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 | Acordar, desde que chegara ali, era uma tarefa bem difícil para a jovem lufana. Os pesadelos eram bem frequentes, principalmente nos dias que ficava ansiosa ou com medo, e o ânimo era bem, bem pequeno. Tinha de se lembrar, todos os dias, da palavra de Dumbledore, ao entregar a carta: “Você só parará de ser refém da magia, quando aprender a lidar com ela”... E fazia, realmente, sentido... Mas, no fundo, apesar de ter concordado em ir para ali, Sirena apenas queria não ter de usar magia para nada. Ela não havia feito muitos amigos naquela primeira semana de aula. Era meio esquisitinha, sempre no canto dela, ajeitando uma coisa aqui e ali, fazendo listas imaginárias para se tranquilizar, pulando as linhas do piso (pois claramente aconteceria algo ruim ao pisar!!!) ou se enrolando em alguma aula de feitiços... Mas, o pior acontecimento foi quando teve de fazer sua pena flutuar... Não conseguia se concentrar. Sentia aquela magia que detestava borbulhando dentro de si, mas, aparentemente, ela era muito levada e desobediente. Resultado? Como esperado, coisas ruins: ao invés da plena flutuar, as coisas a sua volta o fizeram. Descontrole, descontrole, descontrole. E isso não ajudou nada a jovem a fazer amigos. Estava começando duvidar que poderia, de fato, aprender a lidar com magia... [...] Apesar de tudo, teve duas aulas que adorou: Herbologia e Poções. Desde sempre mostrara talento em lidar com plantas e ervas Trouxas... E isso não mudou quando começou a conhecer a natureza mágica que ali existia. Talvez fosse as únicas aulas nas quais ela se destacara de forma positiva... Apesar de ser um pouco lenta, com todos os seus sistematismos no plantio e fabricação de poções. “Três sementes, três. Três furos com três dedos de profundidade. Regar pouco, três vezes na semana. Limpar as raízes bem, cortar as excessivas, pentear as restantes... Nada desorganizado, nada. Manter os frascos em ordem: primeiro por formato, depois tamanho, enfim por cores e finalidades das poções. Fazer isso na mesa dos amiguinhos pra ajudar. Sim. Ajudando, Ajudando, Ajudando. Hey, rapidinho, não vou demorar. Você devia fazer num frasco mais alto... Viu, avisei, olha que sujeira. Limpa, limpa, limpa. Toma, tenta nesse. Só ajudando...Só ajudando...Só ajudando”. Bem, apesar da loirinha pensar estar ajudando nessas aulas, certamente foi motivos de mais chacotinhas após a ajuda. E não conseguia entender as reclamações, tanto das aulas quanto da prontidão dela, nessas duas. Enfim, após cada aula, costumava ficar no salão comunal... Que estava sempre bagunçado. Organizando ou simplesmente aproveitando o quentinho do sol, enquanto lia e tentava esquecer onde estava. Nem sempre funcionava. Vez ou outra, começava a chorar... E algumas coisas caiam da estante. “Droga” pensava, e acabava reorganizando o local, deixando os elfos domésticos loucos. [...] Naquela manhã, teria uma aula que não sabia o que esperar. Pelo que soube, não teria de usar magia nem varinha diretamente... O que a tranquilizou um pouco... Mas a ideia de voar não era lá muito agradável. Se levantou, sentindo que borboletas voavam em seu estômago, e foi até os banheiros, fazer a higiene matinal. Após isso, se arrumou de forma impecável: uniforme sem nenhum amassado, gravata no lugar, meia-calça sem nenhum fio puxado. Estava um pouco incomodada, a única meia-calça limpa que tinha era cinza, um tom mais escuro que a saia. Aquilo incomodava bastante, estava muito errado. “Eu posso lidar com isso. Eu posso?” repetiu na frente do espelho, colocando o casaco e fechando. “É só não olhar para baixo”, murmurou. Vestiu os sapatos olhando pro teto, torcendo pra não ter calçado pares errados, e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo sem nenhum fio solto, espremendo o elástico de cabelo para dar as três voltas completas. Logo saiu e seguiu para a aula. Estava tudo indo bem, até que, assim que chegou no pátio, um menino veio feito trem desgovernado e trombou nela, a levando para o chão, que estava úmido e com um pouco de barro. – Ai – reclamou, sentindo o peso do guri e logo vendo ele rolar para o lado, pra se sentar. Sirena Se sentou também, olhando a bagunça no uniforme e as pequenas sujeirinhas e matinhos por todo o tecido. Ficou com as mãos no ar, sem saber exatamente o que fazer. -Está...Está tudo bem – murmurou, mas claramente não estava. Respirou fundo, olhando pra o menino... Já havia o visto nas aulas -Você se machucou? – perguntou, passando a mão na saia, acabando por fazer mais sujeira, ao passar a mão na terra-Ai droga... Ai droga... |
| Sirena parecia ficar meio ansiosa com aquilo, passando mais a mão na lambança e só fazendo mais bagunça na roupa. Fez um beicinho de choro, quando ele estendeu a mão, mas aceitou, se levantando e passando a mão na dele, pra tirar a sujeira que havia ficado lá, logo olhando pra própria roupa. Suspirou. - Eu sei...Seu sei eu sei... – disse rápido – Eu to bem,... mas as roupas... tão sujas! Muito muito muito sujas! – nem sabia por onde começar a limpar – Você sabe chegar no banheiro mais próximo? – perguntou, sem conseguir raciocinar, nem lembrava do caminho direito. Só via as sujeiras e as bagunças. |
 | A garota parecia realmente preocupada com suas roupas, acho isso um pouco estranho, mas não comento nada. Quando ofereço a mão ela aceita, depois disso limpa a minha mão e fica olhando pra própria roupa com uma cara de choro, não consigo não me sentir culpado, afinal a culpa havia sido minha. - Acho que só tem banheiro lá dentro, não prefere esperar a professora chegar e pedir permissão? Começo a olhar em volta, não vejo a professora em nenhum lugar tão próximo, começo a tamborilar os dedos na perna enquanto penso se vale a pena. - Temos que ser rápidos - falo acenando pra ela enquanto começo a correr em direção ao castelo, se ela fosse sozinha e tomasse uma bronca eu me sentiria muito mal. |
| Ela estava com um beicinho gigante e trêmulo, quando ele sugeriu esperar. Aquilo parecia mesmo incomodar ela. Quando ele acabou cedendo ao biquinho de choro, Sirena assentiu – Rápido, rápido rápido! – disse, olhando em volta e vendo ele acenar para correrem. Ela tentou arrumar a roupa mais uma ou duas vezes, mas logo começou a correr com ele, em direção ao castelo. Entraram pela porta que haviam usado para sair, que dava para um salão no qual o chão era coberto de tapeçaria... Mas continuaram a correr em direção a um corredor. – Não! – ela puxou ele pela blusa, fazendo o menino parar bruscamente. Um dos pés dele estava a poucos milímetros de uma das linhas do piso. – Pisar nas linhas não é bom, nada...nada nada bom. Pisei nas do banheiro mais cedo e olha no que deu! – indicou as roupas. Puxou o menino por uma das mãos, pra voltar a correr, indicando pra pular sempre que uma linha aparecia, nas junções dos pisos. Depois disso, deixou ele voltar a guiar até o banheiro. |
| A garota era um pouco estranha, mas o ápice disso se mostrou quando entramos em um corredor, ela fala alto, quase em um grito e me puxa, falando pra eu não pisar nas linhas, olho pra ela com essa cara de incredulidade, ela realmente era uma garota estranha, associando seu estado à ela ter pisado em uma linha e não a um descuido meu. A garota pega em minha mão e continua, fazendo com que eu pulasse as linhas, após eu parecer ter pego o jeito da coisa ela deixou eu continuar a guia-la até o banheiro. Após algum tempo correndo eu já estava começando a cansar, principalmente por já ter ido correndo pra aula, mas felizmente chegamos, percebo que ainda estou de mãos dadas com ela, a solto e percebo que corei um pouco. Tento lembrar o nome dela e no final acabo falando: - É aqui Selena, vai rápido pra gente não se atrasar. |
| A loirinha também corou ao ver que o menino tinha corado. Não havia levado pra um sentido mais vergonhoso até o momento que ela vira que o “amigo” o havia feito. Ela soltou rápido a mão dele, depois disso, ouvindo ele falar que era ali o banheiro. -Tá... E é Sirena – corrigiu, entrando no banheiro finalmente. “Nada de linhas aqui” pensou, não querendo outro desastre na aula. Tomou um cuidado redobrado e foi até às pias, tentando limpar a sujeira. Demorou um tempo considerável, tendo de usar pouca água para não ficar encharcada e limpar aquilo com o papel umidecido. Foram muitas vezes até conseguir. Verificou todo o uniforme antes de vestir ele novamente. Primeiro a camisa, todos os botões na casa certa, depois a saia, perfeitamente alinhada na cintura e na linha dos joelhos (fez questão de conferir se cada uma das pregas estava devidamente ajeitada). Colocou a blusa pra dentro e deu o nó da gravata, ajeitando ela. Teve de molhar uma parte do cabelo que tava cheia de graminhas, por isso acabou deixando ele solto e desistiu de salvar a meia-calça, jogando ela no lixo antes de sair. - Pronto – ela disse, feliz, apesar de detestar as bolas de umidade por todo o seu uniforme. Mas era melhor assim do que sujo... E além disso, tinha contado elas e todas haviam dado um número agradavelmente ímpar. Do nada, Sirena arregalou os olhos e puxou o menino, escondendo ele, junto dela, no batente da porta, ao ver professores passando e conversando sobre a aula de um deles, de vôo. Estavam indo em outra direção, por isso, apesar do susto, saberiam ter algum tempo para chegar, sem correria. Logo o soltou, ajeitando o casaco dele que havia ficado torto. Logo tirou as mãos dele. -Ai que susto! |
| Sirena demora um tempo considerável pra se arrumar, tanto que estou cogintando a possibilidade de deixa-la se arrumando e voltar pra aula, mas algo nessa ideia me parece errado então decido ficar, sento de pernas cruzadas no chão do lado da porta do banheiro. Quando a garota sai do banheiro de novo eu me levanto e sinto uma dor muito grande nas pernas por causa do tempo parado na mesma posição, estou curvado massageando elas quando Sirena me puxa pelo braço ao lado dela, o rosto dela era um parecido com pânico, embora não veja sentido eu me mantenho quieto, assim como as linhas dos pisos, o mais fácil seria não discutir. Após os professores passarem ela arruma a minha roupa. - Você sabe que não estamos fazendo nada de errado né? Não precisamos nos esconder, mas enfim, vamos embora. Quando vamos voltando eu tomo cuidado de não pisar nas linhas, vai que a menina despiroca de vez se eu fizer isso. Percebo então que ainda não me apresentei pra ela, meu pai falou que essa é uma das primeiras coisas que eu tenho que fazer quando conhecer alguém, acredito que devido as circunstâncias é admissível o meu esquecimento. Estendo a mão para Sirena e digo: - Aliás, meu nome é Carter, sou o herdeiro da família Memphis - falo a ultima parte com certo orgulho na voz. |
| A menina faz uma careta, quando ele diz que não estão fazendo nada proibido. Logo voltam a andar, de forma apressada, mas sem correr – Estamos em horário de aula e saímos sem permissão. É algo errado – justificou. Além disso, ela tinha medo da maioria dos professores dali, afinal, eles usavam magia... E, para Sirena, isso não era algo confiável. Enquanto caminhavam, tomando o devido cuidado com as linhas do corredor, o menino se apresentou. Ela assentiu, dando um pequeno sorriso. Parecia não ligar tanto pra sobrenomes... Além disso, não fazia ideia quem eram os Memphis. – Sirena Müller – se apresentou mais formalmente também, dando um pulinho ao se aproximar de uma das linhas. – 22. Não entendo o porquê de as pessoas gostarem tanto de números redondos assim. As torres do castelo também são pares. – fez outra careta e olhou para o menino. – Você sabia disso tudo aqui? Acho que lembro de você nas aulas e parecia bem tranquilo com varinha e essas coisas... |
por Aythusa Ter Ago 09, 2016 9:13 am