O Passo de Prata era um estabelecimento simples, construído abaixo do nível do solo, com uma pequena casa e escadaria na superfície levando ao salão. O chão era coberto de madeira e as paredes eram de pedra cortada. Algumas poucas mesas e cadeiras se espalhavam pelo ambiente, e um balcão de pinho separava toda a parede oposta à escada do resto do salão, delimitando a área do taverneiro, calvo e corcunda. Seu nome era Pines, e ele limpava preguiçosamente um copo de vidro temperado, sem parecer muito dedicado a tirar as manchas. Ele parecia estar mais esperando o tempo passar que trabalhando, na verdade. Além de Pines, apenas cinco sujeitos estavam na taverna, todos trazendo equipamento de viagem e diversas armas, exalando "aventureiro" e "mercenário" por cada poro. Todos haviam falado com o taverneiro ao entrar, e todos foram instruídos a esperar sentados, e todos já estavam perdendo a paciência. Devido à importância desses cinco sujeitos, eles merecem uma menção mais detalhada.
O primeiro era grande e musculoso, facilmente passando dos dois metros. Ele parecia exalar um calor intenso e abafado, e cheirava a enxofre. Seu peso em músculos era amplificado por uma massiva armadura negra de aço temperado. Seu rosto era escondido por um peculiar elmo barbuta com um estranho mecanismo de abertura, normalmente inexistente nesse tipo de elmo, e bastante opaco na parte da frente, como se tivesse sido chamuscado diversas vezes. Ele trazia ao lado uma enorme espada larga sem guarda-mão que só complementava sua aparência assustadora.
Perto dele estava um homem enorme. Provavelmente tão grande quanto. Ele não parecia ter um cuidado terrível com sua higiene pessoal, nem aparentava ser o mais brilhante no cômodo, mas logo se via que ele podia aguentar algumas boas pancadas. Provavelmente mais pancadas que a maioria dos ogros que se vê por aí. Estava vestido com uma bonita, mas simples e eficiente malha de argolas cozidas sobre couro, de aparência mais leve e brilhante que qualquer aço que se possa encontrar, e trazia uma bonita e exótica espada nas costas. Por trás da aparência brutal, não era um homem feio, mas não era o tipo de pessoa de quem você se aproximaria confortavelmente.
Sentado numa cadeira estava um homem de dimensões bem normais para um humano, mas que parecia um halfling comparado aos outros dois homens, apesar de não se mostrar nem um pouco intimidado pela presença deles. Ele trajava vestes simples mas bonitas, e de clara qualidade, encimadas por uma bela capa verde. Em seu cinto pendia uma bonita espada curta e uma estranha lâmina curva, ao estilo das usadas nas matas-de-chuva do sudeste.
Em outro canto, estava uma bonita elfa de cabelos azuis e olhos cinzentos, pequena e leve, trajando uma bela malha de anéis élfica e roupas leves e belas. Ela trazia um arco preso às costas, além de uma varinha e alguns frascos na cintura e duas aljavas. Um medalhão com algum símbolo sagrado pendia de seu pescoço, e sua beleza e delicadeza pareciam esconder uma peculiar força interna.
Por ultimo, mas não menos importante, uma estranha mulher se sentava à outra mesa. Ela era magra e baixa, coberta de pelos verdes e com feições felinas. Seus olhos eram verdes profundos e uma longa juba dourada caía de sua cabeça. Ela vestia trajes de viagem e robes de estudioso. Trazia uma série de frascos e varinhas, além de uma besta e uma lança curta, e um pesado livro dependurado ao lado. Flutuando um pouco acima de sua cabeça estava o que parecia ser uma mistura de um pequeno tornado com uma nuvem. Ela conversava com ele de vez em quando, e uma forma difusa, vagamente humanoide em seu interior parecia se agitar.
Os cinco quase desistiam de sua espera, quando um homem envolto em faixas de seda entra no recinto. Ele caminha um pouco, senta numa cadeira, olha ao redor e diz, numa voz rouca.
-Então estão todos aqui? Bom. Digam-me seus nomes e o que sabem fazer, e podemos prosseguir à reunião.