Após o curto embate contra a entidade maligna, Lanthys se volta para a matriarca que se encontrava checando as condições do garoto de cabelos brancos. Lilith tinha lágrimas nos olhos, as enxugando com as mangas do robe branco que começava a ser tingido de rubro ao entrar em contato com o sangue do vigia. A matriarca olha em direção ao jovem cavaleiro, sua respiração estava pesada e sua voz trêmula, sua fisionomia não lembrava em nada a qual Lanthys observara durante a cerimônia de formatura, era como se o jovem estivesse diante de outra pessoa.
| - Não é culpa sua... mas isto foi... inaceitável!... Yeqon está gravemente ferido e Kasdaye... deu sua vida pra me proteger... por que? Por que isto tinha de acontecer... |
A jovem de cabelos negros fechava os olhos ainda de joelhos, apoiando a cabeça do vigia em uma das mãos e lágrimas escorriam em sua face, apesar da impressão inicial do cavaleiro, era difícil não entender a matriarca diante dele como humana. Abruptamente, Selene que cruzara todo o caminho desde a entrada do templo até o salão em poucos segundos, se depara com a cena atual, observando o corpo da mulher pálida decapitado próximo à uma das paredes do local e o que parecia ser seu crânio sendo consumido em chamas. A sacerdotisa se coloca à disposição em ajudar no que for necessário, mesmo estando praticamente esgotada do combate que havia ocorrido do lado externo, mas não parecia haver muito a ser feito, a vigia de feições femininas estava morta e o garoto parecia além de qualquer possibilidade de salvação. Ao menos, a entidade havia sido derrotada...
De súbito, os que ali se encontravam escutam uma gargalhada se propagar pelo salão, num tom distorcido e ambíguo, como se mais de uma voz fosse emitida ao mesmo tempo, sem dúvidas se tratava da mesma voz produzida pela entidade macabra. A gargalhada ganha volume alertando a matriarca que olha em direção ao crânio em chamas, cuja mandíbula se movia, ainda junto ao piso do salão, mesmo encoberto em chamas esmeraldas. A face da mulher já se encontrava completamente desfigurada, mesmo assim, sua voz continuava a se propagar.
| <- Pobre criaturas tolas... estava a me divertir em ouvir suas vozes acreditando terem me derrotado! Direi uma coisa a vocês... este foi o pior erro que já cometeram!! Ao cortarem este corpo frágil de carne, a única coisa que fizeram é condenar a si mesmos a morte!! Hahahaha...>* |
A gargalhada continuou a se propagar pelo salão de forma sobrenatural, até que o crânio da mulher se dissolveu devido as intensas chamas que a envolviam, o corpo decapitado da mesma passou então a inchar de forma grotesca. Seus membros se retorciam e ganhavam volume de forma inconcebível, sua pele se rasgava, apenas para revelar uma nova camada mais escura e rígida. Aos poucos, o corpo pálido e sem vida se tornava algum tipo de criatura grotesca, cada vez maior, até não ser mais comportado no interior do salão, forçando o teto e o piso que começam a rachar até se partirem. Toda a estrutura do templo passou a estremecer e mesmo Lanthys e Selene tinham dificuldade em permanecer de pé, seria apenas uma questão de tempo até que todo o tempo viesse abaixo devido as proporções colossais que a criatura tomava.
Os presentes então notam uma espécie de círculo mágico se formando sob seus pés, o mesmo parecia gerado pelo vigia que apoiava a mão direita no piso que se partia, enquanto olhava em direção de Lilith o garoto de cabelos brancos moveu os lábios, mesmo sem produzir nenhum som. A matriarca pareceu querer dizer algo, mas não teve tempo para isso, em uma pequena fração de segundos uma forte luminosidade envolve Lanthys, Selene e Lilith que não podiam ver nada ao seu redor. Os jovens sentem seus corpos flutuarem como se toda sua massa corporal desaparecesse, se tornando pesados novamente abruptamente, logo em seguida, sentiram como se entrassem em queda livre por centenas de metros, em pleno vazio... suas consciências estavam cada vez menos focadas, se tornando difícil se manterem acordados e, mesmo que tentassem, suas vozes pareciam não se propagar...