Os problemas com o olho de Malezar (Thalion)

"Dum"......."Dum"......"Dum""Dum""Dum""Dum""Dum""Dum""Dum""Dum"

O som vinha das profundezas e cada vez se aproximava mais. Os portões do lado norte do pequeno entreposto comercial tinham sido trancados e uma pequena tropa de anões aguarda atrás deles com picaretas e machados nas mãos. O lugar tinha se desenvolvido ao longo dos anos com o intenso movimento vindo do sul das montanhas amarelas pra o norte delas. Khazdîl  tinha crescido com o comercio e a necessidade de hospedagem para aqueles que empreendiam a viagem pelos tuneis no subterrâneo da cordilheira.

Os problemas de Khazdîl tinham começado exatamente após a queda de Sauron quando o antigo e profano reino de Ciryantandor foi abandonado pelas coisas terríveis que viviam ali. Foi quando que começaram a surgir nos profundos tuneis das montanhas "eles" criaturas semelhantes a aquelas das colinas dos túmulos no distante norte. De inicio foram apenas do inquietantes sussurros vindos da escuridão, depois os silenciosos desaparecimentos e por ultimo os ataques.

"Dum"......."Dum"......"Dum""Dum""Dum""Dum""Dum""Dum""Dum""Dum"

O barulho vinha das profundezas cada vez mais se aproximando de Khazdîl.


No sul na cidade de Blackflame vivia o jovem anão Kim ele fazia parte da pequena milicia que patrulhava o acesso ao povoado naugrim como o interior dos tuneis interiores da cidade como os exteriores. Esse dia ele e seu amigo Benbek estava patrulhando um dos tuneis inferiores de Blackflame. Já era de "noite" ali e todos os mineradores já tinha ido para as suas casas dormir. Os dois estavam descontraídos fazendo a sua ronda tradicional. O amigo de Kim falava sobre os seus problemas no casamento. O assunto era chato, mas o jovem fingia prestar atenção.

Os dois iam andando em meio as ferramentas deixadas no chão. Os anões não tinha uma ideia de propriedade privada sobre as ferramentas de trabalho, elas simplesmente pertenciam a todos e por isso mesmo quando terminavam o seu trabalho as deixavam no mesmo lugar e iam embora pra voltar no dia seguinte e continuar de onde tinham parado. Kim provavelmente estava entendiado, patrulhar os tuneis era chato, sempre tinha a mesma paisagem. Já a superfície tirando as vezes que o seu serviço era diurno (anões do sul não gostavam do sol) era muito melhor, tinha um cenário misturado e diferente. Existia a neve da montanha, olhando para baixo o começo das arvores e florestas pra lá na distancia surgirem os verdes vales com as colinas salpicadas de densas matas.

Kim sonhava conhecer aqueles lugares que via na distancia queria visitar aquelas matas e ver aqueles rios que só podia assistir na distancia. Infelizmente para ele no momento nada disso poderia fazer pois estava preso pelo serviço ali na milicia. Num futuro se fosse um bom soldado poderia conseguir uma promoção e seguir com as caravanas anãs que viajavam pelas sete terras. A maioria dessas ia para a cidade portuária de Ostelor em Drel no sul.

O jovem anão sentiu o seu amigo batendo no seu ombro e saindo da sua reflexão olhou para o companheiro:

- Hei, garoto, acorde desse devaneio - disse Benbek de forma dura e depois falando mais baixo continuou - Você está ouvindo isso?

[role ouvir]

Kim estava entediado com a patrulha, nada de interessante acontecia, apenas passava a patrulha inteira ouvindo histórias de seu amigo Benbek, que ultimamente só contava sobre o seu casamento, o que deixava Kim ainda mais entediado.

A paisagem monótona na mina deixou a mente de Kim meio adormecida que já não estava mais atento com o que acontecia ao seu redor, e só despertou quando seu amigo tocou em seu ombro, perguntando se havia ouvido algo, agora atento, Kim se concentrou para ver o que conseguia ouvir.

Rolagem:

O anão Kim simplesmente não ouve nada, estavam tudo em silencio com certeza não haviam ninguém ali. Parecia até que eles estavam no fundo do mundo cercados por toneladas e mais toneladas de rocha e muito distantes de qualquer civilização. Felizmente isso não era verdade, a cidade de Blackflame estava apenas a alguns metros acima deles.

Benbek estava parado esperando que o amigo dissesse que ouviu alguma coisa, mas Kim pela sua expressão vazia dava a entender que simplesmente não tinha percebido nada. O anão solta o ar pelas narinas e boca, frustado para depois falar:

- Não ouviu nada né? Acho que você deve está com cera demais no ouvido ou passando muito tempo na superfície que a rocha e a montanha se tornaram estranhas. Uma pena - termina ele balançando a cabeça de um lado para o outro lamentando.

Benbek com o seu machado de ferro na mão da dois passos para frente e se vira para Kim para lhe dar um instrução:

- Você fica aqui e eu vou verificar rápido o que foi.  Fique atento para outro lado e veja se alguma coisa vem de lá. Vai ver tem orcs por aqui - disse ele voltando a se virar a continuando a andar no túnel.

Logo a luz do lampião que Benbek carregava sumiu numa das curvas da mina deixando Kim apenas com a iluminação do seu proprio lampião e com o som da sua respiração. O tempo passou e nada aconteceu, só o silencio. Arrastando-se como um verme no chão foram passando os segundos, os minutos e as horas.

Três horas passadas e nada do seu amigo Benbek. Nervoso já, Kim cogitava em ir atrás do amigo mas nesse momento ouviu passos vindo do corredor por onde o amigo tinha indo. O passos vinham mas a luz não vinha junto, será que ele tinha deixado o lampião cair no chão? Logo veio um cheiro de podridão no nariz do jovem anão. Não demorou muito para que entrasse na sua visão algo tropego que parecia ter sido já um homem mas era agora apenas um corpo deformado e podre. A coisa não fazia som nenhum, apenas continua a andar na direção de Kim.

Kim não fazia ideia do que seu amigo havia ouvido, apenas deixou ele seguir seu caminho, se ele disse ter ouvido algo, melhor averiguar, fazia sentido não ter ouvido, estava muito distraído com o assunto chato que estavam tendo. Kim concorda em esperar, o que poderia acontecer de ruim? Nada acontecia naquele lugar.

- Tudo bem, pode ir.

Então Kim esperou eu amigo voltar, mas horas se passavam em completo silêncio, Kim já não aguentava mais de tédio e resolveu ir atrás de Benbek, mas assim que ele segue na direção que ele foi, uma criatura estranha aparece, o cheiro e aparência não eram amigáveis, então o anão já sacou seu machado por preocupação.

- Pare aí, nem mais um passo!

A criatura nem pareceu perceber o que Kim tinha dito, ela continuou andando naquele jeito tropego que vinha desde que entrou no campo de visão do anão. Conforme foi se aproximando cada vez mais do Naugrim o cheiro de podridão foi aumentando mais ainda. Fazendo o estomago de Kim revirar.

Conforme ela foi se aproximando deu para perceber a malha metálica enferrujada sobre o corpo da criatura, ela carregava o simbolo do dragão do sul. Provavelmente aquele homem tinha sido um dos servos do rei da tempestade, esse que tinha descido ao vazio com a queda do seu mestre Sauron. A coisa pútrida carregava consigo uma espada longa com o metal rachado e enferrujado, andando lentamente. Com a arma numa mão ela vai e golpeia Kim.

Kim via a criatura se aproximando cada vez mais em direção a ele, por algum motivo o anão ainda hesitava, mas quanto mais ele se aproximava o anão via que não tinha sentido conversar com aquela coisa. Mesmo com a podridão, Kim ficou animado com um pouco de ação, a criatura tentava o atacar, mas o anão estava preparado.

- Venha criatura nojenta! Eu te mostrarei a força do machado dos anões.

Não foi difícil para Kim desviar do ataque lento da criatura, e já aproveitando a oportunidade o anão desce seu machado contra a coisa em um contra-ataque.

Kim não tem nenhuma dificuldade para desviar do risível ataque da criatura. Pulando para atrás e com uma motivação forte vinda do tédio que era patrulhar aqueles tuneis de mineração da cidade de Blackflame. O anão contra-atacou com um forte golpe na vertical para baixo na criatura.

A lamina do machado enterrou na base do pescoço do ser morto-vivo, no entanto talvez pela falta de compreensão da anatomia da criatura ou azar do golpe, ele teve muito pouco efeito. O machado criou  um pequeno vinco na carne podre da criatura. Nenhum sangue escorreu muito pelo contrario fez o cheiro de podridão piorar.

A criatura quem nem se importou com o ataque girou a sua espada enferrujada de forma displicente e tropega para atingir Kim.

A criatura se mostrou resistente, não era qualquer um que sobrevivia ao seu machado, na verdade o ataque não pareceu ser grande coisa para ele, tudo o que o anão conseguiu fazer com aquele golpe foi aumentar o cheiro de podridão.

Quando vê o zumbi tentando atacá-lo novamente, Kim se prepara para esquivar do ataque e mais uma vez contra-atacar.

Por um momento Kim acredito que o morto-vivo iria de fato desferir o golpe nele, mas nesse momento ele escuta um som parecido com "crack". O tornozelo podre da criatura parecia não estar preparado para suportar o peso que o determinado movimento acabou cedendo. Um angulo estranho acabou se formando entre o pé e a perna terminando com o zumbi caindo no chão.

A criatura não pareceu exibir qualquer sinal de dor, mas não conseguiu sequer se levantar e a espada escapou da sua mão.

Dados da rodada:

Kim não entendeu o que aconteceu, a criatura caiu sozinha, realmente o odor de podridão fazia sentido, seu inimigo estava caindo de podre, sem o anão precisar fazer nada, por mais que o anão não gostasse de atacar alguém caído, aquilo com certeza não estava mais vivo e a preocupação do anão com seu amigo que havia sumido a horas aumentava. Aproveitando a oportunidade, o anão se aproxima do zumbi, e com toda sua força desfere um ataque com toda sua força na cabeça da criatura.

Com todo o seu treinamento de guerreiro e força de anão Kim enterrou o machado na cabeça do zumbi e esmagou o seu cranio. Um material meio podre mal cheiroso saiu da caixa craniana quebrada, piorando ainda mais o cheiro se isso é sequer possivel. Ele teve que segurar o seu estomago para não vomitar.

A criatura morta não se movimentou mais, Kim tinha definitivamente mandado aquela pobre alma para o além da terra media. Agora a questão que ficava na sua cabeça era se voltava para avisar a cidade sobre o acontecido ou se seguia na escuridão atrás do seu amigo.

A sua frente se estendia o túnel vazio, escuro e silencioso, atrás também era assim mas o seu destino era conhecido já a frente o caminho era desconhecido. Não fazia parte do clan de mineiros da cidade e muito menos tinha passado o seu tempo livre a explorar aquela região.

Finalmente Kim venceu a criatura, não foi uma luta muito difícil, na verdade a maior dificuldade foi suportar o maldito cheiro que saia dela, após matá-la o cheiro estava tão insuportável que precisou parar um tempo tampando o nariz, e se segurando para não vomitar, enquanto isso pensava no que fazer agora, "seja lá o que tiver a frente eu não tenho medo, preciso saber o que aconteceu com Benbek" e assim que se recupera do mal cheiro o anão adentra a escuridão, em busca de seu amigo desaparecido.

Kim corajoso como todo bom anão guerreiro decide ir em frente atrás do seu amigo Benbek que não havia retornado até aquele momento. Ele foi andando sozinho pelo túnel apenas escutando os seus passos e sob a iluminação do seu solitário lampião.

Não demorou mais do que alguns segundos para que fizesse a curva aonde tinha visto Benbek pela ultima vez. Não tinha nada no espaço que se seguia, só alguns baldes largados nos cantos e um ou outro carrinho de transporte do mineiro extraído da rocha da montanha. O anão foi apenas passando por eles sem nem perder tempo, ao continuar andando pelo tunel foi observando no chão umas gotas de sangue irei surgindo no caminho e pareciam seguir a direção aonde ele caminhava.

Andou por alguns metros até encontrar o seu amigo caído no chão de bruços Kim podia ver que o cranio dele estava completamente esmagado. Era até uma visão difícil de ter. Não havia nada que pudesse fazer por Benbek, ele estava morto. Ainda no processo de digerir o que tinha acontecido com o seu companheiro de ronda o anão ouve mais passos vindo do túnel a frente. Eles parecia estar longe, mas pelo som seu instinto dizia que eram muitos. Como um guerreiro já razoável vivenciado sabia que ficar ali e tentar lutar contra quem quer que fosse era morte certa. Devia Retornar e avisar o resto da guarda sobre o que ocorria ali.

O anão não acredita no que viu, seu amigo morto daquele jeito, devia ser algo realmente perigoso para ter matado o Benbek, era pra ser apenas uma patrulha comum, não acreditava que acabaria assim. O anão consegue perceber a urgência da situação, e mesmo não gostando de ter que deixar seu amigo ali daquele jeito, precisava informar o resto da guarda sobre que aconteceu ali.

- Eu vou voltar e descobrir o que aconteceu com você meu amigo. - Falou Kim enquanto fechava os olhos do seu amigo, e logo em seguida voltou pelo caminho que veio.

Kim correu pelos tuneis o mais rápido que a suas pernas permitiam. O lugar por onde corria era uma bagunça de curvas e caminhos, mas o anão guerreiro sabia como se mover através deles. Não sabe quanto tempo demorou para chegar na cidade, foram o quê? 2 horas? Ou 3? Ou 4? Não sabia.

Passou direito pelos guardas logo na entrada que o olharam esquisito, pois ainda era para estar no posto. Kim nem sabia ao certo aonde ir. Talvez devesse ir até o seu comandante ou até o seu superior propriamente dito, para que ele levassem a noticia até o Rei Vafnir.

Tinha entrado na cidade pelo primeiro level dela, aonde o seu superior na milicia ficava era o terceiro. Passou correndo pelos corredores de granito iluminados pelos lampiões potentes de óleo de baleia e óleo vindo das profundezas(petróleo). Ele chegou ao grande salão e foi direção a escada, mas alguém o parou no caminho.

- Ei,ei,ei Kim aonde vai com toda essa pressa? Você não devia está no seu turno de vigia? Cadê o Bembek? - O indagou Klôk o segurando com o braço.

Klôk era o velho amigo seu desde da época de criança.

- Klôk? Você não vai acreditar no que aconteceu - falou o anão ofegante - B-Benbek, ele está morto, não sei ao certo o que o matou, ele tinha saído para verificar algo, e mesmo após muitas horas não retornou, no lugar dele veio uma criatura estranha com cheiro de podre... e-eu consegui vencê-lo, mas quando fui atrás do Benbek ele já estava morto, tem algo muito ruim acontecendo naqueles túneis, e eu preciso relatar o que vi lá, sinto ser urgente. - Kim parecia desesperado e falou tudo com pressa, na cabeça dele mal sabia o que falar, então falou tudo de uma vez, sem dar nenhuma chance de Klôk responder.

- O que eu devo fazer? Preciso relatar isso a alguém o mais rápido possível.

Klôk faz uma expressão de preocupação ao ouvir o relato do seu companheiro de milicia.

- Me acompanhe, vou leva-lo até o comandante. Ele deve estar acordando agora mas deverá ouvi-lo sem problemas - Falou ele fazendo um gesto para que o acompanhasse.

Subiram as escadas rumo ao que seria o quarto patamar da cidade. Ali naquele "andar" a iluminação era bem melhor, existiam lampada com luz de tom azulados e buracos na própria rocha da montanha por onde entrava a luz do sol. O mais diversos anões dos mais variados clãs andavam pela largas ruas e pelas suas vestimentas dava para perceber que não eram as simples pessoas que Kim estava acostumado a lidar.

Klôk foi embrenhando por uma serie de corredores o levando cada vez para dentro do movimentado andar. De inicio Kim achou natural, mas conforme os minutos foram passando e os lugares por onde foi entrando foram ficando cada vez mais estranhos ele não pode deixar de notar que tinha algo de errado. Até que finalmente que chegaram numa sala com umas correntes penduradas no teto e uma manchas escuras no chão. Algo que o fazia lembrar sangue.

O anão que o acompanhava fechou a porta atrás de si e falou:

- Sinto muito, Kim, mas tem muita acontecendo e não posso deixar que você atrapalhe tudo.

O anão sacou o machado pesado.

Kim começou a estranhar o caminho que seguiam, não pareciam estar sendo levados para o comandante, mas confiava no seu velho amigo, o conhecia desde que era criança, porém quanto mais andavam mais estranho ficava, até chegar em uma sala com correntes e sangue, imaginava se era alguma prisão ou sala de tortura. Kim ainda tentava processar o que acontecia até ouvir as palavras de Klôk e vê-lo sacar o seu machado.

- O que está acontecendo Klôk? Isso não tem graça.

Não queria acreditar no que via, porém ainda estava assustado e por instinto sacou o seu machado também.

- K-Klôk, pare com isso e me explique o que está acontecendo. - Falou como último apelo para seu velho amigo.