As sombras que circundavam o templo estavam cada vez mais profundas, o céu parecia querer os engolir, mas os três que ali se encontravam, no intuito de protegerem aquilo que acreditavam, permaneciam firmes, mesmo que abalados pelo que acabara de ocorrer. Mesphito sequer teve a oportunidade de fazer uma despedida, suas últimas palavras foram engolidas na explosão causada por seu próprio experimento. Tudo ocorrera de forma abrupta e a situação havia piorado de forma alarmante, tudo parecia um terrível pesadelo, mas não haviam sinais de que os presentes pudessem despertar tão cedo... Enquanto Naberius range os dentes como um lobo furioso, a mulher sorri de forma insana e vil, se todo o mal pudesse assumir uma forma física, talvez esta fosse sua personificação.
A entidade macabra permanece imóvel enquanto Selene realiza seu feitiço que protege a ela mesma e ao jovem cavaleiro, não esboçando reação alguma. Mas quando Lanthys parte em sua direção, brandindo sua espada buscando a atingir, a mulher ergue sua mão direita aberta em direção ao jovem cavaleiro, pronunciando algumas palavras que nenhum dos presentes podem compreender. Lanthys pode ver a lâmina de sua espada atravessar o tronco da mulher. Todavia, ao olhar novamente para o local, não havia marca alguma, nem mesmo suas vestes haviam sido danificadas.
| - Não permitirei que saia daqui sem antes pagar por seus atos demônio!! |
Antes mesmo de Lanthys concluir seu movimento, Naberius já havia partido em direção à entidade, o lobo branco ganha impulso e salta para frente, girando o corpo no alto e então projetando-se na direção da mulher, buscando atingir a mesma do lado oposto ao qual Lanthys visou. No entanto, antes que a alcançasse, a mulher misteriosa ergueu sua outra mão aberta em direção à Naberius e, assim como Lanthys, o instrutor viu a ponta de sua espada atravessar o corpo do alvo, sem lhe causar dano algum.
Após a investida Naberius se vira observando que ambos ataques não havia surtido efeito, alterando sua expressão facial, ficando um tanto apreensivo. No entanto, antes que qualquer um dos presentes pudesse fazer alguma nova colocação, a mulher novamente se pôs a falar.
| <- Pelo visto não puderam compreender nada do que lhes disse, devo ter superestimado sua limitada inteligência... o outro humano perdeu sua vida devido à sua própria estupidez e vocês buscam fazer o mesmo. Lhes fiz uma oferta quando cheguei, era a de que todos mantivessem suas vidas insignificantes em troca de apenas uma, no entanto, preferem morrer abraçados e levar todo o resto dos humanos que aqui se encontram com vocês... muito bem, que assim seja.>* |
A mulher pálida então ergue uma das mãos para o alto proferindo algumas palavras que, nem mesmo através de todos os seus conhecimentos, os jovens conseguem compreender. Passados alguns segundos, algo pode ser avistado se movendo entre as nuvens negras em diversos pontos diferentes. Em seguida, grandes criaturas viperinas se revelam, passando a se moverem até próximo de onde onde se encontrava a mulher banhada em rubro, serpenteando seus corpos em pleno ar, sustentadas facilmente com a ajuda de asas excepcionalmente monstruosas. As criaturas, seis no total, se pareciam com enormes serpentes dendriformes negras, com dois pequenos braços retorcidos e mediam algo em torno de dez metros de comprimento cada, suas cabeças deformadas terminavam em duas presas curvas e era extremamente difícil manter os olhares nas mesmas, pois estas se repuxavam e se contorciam de forma repugnante em pleno ar. Uma dentre estas se pronuncia sibilante para o espanto dos presentes, se comunicando com a entidade de aparência feminina, emitindo uma voz forte e ríspida.
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<- Atendemos teu chamado, ó senhora do caos rastejante! O que deseja de nós, teus servos?>*Mantendo seu olhar fixo nos três que se opunham à sua presença, a mulher responde a criatura de forma direta e vil, com o mesmo sorriso perverso de antes estampado em seu rosto.
| <- Aniquilem todos aqueles que encontrarem nesta ilha, não deve restar nenhum humano vivo. Saciem sua sede de sangue, esmaguem, devorem, façam com que sintam pavor antes de serem mortos, que gritem o mais alto que puderem, para que suas vozes ecoem por toda a eternidade nas almas desses tolos que se opõem à minha vontade! Um dentre vocês permaneça aqui e se divirta com estes seres estúpidos enquanto concluo o que vim fazer.>* |
Diante das palavras da mulher, uma das grandes serpentes foi de encontro ao solo, posicionando entre Lanthys e Naberius, qua haviam se afastado da entrada do templo e o mesmo. Enquanto isso, as demais criaturas passaram a se mover em diferentes direções, já a mulher pálida deslizava seu corpo ao vento em direção à entrada do templo, fitando Selene que ainda se encontrava no mesmo lugar de antes com seus profundos olhos negros...