piedade sim, A tribo da Mão de Garra não escapará, ninguém escapará.

Darksol promete levar a Tribo pelo caminho certo pro covil do Dragão Escamas da Noite que Darksol falou para a Mão de Garra, sim, promete sim, e vocês pegam a montanha de ouro que ele tem, todinha!

O kobold torcia para que Mão de Garra não tivesse encontrado o covil do dragão e oferecendo a eles a localização exata eles poderia se satisfazer em aceitar a aliana por este ouro.

Tomdrill vê o Anão se humilhar e sentia muito ódio da situação como um todo. A guerra era uma coisa suja. Pessoas tinham que se humilhar para fazer alianças que não aliavam muito. Esta guerra tinha que acabar!

Darksol não queria prometer o ouro, afinal ele pretendia voltar lá para vingar-se de Escamas da Noite e tomar seu ouro para sí, mas, devido a circunstância o kobold achou melhor abrir mão do ouro, afinal se morresse esse ouro não adiantaria de nada.

Mas agora ele se colocou numa situação delicada, se já tivessem invadido o covil de escamas da noite e levado tudo ele pagaria com a vida, era um risco que ele iria correr, mas finalmente a aliança estava feita.

Ao ouvir as palavras de mão de garra o kobold balança a cabeça em sinal positivo.

Belediel vê com um algum alivio e felicidade que a negociação tinha sido bem sucedida. Isso era otimo pra ela, pois lembrava da quase tragedia com os gigantes. Agora sem grandes utilidades pro grupo a não ser curar, fica apenas a olhar suas mão sob o tecido de couro da luva.

Enfim Frafur se levanta:

Sem perder por um segundo os olhos de Mão de Garra. Ele se aproxima mais alguns passos até ficar a cerca de 1,5 a 2 de distância da líder dos corvos negros e diz:

-Tenho a plena certeza de que fez a coisa certa senhora. Nâo queremos que fassa isso em frente a rei algum. Cada qual tem o domínio de suas terras e de seus soldados. A nossa pretenção é de que frente ao inimigo, brandiremos nossas armas juntos. E assim venceremos.

Ele faz uma pausa e pergunta, ao mesmo tempo que checa seu machado:

-Precisamos voltar para o salão de Mitral o quanto antes, e quero saber se vocês viajarão conosco ou se precisarão fazer alguns preparativos. Outra coisa, na batalha contra o monstro na montanha meu machado se danificou. Teria alguém em sua aldeia que possa repará-lo para mim?

O Goliath permanece sno seu lugar, acompanhando a situação com os olhos. Não falaria nada pois não fora criado para ser um diplomata, e sim um guerreiro furioso da Espinha do Mundo.

Darksol também avança e puxando as roupas de Frafur indaga:

-Acho que temos que conversar Frafur sim, conversar com Mão de Garra sim, precisamos ver o que ela vai fazer e quando vai fazer!


Dizia o kobold tentando dizer que não era apenas um sim que resolvia tudo, as coisas precisavam ser acertadas, os detalhes precisavam ser definidos.

Frafur volta sua atenção para Darksol e diz:

-É exatamente isso Darksol que estamos fazendo, mas não estamos sozinhos na guerra, existem outros conosco que precisam estar a par de que os Corvos Negros estão do nosso lado e a estratégia deve ser acertada entre todos e não só entre nós e os corvos. Não podemos correr o risco de a aliança confundí-los como inimigos.

Enfim ele volta novamente sua atenção para mão de garra aguardando sua resposta.

Frafur olha para reponde para Mão de Garra:

-É exatamente isso que estou falando para o pequeno, não seremos nós que conversaremos sobre estatégias de combate na guerra. Os líderes de cada parte da aliança é que se incubem disso. E quanto ao machado, com certeza somos mestres nessa arte mas temo que precise usá-lo antes de termos chance de pedir para um de meus irmãos de raça consertá-lo para mim.

Ele respira fundo e diz:

-E então, quando iremos partir? Alustriel a espera no salão de mitral.

Sophia ouviu cada palavra de seus companheiros analisando as feições de Mão de Garra, visto que estava tão próxima dela que podia sentir sua ira crescente e só afastou-se da mesma pela persistência de Nevasca em fazê-lo. Dando passos a contra-gosto para trás, ainda olhando para os olhos da líder dos Corvos Negros.

Diante de tantas palavras, ouve-se de Sophia somente as seguintes:

- Finalmente uma decisão senssata. Se quiserem acompanhe-nos em seus abutres, acredito que não queiram voar nestas carruagens.

Ela aponta para Vargha com a cabeça e continua:

- Esta aqui ainda precisa de um curandeiro... Partiremos em breve, espero. Preparem o que tiverem que preparar, acredito que precisarão de algo.

Não queria saber do machado de Frafur, das palavras de Darksol ou quem falaria com quem. Seu trabalho ali terminou e só queria chegar no Salão para alimentar Nevasca e descançarem poucos instantes antes da próxima missão que antecedesse a verdadeira batalha.