Ato I - Ariel, Johan, Aeltlas e Baraz

- Baraz está levando o corpo de Aeltlas, Ariel.

Johan olha para o rapaz, visivelmente agitado.

- Você está bem?

BARAZ

O anão estranha o comentário do mago e fica sem o que falar. Passado o branco, insiste:

- Que parte do "cata os espólio e vambora daqui" cês num entenderam?

Spoiler:

-Eu...estou bem. Só me sinto diferente. Me dê um minuto para me recuperar. Hm ah, certo, espólios, vamos fazer isso rápido...

Voltando, Ariel começa a vasculhar os corpos dos inimigos caídos em busca de artigos de valor. Subitamente, um pensamento cruza sua mente. Aetlas podia ter sobrevivido se ninguém tivesse finalizado ele. E se esses orcs...

O grupo pode ver o mago sacando sua faca de ritual e cortando a garganta de cada inimigo após procurar o corpo. Ele parecia quase se divertir em fazer aquilo.

Johan se ofende com o pedido de Baraz.

- Você está carregando o corpo de Aeltlas e se preocupa com ouro? Pensei que o servo de um rei tivesse aspirações maiores.

Vendo que Ariel já havia voltado para pilhar os corpos dos orcs, com um sadismo que fez Johan ficar novamente ofendido, o cavaleiro pede que Arianna acompanhe o rapaz, eles ainda não estavam seguros dentro de Baraskur.

- Eles já estão mortos, Ariel, você não precisa cortar suas gargantas. Guarde esta adaga, por favor.

Um leve desânimo toma Johan, que segue pelo corredor de pedra pensando no motivo de sempre ter viajado sozinho. Arianna têm valores, Aeltlas também tinha, mas o cavaleiro ainda não encontrou alguém que partilhe também de seus princípios. Johan segue empurrando Nerók pela camisa esperando que o goblin possa dar boas informações, já que agora eles tinham mais uma morte para vingar.

O mago guarda as moedas, poção e pergaminho na bolsa, e volta para junto do grupo sem dizer uma palavra, ainda em um aparente estupor.

BARAZ

- Que eu me lembre num te elegi meu tutor moral, cavaleiro. Quem é tu pra me julgar e falar das minhas aspiração? Tu me conhece? Além do mais, tâmo numa guerra, se não notô. Cuida de fazê a tua parte que tá de bom tamanho.

Baraz irrita-se com a puxada de orelha de Johan. O cavaleiro mal o conhecia e já sentia-se à vontade para julgar as atitudes do grupo? Somente o anão sabia o que já tinha passado e os companheiros que já havia perdido.

Já ía encaminhando-se para a saída quando notou a pantera parada na entrada de um túnel diferente. - Cê qué que a gente vá por aí? espero que tu saiba o que tá fazendo, porque a coisa tá começando a ficar feia. Com um resmungo de aceitação, Baraz indica aos outros o novo caminho a seguir.

- Usar a guerra como desculpa para pilhar cadáveres é ainda mais triste, Baraz. - Johan tinha lembranças vagas de outro tempo e essa lembranças criaram nele um sentimento de repúdio enorme à ações já normalmente condenáveis - Eu seguirei seu conselho e cuidarei da minha parte. Ninguém mais irá revistar corpos em busca de "tesouros" enquanto eu estiver aqui, e se você não gostar anão, sinta-se livre para seguir sozinho e pilhar quantos cadáveres vocês achar necessário para vencer esta guerra.

Johan seguia empurrando Nerók, descontando no pobre goblin a raiva do momento e pensando numa forma de acabar o mais rápido possível com esta missão. Voltar para a solidão da estrada era melhor do que suportar esse tipo de comportamento. Quando o anão indicou o caminho que deveriam seguir, o cavaleiro ficou em dúvida sobre o animal que, percebia agora, os guiavam.

- De quem é esta pantera, Baraz?

BARAZ

Ficava evidente a divergência de pensamento entre os dois. Para o anão, recolher os espólios era uma atitude óbvia, tratava-se de arranjar meios para sobreviver. O mundo era um lugar hostil e somente os mais aptos sobreviveriam. Não havia nenhum cunho religioso ou moral em jogo para o ranger. Tornava-se, portanto, difícil para Baraz compreender o porquê de tanta balbúrdia em relação aos pertences dos mortos.

Buscando a calma, o anão dá um longo suspiro antes de se virar para Johan e falar, pausadamente:

- Vamo resolvê isso duma vez: Fica a vontade pra ir embora se quiser, cavaleiro. Num fui eu que pedi pra ser o guia. Vô agir como sempre fiz, tu querendo ou não, e não te darei meus motivos. Tô mais preocupado com os orcs vivos do que com teu código do conduta. Se quiser ficar e ajudar, é bem vindo, mas se vai ficar criando caso, já sabe qual túnel seguir. Num gosta de ver? Caminha na frente. Nós têmo coisa mais importante pra se preocupar. Nesse momento o anão relembra do fantasma que encarnou na jovem.

- Essa é a pantera do Drizzt, meu parceiro drow. Enfatiza a palavra "drow". -Estivemos vigiando os orcs por um mês antes de cês aparecerem. Acho que ela quer nos mostrar alguma coisa? Diz, olhando cada um dos presentes. E então, quem vai e quem fica?

- Eu não sei fingir que não vi o que aconteceu, anão. Isto não será feito, e eu não estou argumentando com você. Agora vamos seguir nosso caminho que você está certo, temos coisas mais importantes com o que nos preocuparmos.

Quando Baraz fala sobre o dono da pantera, Johan se lembra de algumas histórias que já ouviu em suas viagens.

- Um drow chamado Drizzt? Você está falando do drow Drizzt Do'Urden?

Ariel passa todo o caminho calado, mergulhado em seus próprios pensamentos. Chegando à sala, ele dá uma olhada rápido ao redor e deduz que a pantera desejava que eles descansassem. Coisinha inteligente ela era.

O mago se dirige a uma das paredes, tira a mochila e começa a arrumar seu saco de dormir no chão, falando com os outros sem olhar para eles.

-Não posso reclamar da situação. Minha "reserva de magia" está praticamente esvaziada. Vou precisar de oito horas de sono para recompor minha mente, e no estado em que estou, minha única utilidade como sentinela seria gritar se alguém aparecesse. Alguém aqui trouxe comida?

Ele se senta no saco, usando-o como banco improvisado e olha para os outros. O jovem mago parecia menos chocado, mais recomposto, mas algo ainda parecia um tanto...fora do lugar.

BARAZ

Baraz resmunga de satisfação ao ver aonde a pantera os levou. Era uma câmara pequena e de única entrada, fácil de vigiar e segura. Certamente Drizzt havia indicado o local ao felino, que, obedientemente, agora repassava ao grupo. Enfim, era hora de recompor as energias.

- Eu posso ficá na primeira ronda. Cês dormem. É bom fazêrem curativos antes de durmi pra tá melhor amanhã.

Aproximando-se de Ariel, fala em particular:

- Olha aqui mago, a gente vai ter que ser discreto na hora de catá os espólios. Senão o cavaleiro vai criá problema. E nada de degolar os orcs, tá certo? Dá uma olhada discreta para Johan e continua no mesmo tom: - Conseguiu identificá o que pegou por lá? Só dormir não vai nos deixar pronto pra outro combate.

Spoiler:

Ariel ergue os olhos para Baraz, desfocado.

-[Papyrus]Hã? Ah...sim...é, acho que posso ser mais discreto...não sei muito bem porque as gargantas. Hm, itens, sim, vou cuidar deles, só me dê um minuto...[/font]

Ele abre sua bolsa e separa alguns reagentes, colhe uma amostra desprezível da poção e começa a fazer os mesmos testes de antes.

Johan seguia a pantera e Baraz em silêcio, mas ao ouvir o desejo de Arianna, o cavaleiro a responde com um sorriso cansado no rosto, daqueles que uma pessoa faz para tentar confortar a outra, mas que não funciona muito bem.

- Isso é muito nobre de sua parte, Arianna, e muito mais do que muitos fariam. Eu irei te ajudar a encontrar a terra natal de Aeltlas. Assim que sairmos daqui, essa será a primeira coisa que nós faremos.

Quando chegam na caverna, depois da trilha de orcs mortos, o cavaleiro fica espantado com a inteligência do animal. Johan empurra Nerók para dentro da caverna, e entra logo depois de Arianna. O cavaleiro tenta fazer um afago na cabeça da pantera, mas se ela demonstrar que não gosta da idéia, Johan não insiste.

- Eu tenho algumas rações de viagem, Ariel, mas não é o suficiente para todos nós.

O cavaleiro coloca suas coisas em frente à entrada da caverna, coloca o goblin sentado ao lado e retira sua mordaça. Johan vê Baraz resmungando algo para Ariel, mas não se preocupa em saber o que é, ele tinha que falar com Nerók.

- Agora é o momento de nos contar o que você sabe, Nerók. Meu nome é Johan Filho da Ruína, e eu lhe dou minha palavra que ninguém irá ameaçá-lo ou feri-lo, mas nós precisamos saber algumas coisas. - Johan aponta o corpo de Aeltlas deitado, sem vida, no chão - Nós devemos vingar a morte de nosso companheiro.

Johan faz a mesma coisa que Ariel, e se senta de frente ao goblin em seu cobertor enrolado

- Baraskur está abrigando apenas um exército dos orcs, ou aqui também vivem mulheres e crianças? Você consegue nos dizer quantos orcs estão vivendo aqui?

O mago põe a poção de lado, irritado com mais um fracasso no dia e se vira para Baraz.

-Não estou conseguindo nada hoje, depois de dormir, eu tento de novo, com mais calma.

Dito isso, Ariel remove as botas e se deita no saco de dormir, observando o interrogatório e esperando mais alguma manifestação do grupo.

Johan fica aliviado ao saber que não haviam mais mulheres e crianças em Baraskur, mas ao mesmo tempo se preocupa com o tamanho do exército alojado nas cavernas e, em especial, com a última coisa que Nerók disse.

- Baraz, venha aqui! Que mensageiro é este, Nerók? Algum tipo de espírito?