Grimlock não era muito dado a histórias, porém o homem não especificou que a história prescindia por ser sua. Seria uma ótima oportunidade de contar alguma história sobre a grandeza do Dragão de Platina. Aí ele olhou para a quantidade de infiéis e mesmo hereges, então resolveu primar por algo mais simples. Afinal palavras não arrastam seguidores, exemplos sim. Pensou ele em dar-lhes um exemplo de fiel de Bahamut.
- De antemão, gostaria de pedir desculpas aos presentes pela minha inabilidade em contar histórias, mas me recordo agora de uma que pode interessar. A maioria de nós somos homens, e mulheres, de aventura e muitos de nós já nos vimos frente a frente com alguns desafios complicados. Está é uma história dos anais dos Draconatos. Aqueles a quem Bahamut concede a grande graça de se assemelhar a sua forma magnífica. Era mais ou menos assim:
Vythjhank ux Maekrix tibur Gunnloda Holderhek era uma serva fiel de Bahamut. Numa noite em um lugar que agora não interessa ela se remexeu do sono na chamada de seu nome.
“Vyth? Hora da sua vigia.”
Vyth abriu seus olhos e piscou os olhos pela luz da fogueira acesa. Apesar da sonolência ainda em seus olhos, ela era capaz de ver bem – muito melhor nessa iluminação turva do que ela jamais tinha sido capaz como uma anã.
“Obrigado, Charmaine. Me ajuda com minha armadura?”
Charmaine bocejou amplamente várias vezes enquanto ajudava Vyth afivelar sua armadura de batalha. Finalmente, com a última peça no lugar, a halfling rastejou para a cama ainda quente de Vyth para tomar mais algumas horas de sono antes do amanhecer.
Vyth puxou um belo tabardo de lã sobre sua armadura. Ela tinha o comprado recentemente numa comunidade élfica, onde o alfaiate tinha bordado um pequeno símbolo de Bahamut sobre ele com fios de prata.
Caminhando pelo perímetro do acampamento, Vyth foi alertada dos perigos. O acampamento não era tão seguro quanto ela teria gostado – sem trincheiras e sem muralhas, apenas algumas armadilhas que Charmaine tinha montado ao anoitecer. Mas a parada durante a viagem aqui era apenas para uma noite.
Vyth observou sobre o acampamento seus companheiros, esse povo que ela tinha recrutado à sua causa.
Sua contemplação prolongou sobre Charmaine com afeição. A pequenina (como Vyth sempre chamou sua amiga) repetidamente se prova uma maravilhosa batedora e uma lâmina mortal contra as crias de Tiamat. Charmaine tinha escutado o chamado de Bahamut, mas enquanto reunia pessoas justas à sua bandeira, ela tinha negado a se tornar uma draconato.Ela aprecia a flexibilidade de sua forma de halfling e não deseja abrir mão das habilidades que a tornam um inimigo letal dos dragões. Vyth respeita a escolha da halfling, mas ocasionalmente a importuna por chamá-la de “quase-irmã”.
Um humano alto dormia profundamente e próximo, um medalhão de prata em seu pescoço na forma de um punho agarrando uma flecha de relâmpago. Ele era um humano adorador de Heironeous chamado de Claudius Repriquel. Vyth não o conhecia muito bem – eles nunca se engajaram juntos contra um inimigo antes. Ele parecia um companheiro ótimo e consciente. Sua devoção à sua divindade e a base da bondade era claro em todas as suas ações.
O último membro do grupo preocupava Vyth. Embora ela tivesse viajado por vários dias com Sjach, o feiticeiro spellscale (raça), ela ainda não o conhecia. Sjach era selvagemente imprevisível. Ele freqüentemente encontrava novas e inovadoras formas para usar suas feitiçarias, mas essas inovações muitas vezes vinham como uma completa surpresa à seus companheiros. Indiscutivelmente talentoso, ele tinha uma personalidade vencedora que servia para manter a moral elevada. Vyth queria confiar mais nele.
O restante da noite passou sem eventos especiais. Ao amanhecer, Vyth se pôs de guarda enquanto Claudius rezava e Sjach meditava. Esse dia seria necessárias suas habilidades mágicas.
Depois de sua meditação, Sjach perguntou, “Eu contei a vocês sobre a vez em que eu comprei uma doninha atroz de montaria de um kobold mercante?”
“Uh, não, mas nós precisamos se preparar para partir. Há tempo para histórias durante a viagem,” replicou Vyth, se afastando. Ela estava ávida em tomar movimento.
Sjach deu de ombros e prosseguiu em entreter Charmaine com a história. Vyth balançou sua cabeça. Pelo menos ele arrumava a mochila enquanto tagarelava.
Enfim, seus companheiros indicaram que eles estavam prontos para proceder sobre a jornada. Em poucas horas, eles estariam numa área onde Vyth acreditava que os wyverns que eles procuravam se instalaram.
A partida era lenta, e o terreno era duro. Apenas uma hora depois deles terem iniciado, Charmaine apontou. Uma figura, serpentina e escura, voava cruzando o sol. Ele girou no céu e se voltou em direção dos viajantes, ficando mais perto a cada segundo.
Exatamente como Vyth tinha ensinado eles a fazer contra crias sem sopro, os companheiros se juntaram num grupo compacto. Claudius convocou Heironeous para fortalecer Vyth. Sjach roçou seu cinturão de couro e murmurou um encantamento. Tanto Charmaine quanto Vyth se estimularam para se adequar à chegada do ataque.
O wyvern fechou. Como se adiantou perante a eles, Claudius agarrou seu medalhão e gritou, “Nós partidários do 314º Analecto da Coragem em Face da Morte apelamos para sua benção, poderoso Lorde do Valor!”
No mesmo momento, Sjach elevou suas mãos, finalizando a conjuração de uma magia e enviando um cochicho para os nervos de Vyth. O mundo parecia diminuir de velocidade.
Com um rosnado gutural e a batida de grandes asas flexíveis, o wyvern foi sobre eles. Assim que a criatura se lançou para baixo para pegar Claudius, Vyth atacou. Um poderoso golpe de seu martelo de guerra desceu sobre suas ávidas garras.
Charmaine saltou adiante para arremessar uma bolsa de cola, cobrindo as asas do dragão com o conteúdo pegajoso da bolsa.
Trazido ao chão e devastado de dor, o wyvern furioso se chicoteou, pegando Sjach com sua causa picante. Sangue escuro e viscoso gotejou do ferimento.
Claudius caminhou para trás do spellscale enquanto ele rezava para que o veneno se demorasse dentro das veias de Sjach. “Fique atrás de mim”, ele urgiu para o feiticeiro ferido.
“Isso vai melhorar”, Sjach falou. Ele entoou palavras de poder e cruzou seus braços. Repentinamente, cinco duplicatas exatas do spellscale apareceram.
Vyth foi para a esquerda, distraindo a atenção do wyvern de seus companheiros com balanços de seu martelo de guerra. Dois golpes descarregados, mas apenas o golpe sólido em seu peito atraiu o foco do wyvern para ela.
Assim que o dragão manobrou para atacar Vyth, Charmaine golpeou precisamente com sua pequena espada. Sangue grosso correu debaixo da asa do wyvern.
Cercado por muitos inimigos aparentemente perigosos, o wyvern espalhou seus ataques. Vyth recuou do abalo do ataque de seus dentes afiados, machucada gravemente e sua armadura de batalha perfurada em vários locais. Suas garras e asas arranharam as muitas imagens de Sjach, fazendo três delas desaparecerem, mas não deixando Sjach ferido. A picada venenosa do wyvern foi defletida inofensivamente pelo escudo pesado de Claudius.
Claudius agitou sua maça estrela, em direção a lateral do wyvern. A criatura rugiu e rodopiou. Sjach pressionou um pequeno óvulo para extremidade de um dardo que ele segurava, apontando com sua outra mão. Um lampejo esverdeado correu pelo pescoço do wyvern, fulminando com um estouro e um assobio.
Vyth veio para a lateral, levando seu martelo para baixo para distrair o crânio da besta. A cabeça do wyvern acertou o terreno. Seu corpo ruiu e se agitou sobre o rastro.
“Bem feito!” Vyth gritou, “Realmente bem feito, amigos!”
Claudius implorou a Heironeous para recompor os ferimentos do bravo. Vyth descansou enquanto Charmaine fornecia ao Sjach um frasco de anti-veneno.
“Esse dia não acabou,” murmurou Vyt, olhando para as montanhas. “Wyverns são agressivos, mas aquele nos atacou especificamente, longe de seu lar. Ele está protegendo alguma coisa.”
“Terá aqui algum outro maior?” perguntou Charmaine.
Claudius levantou uma sobrancelha.
“Talvez,” diz Vyth, “e talvez alguns menores.”
“Eu espero que sim,” disse Sjach forçando um riso. “E foi um pouco divertido, heim?”
Vyth apenas balançou sua cabeça e se pôs em movimento para as montanhas.
Grimlock sabia que a história continuava, mas queria dar oportunidade de ver as reações dos presentes e quem sabe depois contaria um pouco mais.