Ellywick - Edu

Ellywick levanta uma sobrancelha com a fala de Ergo. Uma ano casada com aquela mulher e não a conheci muito, veja só como é a vida. Tinha sorrido quando a maga falou sobre a noite anterior mas a boa expressão na sua face desapareceu assim que foi avisada pela sua companheira.

- hm... deve ter sido por causa da quebra do simbolo. Devo ter absorvido alguma especie de energia negativa. Provavelmente terei que ir algum lugar que venda pergaminhos, e ter a sorte de encontrar um que remova maldições - Ela para por um momento suspirando - Até lá Ergo, sem sexo entre a gente. Você sabe que o contato intimo pode passar algo, né?

Ergo fechou a cara e cruzou os braços. Como poderia brincar com aquilo numa hora dessas? Poderia ser algo muito perigoso!
- Não sei como voce pode pensar em sexo ainda! Querida, converse com o druida a respeito disso, e qualquer tipo de coisa estranha que esteja acontecendo, me avise! – diz em tom de bronca, como se estivesse se dirigindo a uma menina de 10 anos.

**

Elly estava caminhando pela estradinha já fazia alguns minutos, e as primeiras casas de Pinhos Altos já estavam visíveis. O dia estava bonito, sem nuvens e ensolarado. A gnoma ouvia o som dos pássaros, quando uma dor de cabeça forte surgiu, fazendo sua testa latejar. Era algo muito intenso, que parecia uma dor de dente horrível, mas que durou alguns poucos instantes.

Elly sentiu seu nariz molhado. Estava sangrando.

NRPG: Ellie perdeu 1 pv.

**

A casa do druida era uma casa simples, localizada na periferia da cidadezinha. Ele estava do lado de fora tomando um pouco de sol, acompanhado de seu fiel falcão. Era um velho bem enrugado, de nome Cursyx, portando um cajado com adereços tribais.



- Ola Ellie, a que devo sua visita, minha pequena colega? – diz ele com a voz rouca.

A gnoma sorri para Ergo e se aproxima dela ficando na pontinha do pé para beija-la na boca.

- Daqui a pouco eu volto, meu amor, não se preocupe - disse ela sorrindo e indo embora.

......

O sangue na sua mão já estava seco quando chegou na casa do druida. Ela sabia que era a maldição fazendo efeito, mas não tinha nada que pudesse fazer, a não ser ficar curando o dano que ela provocava.

Saindo das suas reflexões sobre a sua condição, ela volta a sua atenção para o druida na sua frente.

- Mais um daqueles sinais misteriosos apareceu na frente da minha casa hoje de madrugada. A minha esposa examinou ele e disse que era uma especie de invocação para alguma coisa de fora. Obviamente eu destruí o sinal, mas parece que por causa de tal feito eu contrai uma especie de maldição. Fiz umas anotações sobre o que Ergo falou sobre o sinal - Termina ela de falar estendendo a mão com um papel escrito para o velho.

O druida coça as sobrancelhas espessas, olhando para o manuscrito. Já tinha dificuldades de leitura, ainda mais com todo esse palavreado técnico dos arcanos! Certamente era mais que podia entender, mas não era bom deixar isto transparecer. Ele devolve o papel e da uma tossida na mão para limpar a garganta. Infelizmente tinha uma noticia ruim para dar...
- Muito bem, muito bem, nada como uma especialista arcana para examinar estes sinais. Mas essa historia de maldição, ela é verdade... Hmm, como posso dizer... Também é serio. O povo da cidade por aqui é bem supersticioso e normalmente não mexem em símbolos mágicos. Mas ontem um deles veio ate aqui para pedir ajuda, pois tinha desmanchado um acidentalmente. Bem, comecei a fazer a poção, mas quando terminei, a pessoa estava sangrando pelos olhos, nariz, ate pelas orelhas... Infelizmente já estava morta, uma tristeza. Foi hoje de manha que aconteceu isto?

A gnoma estava de pé com os braços cruzados ouvindo de forma seria o que o druida dizia.

- Sim foi de manhã que isso aconteceu. Bem eu posso atrasar o processo me curando até você prepara uma reversão para minha maldição. Até agora não aconteceu muito, mas imagino que deva piorar nos próximos minutos e horas. Tem alguma coisa que possa fazer para me ajudar? Ouvi falar de clerigo mais experientes que conseguiram reverter maldições usando a própria magia, mas infelizmente não tenho habilidade para isso. Você consegue realizar tal feito? - ela fala perguntando sobre o que podia ser feito.

O druida Cursyx coça a cabeça e faz uma careta. A situação era bem pior, mas parecia que a gnoma não estava entendendo.
- Veja bem... Não conhecemos bem essa maldição, e pode ser que confiar na cura dos deuses não seja o suficiente... Posso ate procurar na natureza algo que ajude, mas temos tempo? – diz, enquanto caminha de um lado para outro. Alem do que, maldições não era uma área que dominava, conhecimento arcano... Por isto tinha escolhido ser um druida.

O velho coloca as mãos na cintura e encara a cleriga, tento que se curvar um pouco devido a baixa estatura da gnoma.
- Não vejo saída, senão resolver o problema dos símbolos. Quem fez a maldição, pode tirar.

- Temos que tentar né? Vou ficar aqui esperando morrer sangrando pelos olhos? Tenho que fazer alguma coisa, ainda mais que agora tenho uma esposa pra me preocupar também - Diz Ellywick sentando num tronco de arvore - O que você pode fazer?

Ela apoia a cabeça com as mãos desanimada e solta o ar pela boca frustada.

- Quem foi essa outra pessoa que mexeu com um dos sinais? Ele ou ela tem familia aqui na cidade?

O druida olha para o ceu pensativo. Ele suspira e alça os ombros.
- Da minha parte, voce pode tomar a poção que preparei para o outro desafortunado que ficou amaldiçoado. Ele alivia os sintomas, mas não proporciona cura. É apenas um paliativo, tem que procurar como desfazer sua maldição.

Cursyx coça a cabeça, tentando se lembrar do nome do pobre coitado que tinha morrido. Sua face se ilumina quando ele consegue resgatar o nome de sua memoria.
- Ah sim, seu nome era Forrest! Parecido com floresta, parecido sim... Hmm, estamos ao sul da cidade de Pinhos Altos, não é mesmo? Ele mora ao norte, também nos limites da cidade. Trabalhava com madeira, fazia belos moveis, inclusive tenho um mesa feita por ele, ótimo acabamento. Pena que morreu...

Suas palavras são interrompidas pela presença da bela mulher de Elly. A maga olha para os dois, que estavam conversando ao ar livre, e ergue uma sobrancelha.
- Pelo visto a conversa esta boa? Descobriu algo sobre sua maldição, querida? – pergunta a esposa.

O druida move seus olhos em direção da gnoma, mas nada diz. Cabia a ela dar a noticia.

Ellywick toma um leve susto com a aparição repentina de Ergo, mas não expressa isso de nenhuma forma fisica.

- Ooooi Ergo, tava aqui conversando com Cursyx sobre o simbolos e a maldição que adquiri. Ele tem até uma poção para dá um parada nos efeitos dela. Ele me contou sobre outro morador que veio aqui também falar dos simbolos, ele mora no sul de Pinhos Altos, tava indo para lá, seria otimo que você viesse comigo. Que acha? - Ellywick explica a situação para Ergo omitindo o fato que sua esposa corria o risco de ficar viúva.

A gnomo estende a mão para o druida para que ele entregasse a poção.

O druida Cursyx entrega a poção nas mãos de Elly e diz:
- Tome quando aparecerem os sintomas. São três doses. E lembre-se, isto é para aliviar as dores, não é a cura.

A gnoma e Ergo então vão para o norte da cidade, onde morava a outra vítima. Tiveram que atravessar a cidade, que não era muito grande e estava bem tranquila, cada morador fazendo seus afazeres, apesar dos rumores sobre os estranhos símbolos mágicos que surgiam.

A casa do marceneiro era bem simples, localizada próxima de um bosque com pinheiros bem altos. Quem ainda morava la era sua esposa e seus dois filhos pequenos, e ela ainda estava bem abalada com o ocorrido.
- Era de noite e meu marido tinha ouvido sons estranhos do lado de fora da casa. Falei para ele não sair, mas não adiantou... Ele pegou um facão e abriu a porta para ver o que era... Só que ele não notou o símbolo magico que estava bem em frente de casa, e pisando nele acabou por desfaze-lo. Não demorou muito e começou a passar mal... Não deu nem tempo do druida Cursyx fazer algo para ajudar...

Ergo cerra o sobrecenho ao ouvir aquilo e volta seu olhar na direção de Elly.
- Você não me disse que essa maldição era algo assim tão serio, querida... – diz em tom seco para a esposa a maga.

Ellywick olha pro chão quando Ergo a indaga sobre o fato de não ter falado nada sobre as consequências da maldição.

- Eu não falei nada porquê como eu iria lhe dizer que você corre sério risco de ficar viúva? Achei que poderia resolver isso sem preocupar você, mas as circunstâncias acabaram me pegando - responde ela sem graça.

Depois disso ela vira pra outra mulher.

- tem mais alguma que possa nos dizer sobre o que aconteceu com o seu marido?

- Eu não falei nada porquê como eu iria lhe dizer que você corre sério risco de ficar viúva? Achei que poderia resolver isso sem preocupar você, mas as circunstâncias acabaram me pegando

Ao olhar a face de Ergo, Elly sabia que ela estava furiosa, especialmente por causa do olhar quase gélido e seu semblante liso como uma pedra. Mas felizmente após longos instantes ela se descontrai, e segura o rosto da gnoma com as duas mãos.

- Sei que faz isso para não me preocupar, mas como vou poder te ajudar se não dizer a verdade? Não sou sua esposa? Não faca mais isto, esta bem?

A viúva olha para aquela cena e balança a cabeça, sem nada dizer. Indagada sobre o marido, ela diz, com tristeza na voz:

- O que mais posso dizer? Passei por tantas aventuras na minha vida, tantos perigos, e quando decido parar tudo para viver pacificamente com meu marido e minha família, acontece isto conosco? Onde estão as deusas para prevenir isto de acontecer?

Ellywick sentiu um frio na espinha quando viu a expressão na face da sua esposa. Procurou afastar esse pensamento da sua cabeça, ficando apenas em silencio quanto a afirmação de Ergo. Depois de um momento se concentrou na cônjuge do homem morto.

- Sinto muito. Saber o papel das deusas nisso é muito dificil, mas eu como uma das representantes de Solaris estou aqui disposta a encontrar a pessoa que está fazendo esses símbolos. Agradeço pela sua ajuda - Disse ela terminando com uma reverencia e saindo da casa da mulher.

Enquanto caminhava refletia consigo. Esse pessoa que estava fazendo esses símbolos gostava que faze-los perto de outras casas e numa determinada hora do dia. Talvez fosse a hora de encurralar essa pessoa, mas a questão era como? Outra questão importante, era que todas as casas com simbolos proximos eram localizadas longe da cidade. Caso como a sua residencia e a do marceneiro.

Parou a sua caminhada por um momento e coçou a sua bocheca. Precisava de um mapa da cidade. "Eles são partes de um todo" lembrou da frase que Ergo tinha dito hoje mesmo. Era claro, mas como não tinha pensado nisso? Seja quem quer que fosse estava cercando a cidade com esses símbolos profanos para fazer uma versão muito maior dele e no centro da cidade provavelmente seria o local aonde a entidade seria chamada. Caso seja o que estava pensando, essa pessoa certamente retornaria para perto da casa do marceneiro e para a de Ellywick também. Precisava definitivamente de um mapa.

Ellywick tem uma ideia acerca do proposito dos símbolos e decide compartilhar seus pensamentos sobre o assunto com Ergo. A necromante leva a mão ao queixo e olha para o horizonte, refletindo sobre as possibilidades. Ela acena com a cabeça lentamente e diz:

- Sim, isso faz muito sentido... Talvez essa seja nossa melhor oportunidade de curar a sua maldição, querida.

As duas então vão para o centro da cidade e dirigem-se ao escritório do governante de Pinhos Altos. Após explicarem sobre uma possível solução dos estranhos símbolos amarelos que estavam amedrontando a população, elas recebem uma mapa da cidade.

Ergo limpa uma mesa empoeirada e abre o mapa sobre ela, e com uma pena com tinta vermelha marca a localização de todos os símbolos encontrados.



- Muito bem – disse Ergo, concentrada no mapa – marquei a nossa casa que fica ao sul e a casa da viúva que fica ao norte. Alem delas, mais cinco outros símbolos foram encontrados, num total de sete. Consegue ver algum padrão aqui, Elly?

Ellywick que ficou observando a sua esposa enquanto abria, notou o quão sexy ela era. Suspirou e refletiu por um momento, não queria morrer, não queria deixar Ergo sozinha no mundo novamente. Coçou a cabeça e afastou esses pensamentos fatalistas da sua mente.

- Estou meio sem imaginação no momento, talvez uma estrela de sete pontas? Mas acho que isso seria meio obvio e bobo - disse ela olhando o mapa de forma reflexiva.

Vasculhou a sua mente sobre o que tinha estudado sobre religiões na sua época de templo para ver se lembrava de algo util.

- Estou meio sem imaginação no momento, talvez uma estrela de sete pontas? Mas acho que isso seria meio obvio e bobo

Ergo, que estava com as duas mãos apoiadas na mesa observando o mapa, se endireita e fixa seu olhar em Elly. Sua expressão era a de alguém fria e objetiva, e parecia que o azul ao redor de seus olhos estavam mais fortes, contrastando bastante com sua pele branca.



- Não há razões idiotas ou obvias, querida, apenas razões, e nenhuma deve ser descartada – diz com a voz segura. Ela leva a mão ao queixo, e começa a andar pela escritorio. Estavam sozinhas, Elly e Ergo, tendo o governante saído para uma reunião externa.

A gnoma tenta se lembrar de seus ensinamentos sobre religiões, porem sua falta de estudos no campo de conhecimentos a impedia de relacionar qualquer informação com o seu presente problema.

A entrada de um guarda no escritório do governador interrompe os pensamentos das duas. Ele estava com o rosto preocupado e esbaforido.
- O governador, o governador, onde está? Temos um grande problema! As colheitas se perderam e os animais estão morrendo! É uma desgraça, desgraça! – lamenta o pobre homem.

A gnomo ficou olhando incrédula para Ergo, mas que exagero de atitude. Era melhor não falar nada, não precisa se explicar toda vez. Afastou-se da mesa e pensou que aquele momento seria perfeito para fumar. Nesse momento foi tirada do seu pensamento de tabaco pela entrada abrupta do guarda.


- Deve ser a energia negativa vinda dos sinais. Seja quem quer que seja deve tá ativando os símbolos agora - Disse Ellywick desencostando da parede de repente - Você pode precisar aonde é o epicentro da morte dos animais e plantas?

O guarda, que tinha o rosto atormentado pelo que tinha presenciado, não entendeu a pergunta de Elly, mas Ergo logo veio ao socorro. O homem pensa durante alguns instantes, e responde:

- Olha, as plantas que ficaram murchas, frutos que ficaram podres, e galinhas e porcos que morreram ficam perto das ruínas da mansão de Tresendar... Eu fui numas fazendas por perto, e vi aquele monte de frangos com as pernas para o ar no galinheiro, e o cheiro das plantas podres era horrível... Parecia o fim do mundo, sim senhora...

A ex-necromante olha para o mapa estendido sobre a mesa, e aponta para a marca localizada na mansão de Tresendar.

- Você está certa querida, é onde um dos símbolos foi encontrado, e sua ativação deve ser a causa desta praga maldita.

Neste momento, Ellywick sente uma forte pontada no estomago, uma dor incrível que quase a faz perder os sentidos, a ponto de faze-la cambalear. Mas ela é amparada pelos braços firmes da maga, que tem em seu rosto a expressão de preocupação.

- Está se sentindo bem? A maldição já age com certeza, e o efeito da poção parece estar diminuindo... Temos pouco tempo.

- Obrigado, meu amor - Diz ela agradecendo Ergo - Bem eu não vejo outro destino senão irmos para a mansão Tresendar. Eu estou bem sim, Ergo, foi só uma pontada no estomago, mas mesmo assim foi bom. É sempre gostoso estar no seus braços.

Ela termina essa frase dando uma piscadinha para a sua esposa e então se empertiga toda para saindo andando rumo a mansão Tresendar.

Ergo sorri e balança a cabeça.

- Sua boba... Fazendo-me rir nesta situação terrível. Bem, que se há de fazer, a não ser ir de encontro ao inimigo?

Ambas partem em direção da mansão de Tressendar, uma área antiga pertencente a uma grande família de Pinhos Altos, e que agora se encontrava em ruinas. Não demoram muito e encontram o símbolo amarelo pintado em uma das paredes da construção, brilhante devido a invocação do mal feita por uma figura encapuzada e envolta em um manto escuro.

Mas o pior não eram as palavras arcanas entoadas por uma bela voz feminina...

O pior era que aquela voz era conhecida por Elly... Embora naquele momento não pudesse se lembrar exatamente qual era a dona daquela voz.