Vau Ashaben - A Grande Final do Torneio

O mago mais uma vez havia conseguido fugir do alcance de Zankharon, irritando o brutamontes cansado dessa brincadeira. A torcida também não estava contente; muitos vaiavam a falta de ação, enquanto outros claramente xingavam Janus por sua tática covarde.

- Chega disto! Você vai morrer aqui e agora! – clamou o bárbaro.

Zankharon deu um passo adiante, segurou firme sua espada larga com as duas mãos e ergueu-a por sobre a cabeça. O mago estava vários metros de distância dele e Zankharon sabia que esta seria sua última chance de vencer o combate; se ele errasse o arremesso de sua arma, ficaria desarmado e logo sua fúria se esgotaria, dando a Janus todas as armas para vencer o duelo. O bárbaro, então, impulsionou seus braços para frente e abriu os dedos que seguravam o cabo da arma, fazendo a espada voar pela arena. A multidão pareceu prender a respiração enquanto a arma girava sobre si mesma em pleno ar. O mago foi surpreendido por aquela tática abordada; ele nunca teria esperado que Zankharon fosse se livrar de sua espada dessa forma, e antes que ele se desse conta de que a arma voava velozmente ao seu encontro a lâmina atingiu a sua cabeça, cortou a casca de árvore que a sua pele havia se transformado e derrubou Janus, que caiu inconsciente na arena.

A plateia vibrou com a ousadia de Zankharon e com o final surpreendente do combate. Eles passaram a clamá-lo “Zankharon! Zankharon! Zankharon!” em uníssono. O bárbaro ergueu osbraços e cerrou os punhos, vibrando com a sua conquista e com a saudação da multidão. Ele caminhou de um lado a outro na arena, encarando as pessoas, e com a sua grossa voz inebriada pela emoção de ter vencido o torneio, disse:

- Eu havia feito uma promessa para mim mesmo e a cumpri. Meus ancestrais se orgulham de mim neste momento e se orgulharão até o fim dos meus dias. Eu prometi também a vocês um espetáculo de sangue, e foi o que tiveram. Nem mesmo o dragão foi páreo para mim na arena; aquela coisa que mais parecia uma garça fugiu de mim no momento em que me viu derrotando o velho. Povo dos Vales, quero que gritem o meu nome mais uma vez! Saúdam o campeão dos Vales! Saúdam aquele que irá tirar vocês da miséria, aquele que irá expulsar os seus inimigos de suas terras, e aquele que os fará ser um povo feliz e despreocupado novamente!

“Zankharon! Zankharon! Zankharon!”

Naquele momento Janus já havia sido desperto pelos sacerdotes. Ele estava agora ao lado dos outros competidores; Theckon, Leya, Blankhór, Sir Haffin e o seu amigo, Grimlock. O elfo Serynden não estava lá; por mais que os guardas tivessem disparado flechas contra o dragão quando este tomou o corpo do elfo, nenhuma flecha ultrapassou as escamas do dragão, e deste modo Golrasdbadan provavelmente havia se refugiado na caverna de alguma montanha e devorado Serynden. O barão Arthminos aproximou-se do grupo dos competidores, parabenizando-os pela boa luta que fizeram. Ele deixou para falar por último com Janus.

- Você bem tentou, meu amigo, e por pouco não venceu. Infelizmente, a sede de poder e fama de Zankharon não vai parar por aí e prevejo tempos difíceis para todos os onze vales. Agora, pessoas como você e eu temos que buscar uma união e não deixar as coisas irem pelo mau caminho.

Arthminos colocou uma mão consoladora no ombro do mago e se afastou, subindo na arena para parabenizar Zankharon e entregar a ele o prêmio; afinal, Zankharon a partir daquele momento era o Campeão dos Vales.