(Beijamim)
O jovem clero prefere não adentrar a taverna junto de tantas pessoas e, muito menos, junto com o grupo que parecia perdido e sem direção, portanto ao se transformar caminha junto dos pescadores, misturando-se e, como quem observava um barco ou outro procurava ouvir atentamente cada conversa, cada sussurro dito por qualquer pessoa daquele lugar. Foi quando avistou dois velhos, um deles era barbudo e gordo e o outro um pouco mais magro e careca, ambos tinham os dentes amarelados e tortos e uma aparência horrível.
- Você ainda vai navegar esta noite? Do jeito que andam os tempos... eu só sei que não vou.
- Vou, preciso levar estas mercadorias...
- Você é louco. O mar nos trouxe mensagens, já disse que ele conversa comigo? Você é um bom homem por isso te aviso! Sinto que as coisas vão mudar, coisas ruins vão acontecer...
(Tarcio)
Tarcio, já dentro da taverna, pareceu sem esperanças de conseguir resgatar o cajado a tempo e resolveu curtir os poucos dias de vida que lhe restavam, mas agiu de um impulso sem pensar e, quando se aproximou da mesa onde se encontrava a jovem ficou estático, parado ao lado da mesa admirando a beleza da jovem que estava ali. Um dos homens que sentava com ela se levantou enquanto o outro permanecia sentado olhando atentamente os movimentos de Tarcio.
O homem que se levantou aparentemente era um guerreiro "aposentado". Seus musculos de quem treinava todos os dias haviam se tornado gorduras significativas, sua armadura não era lustrada e cuidada a meses e possuía algumas cicatrizes que pareciam ser de copos quebrados em brigas na taverna. Possuía um cavanhaque mal feito e olhos negros. Sua voz, um pouco rouca, soava como uma lixa nos ouvidos do jovem ranger:
- O que você quer aqui? Perdeu alguma coisa moleque?
Riu olhando o outro homem que estava sentado na mesa. Este por sua vez não disse nada, apenas ignorou a presença do rapaz "deve apenas estar bêbado e pensou que estava sentado aqui". Era um jovem com vestes azuis claras, cabelos curtos e olhos castanhos. Era simples e quieto, aparentemente apenas queria desfrutar daquela noite com amigos na taverna. Ele não diz nada à Tarcio e nem comenta sobre o que seu colega havia dito, apenas balança a cabeça negativamente enquanto bebia mais um gole de vinho.
A mulher por sua vez soltou uma frase ao ver o guerreiro se levantar da mesa brutalmente:
- E lá vamos nós mais uma vez...
Era uma linda jovem de cabelos loiros e longos, encaracolados em suas pontas. Tinha um belo corpo e trajava vestes simples, um vestido comprido, meio rasgado em algumas partes. Seus olhos eram negros, ao contrário de seus cabelos, e sua expressão era fria como a madrugada que estava chegando.
(Tuffo)
Tuffo por sua vez, seguiu o conselho de Gorus e se juntou aos músicos que, de imediato, aceitou a ajuda do simpático palhaço, principalmente por servir à rainha, cantaram algumas músicas e, quando fizeram o intervalo, Tuffo lhes lançou a tão angustiante pergunta.
No entanto a resposta não foi a esperada:
- Não somos tão velhos assim! Há anos não sabemos de nada sobre o Reino das Sombras, na verdade para mim não passam de lendas e canções que minha mãe cantava para nos assustar "Se você for um menino ruim, lhe mando para o reino de Namish" - E riam-se todos os músicos, lembrando-se dos tempos de criança em que ouviam estas histórias.
De fato ninguém sabia dizer se o reino realmente era real, se realmente existem cavalheiros das sombras.
(Arzamarr)
Arzamarr ficou incrivelmente zangado com o que Gorus disse, afinal ele não disse nada, apenas sugeriu ideias que ele acreditava ser inúteis.
Depois de mais alguns copos de rum, o anão resolveu conversar com o jovem taverneiro, que não era tão jovem assim, devia ter uns trinta e poucos anos, era alto e forte, bem diferente do anão, tinha uma postura elegante e tinha uma arma (que o anão não conseguiu identificar) na cintura. Vivia sempre atendendo com uma expressão séria e sempre limpava a bancada com um pano.
- Não, não se fala muito sobre lendas de crianças aqui. Costuma-se falar de perigos reais... Mas, sabe... sou novo não conheço tantas histórias, mas posso dizer quem pode conhecer. Há um rapaz, um nômade, ninguém sabe muito sobre ele, mas ele aparece às vezes pelas bibliotecas do Reino do Norte, às vezes vem para cá e bebe um vinho, pergunta sobre o mesmo assunto todas as noites. Sabe... ele tem uma missão, ele sonha em saber a verdade, saber se seu sangue tem mesmo esses ancestrais...
(Gorus)
Gorus não perdeu tempo em voltar a falar com a garçonete, mesmo com as caras amarradas que seus colegas fizeram quando ele saiu da mesa sem ter dado nenhuma informação de fato. Ele não reagia muito bem sobre pressão, sempre dava um jeito de fugir de fininho...
Conversava, ria e dançava com a moça, mas toda vez que a fazia beber mais um copo de rum percebia que ela já estava se cambaleando e falando mais e mais...
Logo ele tentaria falar com ela.