Aulas de Vôo

Tristan subiu na vassoura cada vez mais animado com a ideia de voar. Por um segundo esqueceu completamente seu hábito de analisar tudo ao seu redor. Orgulhoso de si mesmo, virou-se para Eireaan, com um enorme sorriso no rosto e nem notou que a amiga ainda não conseguira convencer sua vassoura a sair do chão.

Se esforçou para voltar sua atenção à professora, que explicava que deveriam dar um pequeno impulso para sair do chão. Se a primeira parte tinha dado certo, não tinha por que a segunda ser tão diferente. Talvez o ponto fosse abordar a situação com confiança. Resolveu ignorar o impulso de analisar criticamente a situação toda e, ao ouvir o apito da professora, simplesmente deu um impulso com os pés e saiu do chão.

No momento em que seus pés abandonaram o chão e percebeu que estava voando, Tristan não conteve uma gargalhada de felicidade. Não se importou que estava pendurado no ar por um objeto que ele não fazia ideia de como funcionava e que estava desafiando pelo menos uma dezena de leis da física. Talvez estivesse finalmente entendendo aquela coisa de magia.

Estava tão animado com a ideia de estar voando que se esqueceu dos colegas ao redor e nem notou que Eireann tinha dificuldades com sua própria vassoura (ou Longbotton que tinha acabado de disparar na direcão contrária). Mesmo assim não ousou ir tão alto nem tão longe. Logo a adrenalina começou a baixar e de repente Tristan começou a tomar consciência de quão alto estava. Foi aí começou a lembrar que não gostava de alturas e o quão absurdo era ele estar tão longe do chão, sem proteção nenhuma, em cima de um objeto que até onde ele sabia podia do nada parar de funcionar e derrubá-lo no chão.

Respirou fundo, tentando manter a calma, enquanto a vassoura parecia notar seu nervosismo e estava cada vez mais difícil de se pilotar. Resolveu que era hora de voltar para o chão e tentou manobrar a vassoura de forma que ela começasse a descer. Lembrando-se das explicações da professora, inclinou-se sobre a vassoura para descer, mas talvez tivesse se inclinado demais, pois a vassoura disparou em direção ao chão.

Por sorte não estava voando tão alto, mas ao tentar reduzir a velocidade ao se aproximar do chão, suas mãos escorregaram do cabo da vassoura e caiu por cima do veículo. Só lhe restou estender as mãos para amortecer a queda e atingiu a grama com uma cambalhota desajeitada enquanto a vassoura voava para um lado e seus óculos para outro.

Sentou-se depressa, olhando em volta se alguém tinha notado sua queda, mas a maioria da turma estava ocupada tentando voar, ou assistindo a confusão que se desenrolava entre Malfoy e Potter do outro lado do gramado. Apanhou seus óculos do chão, notando meio chateado que uma das lentes estava trincada.

Espanou um pouco da grama que tinha grudado em sua roupa, sem muito sucesso, meio emburrado pela forma como seu voo tinha terminado mas ao mesmo tempo muito orgulhoso de si por ter conseguido sair do chão. Talvez Eireann pudesse ajudá-lo a arrumar os óculos e depois lhe desse algumas dicas de como melhorar sua aterrissagem.

Apanhou sua vassoura do chão e foi atrás da amiga, que tinha sumido de vista.

"Parece que eu não nasci para o quadribol, como eu já esperava" Pensou Elliot com um leve sorriso irônico ao falhar em fazer a vassoura subir, e tudo só piorou quando olhou ao seu redor e viu as pessoas olharem estranho pra ele, ficou ainda mais sem graça, odiava acabar chamando a atenção assim, na sua cabeça só imaginava que iam achá-lo estranho, tinha medo de começarem a ser zoado pelas crianças de lá.

Elliot passou o resto da aula torcendo que ela chegasse ao fim e tentando sem muita disposição fazer essa vassoura voar, "Será preciso mesmo continuar tendo essas aulas?", pensava Elliot sem querer ter que passar por aquilo de novo durante o ano inteiro.

Ao fim da aula Elliot pôde observar que os irmãos O'byrne fazendo as pazes, ficou feliz com o reconciliamento deles, deu um leve sorriso de canto e continuou com sua frustração na aula sem falar nem pensar em nada.

Toda a cena com o garoto Neville assustou Elliot, ele correu para ajudar o garoto, enquanto pensava no quanto essa aula era perigosa, fazendo-o sentir cada vez menos vontade de assistir àquelas aulas, não valia a pena se arriscar daquele jeito.

Logo a professora chegou e levou Neville, e apesar da professora ter dito para todos ficarem quietos, Malfoy não parecia se importar muito em obedecer, Elliot não gostava nada do jeito do garoto, só querendo chamar atenção, rindo de uma situação sem nenhuma graça, e ainda querendo fazer os outros sorrirem. Por um momento ele pensou em falar algo, algo que só resultaria em fazê-lo ser alvo de piadas também, principalmente considerando que não conseguiu voar, que tipo de moral ele poderia passar falando de algo se nem ele conseguiu voar... porém, conforme ouvia as piadas...

-- Nooossa, que incrível, o Malfoy consegue voar em uma vassoura... - Ele não se segurou e começou a falar do nada com o maior tom de debochado possível - Esse deve ser um feito muito digno pra quem nem sequer tem um cérebro, acho que se você sentar e rolar até merece um biscoito.

Logo após pronunciar essas palavras ele se arrependeu profundamente, sem nem dar tempo de ouvir uma resposta ou reação, já queria que tudo aquilo fosse apagado, mas parecia não ter volta, provavelmente tinha se jogado de alvo para o Malfoy a partir de agora, mas... pelo menos por um momento, ele acreditava que o Malfoy ia parar de zoar o Neville e voltar sua atenção para zoar o Elliot.

- Você quer ajudar ele, não é? Dizia em tom provocativo, com alegria no rosto. - Tá boooom. Vamos lá.

Seguia com um dos braços ainda nos ombros de sua irmã, como se não quisesse soltá-lo.

OFF:

O rosto de Elliot parecia muito inexpressivo enquanto encarava o Malfoy, geralmente estava de cabeça baixa, sempre tímido, as pessoas não viam bem seu rosto, mas geralmente ele ficava com a mesma inexpressividade enquanto observava as pessoas ao seu redor, era como se seu rosto esquecesse de reagir as coisas ao seu redor, ou talvez não soubesse como reagir, talvez fosse por essas coisas que ele sempre foi considerado uma criança estranha. Apesar de não demonstrar medo enquanto falava aquilo tudo, o garoto estava aterrorizado por dentro, havia um conflito sobre se o que ele fez era o certo, talvez tenha sido muito ousado chamando a atenção das pessoas para si, apesar disso, ainda parecia ter feito o certo.

Conforme o Malfoy se aproximou e o encarou, Elliot olhou nos olhos dele por um curto período de tempo, com um olhar estranho, mas logo virou os olhos para o canto de um jeito tímido, meio sem jeito e de forma vergonhosa ele respondeu ao Malfoy, ainda olhando para o canto.

-- Err... Não disse nada... - Estava com um sorriso sem graça enquanto falava isso, falou coragem para continuar, mesmo que quisesse muito defender o Neville - Eu não sei onde estava com a cabeça... devo ter delirado.

A partir dali Elliot sabia que seria uma vergonha, todos achariam ele um covarde, mas tudo bem, não era algo que ele ligasse muito, deveria estar preparado para ficar na mira do Malfoy, mas pelo menos, na cabeça dele, Elliot acreditava que a atenção havia sido tirado do Neville e ele podia aguentar o Malfoy, estava contente com o resultado apesar de tudo.

"Acho que está bom... não tenho mais o que fazer, não tem como eu vencer essa discussão, agora que deixaram o assunto do Neville de lado eu vou apenas aceitar o que vai vir daqui pra frente... Não tenho porque continuar com essa discussão."

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